Há muito mais na realidade do que uma mente humana consegue imaginar
Animatronick
Eu já pensei em várias possibilidades, mas... Parece que só a hipótese de mostrá-la já me trará grandes preocupações. *Suspiro* Se ao menos as pessoas fossem um pouco mais... Receptivas. Sei lá...
Depois de muito tempo pensando, não sei se a mostro ao mundo. Mas também seria uma coisa muito ruim saber que a tenho presa em meu porão.
Às vezes eu me sento aqui na minha poltrona e fico observando-a. Ela está desligada, claro, mas... Ainda assim, parece apenas estar dormindo. Sua aparência ficou perfeita. Deu muito trabalho fazer essa pele sintética, mas ficou igualzinho a pele humana.
No quê que eu tô pensando? Calma Roger, é apenas um animatronick. Não é real.
Ele foi até sua criação e mudou a posição de um botão que havia dentro da boca dela. A parte da frente do rosto dela desencaixou-se, deixando à mostra uma pequena parte metálica que havia em seu interior. Roger empurra o rosto da animatronick para cima como se fora um capacete de soldar.
Assim é melhor. Comenta e, logo após, senta-se novamente em sua poltrona.
Pelo menos assim eu... Consigo pensar melhor. O que devo fazer?
Lucas! Gritou Roger, de pé em frente ao portão do amigo. Tocou a campainha e, um pouco depois, ele apareceu.
Roger? E ae, mano? Tudo bem com você, cara?
Tudo. Respondeu. É sempre bom poder abraçar um amigo que você não vê há muito tempo.
Entra aí, mano. O sol está quente agora... Vamos conversar aqui dentro. Disse Lucas.
Só estava esperando você chamar.
Parece que a casa do Lucas não mudou muito. A mesma quantidade de cocô de cachorro espalhada... Ele podia dar uma lavada nessa área. Olha só quanta folha espalhada...
- Você quer alguma coisa pra beber, mano?
- Ah... Quero sim. Tô com muita sede. Tem água?
- Claro. Só um instante.
Depois de conversar um pouco com o amigo, Roger decide dizer porque ele estava ali. Mas é melhor ir devagar pra não assustá-lo. Não acho que o Lucas seja desses, mas... É melhor me prevenir.
- Então Lucas... Você tá livre nessa semana?
- É... Eu acho que tô sim. Por quê?
- É que eu gostaria que você fosse lá em casa. Tem... Uma coisa que eu gostaria de te mostrar. Bem, ela não é exatamente uma coisa, mas... Enfim. O que você acha?
- Hm... Por mim tudo bem. Que dia?
- Agora.
- E então... Quem vai estar lá conosco? Você disse que não estaremos sozinhos.
- Bem... Lembra-se que eu disse que tinha algo que eu queria que você visse?
- Aham...
- Então... Ela não é exatamente uma coisa. É meio... Alguém.
- É, você já disse isso. É alguém que eu conheço?
- Não.
Lucas percebe Roger relutante.
- Ela é... Diferente.
- Diferente...?
- Uhum... Especial.
- Sei.
Quando eles chegaram em frente da casa de Roger, Lucas já estava inquieto.
- Escuta, por que não podia ser amanhã? Ou outro dia? Por que tem que ser à noite?
Roger parecia estar se certificando de que não havia ninguém seguindo-os, ou observando-os.
- Você tá estranho, cara. Comentou Lucas.
- É melhor à noite porquê... Porque... Porque é mais calmo. Ninguém pra atrapalhar ou para chegar na hora errada. Isso atrapalha.
- Atrapalha o quê?
- Vem que eu vou te mostrar.
Roger guia Lucas até um local onde pode deixar sua mochila e segue até a porta do porão. Ok... Só espero que ele não pire.
- Lucas... Antes de nós entrarmos, você...
- Que foi cara, você tá todo nervoso? Parece até que a gente vai encontrar um fantasma aí dentro.
- É que você tem que me prometer que não vai pirar.
- O quê? Não me diga que tem mesmo um fantasma aí dentro. Disse Lucas achando graça.
- Não, cara... Eu tô falando sério. Prometa-me que você não vai pirar, não vai sair correndo, nem vai fazer qualquer coisa desse tipo.
- Qual é, cara? Até parece que eu sou desse tipo. Você tá me deixando preocupado. O que você fez?
- Eu... Fiz uma coisa que vai revolucionar o jeito que nós vemos as coisas.
Roger abriu a porta e, após descerem alguns degraus, acendeu a luz. Foi então que Lucas percebeu o que realmente era ali. Eles desceram e Lucas ficou observando todas aquelas coisas que Roger tinha em seu porão.
- Que isso cara? Você montou um laboratório no seu porão?
- Legal, né?
- O quê?! Você tá de brincadeira comigo? Isso é demais! Disse Lucas segurando em sua mão um pote com algo dentro que se parecia com um mini cérebro azul florescente. Que doireira... Como foi que... Foi você quem fez isso tudo?
- Bom, não era desse tamanho quando eu comecei, mas... Vem cá.
Eles caminharam até o fundo do local e, virando a esquerda, pararam em frente a uma porta.
- O que eu queria te mostrar mesmo está aqui.
A porta era de chumbo. Parecia coisa militar. Lucas bateu com a mão na porta e pôde ouvir que era maciça.
- Pra quê você tem uma coisa dessas aqui embaixo? O que tem atrás dessa porta?
- Você verá. Respondeu Roger apertando o botão vermelho que estava ao seu lado direito.
Continua...