🤔 Para Refletir :
"A vida é a caçada e o agora é o nosso campo de caça, os nossos sonhos são o alvo e as nossas lembranças são os troféus... Pois o nosso destino é sermos caçadores."
- Frank

Docinhos Salgados (+16) - Capítulo 6: A confortável insegurança

AbsoluteXandy Masculino

Marquês
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No meio da noite em um castelo completamente silencioso, meu sono é quebrado por um baixo som. Não sabia exatamente o que era, apenas forçava meus olhos a abrirem contra minha própria vontade. Era bem fraco e falho, não tinha ideia de onde vinha, após uma longa preparação mental para levantar, finalmente deixo a cama e abro a porta.
Fiquei por um tempo encarando o saguão escuro. O som agora estava levemente mais alto, ao olhar para o fim do corredor, no banheiro vi uma forte luz vinda de uma porta aberta, e sem pensar fui em direção a ela. A cada passo um sentimento horrível crescia em meu peito enquanto minha mente clareava e voltava a dar forma às coisas.
Então eu percebi que aquilo na verdade era alguém chorando. Um choro honesto vindo de dentro de sua alma, antes mesmo de alcançar a porta, pude ouvir gritos indignados seguidos de fortes impactos.
— Por que eu tenho que ser assim? Todas as outras princesas são tão lindas! Não importa o que eu faça... é realmente impossível pra mim ter um corpo bonito!?
Após olhar para dentro da porta, vejo diversas coisas quebradas e espalhadas pelo chão, desde pedaços de canecas a toalhas rasgadas. Assustadoralina se encarava no espelho com uma expressão de repúdio enquanto lágrimas escorriam sem parar por suas bochechas. A situação estava extremamente complicada além de ter vindo de maneira inesperada, eu não sabia o que fazer, apenas me mantive calada me aproximando até que minha imagem aparecesse no espelho no qual ela focava.
No exato momento em que ela me percebeu, sua expressão ficou bem mais triste que antes, parecendo que todas suas esperanças haviam desaparecido, me saudando com uma voz falha:
— Me desculpe por te fazer ver minha instabilidade.
Normalmente eu não me importaria nem um pouco com o estado mental de alguém que tentou me sequestrar, mas isso estava tão fora do que ela me mostrou antes, que é simplesmente impossível pra mim ignorar. Instintivamente perguntei:
— O que foi?
Ela parecia surpresa com minha pergunta, sem demorar muito me respondeu:
— Você não quer saber de verdade, não é? Sei que está fazendo isso tudo por pura cortesia.
É isso que parece pra ela? Não a culpo por este pensamento quando nem mesmo eu sou capaz de me entender, mas agora eu preciso ser sincera, pois sinto que algo horrível fosse acontecer se eu apenas a deixasse assim.
— Não é verdade, eu estou aqui pra te ouvir. Antes de se deitar você se desculpou, não é mesmo? Além disso, você me levou totalmente em consideração, mesmo tendo o poder sobre mim.
Aos poucos suas lágrimas cessaram enquanto o esboço de um sorriso se desenhava em seu rosto. A Assustadoralina pegou na minha mão, expondo o quão trêmula e gelada estava, me puxando enquanto falava:
— Vamos para outro lugar, não aguento ficar aqui.
Rapidamente chegamos ao quarto onde ela dormia. Ela foi diretamente para cama, sentando numa das bordas dela, eu fui junto ao lado para me manter perto enquanto ela falava:
— Você promete manter segredo? Digo, sobre tudo que você vai ouvir aqui e sobre as coisas que viu agora pouco.
Acho justo, para uma princesa, aparências significam muita coisa, isso é algo que entendo perfeitamente. Acenando com a cabeça eu respondi:
— Está tudo bem, eu entendo.
Ela parecia aliviada, após um breve suspiro começou a se explicar:
— Na verdade, apenas meus pais e as empregadas deste andar sabem disso, mas eu meio que me odeio. —Digo, não só meu corpo, minhas atitudes públicas... só tudo.
Um sentimento nostálgico se espalhava dentro de mim, instigando totalmente minha curiosidade:
— Você é obrigada a agir fora de quem você é?
Ela arregalou os olhos enquanto respondia com um tom de voz mais alto:
— SIM! Meus pais sempre mantiveram uma postura mais dura e assustadora, então eu preciso ser uma tirana perfeita de pura maldade a todo o momento, isso é muito fora de quem eu sou.
Eu entendi perfeitamente o que ela quis dizer. Não sabia expressar o quão surpresa eu estava agora, tudo que eu fiz foi seguir o fluxo da forma mais pura e direta que eu era capaz de fazer.
— E-eu entendo! Acabei fugindo do meu mundo por ser obrigada a ser quem eu não era! Foi tão sufocante, que eu não aguentei mais e fugi pra cá.
Assustadoralina parecia cada vez menos tímida quanto ao assunto e pouco a pouco foi se aprofundando mais nele sem esconder seus verdadeiros sentimentos.
— Pelo menos pra você foi mais fácil. Digo, o problema era apenas agir diferente do que você é, a causa eram coisas externas não realmente sua culpa. Mas eu só passei a me incomodar com isso recentemente, quando minha mãe disse que eu deveria me manter gorda para ter uma aparência mais ameaçadora, aquilo realmente mexeu comigo.
Parece que ela também não tem sorte com mães. Não havia muito que eu poderia acrescentar, então apenas continuei ouvindo seu desabafo.
— Sempre que uma liga das princesas acontecia, eu invejava o corpo das outras princesas, todos eles bem magros e formosos. Em corridas e em muitas das principais atividades eu sempre tive uma desvantagem enorme que deixava o Mundo Reverso num ranque bem abaixo da média todas às vezes, e quando me dei conta, me olhar no espelho se tornou uma atividade de automutilação psicológica, me levando a cada vez fazer coisas mais idiotas.
Poder olhar fixamente para seu rosto me fez perceber, em contraste ao que ela disse seu rosto caído na tristeza me pareceu simplesmente lindo. A visão que eu tinha dessa garota se tornou algo novo, eu nunca cogitei que algo tão pequeno fosse afetar tanto uma pessoa... mesmo não entendendo perfeitamente essa parte dela, eu quero aprender mais sobre ela, quero recompensá-la por ser tão corajosa.
Com uma rápida olhada no relógio, confirmei o horário para conseguir um contexto para mudar o rumo da conversa:
— Nossa, já é de madrugada, acho que é melhor irmos deitar.
De alguma forma ela parecia satisfeita, me respondendo rapidamente:
— Me desculpa por te acordar tão cedo, você pode ir pro seu quarto. Obrigada por me ouvir.
Eu não seria ruim a ponto de deixar uma pessoa que acabou de dizer essas coisas sozinha, ainda mais após aquela cena do banheiro. Fiz minha memória funcionar um pouco para alegrar a princesa.
— Você tinha dito pra dormir com você, certo? Está tudo bem se eu ficar com você nessa cama?
Seu rosto corou automaticamente e sua postura triste desmoronou, parece que eu ganhei.
— N-não precisa de tudo isso, ainda ontem você estava incomodada com essas coisas!
Com um sorriso estampado em meu rosto cansado respondi:
— Assustadoralina, você é uma princesa e tem o poder de me silenciar à força enquanto estiver em seu mundo, mas mesmo assim enfrentou sua insegurança e me contou tudo. Você foi muito corajosa. Então por favor, seja corajosa pra aceitar meu pedido também.
Ela apenas acenou com a cabeça enquanto deitava inquieta. Não havia problema para nós duas deitarmos juntas, já que a cama era simplesmente enorme. Fechei todas as cortinas em volta da cama e logo deitei com ela. Anunciando o que teoricamente seriam as últimas palavras daquela madrugada:
— Boa noite.
Depois de todo aquele discurso, não quero parecer estar evitando contato com ela, então após um tempo me revirando em sua cama, decidi encarar a Assustadoralina cara a cara e a abraçar. Foi aí que percebi o quão maior ela é em relação a mim. Minha cabeça nem passava seu pescoço e minha visão dava na altura de seus seios.
Mesmo meu braço sendo tudo que nos conecta, o silêncio do castelo intensificava nossos sentimentos, o coração dela correspondia ao meu, ambos acelerados com essa situação incomum. A visão do pijama folgado colado em seus peitos pelo suor me fazia lembrar intensamente que ela tem um claro interesse amoroso por mim. Meu coração chegava a um ritmo tão indescritível que parecia que estava gastando todos meus batimentos agora. E enquanto esperava minha morte por parada cardíaca fui surpreendida por uma resposta, a Gordurinha gentilmente me abraçou, trazendo meu corpo para mais perto dela e me fazendo perceber o quão frágil eu realmente era, pois não importa meu poder, aqui eu sou só uma garotinha pequena entre seus braços.
Ela tem total controle sobre suas ações. Eu estava com a cabeça totalmente encostada entre seus seios, sentindo com clareza a falta de seu sutiã, afinal de contas, ambas estávamos apenas de pijamas. Como resposta, minha ansiedade foi a níveis astronômicos e sem pensar me abracei ainda mais forte nela, dessa vez não só afundando meu rosto em seus seios, mas também colando totalmente meu corpo nela com força.
Estranhamente, os batimentos dela estavam apaziguados. Por outro lado, os meus me traíram como nunca. Meu corpo não respondia mais a meus comandos, eu apenas fiquei congelada naquela pose até sentir frias gotas de suor saindo de minha franja, onde a tensão era tanta que eu era capaz de dizer exatamente quando meu suor iria se formar e onde prestando atenção em cada gota individualmente. Respondendo apenas com meu sincero corpo trêmulo e respiração alterada.
Como era de se esperar, Assustadoralina logo percebeu essa anormalidade e me abordou:
— Pudim, você tá bem?
Apesar de querer responder honestamente, preciso dar uma mascarada em meus pensamentos.
— Estou um pouco tensa. Não estou acostumada a dormir com outra pessoa, me desculpe.
Não fui capaz de olhar pra cima e ver sua expressão, tudo que pude sentir foi sua mão em minha cabeça, afagando-a gentilmente repetidamente. Não importava mais o quão estranho aquilo parecia, mas cada segundo daquilo me trazia um pouco mais de conforto, pouco a pouco me fazendo sentir sua mão afundando em meus cabelos.
Tenho que confessar algo agora, inicialmente essa ideia de dormir junto invadia muito meu raio de privacidade, principalmente levando em conta com quem isso seria, mas vendo assim, não me parece mais tão ruim.
Enquanto minha cabeça voltava lentamente a funcionar, meu aperto em seu corpo deixava de ser tão bruto, assim como minha respiração se estabilizou gradativamente. Eu já estava bem mais calma em relação a quando isso começou, tudo que me resta é meu coração voltar ao normal. Arrumei minha cabeça de forma confortável próximo aos seios da Assustadoralina enquanto fechava meus olhos.
Eu simplesmente limpei meus pensamentos, prevalecendo um sentimento primitivo de sono e por mais que eu odeie admitir desse jeito, as condições para tal foram cumpridas com sucesso. Esquecendo tudo a minha volta, cedendo ao caloroso abraço de uma garota junto a seu aconchegante ritmo cardíaco e um inofensivo cheiro de suor que provavelmente vinha em grande parte de mim mesma, fui de uma difícil tentativa de dormir para um viciante e charmoso adormecer.​

Guia Docinho para Pessoas Salgadas #6 – Visão do mal
“Não importa a real personalidade da realeza do Mundo Reverso, é um costume milenar se mostrarem tiranos invencíveis e cruéis. Isso vem pelo fato dos residentes serem fortes de mais e muitos deles possuírem poderes o suficiente para causar o caos individualmente, a primeira rainha acabou chegando à conclusão de que seria muito mais fácil manter o povo por medo, mostrando um poder e uma personalidade tão esmagadora que ninguém se levantaria para causar o caos, não importa o quão forte fossem.”​


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