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"Não, não olhe para mim, olhe para seu mouse e teclado e comece a desenvolver!"
- Victor Sena

A morosidade tecnológica [crônica]

JoeFather

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15 de Outubro de 2015
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Meus caros amigos como vão!

Existe um concurso literário aqui numa bela cidade vizinha da minha, Jundiaí, cujo nome é Olimpíada de Redação (expie clicando AQUI). Nesse ano entra na sua 12ª edição e sempre com premiações bem interessantes. Eu e minha filhota participamos todos os anos e para mim o maior objetivo destas participações é de fato o desafio de criar nova crônicas, que sinceramente são o meu fraco na hora de escrever, mas assim vou fazendo um treinamento e quem sabe eu ainda não ganho algum prêmio qualquer dia desses.
O texto abaixo é a minha participação de 2014, cujo tema tratava sobre as mudanças que a tecnologia trás para nossas vidas e que pode estar se perdendo com essas inovações. Essa crônica retrata uma opinião que eu tinha na época em que desenvolvi o texto, mas está plenamente aberta a discussões...

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A MOROSIDADE TECNOLÓGICA


É impensável hoje o mundo sem o avanço tecnológico alcançado, em todos os meios, seja ele puramente científico ou de lazer. É um novo mundo, que anda a velocidade de megabytes por segundo.
O aspecto mais positivo desse avanço é sem dúvida alguma a facilidade de acesso à informação: num simples clique todo um mundo se abre. E para as pessoas que como eu sempre tiveram uma pressa danada para tudo, principalmente para o conhecimento, isso veio a calhar.
Mas existe um “porém” fundamental, que quando mencionado geralmente causa um descrédito e consequentemente uma resistência no público mais jovem: eu sou de outra época!
Sou de uma época que para se conhecer alguém profundamente não adiantava ir ao perfil do Facebook, tinha que travar anos de amizade e assim mesmo corria-se o risco de não conhecê-la por completo. Muitas vezes passamos uma vida sem nem nos conhecermos direito;
Sou de uma época que para desvendar o segredo de um quebra-cabeça não bastava simplesmente pesquisar no Google com alguma palavra chave, você necessitava exercitar seu cérebro por horas a fio para vencer o desafio ou então desistia por um tempo e com a “cuca” fresca retornava até se superar;
Sou de uma época que os resumos dos mais importantes livros não ficavam expostos no portal de um site literário, era preciso ler do início ao fim inúmeros exemplares, para assim formular seu ponto de vista como um mero hobby de leitor inveterado ou para tirar nota 10 numa redação ou ainda para se dar bem no dificílimo vestibular.
Por ser desta outra época não me julgo nem um pouco superior aos seres mais jovens, só tenho algumas vantagens: aprendi a reconhecer os defeitos e qualidades nas pessoas apenas convivendo com elas; descobri como tirar proveito do meu cérebro através do simples ato de pensar; viajei pela mente e pelo mundo de dezenas de escritores, absorvendo muito do conhecimento que eles tinham para oferecer, sendo necessário para isso apenas ter o hábito de ler.
Essa é a grande diferença do antes e do depois do avanço tecnológico: hoje tudo ficou fácil demais, tão fácil que as excelentes dificuldades que ajudavam a moldar o cidadão se perderam. É impossível que uma pessoa evolua da maneira correta se ela não passar por todos os desafios, passo por passo, dia após dia. Se tudo lhe for dado “de mão beijada” a incrível sensação humana do descobrir algo novo acabará se perdendo e tudo não passará simplesmente de um gigantesco banco de dados, onde transbordam informações, mas pouco se conhece da fonte que as originou.
Não é necessário abrir mão desse nosso novo mundo, ele veio para ficar e a cada segundo se aperfeiçoar quase que automaticamente, mas se certos costumes, alguns da minha época, forem perdidos completamente, o judeu-russo Isaac Asimov terá acertado em cheio numa de suas obras literárias (Eu, robô), pois todos não passaremos de meros seres robotizados, onde o amar-pensar-sonhar se tornarão meras qualidades, adicionadas ou não no DNA de um novo indivíduo a se gerar, provavelmente fruto de um laboratório qualquer. Se assim for resta torcer que, assim como Isaac também imaginou ao compor o conto “O homem bicentenário”, o elemento robotizado possa um dia ser mudado, querer ser mudado, agora para um ser pensante e amoroso, cuja busca pelos sonhos seja uma de suas principais razões de existir.
 
Vejo um pouco de mim em tudo que você escreveu... Com o advento da informática fiquei perdida no tempo e sei que não terá volta. Portanto, fica cada dia mais “robotizado” nossa vida não é verdade?
 
Leo comentou:
Vejo um pouco de mim em tudo que você escreveu... Com o advento da informática fiquei perdida no tempo e sei que não terá volta. Portanto, fica cada dia mais “robotizado” nossa vida não é verdade?

De fato minha cara [member=544]Leo[/member] não é possível fugir da modernidade, apesar de ainda podermos escolher abusar da tecnologia ou seguir um padrão mais conservador. É claro que chegaremos num ponto, num ápice tecnológico, assim enxergo, onde não existirão, por exemplo, mais livros no formato padrão, somente digitais, como diversas empresas no mundo, tipo a Amazon, exploram atualmente, pois a matéria prima será preservada de tal forma que o escritor fará toda a sua produção digital. eu ficarei muito triste se chegar a ver isso, afinal, adoro sentir a presença de um livro em minhas mãos.

Eu me considero um ser altamente tecnológico e faço questão de usar e abusar da tecnologia para facilitar o meu dia a dia no trabalho, apesar de não usar "Zap Zap", pois sinceramente não conseguiria dar conta de meus compromissos, uma vez que interagir com as pessoas para mim é fundamental.

Como eu escrevi no texto, creio que corremos o risco de que o mundo se torne tão automatizado que até mesmo os sentimentos sejam implantados no ser de tal forma que viver será como inicializar um sistema. Espero sinceramente também que esse dia nunca chegue, afinal "o sentir" é que nos torna seres tão especiais.

Abs.,
 
Crônica excelente.

É paradoxal que na era da informação por um lado com o aumento (aumento não, explosão) das fontes e meios de acesso á informação, por um lado as pessoas parecem ter ficado cada vez mais burras e talvez até manipuláveis. Isso é algo que vale a pena ser estudado. Não é nem preciso dizer que não estamos a nem um século de distância de grandes barbáries como o nazismo e o comunismo, pois muito dessas ideologias que ganham adeptos na base da idiotização progressiva das pessoas com elas se achando o suprassumo da razão e da moral.

Não é preciso nem dizer por que mal semelhante (independente de nome que queiram chamar) ainda corre em nossa civilização e nosso cérebro não evoluiu nem um pouco desde então. É mito achar que estamos no topo da razão e da civilização, que somos superiores aos nossos antepassados de gerações anteriores; somos ainda suscetíveis aos mesmos males e manipulações. E se não nos cuidarmos nossa geração ou as futuras que podem ser responsáveis pela próxima grande catástrofe.

Voltando pra crônica em si, aí fica claro que o conhecimento e informações são coisas totalmente distintas e não podem ser confundidas. Há um excesso de informação hoje em dia, e isso é inclusive um problema, uma sociedade que nos força informações mais do que podemos absorver e isso vai apenas fazer nosso cérebro entrar em curto e embotar nossa inteligência.

Conhecimento é o processo, o aprendizado que nos permite chegar não só a diferentes informações, mas a compreender o mundo e as coisas. Há uma diferença brutal entre conhecimento e informação. Por exemplo, entre decorar a equação de Bháskara e conhecer a relação que existe por trás dela. Da primeira você só extrai as raízes de uma equação de segundo grau. Da segunda você extrai base suficiente para entender uma boa fatia da matemática. Nem preciso citar exemplos de outras áreas e realidades...

p.s.: Bem, é isso, essa coisa toda de uma tal da "Era da Informação" é uma bobagem sem tamanho. Temos que usar tudo isso que nós temos a disposição da maneira correta, se não não valerá de nada... Quero ver quando realmente chegaremos à uma "Era do Conhecimento".  ;-D
 
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