A existência virtual é mais como um "JOGO" de azar que sempre dá prêmios. Ronaldo Bento
Este é um projeto de entrevista que busca homenagear os imprescindíveis parceiros dos desenvolvedores de games e outros. Um singelo tributo aos produtores de conteúdos. Boa leitura!
Mayleone: Olá, professor! Primeiramente eu quem agradeço pelo convite em me conceder esta entrevista, me sinto realmente honrada!
Em relação à pergunta, bem, me chamo Mayara (acho que isso não é novidade para muitos), taurina, nascida em São Paulo-SP, bastante viciada em jogos, séries/filmes e documentários, comidinhas do iFood, e qualquer coisa relacionada ao desenvolvimento de jogos!
Estou sempre buscando aprender coisas novas, e além da minha paixão por tecnologia, tenho paixão por idiomas! Inclusive no início do ano eu estava desenvolvendo um dialeto próprio com regras gramaticais e até um alfabeto (estão mais para hieróglifos, mas isso não vem ao caso).
Além do que, sou uma pessoa bastante perfeccionista, talvez isso até me prejudique em concluir os meus projetos, pois para mim eles nunca estão bons o suficiente, o que pode ser um ponto bem negativo para alguém de minha área que trabalha com prazos e entregas.
Mayleone: Eu sempre fui muito fascinada por jogos eletrônicos, desde a minha infância coleciono consoles (desde aqueles Famiclones do NES) até hoje, então sempre tive vontade e curiosidade de criar o meu próprio jogo.
Conheci as comunidades makers no final de 2009 (nem é tanto tempo assim), quando estava pesquisando por ferramentas para a criação de jogos. Dois anos antes (em 2007) decidi me aventurar no mundo do desenvolvimento de games e tive a "grande ideia" de criar um joguinho, que na verdade não passava de um "blog" onde havia alguns digimons; as pessoas me procuravam por MSN e diziam quais dos digimons elas queriam adotar, e então ela ganhava uma quantidade de cash, uma conta no blog (que na verdade era uma página com textos e imagens que representavam as informações da conta do jogador) e alguns itens. Quando a pessoa queria realizar alguma ação dentro do jogo, era-me solicitado qual ação o usuário gostaria de realizar e quanto de cash isso a custaria, como por exemplo dar comida ao digimon, comprar ou usar itens ou boosters para evolução, e etc. Tudo manual, a pessoa me solicitava algo e eu atualizava o digimon e a página deste usuário.
Até que tinha um número considerável de jogadores ativos, em torno de 30, o que já era suficiente para me fazer passar a tarde toda no MSN recebendo solicitações de atualizações nas contas dos usuários e alterando-as. Divulguei este "jogo" numa comunidade do Orkut sobre digimon, e daí algumas pessoas se interessaram.
Não considero isso um jogo eletrônico, mas não deixava de ser um jogo!
Anos mais tarde, relembrei deste "joguinho" que eu fiz, e resolvi pesquisar por ferramentas de criação de jogos, pois realizar as tarefas manuais no jogo já era algo que eu havia concluído que não era muito dinâmico tampouco produtivo. Eu estava realmente inclinada a aprender como fazer um jogo, e em meio às minhas pesquisas eu encontrei a hoje falecida Mundo RPG Maker, e cá estou até hoje.
O que mais me chamou atenção na comunidade Mundo RPG Maker na época foi à quantidade de usuários ativos, uma comunidade bem movimentada, onde você poderia postar dúvidas e ao mesmo tempo receber feedbacks sobre seus projetos. A quantidade de recursos disponíveis e tutoriais também foi algo que me chamou bastante atenção.
Bento: Continua firme e forte nelas. Poderia indicar alguma para os moradores do Condado?
Mayleone: Além da Condado que é uma comunidade excelente para os desenvolvedores, ainda indico a nossa "vizinha" Centro RPG, e para o público mais focado em Unity, recomendo o fórum: Schultz Games, que é um fórum brasileiro dedicado principalmente em responder dúvidas dos usuários (inclusive, estou como instrutora lá).
Bento: Qual a melhor e a pior parte de ser membro da Staff do Condado? Acredito que já ocupou esse cargo antes, correto?
Mayleone: A melhor parte de ser staffer da Condado com certeza é a amizade e proximidade que cada um tem com o outro! Eu ainda sou meio "novata" aqui com esta nova equipe, porém, consigo sentir a energia positiva e a lealdade de cada integrante! Todos muito unidos (apesar de algumas opiniões divergentes, o que é perfeitamente normal) e esforçados, trabalhando todos os dias para que isso aqui realmente dê certo!
Outro ponto positivo é poder ajudar com mais afinco a comunidade com meus tutoriais e aulas, minhas ideias, e demais assuntos que posso agregar ao nosso fórum, isso é de verdade muito gratificante. Algo que faço com imenso prazer.
O ponto negativo às vezes para mim é conciliar o tempo! Eu realmente tento ao máximo me dedicar o quanto posso ao fórum, principalmente em interagir e dar minhas opiniões no Discord da staff, mas por conta do meu tempo ser um pouco apertado, em alguns momentos se torna complicado focar totalmente nesta tarefa, e isso pode acabar por me desmotivar. Não gosto de ser um peso-morto.
Mayleone: Talvez em alguns anos trás esta área (não só dev. de jogos, mas também a área de TI num geral) era muito dominada por homens sim, no entanto, acredito que hoje em dia a situação está mudando! Ainda é discrepante a quantidade de pessoas do sexo masculino nestas áreas em relação a pessoas do sexo feminino, não nego, mas a quantidade de mulheres desenvolvedoras está crescendo consideravelmente. Claro que ainda está longe de ser algo equivalente, mas estamos caminhando.
Em minha sala na faculdade de Jogos Digitais havia no início doze mulheres contando comigo, um número até que relevante em comparação às médias de quantidade de alunas em outras áreas de TI.
Aqui na staff mesmo da Condado possuímos muitas mulheres em cargos distintos, incluindo a @Jully Anne nossa querida administradora.
É notável a diferença, porém, acredito que como o mundo está mudando e pendendo para o lado das tecnologias e computação, a demanda vai atingir cada vez mais mulheres, com certeza.
Bento: Muito interessante seus apontamentos e realmente professora o Condado possui mulheres com muita atitude. Agora nos conte um pouco sobre seu canal do YouTube?
Mayleone: É um pouco engraçada a história do meu canal, pois quando eu o criei em 2011, a intenção era apenas postar vídeos referentes aos meus projetos e trabalhos, eu não tinha a pretensão de desenvolver um canal para tutoriais e aulas.
Porém, conforme o tempo foi passando, e eu estava totalmente engajada a escrever tutorias de RPG Maker, surgiu à necessidade de criar os vídeos, pois era mais "palpável" assistir o passo-a-passo ao invés de ler o mesmo.
Desde 2017 eu tenho postado em meu canal vídeos sobre aulas de Csharp e também Unity. Este ano eu decidi melhorar a qualidade dos vídeos, editando os mesmos e criando playlists de séries sobre programação e desenvolvimento de jogos, inclusive a série com participação especial do @Eliyud sobre os conceitos básicos de Unity e C#.
Bento: O coringa está em todas! Fale também sobre o blog Compilemos? Há outros blogs? O que cada um aborda?
Maylone: O meu blog c#ompilemos é focado em tutoriais e aulas sobre a linguagem de programação C# e desenvolvimento de jogos na Unity. No entanto, ainda escrevo outros tipos de conteúdos como curiosidades sobre diversos tipos de algoritmos, inteligência artificial, programação front-end, e até mesmo um pouquinho sobre bancos de dados (em breve)!
É realmente uma alternativa ao meu canal do YouTube.
Também possuo outros blogs focados na área de ensino, tais como:
Depósito de Sistemas, no qual viso ensinar sobre RPG Maker e Arc Engine;
C# - One Vision, que é um projeto sobre um livro virtual (em inglês e português) que está mais para um guia rápido sobre os conceitos iniciais da linguagem csharp;
Aulas da May, que é um blog onde ensino e resolvo exercícios sobre diversos assuntos em relação à área de exatas como: matemática, física e química.
Bento: Quantos projetos bacanas! Por favor, fale sobre seus jogos? Pretende lançar outros jogos professora?
Mayleone: Eu desenvolvi alguns jogos e projetos com gêneros diferentes ao longo desses anos, muitos estão incompletos, porém, irei salientar aqui os projetos que concluí:
A Vingança de Myotismon
Em 2016 eu decidi me aventurar a fazer um jogo de plataforma completo no RPG Maker VXACE, utilizando o script Arc Engine do Khas.
Confesso que talvez não tivesse sido a melhor escolha criar um jogo deste gênero no RPG Maker, porém desenvolvê-lo me fez crescer muito!
No jogo você é Veemon e deve coletar os digitamas infectados com um vírus para salvar o digimundo!
Uma das coisas que eu mais gostei de fazer neste jogo com certeza foi às mecânicas de cada chefão! Além de cada um deles possuir um jeito diferente de ser derrotado, ainda pude me atrever a criar personagens no jogo com tamanhos de sprites variados, algo que para o RPG Maker não é uma prática muito comum quando se excede a grade de 32x32 pixels padrão.
O jogo conta com diversas fases com temas diferentes, e cada uma delas com inimigos diversificados (num total de 46 inimigos incluindo os chefões!)
O level design também foi algo que eu gostei bastante de construir, foi realmente muito divertido! Eu criava os esboços de cada fase e depois tentava reproduzir no RPG Maker, era bem gostoso!
Vídeo do jogo:
Patogênesis
Este jogo eu criei no início de 2017 para um trabalho de faculdade. Não é um jogo eletrônico e sim um jogo de cartas físicas.
A mecânica do jogo é bem simples: Em um 2x2 você pode escolher entre ser um médico ou um dos agentes patogênicos que afetam o nosso corpo (vírus, bactéria, fungo e protozoário).
Seu objetivo como doença é matar o paciente utilizando as cartas de sintomas para afetar a letalidade dele (que é quantidade de "vida" do jogador) ou utilizar cartas de reprodução/replicação para aumentar o seu próprio valor de letalidade.
Enquanto médico, você deve curar o paciente dos sintomas que o jogador-doença provoca, se utilizando de cartas de medicações. O seu objetivo também é descobrir qual o agente patogênico que está atacando o paciente (de acordo com os sintomas que são jogados através do jogador-doença) e iniciar o processo de cura através da medicação correta (antibióticos, antifúngicos, e etc.).
Mega BombermOn
No ano de 2018 eu desenvolvi na Unity um outro projeto para a faculdade: Mega BomermOn.
Neste jogo multiplayer a mecânica é semelhante ao clássico Bomberman, porém as "bombas" utilizadas neste jogo são pokémons! Cada pokémon tem um ataque especial diferente e você deve utilizá-los estrategicamente para derrotar o seu oponente:
Vídeo do jogo:
Yu-Gi-Oh - Sistema de Duel Card
Este projeto teve início em meados de 2019 e a minha intensão era apenas criar um tutorial de como conectar o SQLite com a engine Unity, porém eu acabei me empolgando com o sistema-teste e resolvi expandi-lo até torná-lo um sistema de duelo de cartas YUGIOH completo, contendo desde cartas de monstros, até cartas de efeitos como magias, armadilhas e equipamentos.
Além disso, programei uma inteligência artificial para jogar contra o jogador principal (talvez a parte mais difícil ao criar o sistema) e todos os efeitos das cartas, seguindo as regras do jogo para PSOne: Yu-Gi-Oh Forbidden Memories.
Gostaria de salientar que isto não é um jogo, e sim um projeto que contém o sistema de duelos ao estilo Yu-Gi-Oh, porém ainda pretendo criar um card game de minha autoria no futuro.
Vídeo de um dos duelos:
Truco!
Aqui faço uma menção honrosa a um projeto que desenvolvi apenas com C# e aplicação WindowsForms quando estava aprendendo sobre Programação Orientada a Objetos de um jogo de truco com inteligência artificial.
Essa inteligência artificial em minha opinião está muito interessante, pois além de realizar jogadas muito parecidas com a um de ser pensante, ainda por cima tem a capacidade de blefar, vê se pode?
O código-fonte deste projeto está um pouco bagunçado porque na época em que desenvolvi a primeira versão do joguinho, eu ainda estava aprendendo sobre conceitos de paradigmas de programação e design patterns.
Meses mais tarde eu refatorei boa parte deste código e iniciei até uma série de tutoriais de como criar este jogo e sua inteligência artificial para aplicações Windows.
Vídeo do jogo rodando:
Por fim, eu ainda pretendo desenvolver outros jogos, inclusive estou conversando com o @Eliyud para que possamos iniciar um projeto que temos em mente! Então aguardem!
Mayleone: Sobre a BraveJam, eu estou achando fantástica! A staff se empenhou de verdade para conceber este evento incrível, você nota isso pela organização, divulgação, vídeos promocionais, escolha dos jurados e principalmente a premiação que, na minha opinião, estão de alto nível!
Ninguém fica de fora! Tanto desenvolvedores quanto espectadores terão o direito de concorrer a diversos prêmios muito legais! Estão todos de parabéns.
O tema também foi algo que eu gostei bastante, acredito que dê para criar bastantes coisas interessantes a partir dele, e confesso que eu estou morrendo de curiosidade para ver os jogos dos participantes.
Acredito que este evento irá atrair diversos desenvolvedores para a comunidade e que com certeza irão agregar nossa Condando cada vez mais!
Bento: Que mensagem você gostaria de passar para aqueles que querem desenvolver jogos no Brasil?
Mayleone: Pessoal não tenham medo de começar! Esse sempre é o passo mais difícil, porém, como tudo na vida o início tende a ser o mais dificultoso e desafiador, mas nunca deixe que isso os faça desistir!
O cenário do mercado de jogos aqui no Brasil ainda não é muito favorável, no entanto, com a popularização de jogos para plataformas mobile principalmente, isso está mudando, então temos uma demanda significante vindo por aí!
Se você tem um sonho de criar o seu jogo, seja ele o gênero que for não deixe que os percalços no seu caminho lhe façam mudar de ideia! Siga firme com a sua ideia e você verá os frutos que você vai colher no futuro, principalmente no que tange conhecimento e desenvolvimento pessoal. Portanto, faça!
Bento: Quais jogos Indies ou não que você recomenda para os moradores do Condado?
Mayleone: O card game do LoL: Legends of Runeterra é um jogo relativamente novo, porém se trata de um game deveras viciante! Eu recomendo a todos que desejam ter uma ótima experiência com jogos de cartas, pois a mecânica dele é fácil de aprender, assim como a obtenção de cartas novas para montar o seu deck! Sem dizer as animações e interações dos personagens durante a batalha, tudo isso torna o jogo mais convidativo e interessante.
Mayleone: Eu acredito e muito que os jogos possam ser utilizados como ferramentas de aprendizagem, não só por serem mais atrativos e divertidos a pessoas de todas as idades e gêneros, mas também pela questão de estarmos cada vez mais adeptos às tecnologias de variados tipos.
Em minha opinião, aos poucos nós iremos substituir metodologias antigas de ensino e dar espaço aos jogos e outras ferramentas dinâmicas em prol da educação. E isso já ocorre em diversas plataformas que visam a educação em alguma área, como por exemplo, o aplicativo Duolingo que ensina idiomas, ou a ferramenta para estudantes de programação: SoloLearn.
Todas essas ferramentas de ensino tem algo em comum: se utilizam de técnicas de gamificação para estimular o aprendizado, tais como sistema de recompensas, níveis, pontos de experiência, missões a serem cumpridas, sistemas de classificação e etc.
Quando eu me aventurei pelo Duolingo, eu me sentia jogando um jogo, a gente realmente aprende enquanto joga, desbloqueando níveis com lições mais avançadas e tentando fazer o máximo de tarefas possível para se manter no topo do ranking.
Além das ferramentas que se utilizam de tais técnicas (e que tendem a ficar cada vez mais populares), ainda temos jogos que foram desenvolvidos com o foco na aprendizagem.
( Não foi o Minecraft que chegou a ensinar milhares de pessoas a programar?)
Eu mesma desenvolvi em 2017 uma pequena aplicação para que as pessoas possam aprender os países e bandeiras do mundo: no jogo você deve descobrir através de um quiz qual é a imagem correta da bandeira do país sorteado:
E além do que, existem diversos jogos que visam à aprendizagem.
Então em resumo, eu acredito e muito que os games possam ser ferramentas para o aprendizado, e não só podem como devem!
Mayleone: Eu quem novamente agradeço por me conceder um espacinho aqui em meio a essas entrevistas! Inclusive gostaria de salientar que é um trabalho maravilhoso que está fazendo à comunidade, professor! Meus sinceros parabéns e admiração!
A todos que leram até aqui, também gostaria de agradecer por tirarem um tempinho para me ouvir! Até a próxima!
Agradeço muito pela entrevista e recomendo fortemente o Canal MayLeone
Bento: Agradeço muito por aceitar o convite e compartilha seu conhecimento conosco professora! É muito satisfatório poder conversar com alguém que admiro muito e por contribuir tanto com os desenvolvedores Indies. Por favor, conte-nos quem é você por trás do nickname Mayleone?
Mayleone: Olá, professor! Primeiramente eu quem agradeço pelo convite em me conceder esta entrevista, me sinto realmente honrada!
Em relação à pergunta, bem, me chamo Mayara (acho que isso não é novidade para muitos), taurina, nascida em São Paulo-SP, bastante viciada em jogos, séries/filmes e documentários, comidinhas do iFood, e qualquer coisa relacionada ao desenvolvimento de jogos!
Estou sempre buscando aprender coisas novas, e além da minha paixão por tecnologia, tenho paixão por idiomas! Inclusive no início do ano eu estava desenvolvendo um dialeto próprio com regras gramaticais e até um alfabeto (estão mais para hieróglifos, mas isso não vem ao caso).
Além do que, sou uma pessoa bastante perfeccionista, talvez isso até me prejudique em concluir os meus projetos, pois para mim eles nunca estão bons o suficiente, o que pode ser um ponto bem negativo para alguém de minha área que trabalha com prazos e entregas.
Bento: Muito interessante esse trabalho sobre hieróglifos. Talvez possa ser utilizado em projetos futuros... Muito bem sei que teremos uma bela história agora. Como conheceu as comunidades de GameDev e o que chamou a sua atenção para frequentá-las?
Mayleone: Eu sempre fui muito fascinada por jogos eletrônicos, desde a minha infância coleciono consoles (desde aqueles Famiclones do NES) até hoje, então sempre tive vontade e curiosidade de criar o meu próprio jogo.
Conheci as comunidades makers no final de 2009 (
Até que tinha um número considerável de jogadores ativos, em torno de 30, o que já era suficiente para me fazer passar a tarde toda no MSN recebendo solicitações de atualizações nas contas dos usuários e alterando-as. Divulguei este "jogo" numa comunidade do Orkut sobre digimon, e daí algumas pessoas se interessaram.
Não considero isso um jogo eletrônico, mas não deixava de ser um jogo!
Anos mais tarde, relembrei deste "joguinho" que eu fiz, e resolvi pesquisar por ferramentas de criação de jogos, pois realizar as tarefas manuais no jogo já era algo que eu havia concluído que não era muito dinâmico tampouco produtivo. Eu estava realmente inclinada a aprender como fazer um jogo, e em meio às minhas pesquisas eu encontrei a hoje falecida Mundo RPG Maker, e cá estou até hoje.
O que mais me chamou atenção na comunidade Mundo RPG Maker na época foi à quantidade de usuários ativos, uma comunidade bem movimentada, onde você poderia postar dúvidas e ao mesmo tempo receber feedbacks sobre seus projetos. A quantidade de recursos disponíveis e tutoriais também foi algo que me chamou bastante atenção.
Bento: Continua firme e forte nelas. Poderia indicar alguma para os moradores do Condado?
Mayleone: Além da Condado que é uma comunidade excelente para os desenvolvedores, ainda indico a nossa "vizinha" Centro RPG, e para o público mais focado em Unity, recomendo o fórum: Schultz Games, que é um fórum brasileiro dedicado principalmente em responder dúvidas dos usuários (inclusive, estou como instrutora lá).
Bento: Qual a melhor e a pior parte de ser membro da Staff do Condado? Acredito que já ocupou esse cargo antes, correto?
Mayleone: A melhor parte de ser staffer da Condado com certeza é a amizade e proximidade que cada um tem com o outro! Eu ainda sou meio "novata" aqui com esta nova equipe, porém, consigo sentir a energia positiva e a lealdade de cada integrante! Todos muito unidos (apesar de algumas opiniões divergentes, o que é perfeitamente normal) e esforçados, trabalhando todos os dias para que isso aqui realmente dê certo!
Outro ponto positivo é poder ajudar com mais afinco a comunidade com meus tutoriais e aulas, minhas ideias, e demais assuntos que posso agregar ao nosso fórum, isso é de verdade muito gratificante. Algo que faço com imenso prazer.
O ponto negativo às vezes para mim é conciliar o tempo! Eu realmente tento ao máximo me dedicar o quanto posso ao fórum, principalmente em interagir e dar minhas opiniões no Discord da staff, mas por conta do meu tempo ser um pouco apertado, em alguns momentos se torna complicado focar totalmente nesta tarefa, e isso pode acabar por me desmotivar. Não gosto de ser um peso-morto.
Bento: Sobre mulheres na área de desenvolvimento de jogos ou até mesmo na área de TI em geral, o que você tem a comentar sobre isso? Acredita que está aumentando o número de desenvolvedoras?
Mayleone: Talvez em alguns anos trás esta área (não só dev. de jogos, mas também a área de TI num geral) era muito dominada por homens sim, no entanto, acredito que hoje em dia a situação está mudando! Ainda é discrepante a quantidade de pessoas do sexo masculino nestas áreas em relação a pessoas do sexo feminino, não nego, mas a quantidade de mulheres desenvolvedoras está crescendo consideravelmente. Claro que ainda está longe de ser algo equivalente, mas estamos caminhando.
Em minha sala na faculdade de Jogos Digitais havia no início doze mulheres contando comigo, um número até que relevante em comparação às médias de quantidade de alunas em outras áreas de TI.
Aqui na staff mesmo da Condado possuímos muitas mulheres em cargos distintos, incluindo a @Jully Anne nossa querida administradora.
É notável a diferença, porém, acredito que como o mundo está mudando e pendendo para o lado das tecnologias e computação, a demanda vai atingir cada vez mais mulheres, com certeza.
Bento: Muito interessante seus apontamentos e realmente professora o Condado possui mulheres com muita atitude. Agora nos conte um pouco sobre seu canal do YouTube?
Mayleone: É um pouco engraçada a história do meu canal, pois quando eu o criei em 2011, a intenção era apenas postar vídeos referentes aos meus projetos e trabalhos, eu não tinha a pretensão de desenvolver um canal para tutoriais e aulas.
Porém, conforme o tempo foi passando, e eu estava totalmente engajada a escrever tutorias de RPG Maker, surgiu à necessidade de criar os vídeos, pois era mais "palpável" assistir o passo-a-passo ao invés de ler o mesmo.
Desde 2017 eu tenho postado em meu canal vídeos sobre aulas de Csharp e também Unity. Este ano eu decidi melhorar a qualidade dos vídeos, editando os mesmos e criando playlists de séries sobre programação e desenvolvimento de jogos, inclusive a série com participação especial do @Eliyud sobre os conceitos básicos de Unity e C#.
Bento: O coringa está em todas! Fale também sobre o blog Compilemos? Há outros blogs? O que cada um aborda?
Maylone: O meu blog c#ompilemos é focado em tutoriais e aulas sobre a linguagem de programação C# e desenvolvimento de jogos na Unity. No entanto, ainda escrevo outros tipos de conteúdos como curiosidades sobre diversos tipos de algoritmos, inteligência artificial, programação front-end, e até mesmo um pouquinho sobre bancos de dados (em breve)!
É realmente uma alternativa ao meu canal do YouTube.
Também possuo outros blogs focados na área de ensino, tais como:
Depósito de Sistemas, no qual viso ensinar sobre RPG Maker e Arc Engine;
C# - One Vision, que é um projeto sobre um livro virtual (em inglês e português) que está mais para um guia rápido sobre os conceitos iniciais da linguagem csharp;
Aulas da May, que é um blog onde ensino e resolvo exercícios sobre diversos assuntos em relação à área de exatas como: matemática, física e química.
Bento: Quantos projetos bacanas! Por favor, fale sobre seus jogos? Pretende lançar outros jogos professora?
Mayleone: Eu desenvolvi alguns jogos e projetos com gêneros diferentes ao longo desses anos, muitos estão incompletos, porém, irei salientar aqui os projetos que concluí:
A Vingança de Myotismon
Em 2016 eu decidi me aventurar a fazer um jogo de plataforma completo no RPG Maker VXACE, utilizando o script Arc Engine do Khas.
Confesso que talvez não tivesse sido a melhor escolha criar um jogo deste gênero no RPG Maker, porém desenvolvê-lo me fez crescer muito!
No jogo você é Veemon e deve coletar os digitamas infectados com um vírus para salvar o digimundo!
Uma das coisas que eu mais gostei de fazer neste jogo com certeza foi às mecânicas de cada chefão! Além de cada um deles possuir um jeito diferente de ser derrotado, ainda pude me atrever a criar personagens no jogo com tamanhos de sprites variados, algo que para o RPG Maker não é uma prática muito comum quando se excede a grade de 32x32 pixels padrão.
O jogo conta com diversas fases com temas diferentes, e cada uma delas com inimigos diversificados (num total de 46 inimigos incluindo os chefões!)
O level design também foi algo que eu gostei bastante de construir, foi realmente muito divertido! Eu criava os esboços de cada fase e depois tentava reproduzir no RPG Maker, era bem gostoso!
Vídeo do jogo:
Patogênesis
Este jogo eu criei no início de 2017 para um trabalho de faculdade. Não é um jogo eletrônico e sim um jogo de cartas físicas.
A mecânica do jogo é bem simples: Em um 2x2 você pode escolher entre ser um médico ou um dos agentes patogênicos que afetam o nosso corpo (vírus, bactéria, fungo e protozoário).
Seu objetivo como doença é matar o paciente utilizando as cartas de sintomas para afetar a letalidade dele (que é quantidade de "vida" do jogador) ou utilizar cartas de reprodução/replicação para aumentar o seu próprio valor de letalidade.
Enquanto médico, você deve curar o paciente dos sintomas que o jogador-doença provoca, se utilizando de cartas de medicações. O seu objetivo também é descobrir qual o agente patogênico que está atacando o paciente (de acordo com os sintomas que são jogados através do jogador-doença) e iniciar o processo de cura através da medicação correta (antibióticos, antifúngicos, e etc.).
Mega BombermOn
No ano de 2018 eu desenvolvi na Unity um outro projeto para a faculdade: Mega BomermOn.
Neste jogo multiplayer a mecânica é semelhante ao clássico Bomberman, porém as "bombas" utilizadas neste jogo são pokémons! Cada pokémon tem um ataque especial diferente e você deve utilizá-los estrategicamente para derrotar o seu oponente:
Vídeo do jogo:
Yu-Gi-Oh - Sistema de Duel Card
Este projeto teve início em meados de 2019 e a minha intensão era apenas criar um tutorial de como conectar o SQLite com a engine Unity, porém eu acabei me empolgando com o sistema-teste e resolvi expandi-lo até torná-lo um sistema de duelo de cartas YUGIOH completo, contendo desde cartas de monstros, até cartas de efeitos como magias, armadilhas e equipamentos.
Além disso, programei uma inteligência artificial para jogar contra o jogador principal (talvez a parte mais difícil ao criar o sistema) e todos os efeitos das cartas, seguindo as regras do jogo para PSOne: Yu-Gi-Oh Forbidden Memories.
Gostaria de salientar que isto não é um jogo, e sim um projeto que contém o sistema de duelos ao estilo Yu-Gi-Oh, porém ainda pretendo criar um card game de minha autoria no futuro.
Vídeo de um dos duelos:
Truco!
Aqui faço uma menção honrosa a um projeto que desenvolvi apenas com C# e aplicação WindowsForms quando estava aprendendo sobre Programação Orientada a Objetos de um jogo de truco com inteligência artificial.
Essa inteligência artificial em minha opinião está muito interessante, pois além de realizar jogadas muito parecidas com a um de ser pensante, ainda por cima tem a capacidade de blefar,
O código-fonte deste projeto está um pouco bagunçado porque na época em que desenvolvi a primeira versão do joguinho, eu ainda estava aprendendo sobre conceitos de paradigmas de programação e design patterns.
Meses mais tarde eu refatorei boa parte deste código e iniciei até uma série de tutoriais de como criar este jogo e sua inteligência artificial para aplicações Windows.
Vídeo do jogo rodando:
Por fim, eu ainda pretendo desenvolver outros jogos, inclusive estou conversando com o @Eliyud para que possamos iniciar um projeto que temos em mente! Então aguardem!
Bento: Joguei o excelente “A Vingança de Myotismon” e também acompanhei seus vídeos “detonados”, pois cada chefe possui algum aspecto diferente de ser derrotado. O que está achando do evento BarveJam?
Mayleone: Sobre a BraveJam, eu estou achando fantástica! A staff se empenhou de verdade para conceber este evento incrível, você nota isso pela organização, divulgação, vídeos promocionais, escolha dos jurados e principalmente a premiação que, na minha opinião, estão de alto nível!
Ninguém fica de fora! Tanto desenvolvedores quanto espectadores terão o direito de concorrer a diversos prêmios muito legais! Estão todos de parabéns.
O tema também foi algo que eu gostei bastante, acredito que dê para criar bastantes coisas interessantes a partir dele, e confesso que eu estou morrendo de curiosidade para ver os jogos dos participantes.
Acredito que este evento irá atrair diversos desenvolvedores para a comunidade e que com certeza irão agregar nossa Condando cada vez mais!
Bento: Que mensagem você gostaria de passar para aqueles que querem desenvolver jogos no Brasil?
Mayleone: Pessoal não tenham medo de começar! Esse sempre é o passo mais difícil, porém, como tudo na vida o início tende a ser o mais dificultoso e desafiador, mas nunca deixe que isso os faça desistir!
O cenário do mercado de jogos aqui no Brasil ainda não é muito favorável, no entanto, com a popularização de jogos para plataformas mobile principalmente, isso está mudando, então temos uma demanda significante vindo por aí!
Se você tem um sonho de criar o seu jogo, seja ele o gênero que for não deixe que os percalços no seu caminho lhe façam mudar de ideia! Siga firme com a sua ideia e você verá os frutos que você vai colher no futuro, principalmente no que tange conhecimento e desenvolvimento pessoal. Portanto, faça!
Bento: Quais jogos Indies ou não que você recomenda para os moradores do Condado?
Mayleone: O card game do LoL: Legends of Runeterra é um jogo relativamente novo, porém se trata de um game deveras viciante! Eu recomendo a todos que desejam ter uma ótima experiência com jogos de cartas, pois a mecânica dele é fácil de aprender, assim como a obtenção de cartas novas para montar o seu deck! Sem dizer as animações e interações dos personagens durante a batalha, tudo isso torna o jogo mais convidativo e interessante.
Bento: Sempre faço essa pergunta aos meus entrevistados. Como professor, jogador e aspirante a desenvolvedor, acredito que os Games podem ser usados como ferramentas educacionais, especialmente em metodologias relacionadas à tecnologia da informação, como um grande apoio para a aprendizagem. Acredita que isso seja possível? Jogou algum game educacional? Já pensou em desenvolver algum jogo com temática educacional?
Mayleone: Eu acredito e muito que os jogos possam ser utilizados como ferramentas de aprendizagem, não só por serem mais atrativos e divertidos a pessoas de todas as idades e gêneros, mas também pela questão de estarmos cada vez mais adeptos às tecnologias de variados tipos.
Em minha opinião, aos poucos nós iremos substituir metodologias antigas de ensino e dar espaço aos jogos e outras ferramentas dinâmicas em prol da educação. E isso já ocorre em diversas plataformas que visam a educação em alguma área, como por exemplo, o aplicativo Duolingo que ensina idiomas, ou a ferramenta para estudantes de programação: SoloLearn.
Todas essas ferramentas de ensino tem algo em comum: se utilizam de técnicas de gamificação para estimular o aprendizado, tais como sistema de recompensas, níveis, pontos de experiência, missões a serem cumpridas, sistemas de classificação e etc.
Quando eu me aventurei pelo Duolingo, eu me sentia jogando um jogo, a gente realmente aprende enquanto joga, desbloqueando níveis com lições mais avançadas e tentando fazer o máximo de tarefas possível para se manter no topo do ranking.
Além das ferramentas que se utilizam de tais técnicas (e que tendem a ficar cada vez mais populares), ainda temos jogos que foram desenvolvidos com o foco na aprendizagem.
( Não foi o Minecraft que chegou a ensinar milhares de pessoas a programar?)
Eu mesma desenvolvi em 2017 uma pequena aplicação para que as pessoas possam aprender os países e bandeiras do mundo: no jogo você deve descobrir através de um quiz qual é a imagem correta da bandeira do país sorteado:
E além do que, existem diversos jogos que visam à aprendizagem.
Então em resumo, eu acredito e muito que os games possam ser ferramentas para o aprendizado, e não só podem como devem!
Bento: Agradeço muito pela oportunidade professora Mayleone e deixo em aberto para considerações finais ou mesmo um jabá, recado ou conselho que gostaria de passar adiante?
Mayleone: Eu quem novamente agradeço por me conceder um espacinho aqui em meio a essas entrevistas! Inclusive gostaria de salientar que é um trabalho maravilhoso que está fazendo à comunidade, professor! Meus sinceros parabéns e admiração!
A todos que leram até aqui, também gostaria de agradecer por tirarem um tempinho para me ouvir! Até a próxima!
Agradeço muito pela entrevista e recomendo fortemente o Canal MayLeone
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