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- Frank

Docinhos Salgados (+16) - Capítulo 2: Pousada Excêntrica e o Velho Estranho

AbsoluteXandy Masculino

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04 de Julho de 2015
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Eu estava boba andando em direção a porta enquanto admirava a imponência daquele lugar, infelizmente a vista não durou muito, logo entramos e o garoto pediu para que esperássemos:
—Ei, eu vou falar com meu pai agora, certo? Esperem aqui, e tentem não chamar muita atenção.
O garoto então foi correndo de forma objetiva pelo imenso lugar, enquanto eu e o Bolachinha ficávamos esperando por ele. Mas sério, pedir para não chamar atenção é meio que de mais, não? Digo, uma princesa radiante e um dragão lado a lado deve chamar a atenção de todos, mesmo não sendo essa a verdadeira intenção.
Não havia muito que fazer, então graças ao tempo, aproveitei para tirar minhas dúvidas com meu bichinho:
—Bolachinha, você ficou quieto do nada...
É bem estranho esse tipo de coisa acontecer, o meu dragão tem uma presença muito forte, fora que tem o costume de falar muito quando está comigo, particularmente, eu gosto muito de bater papo com ele, então acabei sentindo falta. Ele me olhou com uma cara envergonhada e após um breve silêncio disse:
—Preferi não falar, o jeito dele me incomoda. Não de uma forma ruim, só acho que ele não seja do tipo que eu gostaria de falar.
O clima do lugar estava um pouco tenso, apesar do ambiente chique e aconchegante, a variedade enorme sobre um único teto me incomodava. Não sabia para onde focar meu olhar, em cada lugar que eu batia o olho tinha uma criatura diferente e curiosa, logo a minha frente tinha um grupo de fusionistas, eles são bem peculiares e fáceis de identificar, normalmente não possuem uma casa, passam todo o tempo de suas vidas viajando de mundo em mundo para aprender novos modos de vida, acredito que eles estejam por todo lado, e é bem aceitável ver eles no que seria uma pousada. Logo do lado desses fusionistas, era possível ver algumas criaturas que nem sequer eu conseguia identificar, pessoas com traços de animais, grandes gatos de terno andando sobre duas patas e falando como gente, mas o que realmente me surpreendeu, foi uma criatura que eu estava habituada a ver, um grupo de golens marshmallows se comportando surpreendentemente bem se levarmos em conta seu histórico normalmente agressivo.
Após um tempo admirando toda a diversidade do lugar, duas meninas que aparentemente trabalhavam na pousada chegaram, uma delas era ruiva, tinha olhos castanhos e era um pouco mais baixa que eu, já a outra era um pouco mais alta, tinha cabelos verdes e injustos olhos azuis, ambas estavam vestindo algo que parecia ser um uniforme do lugar, com calças e blusas brancas mais folgadas, estampadas com desenhos tribais na cor preta, com um broche de uma flor vermelha e preta fixadas em suas blusas, apesar de simples era uma roupa bonitinha.
Seguindo a lógica dos acontecimentos, elas deveriam nos levar até o chefe dessa pousada. Não demorou muito para que ambas decidissem explicar a mesma situação simultaneamente de forma perfeita:
—O chefe pediu para levá-los até a sala principal, siga-nos.
As duas pareciam robôs, no qual foram programados para serem perfeitos em todas as situações. Apesar de meio assustador, deve ser bem prestativo ter elas como funcionárias...
Continuei seguindo elas junto ao Bolachinha enquanto repetíamos o caminho que vimos o garoto de mais cedo fazer, claro, não consegui deixar de admirar o lugar um pouco mais, olhando cada detalhe da pousada, o que ficava difícil de tão lotada que ela estava, dificultando olhar para uma parede onde não tinha ninguém para tampar ao menos um pouco de sua textura. Após essas minhas viagens mentais, chegou o momento no qual entramos na sala principal, com chão e paredes azuis acompanhadas de detalhes semelhantes ao das roupas das garotas, porém em uma cor branca.
Mesmo frente a frente com o chefão da pousada, eu quase não consegui olhar para ele, pois não parava de prestar atenção para a decoração do lugar, que se resumia em panos chiques e chamativos sendo utilizados como cortinas, uma variedade de espadas presas a parede, e uma enorme poltrona com base em madeira e lã, onde o homem se encontrava.
Eis o momento em que eu não tinha mais o que olhar, direcionando minha visão para o homem, vendo assim a face do dono da pousada, um senhor forte e grande com uma barba feita e longos cabelos prateados, com uma pele escura, usando uma roupa parecida com as das garotas de mais cedo, porém com branco como cor base e alguns detalhes amarelos nos desenhos.
Me olhando de forma assustadora, ele usa brevemente sua voz grave e sinistra para falar:
—Então você é a garota que meu filho trouxe?
Com um pouco de medo eu respondi com uma voz baixa:
—Sim, sou eu.
Ele parecia irritado com minha resposta, pois no mesmo momento em que respondi, uma feição de desprezo tomava conta de seu rosto. E foi com essa mesma feição que ele me respondeu:
—Você não precisava responder, tá vendo alguma outra menina nova aqui?
A aura dele era muito forte causava medo só de chegar perto, e o vendo assim, me confrontando sem motivo algum, me causava um enorme desconforto e mostrando já ali quem era inferior naquela conversa... odeio admitir, mas o inferior não era ele. Sei que é ridículo, mas não pude me conter, antes que eu notasse, eu já estava tremendo.
Como se toda essa tensão não bastasse, ele suspira bem alto dizendo:
—Essa sim seria uma boa hora pra me responder.
Eu não aguento mais! Não dá pra ficar perto desse cara, ele é mais assustador do que deveria, eu simplesmente sinto que eu vou chorar a qualquer instante, e bem... isso de fato aconteceu.
Assim que ele percebeu as lágrimas em meu rosto a expressão medonha no rosto dele se foi, com uma cara confusa ele tentava mudar sua impressão com uma voz envergonhada:
—Olha, não precisa se assustar tanto assim, digo, eu não escolhi ter esse corpo! Esqueça isso garota, se você quiser trabalhar aqui terá que me encarar assim mais vezes.
Foi aí que uma coisa rara aconteceu, às vezes, quando me sinto muito ameaçada, minha mente simplesmente apaga, e eu passo a agir como outra pessoa é como se um espírito de "donzela em perigo" me possuísse por alguns instantes, e foi assim que levei a conversa, onde com meu corpo trêmulo, olhos encharcados e voz falha eu disse:
—Moço, eu quero trabalhar aqui, mas você é assustador. Você não é ruim, é?
Aparentemente, ele ficou envergonhado por causa da minha reação, o que de certa forma, amenizou o ar assustador dele.
—Olha aqui menina, não precisa disso tudo, eu não sou uma pessoa ruim, tanto que eu concordei com tudo essa coisa de lhe deixar trabalhar aqui.
Após um tempo de silêncio, ele completa suas palavras com um importante ponto:
—Bom, mais importante do que isso, eu me chamo Assombrado, mas por aqui as pessoas costumam me chamar de Sr. Assombrado. E você qual é seu nome?
Respondendo a ele um pouco menos assustada, porém ainda tremendo eu disse:
—Me chamo Pudim, prazer. 
As duas garotas que estavam ali pareciam querer se incluir nas apresentações, até que a garota de cabelos verdes decidiu falar:
— Meu nome é Folhinha.
A outra garota parecia inquieta, e com uma cara corada mexia em seu cabelo. Notando isso, tentei incluir ela nas apresentações também. Então enquanto apontava pra ela, falava:
—Ei, e você? Qual é seu nome?
Ela parecia surpresa com a pergunta, até deu um pulinho de susto, mas conseguiu se recompor rápido o bastante para responder.
—A-ah! Meu nome é Emília.
Sr. Assombrado soltou uma risada assustadora, calando todos na mesma hora. Só voltamos a falar quando ele decidiu dar uma iniciativa mais pacífica:
—Dê um desconto pra garota, no mundo dela, é normal os nomes terem significados ocultos, e não explícitos como os nossos.
Tentando não parecer tão assustada eu inventei uma resposta um tanto quanto diferente da minha opinião.
—É... um pouco estranho. Mas dá pra acostumar.
Na verdade, eu simplesmente não me importo com nomes, já ouvi tantos, que nada me impressiona mais, pelo menos, não quanto a nomes. O pior foi que acabei escolhendo as palavras erradas, a garota ficou ainda mais corada após minha resposta enquanto a Folhinha ficava calada me encarando, mas é claro que esse silêncio não duraria muito, o velho Assombrado acabou com o clima estranho com seus termos:
—Bom, você começa trabalhando amanhã, seu dragão não precisa de serviços, acho que não será ideal ter um dragão como garçom. Fique tranquila quanto ao tamanho dele, temos quartos enormes que com certeza darão conta, vocês dois podem ficar no quarto quinhentos e quarenta do segundo andar, mas já aviso que seu trabalho começa logo pela manhã.
Saber que eu poderia dormir sobre um teto realmente me animou, ainda mais na presença do Bolachinha. Foi com esses pensamentos que um sorriso finalmente se abriu no meu rosto, e com vontade eu respondi:
—Obrigada, você não vai se decepcionar!
Ele parecia surpreso, com um sorriso irônico no rosto retrucou meu espírito esportivo.
—Onde está a garotinha dos olhos assustados?
Eu gelei na mesma hora, é incrível saber da existência de alguém com uma presença tão forte, eu odeio quando alguém tenta parecer maior do que eu, mas simplesmente não consigo bater de frente com ele. Tudo que eu queria era sair de perto daquele velhote o mais rápido possível. Assim eu virei para as duas garotas e perguntei:
—Poderiam mostrar para nós o quarto? Eu não faço ideia de onde ele fica.
As garotas acenaram positivamente e começaram a andar, instintivamente eu e meu bichinho começamos a segui-las, saindo do raio de presença do Assombrado andamos mais e mais, num completo silêncio, passamos por muitas pessoas, animais, monstros, inclusive, muitos dragões, nunca vi uma pousada tão bem preparada para receber tantas variedades como essa. Foi após essas observações que passando por uma enorme escadaria, chegando a um quarto, onde nele estava uma placa com o número quinhentos e quarenta, foi ali que as garotas pararam e sem dizer uma palavra, deixaram as chaves do quarto em minhas mãos, seguindo rumo a um dos quartos próximos.
—Credo... tchau pra vocês também.
Eu estava meio nervosa com tudo isso, as pessoas desse lugar conseguem ser mais estranhas do que meu povo do Mundo Docinho, mas esquecendo de tudo isso, até que o lugar é bom. Vamos ver como o quarto é.

Não deu outra, eu abri a enorme porta, que fazia par com uma menor, empurrando-a com ajuda do Bolachinha, e quando entramos, o lugar tinha a proporção das casas normais que vi por esse mundo, tudo era muito chique, lotado de detalhes inúteis, nem parecia que eu tinha saído de um castelo e agora estava em uma pousada. Meu dragão fechou a porta assim que entrou, e logo após isso foi direto para a cama maior. Justo, visto que ele é enorme. Após se ajustar um pouco ele nem sequer perdeu tempo para me dar um sermão.
—Princesa, você precisa dormir, acredito que amanhã o trabalho será pesado.
Suspirei bem alto e com um tom revoltado respondi:
—Eu sei, eu sei, dá pra me deixar respirar?
Fiquei um momento admirando o quarto, enquanto agradecia internamente por não ter que dormir na rua. Após uma boa olhada, acabei abrindo um guarda-roupa, onde lá estavam vários uniformes da pousada em diferentes tamanhos, e alguns pijamas. Peguei a maior camisa que achei na parte dos pijamas, pois mesmo eu sendo pequena gosto de usar peças grandes e com essa oportunidade não poderia ser diferente.
Lá mesmo tirei a camisa que tinha pego do meu irmão e logo em seguida tirei também a calça, jogando ambas as peças dentro do guarda-roupas sem me preocupar tanto com organização. Após tanto tempo com o Bolachinha como bichinho de estimação, eu simplesmente passei a ver ele como algo diferente dos outros então nunca tivemos problemas com esse tipo de coisa. Essa noite não estava fria, mesmo apenas de calcinha era impossível sentir frio, a temperatura estava perfeita. Tentando aproveitar um pouco mais o clima, levo a camiseta junto comigo a cama menor, mas apenas me jogo nela, sem me cobrir ou me vestir, apenas fechando os olhos e esquecendo de todos os problemas que passei hoje.
Sabe, o melhor de passar por uma situação complicada, é se sentir aliviado por ter achado uma solução, mesmo que ela seja temporária, ou quem sabe, nem tenha vindo de você, como foi meu caso. Hoje o dia foi bem cansativo, esse breve momento em que parei para descansar, o sono não perdoou, ele veio no mesmo instante. A sensação era ótima, ter o cansaço de um dia estranho fugindo em uma cama macia enquanto seu corpo vai lentamente relaxando, é algo realmente digno de ser chamado de "outro mundo", mas como tudo que é bom dura pouco, meu sono foi quebrado pelo som de batidas na porta menor, acompanhadas de uma voz familiar.
—Você ainda tá acordada?
Eu estava bem molinha por causa do breve instante de sono, então apenas vesti a camisa o mais rápido possível enquanto eu pedia um pouco mais de tempo.
—Espera aí, eu já vou abrir.
Caminhei até a porta, e quando abri, me toquei que era a voz do garoto de mais cedo, felizmente, a camisa era tão grande que ficava como um vestidinho perto do meu tamanho, então no fim das contas, não foi um atendimento tão vulgar. Ele parecia tão cansado quanto eu, talvez até mais, porém não deixou de vir me ver, também não demorou para que falasse comigo.
—Posso entrar?
Por algum motivo, quando ouvi isso, meu corpo arrepiou. Não estou acostumada a dividir meu espaço íntimo com um garoto que não seja meu irmão ou meu Bolachinha. Bom, mas de qualquer forma, não tem motivos para recusar, fora que nem nos falamos direito... e como estou aqui por causa dele, nada mais justo do que dar um mínimo de atenção.
—Pode sim, mas encoste a porta.
Eu fui novamente em direção à cama, sentando na ponta dela a espera do garoto. Ele encostou a porta como pedi e veio em minha direção, parando em pé logo a minha frente, pronto para se esclarecer pelo dia.
—Desculpa por tudo isso, eu conversei com meu pai depois que terminei os serviços que ele tinha me pedido, ele mencionou que você estava morrendo de medo dele.
É claro que eu estava, aquele velho é tenebroso! Bom, acho que isso não é algo que se diga para o filho dele, pode ser um pouco indelicado, melhor eu dar uma corrigida nessa frase.
—Tudo bem, uma hora eu acostumo, eu acho.
Ele deixou escapar uma risada sem jeito. Sua postura pareceu mudar um pouco, mas mesmo assim ele continuou falando.
—Ei, seu nome é Pudim, né? Foi mal não lembrar de me apresentar antes, eu sou o Meio-Vivo!
Este sim tem um nome estranho, mas novamente, não é algo que se diga, então apenas complementei um pouco.
—Sim, sou eu, prazer. Aliás, obrigada pela oportunidade, eu estava meio tensa quanto a este lugar, mas tudo parece estar funcionando novamente aqui em minha cabeça.
Ele sorriu assim que eu agradeci, ficando um tempo em silêncio, até decidir dizer algo.
—Não se preocupe quanto a isso, estamos realmente precisando de ajuda, você aqui é mais do que bem-vinda.
Ali nossa conversa já havia se encerrado, basicamente nos encaramos um pouco no silêncio, eu realmente sou grata a ele, mas não faço ideia do que falar agora. Ele deve ter percebido o ar estranho que tinha ficado, então ele se virou e foi em direção a porta.
—Até mais, Pudim. É melhor irmos dormir, descansar é mais do que importante.
O garoto fechou a porta antes mesmo de eu responder, então eu simplesmente desliguei a luz e fui dormir, cedendo desta vez, ao já presente sono.
Após algumas horas de descanso, me surpreendo com um alto som de explosão dentro da pousada, abrindo os olhos na mesma hora, me deparando com as asas do Bolachinha sobre meu corpo me protegendo de qualquer ameaça.
Mesmo com a proteção dele, eu pedi explicações sobre o ocorrido:
—O que diabos está acontecendo aqui!?
O Bolachinha parecia tão confuso quanto eu, então me respondeu sem nem pensar:
—Então, se eu soubesse já tinha ido atrás de uma solução, mas não se incomode, mestre. Ainda vou achar alguma forma de acabar com isso por você.
Eu até ficaria feliz com esse espírito de proteção dele, mas eu estava muito ocupada pensando, em que tipo de pessoa faria isso numa pousada, ou melhor... que horas são agora? Não tinha uma forma melhor de saber do que perguntando.
—Ei, que horas são?
Meu bichinho sem graça respondeu tentando amenizar a situação me mandando descansar.
—Volte a dormir, ainda são cinco e meia, não deveria estar acordada agora.
Espera, eles me acordaram cinco e meia? Isso deve estar errado, só pode. Com todo esse desrespeito acabei levantando sem dar bola pro Bolachinha, toda descabelada, ainda com uma pouco de baba seca no rosto eu fui na direção em que ouvi a explosão. Vinha do andar de cima, eu subi as escadas e não poderia ser mais óbvio, havia uma porta toda destroçada, com um homem estranho lá dentro.
Olhando diretamente pra ele, com a expressão mais ameaçadora que consegui fazer, caminhei lentamente em direção a ele, desferindo palavras de ódio:
—Foi você, não foi? Quem você pensa que é pra me acordar a essa hora, ahn?
Ele assustado, porém tentando se justificar, me respondeu:
—Tudo em nome da ciência! Estou trabalhando em uma máquina do tempo, um dia você vai me agradecer por essa explosão, pois eu, o cientista louco do Mundo Estranho vou mudar a vida de todos vocês!
Não estava pensando muito bem na frase por causa da irritação e o sono, então minha próxima fala pode ter ficado um tanto quanto clichê.
—Espero mesmo que consiga uma máquina do tempo que funcione, vai ser só assim pra você conseguir consertar sua cara quando eu chegar aí.
Assim que cheguei cara a cara com o homem, ao lado de sua "máquina do tempo" que mais parecia um micro-ondas sem porta, eu simplesmente dei o soco mais forte que consegui logo na barriga dele. Talvez eu tenha exagerado, ele era meio velho, mas ninguém mandou me acordar. Após o impacto, ele caiu no chão gemendo de dor, até tomar fôlego o suficiente pra levantar ainda um pouco bambo e voltar a falar:
—Olha, sem violência garota, eu sou um cliente!
Ainda no calor do momento ignorei totalmente o que ele disse e desferi um soco direto no queixo dele, seguido de uma joelhada em seu estômago, fazendo então ele cair na mesma hora.
—Você só tem que calar a boca. Você pediu por isso quando explodiu meu sono.
Deixei a sala em silêncio com o homem estraçalhado no chão, teria tudo ficado por isso mesmo, mas um menino estava assistindo tudo e assim que cheguei perto ele gritou enquanto corria:
—Salve-se quem puder! É o leão raivoso das cinco e meia!
Foi aí que eu percebi que a gravidade que pode ter sido espancar um homem aleatório vestindo apenas camiseta e ainda por cima toda descabelada. Mas claro, ainda era pouco para todo meu azar, a coisa ficou séria quando eu senti aquele ar ameaçador de novo vindo de um instinto absolutamente assustador e ao olhar pro lado, eu vi o Assombrado vindo todo alterado em minha direção, aparentemente preparado para me dar uma bronca.
—O que pensa que está fazendo? Admiro sua iniciativa de acordar uma hora e meia mais cedo para começar seu serviço, mas ao menos bote um uniforme!
Espera, esse é o problema? Eu espanquei um moço, ele deveria estar me demitindo, ou sei lá. Ele olhou para o moço atrás de mim estirado no chão e fez uma cara de quem tinha entendido tudo que estava acontecendo.
—Olha, eu sei que tem uns caras com gostos meio estranhos, mas você não precisa atingir expectativas abusivas se não quiser, principalmente se isso pode acabar matando algum de vocês. E da próxima vez que for fazer algo tão privado, evite deixar que as crianças vejam.
Depois dessa fala, eu tentei me explicar, mas antes mesmo de eu soltar minha primeira palavra, o Sr.Assombrado já veio com outra fala.
—Mas nossa, leão? Quem diria, pelo seu tamanho nunca imaginei que fosse do tipo feroz, é realmente uma surpresa.
Ele foi em direção a sua sala soltando uma risada tão assustadora que chamava a atenção de todos próximos a ele enquanto eu ficava parada tentando entender o que se passava na cabeça daquele cara. Eu caminhei até meu quarto novamente para poder me trocar, refletindo sobre o que tinha acabado de acontecer, mas não importava o quanto eu pensasse, eu não conseguia chegar à linha de pensamentos do velho, sério, o que é que ele queria dizer? É normal bater nas pessoas daqui ou o que? Por que raios eu ia precisar fazer isso em sigilo? Acabei terminando com esses meus pensamentos bizarros sobre o ocorrido quando abri a porta do meu quarto, seria após um breve momento que meu primeiro dia de trabalho iria começar.​

Guia Docinho para Pessoas Salgadas #2 - Os Mundos
“O universo de Docinhos Salgados é dividido em várias "dimensões", onde há muitos mundos diferentes, cada um com suas próprias cidades, habitantes, criaturas, política, ética e etc... É extremamente normal mundos diferentes chocar diferentes tipos de estrangeiros, pois a mudança de um mundo para o outro pode ser assustadora.”​


 
Essa protagonista é meio totalmente louca porém carismática na mesma medida. Me intriga para onde esse plot vai.
 
HermesPasser comentou:
Essa protagonista é meio totalmente louca porém carismática na mesma medida. Me intriga para onde esse plot vai.
Pudim é fofamente escrota, não sei como cheguei na ideia dela como é agora, mas vem rendendo boas coisas xD

Obrigado pelo comentário  :awesome:
 
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