A existência virtual é mais como um "JOGO" de azar que sempre dá prêmios. Ronaldo Bento
Observação: Esse trabalho não visa um site ou comunidade especifica. Desde já agradeço!
Acompanho o trabalho da Abraccine (Associação Brasileira dos Críticos de Cinema) e alguns sites especializados em crítica de cinema e recentemente os sites de críticas de games. O caso mais normal é a pessoa ter minimamente uma pretensão e uma propensão maior para a área de crítico. Um crítico não pode ser tendencioso, senão deixa de ser uma crítica e vira uma campanha. E o que invejo neles é a possibilidade de assistirem e jogarem muito antes do lançamento, ou seja, a crítica faz uma análise e sugere se o projeto será bom ou ruim.
Iniciei esse parágrafo, pois aconteceu um convite inusitado para o mesmo que vos escreve. O desenvolvedor do jogo Vorum Legados de Justiça, chamado Odilon Sevidanes mais conhecido com Star Gleen que irá lançar uma Demo em breve! Convidou-me para jogar a demonstração antecipadamente e com o convite, resultou nessa análise contundente e sem Spoiler ao game mencionado.
"Vidas não dão lucro e são destruídas na mesma velocidade da decadência do forte império."
As personagens estão sendo apresentados ao mundo da mesma forma que você estará, dessa forma o mundo e seus elementos irão expandindo à medida que você avança no jogo. Promovem-se diferenças, um fator primário que escolhemos para definir o que é algo e o que não é. Sou humano ou sou Foldur? Todos nós temos dois braços, duas pernas, uma boca, dois olhos... Falamos o mesmo idioma, somos seres conscientes, mas nos repudiamos tanto por menores detalhes. Criamos tanto preconceitos em cima de coisas tão pequenas. Para os homens os foldurs são monstros, mutações malditas da própria humanidade. Como um garoto no colegial que não fala muito e tem dificuldade de se relacionar que não entende a forma que o mundo funciona... E qual a razão de funcionar assim, todos vão tratá-lo como um estranho e vão repudiá-lo, esse garoto ao crescer vai continuar com um pouco disso, mas vai aprender a usar máscaras para se relacionar com o meio que ele se encontra. Copiar a forma que as outras pessoas estão falando, seguir a rotina e vestir uma máscara por vez para que o ser escondido não esteja visível. O país se encontra afundado em criminalidade, com muita miséria e vários corruptos. Com qual país se parece? Que país é esse? Star Gleen
Não é a primeira vez que escrevo sobre o excelente Vorum Legados de Justiça e claro, não almejo que seja a ultima. Sem se afastar demais das Demonstrações já apresentadas, mas trazendo inquietações do tempo presente, Vorum é um grande jogo, que se sustenta por si só, ou seja, o jogo foi refeito e está muito mais aprimorado, expandido e consequentemente melhorado em todas as áreas de desenvolvimento.
Ele é classificado (Gênero) como Drama, Ficção Científica, Steampunk e acrescentaria: Filosófico e Político. Sim amigos leitores o ensejo do enredo é carregado pelos dramas das personagens, pela ambientação Steampunk do cenário e não podia ser diferente o país Tridas é um reflexo da visão do desenvolvedor em relação à conjetura política em que vivemos. A história se divide em dois pontos de vista: abre-se com um detetive aposentado que possui muita influência que lida com situações difíceis e polêmicas perante sua nação. Ele recebe um convite para investigar uma movimentação estranha no sul do país (Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência).
Enquanto isso, em outra parte da história, você acompanha um contrabandista e seu sobrinho que estão se mudando para uma cidade ao norte, tentando recomeçar, descobrir novas terras e afastar os fantasmas do passado que atormenta o tio. Um ponto positivo e que mesmo aparentes diferentes histórias as personagens são expostos aos problemas relacionados como: corrupção, mortes, racismo, mentiras, opressão e muita crueldade. Sobrevivência é apalavra chave, é o desejo de todos os oprimidos nesta terra afundada no caos.
Desenvolvido no RPG Maker XP. O enredo como já mencionado segue a narrativa subjetiva, ou seja, visões do mundo através das personagens, a imersão aplicada nas mecânicas, por exemplo, no sistema de cobertura chamado furtividade que somos apresentados logo no inicio do jogo. No novo sistema de batalha (lateral) de turnos, com sprites personalizados, não mais uma adaptação como era no outro. Com o sistema de troca de personagem que consiste na alternância e interação com o cenário de maneira distinta, além disso, influencia nas conversas, o personagem que está sendo usado interage, mantendo suas posições e personalidades para cada resposta, muito bem elaborado e que permite uma excelente interação com o cenário. A jogabilidade de Vorum é de um estilo de exploração mais aberto, deixando o jogador escolher seus caminhos. Porém o jogo segue um enredo linear, mas o autor elaborou missões paralelas que possibilita recompensas que ajudam muito na trama principal.
O ponto forte do jogo é sem duvida o enredo, mas conta também com ótima jogabilidade, gráficos lindos e muito bem estruturados e analisados promovendo o gênero Steampunk, pois não basta dizer que o jogo possui tal gênero se a ambientação não nos convence. As músicas são incríveis e possui uma simbiose com o cenário do jogo, originando uma linda harmonia, até mesmo a ausência delas é muito bem executada, assim como os sons ambientes dos mapas e outros. Um diferencial são as diversas cutscenes na introdução e em momentos específicos do jogo. Sensacional!
Enfim, o jogo está na versão Beta e muita coisa boa virá, contudo o que foi mostrado promove um olhar crucial, predominando uma estética neo noir transposta para um futuro de vários questionamentos, por exemplo: "Por que somos os escolhidos?", "O homem é mau por natureza?", "O homem é lobo do próprio homem?", "O que define humanidade?". O mundo do game é um mundo fictício, no entanto, cabe a você decidir se ele se limita a isso ou tem algo mais a dizer. Parabéns a todos os envolvidos e muito sucesso.
Numa época de mentiras universais, dizer a Verdade é um ato revolucionário.
Continuando: Entrevista com Odilon Sevidanes mais conhecido como Star Gleen.
1° Agradeço muito por aceitar o convite e compartilha seu grande conhecimento com todos os leitores! É muito satisfatório poder conversar com alguém que admiro muito e por contribuir tanto com as comunidades, além disso, pode-se dizer que você e o amigo JoeFather são meus anfitriões no Mundo das comunidades Makers e desde então, sou muito grato! Principalmente pela entrevista para o Condado TV. Por favor, diga quem é o desenvolvedor por trás do magnífico: Vorum Legados de Justiça?
R: Fala Ronaldo! Tudo certo? Bem, me chamo Odilon Sevidanes, uma pessoa viciada em cinema e no mundo dos jogos. Adoro obras que nos desafiam a pensar.
2° Antes de mencionar o seu jogo, gostaria de saber, como você conheceu as comunidades de RPG Maker?
R: Quando estava procurando por engines de criação de jogos caí no site Condado Braveheart, me interessei pelo conteúdo e desde então frequento comunidades. Isso deve ter uns 8 anos.
3° O que o RPG Maker significa para você hoje? Ele possui a mesma representativa do seu inicio anos atrás?
R: Comecei a tratá-lo como meu ambiente de trabalho, minha página em branco, o lugar onde as ideias saem de minha cabeça e se tornam realidade. Essa engine tem uma importância muito grande para mim, ela basicamente me ajudou em minha vida pessoal de maneiras tão distintas que é impossível não citá-lo como um grande formador do que sou hoje. Minha escrita, minha visão de mundo... Muita coisa eu aprendi criando no RPG Maker.
4° Conte o porquê optou em desenvolver no RPG Maker XP e não nas versões mais atuais ou mesmo em outras engines?
R: Eu há muitos anos atrás, procurava algo prático, algo que eu conseguisse criar sem necessidade de programar. Sou uma aberração em programação, já tentei aprender, mas esse conteúdo simplesmente não entra na minha mente de forma alguma. O charme que o RMXP tem em relação aos outros Makers que o torna tão especial para mim, não foi o primeiro que usei, o meu primeiro RPG Maker foi o VX, mas desde a primeira vez que usei o XP nunca mais o abandonei.
5° Como desenvolvedor você está um bom tempo trabalhando no Vorum. Diga sobre o seu trabalho, de maneira ampla, quanto anos já se passou da concepção até o momento, experiências, eventos, prêmios e frustrações dentre outros?
R: São 6 anos de projeto, 6 anos de Vorum, mas não são 6 anos desenvolvendo o mesmo game. Quem acompanhou o projeto ao longo dos anos sabe que esse não é o mesmo game do passado, os comentários e ajudas que fui recebendo ao longo dos anos me forçaram a refazer muita coisa, forçar no bom sentido, claro. Muita coisa era precária e muita coisa precisava de polimento. No começo era uma versão distorcida de Capuz Vermelho, vulgo o primeiro nome do jogo, o personagem Capuz foi o único que permaneceu ao longo de todos esses anos, porém, igual a todos os personagens, ele sofreu muitas mudanças ao longo dos anos. Ao longo dos anos, graças às mudanças, fui recebendo muitos comentários positivos e isso foi me motivando cada vez mais a seguir em frente. As críticas que o projeto recebeu tiveram muito peso na sua concepção e sem elas não sei o que seria do game hoje, por isso sempre digo para o pessoal agradecer e prestar atenção nas críticas, sua chance de evoluir não está nos elogios e sim nas críticas. Recebi alguns prêmios ao longo dos anos, prêmio de projeto do mês na CRM, projeto do mês na falecida MRM, e indicação a game do ano pela CRM Awards. A única frustração que tive no desenvolvimento foi comigo mesmo, muitas das vezes eu me cobrava muito por coisas muito pequenas, mudei muito ao longo desses anos desenvolvendo esse jogo, e o game é reflexo dessas minhas mudanças. Ele hoje é o retrato de todos meus sentimentos, um espelho de mim diria. Se quiser me conhecer de verdade é só jogar o jogo, pois lá você encontra toda minha visão de mundo, minhas frustrações e minhas fases da vida. No ano passado recebi a proposta para transformar o game em comercial, o game esteve na BGS ano passado e fiquei muito feliz com a recepção do público.
6° Fale sobre a equipe por trás do Vorum? O que cada um representa para o projeto?
R: O que falar desse pessoal? Muitos enrolados com prazos, assim como eu, mas que eu reconsidero por serem hoje peças fundamentais no crescimento do projeto nesses últimos anos. A começar pelo senhor Vagner Kohai, um cara muito talentoso que me ajudou absurdamente em dar vida aos meus personagens, de palavras a desenhos. Está comigo há mais tempo que qualquer outro membro da equipe e esteve presente em todas as fases desse projeto. Segundo o senhor Jonas Zimmer, opa, Hanz Zaggo, pera Jonas Zaggo (Brincadeiras a parte), uma das coisas que sempre digo para todos é o poder da música. Música é sentimento, música dita o ritmo de tudo, e quando minhas cenas foram incrementadas com uma trilha sonora original absurda, que transmitia exatamente o que as cenas queriam. Fiquei muito feliz. Aos jogadores do game peço atenção a essa parte, pois é um trabalho magnífico, de um músico que tem uma visão muito ampla sobre seu trabalho, que não se prende a modos gregos de música (Vulgo a música da cena Bombardeiro), um cara que inova até na forma que uma música é feita. Este merece reconhecimento e merece muito respeito de nós desenvolvedores. Outro cara também é o senhor Kvothe, que sem ele o game não teria tido essa evolução na jogabilidade que teve hoje. Eu tinha a ideia e esse cara transformava em realidade, não sei o que seria do Vorum nesse ramo original sem esse cara. Pois são tantos bugs e tantas coisas que surgiram que sozinho eu nunca resolveria. Sou muito grato a esse cara. Outro senhor é o nosso russo Dimitry, com seus pixels absurdos a tela de jogo do Vorum se tornou original, todos aqueles personagens, que eram adaptações de outros chars, criaram vida e movimentos graças a esse homem, igualmente todos os cenários do jogo. Não tem como medir sua importância no game em palavras, seu esforço é visível em todos os ramos. E por último o inesperado Marcel, que eu considero da equipe por ser o responsável pelo game ter o reconhecimento que ele teve hoje. Que tipo de pessoa pega um game de outro cara, divulga nos 4 cantos da internet e te consegue contato com uma publisher. Sério, como não amar esse cara?
Sou eternamente grato a essas pessoas.
7° Quais referências você utiliza (livros, filmes, séries, animes e jogos) no desenvolvimento do Vorum?
R: A mais clara de todas e devo agradecer a história do nosso país, que parece sair de dentro de um livro de ficção, mas infelizmente não é. Filmes... Posso citar Blade Runner o restante apenas os diretores em si. Os filmes do Kubrick e uma pitada de Tarantino e Christopher Nolan. Jogos eu diria a série Elder Scrolls e Final Fantasy.
8° Muitos consideram a criação de jogos como uma das mais belas artes modernas, por mesclar várias atividades e habilidades, emoções, temas relevantes como o político (muito bem apresentando no Vorum), dentro do mesmo contexto, mas ainda assim não é uma arte tão valorizada e é muitas vezes relacionada à crescente violência urbana e outros transtornos contemporâneos. O que você pode dizer sobre?
R: Eu creio que isso deva ser avaliado de jogo para jogo. Quando crescemos nossos pais falam pra gente ler muito, isso é muito bom, leitura faz parte da evolução das pessoas, mas nem toda leitura é uma fonte de conhecimento e repleta de boas coisas, igualmente jogos e filmes. Games podem sim transmitir boas mensagens, e são mais profundos, a meu ver que filmes e livros, pois você está interagindo com aquilo, você faz parte daquilo, por isso escolhi a linguagem dos games para contar à história que eu quero contar no Vorum, pois as outras pessoas estão dentro desse mundo. Enfim, acho que as obras devem ser analisadas individualmente e não generalizadas. Igual tem muitos filmes e livros que ensinam coisas erradas ou distorcidas tem muitos jogos que fazem o mesmo.
9° Como professor, jogador e aspirante a desenvolvedor, acredito que os Games podem ser usados como ferramentas educacionais, especialmente em metodologias relacionadas à tecnologia da informação, como um grande apoio para a aprendizagem. Acredita que isso seja possível?
R: Você está completamente certo! Para mim o melhor educador é aquele que consegue adaptar sua didática a seu público, se estou lidando com jovens que gostam de celular e jogos vamos ensiná-los nessas ferramentas. Se sua ideia é promover o conhecimento você não vai se prender ao modo antigo de ensino e vai tentar inovar. Sou muito fã do seu trabalho e desejo todo sucesso para você nessa empreitada.
10° Agradeço muito pela oportunidade e deixo em aberto para mencionar alguma novidade sobre o jogo ou mesmo um recado ou conselho que gostaria de passar adiante?
R: A última versão gratuita do game está a caminho, não deixe de jogar! Nunca deixem sua mente o tirar de foco. Muita coisa entra na nossa cabeça para nos tirar do caminho certo, essas coisas nos desmotivam e faz tudo parecer nebuloso. Antes de criar um jogo para os outros crie para você mesmo, se você tem uma ideia guardada ou um sentimento escondido use a criação de jogos como uma página em branco para suas ideias. Isso vai fazer muito bem para você, fez muito bem para mim! Obrigado professor Ronaldo! Muito sucesso a você e a todos os leitores! Até a próxima!
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