A existência virtual é mais como um "JOGO" de azar que sempre dá prêmios. Ronaldo Bento
Este é um projeto de entrevista que busca homenagear os imprescindíveis parceiros dos desenvolvedores de games e outros. Um singelo tributo aos produtores de conteúdos. Boa leitura!
Entrevistamos a artista de games 2D Alê Consorti conhecida como Ahiane e participação especial do Game Dev Omar Zaldivar
Bento: Agradeço muito por aceitar o convite e compartilhar seu conhecimento conosco Ahiane! Diga lá, quem é a artista por trás do magnífico Tíndalos?
Ahiane: Primeiramente gostaria de agradecer a oportunidade de participar desta entrevista. Eu sou Alê Consorti, artista de games 2D autônoma e professora de artes, sou formada em Artes Visuais na Unicamp e trabalho com jogos desde 2016. Interesso-me, sobretudo por indie games de caráter artísticos, narrativos, retrô ou educativos.
Bento: Que legal uma colega professora. Como conheceu as comunidades de GameDev e o que chamou a sua atenção para frequentá-las?
Ahiane: Conheci as comunidades em 2016 quando comecei um projeto pessoal (Pandora e a Pedra do Suspiro). A princípio fui em busca de suporte e feedback, mas comecei a me envolver com o pessoal e a participar de eventos e entrar em contato com os membros. Tive um período de hiato em 2017 e voltei a participar mais ativamente em 2020.
Bento: Fale sobre seu trabalho de arte com o excelente Tídalos?
Ahiane: Em Tíndalos o nosso principal foco foi na narrativa e na parte artística. Por se tratar de um jogo point and click em que precisaríamos de muitas ilustrações e animações, decidimos fazer uma arte mais simples e minimalista, com uma paleta de cores de tons cinza restrita, uma line art solta e com poucos detalhes. Também procuramos fazer ilustrações que tivessem relação com a temática de horror proposta pela narrativa.
Omar Zaldivar: Olá professor, então, trabalhar com Tíndalos foi um momento muito bom, embora curto, ele foi baseado em um conto que escrevi a pouco tempo e que acreditei ter um bom feeling para se tornar um joguinho. A ideia de usar esse conto surgiu justamente por conta do gerenciamento de tempo que deveria se ter para produzir no prazo exigido pela JAM e realmente foi uma aposta acertada já que tendo o texto como guia, foi muito mais fácil e rápido de produzir um roteiro com ele. Esse roteiro norteou completamente a produção do Tíndalos nos dando uma visão clara do que iriamos ou não precisar, ou seja, foi primordial para o sucesso do jogo.
Bento: Como foi participar do melhor podcast da galáxia denominado Toca do Dragão?
Ahiane: Foi a minha primeira experiência em uma gravação de podcast, mas fui muito bem recebida e acolhida pelo Ricky e pelos outros dois participantes. E apesar de eu estar um pouco nervosa, a conversa fluiu muito bem e as perguntas foram ótimas!
Omar Zaldivar: Rapaz, participar do lendário Toca do Dragão foi um dos pontos altos deste inicio de 2021, o ambiente foi super descontraído e o Richard é super bacana e faz questão de que você fique totalmente a vontade... Eu diria que foi uma experiência única e que com certeza vou querer repetir outras vezes.
Bento: Bacana! Curti muito a participação de vocês. Você conhece a obra do autor H.P Lovecraft?
Ahiane: O único contato que tive até o momento com Lovecraft foi através de uma HQ que eu li sobre alguns de seus contos. Mas, já li alguns contos escritos pelo Omar Zaldivar e que são inspirados nas obras desse autor. Parece ser de fato um universo fascinante!
Bento: Por favor, fale sobre seus outros projetos? Pretende participar da próxima GameJam do Condado Braveheart?
Ahiane: Atualmente estou desenvolvendo The Six Faces of Horror e pretendo focar em sua produção até a finalização. O Pandora infelizmente não tenho pretensões de retomar, mas estou com um projeto futuro inspirado na mitologia celta que possui algumas ideias tiradas do Pandora. Participei de outros projetos em Game Jam ou como autônoma, com destaque para JumonGO e Lilith. Sempre que possível eu participo de Game Jams então quando tiver uma próxima no condado com certeza tentarei participar!
Bento: Que legal! Quais jogos Indies ou não, que você recomenda para os moradores do Condado?
Ahiane: Eu gosto bastante de “Papers, Please”, “Gris”, “Stardew Valley” e “Ori and the blind forest”.
Bento: Sempre faço essa pergunta aos meus entrevistados. Como professor, jogador e aspirante a desenvolvedor, acredito que os Games podem ser usados como ferramentas educacionais, especialmente em metodologias relacionadas à tecnologia da informação, como um grande apoio para a aprendizagem. Acredita que isso seja possível? Jogou algum game educacional? Já pensou em desenvolver algum jogo com temática educacional?
Ahiane: Como trabalho com games e como professora esta é uma área que também me interessa muito! Acredito que os jogos podem ter uma imensa contribuição para a educação se bem trabalhados. Um erro que alguns jogos educacionais cometem, a meu ver, é tentar transmitir o conteúdo de uma maneira tradicional esquecendo-se do fator diversão dos games, que é fundamental para apreender os jogadores. Mas, já temos excelentes exemplos de jogos que podem ser trabalhados na escola como Minecraft, SimCity, Scribblenauts Unmasked, JumonGO... Mais eficiente do que fazer um jogo educativo que somente passe o conteúdo, é fazer um jogo que tenha um propósito além disso e que dentro dele está inserido o conteúdo a ser passado. Em JumonGO, por exemplo, para derrotar os inimigos o jogador precisa escrever o kana japonês corretamente. E sobre produzir um jogo educacional, eu pretendo ao longo deste ano desenvolver um jogo onde a criança cria o seu próprio appbook do conto de fadas da Chapeuzinho Vermelho, procurando trabalhar leitura, criação, interpretação, interferência e etc.
Bento: Agradeço muito pela oportunidade de entrevistá-la e deixo em aberto para considerações finais ou mesmo um jabá, recado ou conselho que gostaria de passar adiante?
Ahiane: Gostaria de agradecer novamente pela entrevista e gostaria de dizer aos game devs que não desistam de seus projetos. O mercado de games no Brasil ainda é pequeno, mas vendo crescendo a cada ano. E atualmente vem aumentando um interesse por alguns jogadores em jogos indie, retrô, artísticos e que se diferenciam de alguma maneira das grandes produções. Mesmo com toda a tecnologia que temos hoje em dia na produção de games ainda vemos jogos de pixel art como Celeste se destacarem. Então, não se sintam amedrontados e continuem sua jornada como game dev!
Parabéns pelo excelente trabalho com o Tídalos!