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Confissões de um escritor ocioso

NolanHawk Masculino

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06 de Dezembro de 2018
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Confissões de um escritor ocioso

Me peguei hoje pensando no quanto desperdiçamos nosso tempo com coisas fúteis. Discussões sem pé nem cabeça, ociosidade, preguiça. Falo isso por mim, claro, pois sou dono apenas da minha vida, porém duvido que vocês também não o façam. Não estou dizendo que não podemos nos dar nossos momentos de descanso, onde não precisemos fazer nada mais do que olhar pro teto dos nossos quartos e escutar nossa música favorita, ou maratonar aquela série popular do momento, passando assim horas ou até o dias inteiros sem fazer outra coisa além de assisti-la. Devemos esses momentos a nós mesmos, mas o tempo que passa nunca vai voltar.​
Espero que vocês leitores não estejam exagerando como eu claramente estou na ociosidade. Para mim, ela parece uma prisão difícil de sair, ou melhor, vejo ela como correntes que dificultam meu andar, tornando meu caminhar vagaroso enquanto tento correr do tempo que me persegue. Sou um escritor e vejo cada vez mais o tempo que está passando como uma ampulheta que, ao invés de areia, tem a mim no centro dela, esfarelando aos poucos. Admito que sou novo ainda para me preocupar tanto assim com o tempo, mas é impossível sabermos o que o dia de amanhã nos aguarda e, querendo ou não, o nosso tempo aqui é limitado pelo passar do tempo.​
Admito que repito diversas vezes a palavra “tempo” no parágrafo passado, mas não consegui pensar em outro modo de me expressar. Nada de “com o passar dos dias e das noites” ou qualquer outra expressão que aponte o seu passar, pois ele por si só basta para o aviso. Somos a poeira da ampulheta e mais cedo ou mais tarde passaremos completamente para o fundo dela, restando apenas nossos feitos e as lembranças na mente das pessoas que trilharam o caminho junto de nós. No fim das contas, na ociosidade em que me encontro, esse texto acabou sendo um aviso para mim mesmo, junto de uma motivação. Depois de meses sem mal tocar numa caneta, talvez seja uma boa e até poética retomada escrever um texto falando sobre o tempo que perdi.​
 
Outro dia fui indagado a respeito do porquê não fazer as refeições como a maioria das pessoas normais (iso em relação aos horários e ao tipo de alimento que se ingere nesses momentos). Respondi mentalmente: Em nenhum lugar do meu DNA está escrito que tenho que comer em um horário específico ou fazer três refeições por dia. Para mudar o rumo da conversa dei de ombros e sorri.

Faz algum tempo que eu desisti de seguir convenções sociais que me servem apenas como amarras. A nossa percepção do tempo é uma dessas convenções. O tempo não existe. O amanha não existe e o ontem também não. Só existe esse momento em que pulsa seu coração e você sente coisas como amor, dor e tédio. O conceito de tempo em si é algo que a humanidade criou para preencher parte do próprio vazio de sua existência.

Tenho notado com grande preocupação (e inútil também) o quanto a sociedade cobra, principalmente dos mais jovens que eles devam ser produtivos o tempo todo. É como se toda a brincadeira tivesse que ser obrigatóriamente, parte de um aprendizado. É como de todo jogo tivesse que contar uma história épica. È como se você o tempo todo tivesse que estar focado em algo que vai lhe render algum dinheiro. É como se você tivesse em um trem acelerado do qual não você jamais pudesse descer para contemplar a paisagem.

Dentro do vagão desse trem vejo que muitos procuram preencher o tédio com coisas que não lhes façam lembrar de quão bonito e interessante pode ser lá fora. Dentro do trem não faltam opções de "lazer" para aplacar a melancolia de viver sempre em alta velocidade. Não vejo isso como um erro, mas como uma opção que leva a caminhos que muitas vezes só se descobre aonde vai dar, quando se chega lá.
 
Compreendo o que você quer dizer, mas não concordo com a maior parte. Deixe-me expressar minha humilde opinião a respeito do assunto. Você estava falando a respeito de como estava gastando seu tempo, e segundo você, não estava o gastando da melhor maneira possível. Concordo com você no que se refere á ser ocioso, isso não é bom, é desperdiçar o que temos de mais valioso, mais valioso do que qualquer dinheiro que um dia possamos ter, o próprio tempo. Dinheiro se recupera, tempo, não.

Sua preocupação é extremamente valida, mas ainda não consigo concordar totalmente com ela. Disponha-me poder lhe provocar com uma pergunta: você tem medo de estar fazendo nada? Veja, fazer nada não é ruim, é melhor do que se estressar fazendo tanta coisa ao ponto de não poder curtir o momento presente, o agora. Já imaginou fazer tanta coisa e acabar indo parar em um hospital por estresse? Ficar sem fazer nada, de modo algum é uma coisa negativa. Não tenha medo de não fazer nada, não fazer nada, é algo bom, até certo ponto.

Quando se vê uma série, ler-se um livro, mata-se o tempo com um hobby, de modo algum isso é algo negativo, a menos que você não esteja focado naquilo que está fazendo — digo, 100% presente no agora. Por muito tempo disse a mim mesmo que deveria ser produtivo na maior parte do meu tempo, até que descobri que ninguém é produtivo o tempo todo. Entenderia se isso lhe soar extremamente infantil. Tente mudar esta visão que você tem sobre si, ou isso poderá ser sua ruína. Eventualmente, acabará desistindo de alguma coisa. Saber se perdoar, e ser tolerante consigo mesmo é crucial, principalmente para os tempos onde vivemos, que o imediatismo é reverenciado como algo positivo.


Uma Dica Da Minha Parte


Agora irei comentar sobre o ponto onde você indica que precisa melhorar, embora o texto não seja um pedido de ajuda, tentarei fazer mesmo assim. Estabeleça prazos para você, e não, isso não é clichê. Indico que converse com um(a) colega/amigo(a) de confiança e intimidade pedindo para que este lhe dê um prazo para cumprir uma Tarefa X no Tempo Y — recomendo que o prazo seja no máximo um mês. O objetivo disso é que você não fará a Tarefa X apenas por si mesmo, mas também porque neste cenário existe um terceiro, esperando ansiosamente você completar aquela Tarefa.
Sim, é uma pessoa que vai cobrar você o trabalho que você deveria fazer. Pode até encarar como algo desagradável, mas se for algum amigo de confiança e atitude, ele certamente vai lhe ajudar de tal maneira, que resultará em sua satisfação. É aconselhável entrar no assunto periodicamente com o companheiro(a) para o(a) atualizar através de conversas simples de como anda o seu projeto. Está tática funciona comigo e é muito poderosa e eficiente.

Esperando ansiosamente por notícias positivas.
Agradecendo a atenção prestada,
Um forte abraço,
~ Gui/Halk.
 
Última edição:
Eu admito que me identifico bastante o que o @NolanHawk escreveu. Levante a mão quem não começou essa recente quarentena pensando que era uma ótima oportunidade para por tudo em ordem e fazer mil coisas, mas que mal conseguia se concentrar quando tentava fazer algo? Teve dias que eu passei horas com o pdf aberto sem lê-lo simplesmente pulando de um vídeo a outro no youtube ou jogando partidas em roguelikes. Nem preciso dizer que me senti muito mal nesses dias.

O que exatamente é ser produtivo? Nós temos essa concepção de que ser produtivo é estar o tempo todo ligado, recebendo e processando informação e produzindo algo palpável para entregar para o mundo. E a verdade é que isso é simplesmente impossível. As pessoas precisam de tempo para respirar, absorver o que está acontecendo e refletir sobre as informações que entramos em contato. Exigir-se ou exigir que o outro esteja sempre ligado, agindo e reagindo é extenuante e até mesmo cruel em certa medida.

Isso quer dizer que devemos parar de nos policiar e sair à deriva? Não, absolutamente. Acho que o ponto central é escolhermos aquilo que fazemos. Deve ser algo que decidimos fazer porque aquilo significa algo para nós. E pode ser até mesmo "vou assistir/jogar X porque quero me desligar do mundo um pouco" ou "vou ficar aqui parado olhando para o meu cachorro porque eu gosto dele e aprecio a companhia dele". São justamente nesses momentos que temos oportunidade de respirar e processar, ou que entramos em contato com algo realmente inspirador que não teríamos se estivéssemos focamos apenas em 'produzir'. Hoje em dia com internet 24/7, smartphones, youtube, netflix, spotify, etc etc etc, nós estamos apenas pulando de uma atividade ara outra sem pensar no que estamos fazendo. Só seguindo um fluxo, um padrão ou um hábito. Quando nos damos conta, horas se passaram em atividades que não significam nada, só uma distração quase mecânica. O resultado é que sentimos que desperdiçamos o tempo.

Acho que eu posso resumir no seguinte: Não há nada de errado em se dar um tempo, se permitir relaxar ou distrair. Ainda mais nos tempos estranhos que temos vivido. Mas é preciso tomar certo cuidado para que esses períodos de distração sejam escolhas conscientes e que estejamos envolvidos com o que fazemos, ao invés de somente consumindo coisas a esmo que no final não significam nada.
 
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