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"Mais vale um jogo completo na mão do que dois projetos voando."
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A Saturação do RPG Medieval

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Kaza Guruma
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A SATURAÇÃO DO RPG MEDIEVAL
O conto do mesmo conto


Tenho algo a lhe apresentar, meu caro jogador. Esta é o trabalho pelo qual mais me orgulho. Mas é um jogo como nenhum outro. Neste jogo poderá entrar na pele de um valente guerreiro vestindo uma reluzente armadura e empunhando a mais bela das espadas e o mais confortável e protetivo dos escudos para proteger sua amada terra de temíveis dragões, acompanhado de uma bela princesa clériga, um confiável ladino e um sábio feiticeiro. Será algo inesquecível, meu caro jogador. Tenho certeza que jamais esquecerá. Estou certo também que sua mente jamais se esvaziará dos pensamentos de felicidade e satisfação que jogar esta obra de arte lhe proporcionará.

[box class=plainbox]Masmorras & Dragões[/box]

Quem não gosta de um bom RPG Medieval, não é mesmo? Poder entrar na pele de um herói que irá salvar o mundo do mal eminente, acompanhado de outros jovens aventureiros, vagando pelo mundo com tamanho de gigantes em comparação a uma cidade vizinha, combatendo feras terríveis, aprendendo habilidades mágicas e vivendo grandes aventuras

O Medieval é algo que está enraizado na cultura de jogos de interpretação de papéis, e gerou muitos e muitos jogos. Fire Emblem, Final Fantasy, Chrono, Dragon Quest, Tales of, Breath of Fire, entre outros (mesmo que alguns deles não sejam 100% medievais). Muitos e muitos jogos bons de RPG Medieval, e mesmo que alguns sigam fórmulas básicas e muitos clichês, a maioria possui histórias memoráveis, mecânicas incríveis e muito bem desenvolvidas e uma gama de bons personagens. Mas depois de avalanches e mais avalanches de jogos deste gênero, ele se tornou saturado com o passar do tempo?

[box class=plainbox]Indie[/box]

Com a criação de jogos Indies aumentando cada vez mais no mercado, os RPGs Medievais estão cada vez mais presentes na comunidade de jogadores, com vários e vários desenvolvedores independentes criando muitos jogos, e isso pode estar contribuindo para o bem ou para o mal. É uma grande aposta criar um jogo deste gênero porque é necessário inovação se o jogo quiser ter algum reconhecimento. Jogos clichês que usam a mesma coisa repetitiva de todo RPG Medieval clássico ou talvez moderno são esquecidos e raramente recebem algum reconhecimento.

Produzir um jogo Indie é muito difícil. Você aposta anos e anos em algo, numa proposta que você crê que vai dar certo, e é necessário muito planejamento neste tipo de gênero para que o jogo seja inovador, porque mesmo que o jogo seja muito bem feito, se for a mesma coisa não vai dar certo.

[box class=plainbox]Inovação?[/box]

O conceito do jogo genérico de RPG Medieval foi dado no início da era clássica, mas é renovado e alguns pontos são adicionados com o passar do tempo. É difícil definir exatamente os elementos de um RPG genérico, mas diferenciar um inovativo de um genérico é fácil. Não é o gênero de RPG Medieval que está ficando saturado e creio que são os estilos de jogos repetitivos que estão causando esse problema, o que acaba englobando um gênero inteiro por causa disso.

Inovação é um conceito incompreendido por muitos. Porque se confunde inovação com muitas mecânicas ou conteúdo. Vamos exemplificar:

Vou inserir em meu jogo um sistema de missões primárias e secundárias, montaria, árvore de habilidades, classes, raças, dia e noite, muitos personagens e tenho certeza que vai ser um jogo inovador.

Inserir todas as mecânicas possíveis de RPG em seu jogo não faz ele inovador. Só faz ele ainda mais genérico. Inovação não é você encher seu jogo de mecânicas de outros RPGs, e todas elas juntas. Inovação não é você utilizar elementos de clássicos para que o jogador sinta uma leve nostalgia ao jogar seu jogo. Inovação não é criar um jogo com 100+ horas de jogatina. Inovação não é fazer com que seu jogo possa ser jogado dezenas de vezes de maneiras diferentes.

Por quê? Porque mesmo que tudo isso seja bom no ponto de vista de alguns, já foi feito várias e várias vezes.

"Mas se foi feito várias vezes, é porque deu certo e por isso eu devo tentar, não é?"

Não, não se faz todo bolo com a mesma receita. De jeito nenhum alguém deve ditar como fará seu jogo e quais mecânicas deve inserir nele, isto é apenas uma exemplificação. O jogo é do desenvolvedor, e ele decide o que fazer com seu projeto. Você não faz um jogo para si, faz um jogo para os jogadores. Isso não significa que deve fazer tudo que o seu público manda para agradá-los porque os jogadores nem sempre sabem o que é melhor para o jogo que gostam. Mas fazer vários e vários bolos com a mesma receita é um erro. Porque o mesmo bolo sempre e sempre depois de um tempo enjoa, se a pessoa quiser comer um bolo diferente?

"Qual é a receita ideal?"

Se alguém soubesse a receita ideal para um bolo perfeito, já teria sido usada milhares de vezes e já teria enjoado também. Um bom confeiteiro está sempre criando uma receita nova ao invés de usar uma receita pré-existente e usando e abusando dessa mesma receita. Você precisa ser como esse bom confeiteiro e criar suas receitas. Uma dica de um confeiteiro da padaria vizinha para aprimorar não faz mal não, também. A receita que você criou e está satisfeito com ela, que não é uma outra receita de outro confeiteiro, esta é a receita ideal.
 
Muito bom o conteúdo que trouxe pra gente :)

Creio que um RPG Medieval em si não tenha ficado saturado, na verdade o RPG Japonês ficou saturado por um tempo, hoje em dia quando um RPG Medieval, que aparenta ser bom, é anunciado, ele geralmente gera um bom hype nos jogadores. E como você disse, na verdade a saturação é de jogos genéricos demais, e isso eu acho que engloba vários gêneros, um exemplo disso são os games Battle Royale, a moda do momento, que sempre apresentam a mesma receita de bolo, não é atoa que apenas um ou outro realmente se destaca. O fato é que realmente muita coisa já foi feita, é sempre difícil trazer coisa nova.
 
Certa vez uma discussão parecida rolou nos tópicos da CRM onde perguntava da onde surgiu o conceito de originalidade em um game e a grande resposta é que de certa forma isso não existe !, pois tudo o que fazemos no meio artístico é um reflexo do nosso mundo real mesmo que de maneira fantasiosa, e chegamos a um consenso de que a originalidade só existe em um game devido as diferentes formas em que você copia varias copias e cria algo novo. É tentar pegar varias receitas de bolos de diferentes pratos para se fazer algo novo, acredito que o conceito de inovação em games se encaixe na mesma pegada, é muito difícil hoje tu construir uma mecânica totalmente nova em um game, pode até ser que você consiga fazer isso mas volta e meia você terá outras mecânicas que já foram usadas em outros jogos, por isso ao meu ver o conceito inovação se dá pela forma como você consegue juntar varias mecânicas de jogos diferentes e junta-las em um único ponto criando um game em que ninguém nunca pensou em junta-las antes.
 
  O [member=648]Cross Maker[/member] levantou um ponto importantíssimo. Penso que quando falamos em originalidade ou inovação, temos que ter em mente que o ato criativo não é um estalar de dedos a partir do qual, como num gesto divino, surge algo que não existia antes. Como já diria a tradição medieval: Ex nihilo nihil fit (do nada, nada provém). A novidade não é tanto o que é feito, mas o acontecimento que é a sua volta sob um novo ponto de vista, quando o todo excede a simples soma de suas partes, sendo aí que algo que não havia antes adquire existência. Toda criação possui uma história, isto é, parte de algum lugar para realizar-se. Não é por outra razão que existe uma história da literatura, uma história da arte, uma história da filosofia e, por que não, uma história dos jogos eletrônicos.​
 
Cross Maker comentou:
Certa vez uma discussão parecida rolou nos tópicos da CRM onde perguntava da onde surgiu o conceito de originalidade em um game e a grande resposta é que de certa forma isso não existe !, pois tudo o que fazemos no meio artístico é um reflexo do nosso mundo real mesmo que de maneira fantasiosa, e chegamos a um consenso de que a originalidade só existe em um game devido as diferentes formas em que você copia varias copias e cria algo novo. É tentar pegar varias receitas de bolos de diferentes pratos para se fazer algo novo, acredito que o conceito de inovação em games se encaixe na mesma pegada, é muito difícil hoje tu construir uma mecânica totalmente nova em um game, pode até ser que você consiga fazer isso mas volta e meia você terá outras mecânicas que já foram usadas em outros jogos, por isso ao meu ver o conceito inovação se dá pela forma como você consegue juntar varias mecânicas de jogos diferentes e junta-las em um único ponto criando um game em que ninguém nunca pensou em junta-las antes.

RaonyFM comentou:
  O [member=648]Cross Maker[/member] levantou um ponto importantíssimo. Penso que quando falamos em originalidade ou inovação, temos que ter em mente que o ato criativo não é um estalar de dedos a partir do qual, como num gesto divino, surge algo que não existia antes. Como já diria a tradição medieval: Ex nihilo nihil fit (do nada, nada provém). A novidade não é tanto o que é feito, mas o acontecimento que é a sua volta sob um novo ponto de vista, quando o todo excede a simples soma de suas partes, sendo aí que algo que não havia antes adquire existência. Toda criação possui uma história, isto é, parte de algum lugar para realizar-se. Não é por outra razão que existe uma história da literatura, uma história da arte, uma história da filosofia e, por que não, uma história dos jogos eletrônicos.​

Eu mesmo já abordei este assunto num tópico na CRM que não se tira algo existente do nada, como imaginar uma cor nova é impossível, tudo que foi feito foi inspirado ou copiado de alguma coisa, isso é fato. Mas eu creio que ficou meio mal-entendido essa parte no tópico, porque você cria a receita do bolo, você não cria os ingredientes contidos na receita. Você apenas seleciona os ingredientes, a quantidade, a ordem, com muito cuidado e muito planejamento para que os ingredientes casem bem uns com os outros, a quantidade seja agradável ao paladar e a ordem correta para que não vire uma bagunça completa. Todos estes fatores são definidos pelo confeiteiro, o que por si só é uma tarefa muito difícil e exige muita habilidade, tempo e esforço. Mas os ingredientes não foram criados pelo confeiteiro, ele não criou o açúcar, a farinha, o chocolate ou o fermento. Mas isso não desmerece nem um pouco a receita dele, é completamente plausível, imagine se o confeiteiro tivesse que criar os ingredientes para cada bolo que fizesse, que loucura seria, claro que não. Os ingredientes estão ali, mas saber usá-los por si só já é uma arte.
 
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