Confissões de um escritor ocioso
Me peguei hoje pensando no quanto desperdiçamos nosso tempo com coisas fúteis. Discussões sem pé nem cabeça, ociosidade, preguiça. Falo isso por mim, claro, pois sou dono apenas da minha vida, porém duvido que vocês também não o façam. Não estou dizendo que não podemos nos dar nossos momentos de descanso, onde não precisemos fazer nada mais do que olhar pro teto dos nossos quartos e escutar nossa música favorita, ou maratonar aquela série popular do momento, passando assim horas ou até o dias inteiros sem fazer outra coisa além de assisti-la. Devemos esses momentos a nós mesmos, mas o tempo que passa nunca vai voltar.
Espero que vocês leitores não estejam exagerando como eu claramente estou na ociosidade. Para mim, ela parece uma prisão difícil de sair, ou melhor, vejo ela como correntes que dificultam meu andar, tornando meu caminhar vagaroso enquanto tento correr do tempo que me persegue. Sou um escritor e vejo cada vez mais o tempo que está passando como uma ampulheta que, ao invés de areia, tem a mim no centro dela, esfarelando aos poucos. Admito que sou novo ainda para me preocupar tanto assim com o tempo, mas é impossível sabermos o que o dia de amanhã nos aguarda e, querendo ou não, o nosso tempo aqui é limitado pelo passar do tempo.
Admito que repito diversas vezes a palavra “tempo” no parágrafo passado, mas não consegui pensar em outro modo de me expressar. Nada de “com o passar dos dias e das noites” ou qualquer outra expressão que aponte o seu passar, pois ele por si só basta para o aviso. Somos a poeira da ampulheta e mais cedo ou mais tarde passaremos completamente para o fundo dela, restando apenas nossos feitos e as lembranças na mente das pessoas que trilharam o caminho junto de nós. No fim das contas, na ociosidade em que me encontro, esse texto acabou sendo um aviso para mim mesmo, junto de uma motivação. Depois de meses sem mal tocar numa caneta, talvez seja uma boa e até poética retomada escrever um texto falando sobre o tempo que perdi.