O robô tinha mais ou menos dois metros de altura, revestido de cobre e aço. Tripulado, apesar que a escuridão do visor tentasse ofuscar isso. A fábrica estava em chamas, com alguns mecânicos mortos, e marcas de garras metálicas em suas costas. Pessoas dentro e fora gritavam em uníssono, até o som ser interrompido por outro de uma garra, ou do lança-chamas em ação.
As botas metálicas do Esquadrão de Controle faziam barulho. Pesadas, e quando os azarados que ainda estavam dentro da fábrica escutaram esse som, tinham certeza de sua salvação.
Primeiro, tinham que limpar a entrada. Alguns atiravam com suas pistolas automáticas para abrir espaço entre os escombros, enquanto as chamas eram apagadas com pistolas moleculares.
Ei, cuidado onde mira! Exclamou Capitão Jinsen. Está me molhando. O soldado alvo da sua reclamação ficou confuso.
Mas senhor Eu não estou fazendo isso. Olhe para cima, é chuva.
Ah sim. Não poderia ter vindo numa melhor ora, vai ser de grande ajuda. Observou.
Outro soldado, já mais afastado, escorregou, causando um estrondo.
Soldado Melquior, recomponha-se!
Perdão, senhor. É que tem algo escorregadio demais. No chão.
Como é? Só então olhou para as suas vestes. Seu coração quase parou.
Pessoal! Não é chuva! Isso é ól
O robô se aproximou, e ativou seu lança-chamas.
Do outro lado da cidade...
O vento soprava forte e as janelas estavam batendo. Por sorte, uma serva se certificou de fechá-las antes que Rickas reclamasse. E ele com certeza faria. Mas não agora, antes de tomar sua decisão. Os dedos do governante tremiam com a caneta nas mãos, não por medo, mas por vício. Com a outra mão ele acariciava os cabelos grisalhos. Essa discussão entre ele e Dale já durava vinte minutos e a tensão se acumulava na sala, prestes a explodir.
Eu não sei como isso é sequer uma discussão, Rickas. Eu não vou aprovar essas máquinas amaldiçoadas sendo usadas em nossa cidade, não importa a ocasião. Não sou a favor de uma carnificina.
Não vamos usá-las na cidade. Retrucou. Nós vamos usá-las pela cidade, e se for estritamente necessário. É um último recurso para nos salvar em caso de um ataque. Nossas defesas são fracas, temos poucos atacantes. Quem falou em carnificina?
Que ataque? Quem vai nos atacar? Elevou a voz. Não temos inimigos, não temos conflitos armados há décadas.
Será? Eu ouço... sons perto do porto.
Hahahahaha, você acredita mesmo nesse tipo de coisa? Foi o que eu imaginei. Bom, o que mais está escondendo de mim? Na verdade, não quero saber. Dale encara-o sem dizer nada por um bom minuto, enquanto Rickas tenta desviar o olhar. O vento por outro lado fazia questão de ouvir a conversa, com estocadas na janela até que ela abrisse novamente. Os dois suportaram o barulho por pouco tempo.
Rickas, faça como quiser. Mas saiba de uma coisa, quando a pilha de corpos se acumular em nossa porta, vamos saber exatamente em quem a culpa vai pesar mais. Estamos na véspera de um festival, esqueceu? Levantou-se, preparando para deixar a sala. E os cofres públicos já estão vazios demais pra isso. É só. Fechou lentamente a porta ao sair.
Que idiota. Não pensa mesmo no nosso futuro. Eu estou velho, o que posso fazer? Cansado e sem vontade de continuar, Rickas pediu um café, que uma serva foi preparar sem dizer uma palavra. Velho. Lento. Incapaz de continuar, sim, isso tudo me define. Se eu abandonar o cargo, Dale vai comigo. Não vou deixar esse louco no governo. Só comigo o observando ele deixa de fazer besteiras.
Rickas estava em seus setenta-e-quatro anos. Ainda tinha uma boa postura e um porte físico saudável apesar das marcas no rosto, cicatrizes no braço e um cabelo curto grisalho formando uma muralha ao redor da careca. Vestido com roupas de aviador antigas remendadas com os óculos grandes na cabeça e sapatos escarlate. O diferencial que o fazia se orgulhar eram os botões metálicos da camisa em formato de engrenagem. Nos dias mais frios também vestia um casaco remendado alaranjado, mas tão velho que já estava num marrom bem escuro. Mas raramente estava frio. Até o inverno na cidade permitia andar sem casaco na maioria das vezes.
Dale era diferente. Mais novo que Rickas, em seus cinquenta-e-um anos ainda tinha todos os fios de cabelo castanhos e cacheados e uma barba longa. Usava roupa social no trabalho e no dia-a-dia. Sempre vestimentas de cor sólida, uma calça longa e botas mecânicas, que ajudam a controlar o atrito.
Aqui está, senhor. Anuncia a serva, trazendo a xícara de café para Rickas.
Muito obrigado, Silvanna. O governante soprou de leve antes de beber. Tomou um, dois goles, e depois disso bebeu tudo de uma vez. Deixada a xícara em cima da mesa, que foi rapidamente levada para a cozinha por outra serva, ele aproveitou seu pouco tempo livre para abrir a janela e observar a cidade. A ventania finalmente cessou, dando espaço a um brilho forte do sol primaveril de terça.
O Palácio do Governo tinha cinco andares, nos primeiros os cidadãos tratavam de assuntos gerais, sendo no último que se situava os escritórios de Dale e Rickas. Ambos tinham total autonomia sobre a cidade, podendo colocar qualquer coisa em prática sem a aprovação de terceiros. Outros funcionários tratavam de questões menores, mas sempre com a aprovação dos dois governantes.
Aquele ponto de observação era perfeito, a maioria das construções da cidade mal chegavam a três andares. Uma cidade populosa, mas não tão espaçosa. Expandir a área estava em primeiro na lista de necessidades do povo, mas não na lista de prioridades dos dois. Pelo menos nisso concordavam. Rickas mudou de ideia.
Silvanna. Traga Dale de volta, há coisas a se discutir. Explicou Rickas. Já adiamos isso demais.
Do outro lado do oceano..
Pegue esta aqui, ela é mais leve. Permitirá que ataque com mais facilidade e que possa desferir mais golpes. Treine com ela. Instruiu Luttin, jogando a espada de treinamento para Roy. Avance.
O jovem aventureiro tentou acertar o braço direito do treinador, mas foi bloqueado. Tentando um ataque pelas costas teve o mesmo resultado. Um golpe em cima, baixo, um lateral, com a espada na horizontal, todos bloqueados. Nisso, tentou chutar Luttin, que segurou seu pé e o puxou, derrubando o garoto. Gargalhou.
Foi uma boa tentativa, mas cuidado. Elevar o pé assim o deixará sem equilíbrio, então não faça isso. Não tente me atacar por trás quando estou te vendo claramente, apenas se cansará. Numa tentativa dessas você precisará correr para atacar, eu apenas girar para me defender. Demorar demais entre ataques não surpreende ninguém. Tente estocar sucessivamente. E o mais importante
Deu uma rasteira em Roy, derrubando-o na grama úmida. Você só ataca onde estou armadurado. E a cabeça? Tão vulnerável, mas não tentou nem uma vez.
Você podia se machucar.
Luttin gargalhou novamente.
Com essa espada inofensiva? Convencido demais para alguém que não me acertou nenhuma vez. Segurou-o pela mão e puxou para que se levantasse. Mais uma?
Já estou cansado, Luttin. Fingiu ofegar. Talvez mais tarde?
Fale isso pro seu inimigo e até terminar a frase ele já está segurando o seu pâncreas. Nisso, Luttin virou-se bruscamente para ouvir um grunhido. Goblins.
A criatura tinha um metro e meio de altura, pele cinzenta e garras afiadas. Olhos vermelhos como rubi e uma aparência asquerosa. Pequenos chifres e vestindo peles. Da mandíbula escorria sangue misturado com pus e saliva. Ao avistar os dois no campo, a criatura recuou lentamente por alguns instantes. Temia.
Veja isto, Roy. E o treinador retirou o arco preso nas suas costas com uma mão e pegou uma flecha da aljava com a outra. Posicionando a flecha, puxou a corda apontando a flecha para onde o goblin iria estar e soltou. O som do projétil cortando o vento ecoou por alguns instantes até que pousou, atravessando carne e osso. A ponta da flecha apareceu na testa do goblin, acompanhada de sangue. A criatura caiu, ainda de olhos abertos.
Quanta precisão! Exclamou o jovem. E O que um desses faz aqui? Parece perdido.
Ambos caminharam apressadamente em direção ao corpo abatido e o treinador prosseguiu com a explicação:
Eles não passam das fronteiras do condado. Afirmou. Provavelmente ou este estava escondido há algum tempo, o que é improvável, pois parece não ter mais de algumas semanas de vida. Ou alguém está criando essas abominações em cativeiro, o que explica seu medo de humanos. Veja.
O goblin cheirava a sangue seco e carne podre. Não dele, mas de alguma vítima infeliz. Olhando mais de perto, Luttin notou o que a criatura realmente vestia: Pele humana. Roy também percebeu, estava apreensivo, mas preferiu não comentar. O velho treinador arrancou a flecha, que acabou por quebrar. A analisou por alguns segundos e largou na grama. Continuou a olhar para o corpo sem nenhum objetivo aparente e concluiu:
É, está morto.
Sério que só percebeu isso agora?
Não. Roy, poderia buscar um saco? E apontou para o armazém perto do gramado. E uma pá, de preferência.
De preferência?
Posso empacota-lo com as mãos, mas não vou ficar muito feliz com você.
Vou buscar o saco. Qual seu objetivo?
Reportar. Nós dois vamos, parecerei menos louco assim.
Não posso, tenho que ir continuar trabalhando em minhas invenções?
Invenções? Que coisa de garotinha. Você deveria estar treinando com a espada, não fazendo essas coisas. Você é um guerreiro, rapaz. Você é um homem, e deveria agir como um. Seus pais com certeza não aprovam isso.
Enquanto Roy se dirigia ao armazém, Luttin analisava melhor a criatura. Viu algo estranho no antebraço. Um chip. Ah, por favor... Olhou para trás, para os lados, suspirou e tocou na pele do goblin. Sim. É sintética.
As botas metálicas do Esquadrão de Controle faziam barulho. Pesadas, e quando os azarados que ainda estavam dentro da fábrica escutaram esse som, tinham certeza de sua salvação.
Primeiro, tinham que limpar a entrada. Alguns atiravam com suas pistolas automáticas para abrir espaço entre os escombros, enquanto as chamas eram apagadas com pistolas moleculares.
Ei, cuidado onde mira! Exclamou Capitão Jinsen. Está me molhando. O soldado alvo da sua reclamação ficou confuso.
Mas senhor Eu não estou fazendo isso. Olhe para cima, é chuva.
Ah sim. Não poderia ter vindo numa melhor ora, vai ser de grande ajuda. Observou.
Outro soldado, já mais afastado, escorregou, causando um estrondo.
Soldado Melquior, recomponha-se!
Perdão, senhor. É que tem algo escorregadio demais. No chão.
Como é? Só então olhou para as suas vestes. Seu coração quase parou.
Pessoal! Não é chuva! Isso é ól
O robô se aproximou, e ativou seu lança-chamas.
Do outro lado da cidade...
O vento soprava forte e as janelas estavam batendo. Por sorte, uma serva se certificou de fechá-las antes que Rickas reclamasse. E ele com certeza faria. Mas não agora, antes de tomar sua decisão. Os dedos do governante tremiam com a caneta nas mãos, não por medo, mas por vício. Com a outra mão ele acariciava os cabelos grisalhos. Essa discussão entre ele e Dale já durava vinte minutos e a tensão se acumulava na sala, prestes a explodir.
Eu não sei como isso é sequer uma discussão, Rickas. Eu não vou aprovar essas máquinas amaldiçoadas sendo usadas em nossa cidade, não importa a ocasião. Não sou a favor de uma carnificina.
Não vamos usá-las na cidade. Retrucou. Nós vamos usá-las pela cidade, e se for estritamente necessário. É um último recurso para nos salvar em caso de um ataque. Nossas defesas são fracas, temos poucos atacantes. Quem falou em carnificina?
Que ataque? Quem vai nos atacar? Elevou a voz. Não temos inimigos, não temos conflitos armados há décadas.
Será? Eu ouço... sons perto do porto.
Hahahahaha, você acredita mesmo nesse tipo de coisa? Foi o que eu imaginei. Bom, o que mais está escondendo de mim? Na verdade, não quero saber. Dale encara-o sem dizer nada por um bom minuto, enquanto Rickas tenta desviar o olhar. O vento por outro lado fazia questão de ouvir a conversa, com estocadas na janela até que ela abrisse novamente. Os dois suportaram o barulho por pouco tempo.
Rickas, faça como quiser. Mas saiba de uma coisa, quando a pilha de corpos se acumular em nossa porta, vamos saber exatamente em quem a culpa vai pesar mais. Estamos na véspera de um festival, esqueceu? Levantou-se, preparando para deixar a sala. E os cofres públicos já estão vazios demais pra isso. É só. Fechou lentamente a porta ao sair.
Que idiota. Não pensa mesmo no nosso futuro. Eu estou velho, o que posso fazer? Cansado e sem vontade de continuar, Rickas pediu um café, que uma serva foi preparar sem dizer uma palavra. Velho. Lento. Incapaz de continuar, sim, isso tudo me define. Se eu abandonar o cargo, Dale vai comigo. Não vou deixar esse louco no governo. Só comigo o observando ele deixa de fazer besteiras.
Rickas estava em seus setenta-e-quatro anos. Ainda tinha uma boa postura e um porte físico saudável apesar das marcas no rosto, cicatrizes no braço e um cabelo curto grisalho formando uma muralha ao redor da careca. Vestido com roupas de aviador antigas remendadas com os óculos grandes na cabeça e sapatos escarlate. O diferencial que o fazia se orgulhar eram os botões metálicos da camisa em formato de engrenagem. Nos dias mais frios também vestia um casaco remendado alaranjado, mas tão velho que já estava num marrom bem escuro. Mas raramente estava frio. Até o inverno na cidade permitia andar sem casaco na maioria das vezes.
Dale era diferente. Mais novo que Rickas, em seus cinquenta-e-um anos ainda tinha todos os fios de cabelo castanhos e cacheados e uma barba longa. Usava roupa social no trabalho e no dia-a-dia. Sempre vestimentas de cor sólida, uma calça longa e botas mecânicas, que ajudam a controlar o atrito.
Aqui está, senhor. Anuncia a serva, trazendo a xícara de café para Rickas.
Muito obrigado, Silvanna. O governante soprou de leve antes de beber. Tomou um, dois goles, e depois disso bebeu tudo de uma vez. Deixada a xícara em cima da mesa, que foi rapidamente levada para a cozinha por outra serva, ele aproveitou seu pouco tempo livre para abrir a janela e observar a cidade. A ventania finalmente cessou, dando espaço a um brilho forte do sol primaveril de terça.
O Palácio do Governo tinha cinco andares, nos primeiros os cidadãos tratavam de assuntos gerais, sendo no último que se situava os escritórios de Dale e Rickas. Ambos tinham total autonomia sobre a cidade, podendo colocar qualquer coisa em prática sem a aprovação de terceiros. Outros funcionários tratavam de questões menores, mas sempre com a aprovação dos dois governantes.
Aquele ponto de observação era perfeito, a maioria das construções da cidade mal chegavam a três andares. Uma cidade populosa, mas não tão espaçosa. Expandir a área estava em primeiro na lista de necessidades do povo, mas não na lista de prioridades dos dois. Pelo menos nisso concordavam. Rickas mudou de ideia.
Silvanna. Traga Dale de volta, há coisas a se discutir. Explicou Rickas. Já adiamos isso demais.
Do outro lado do oceano..
Pegue esta aqui, ela é mais leve. Permitirá que ataque com mais facilidade e que possa desferir mais golpes. Treine com ela. Instruiu Luttin, jogando a espada de treinamento para Roy. Avance.
O jovem aventureiro tentou acertar o braço direito do treinador, mas foi bloqueado. Tentando um ataque pelas costas teve o mesmo resultado. Um golpe em cima, baixo, um lateral, com a espada na horizontal, todos bloqueados. Nisso, tentou chutar Luttin, que segurou seu pé e o puxou, derrubando o garoto. Gargalhou.
Foi uma boa tentativa, mas cuidado. Elevar o pé assim o deixará sem equilíbrio, então não faça isso. Não tente me atacar por trás quando estou te vendo claramente, apenas se cansará. Numa tentativa dessas você precisará correr para atacar, eu apenas girar para me defender. Demorar demais entre ataques não surpreende ninguém. Tente estocar sucessivamente. E o mais importante
Deu uma rasteira em Roy, derrubando-o na grama úmida. Você só ataca onde estou armadurado. E a cabeça? Tão vulnerável, mas não tentou nem uma vez.
Você podia se machucar.
Luttin gargalhou novamente.
Com essa espada inofensiva? Convencido demais para alguém que não me acertou nenhuma vez. Segurou-o pela mão e puxou para que se levantasse. Mais uma?
Já estou cansado, Luttin. Fingiu ofegar. Talvez mais tarde?
Fale isso pro seu inimigo e até terminar a frase ele já está segurando o seu pâncreas. Nisso, Luttin virou-se bruscamente para ouvir um grunhido. Goblins.
A criatura tinha um metro e meio de altura, pele cinzenta e garras afiadas. Olhos vermelhos como rubi e uma aparência asquerosa. Pequenos chifres e vestindo peles. Da mandíbula escorria sangue misturado com pus e saliva. Ao avistar os dois no campo, a criatura recuou lentamente por alguns instantes. Temia.
Veja isto, Roy. E o treinador retirou o arco preso nas suas costas com uma mão e pegou uma flecha da aljava com a outra. Posicionando a flecha, puxou a corda apontando a flecha para onde o goblin iria estar e soltou. O som do projétil cortando o vento ecoou por alguns instantes até que pousou, atravessando carne e osso. A ponta da flecha apareceu na testa do goblin, acompanhada de sangue. A criatura caiu, ainda de olhos abertos.
Quanta precisão! Exclamou o jovem. E O que um desses faz aqui? Parece perdido.
Ambos caminharam apressadamente em direção ao corpo abatido e o treinador prosseguiu com a explicação:
Eles não passam das fronteiras do condado. Afirmou. Provavelmente ou este estava escondido há algum tempo, o que é improvável, pois parece não ter mais de algumas semanas de vida. Ou alguém está criando essas abominações em cativeiro, o que explica seu medo de humanos. Veja.
O goblin cheirava a sangue seco e carne podre. Não dele, mas de alguma vítima infeliz. Olhando mais de perto, Luttin notou o que a criatura realmente vestia: Pele humana. Roy também percebeu, estava apreensivo, mas preferiu não comentar. O velho treinador arrancou a flecha, que acabou por quebrar. A analisou por alguns segundos e largou na grama. Continuou a olhar para o corpo sem nenhum objetivo aparente e concluiu:
É, está morto.
Sério que só percebeu isso agora?
Não. Roy, poderia buscar um saco? E apontou para o armazém perto do gramado. E uma pá, de preferência.
De preferência?
Posso empacota-lo com as mãos, mas não vou ficar muito feliz com você.
Vou buscar o saco. Qual seu objetivo?
Reportar. Nós dois vamos, parecerei menos louco assim.
Não posso, tenho que ir continuar trabalhando em minhas invenções?
Invenções? Que coisa de garotinha. Você deveria estar treinando com a espada, não fazendo essas coisas. Você é um guerreiro, rapaz. Você é um homem, e deveria agir como um. Seus pais com certeza não aprovam isso.
Enquanto Roy se dirigia ao armazém, Luttin analisava melhor a criatura. Viu algo estranho no antebraço. Um chip. Ah, por favor... Olhou para trás, para os lados, suspirou e tocou na pele do goblin. Sim. É sintética.