Legion Saga (os três) foram uns dos meus primeiros contatos com o Maker, lá em meados de 2003~04. Vinham como alguns jogos de exemplo em uma revista da digerati acompanhando o cd instalador do RPG Maker. Ótimo exemplo de produções antigas de qualidade!
A curva de evolução do criador é muito bacana de se observar, e realmente cabe a reflexão de como funciona a experiência de um Maker e sua evolução como criador. Mas antes de refletir sobre isso é bacana pensar que nem todo mundo mexe com o RPG Maker (ou outras ferramentas de criação de jogos indie) tem a pretensão de se profissionalizar na área, então muitas vezes justamente essa situação faz com que o criador de jogos "amadores" careça de buscar qualificação.
Eu mesmo sou um bom exemplo disso. Mexi muitos anos com o RPG Maker e na adolescência evolui muito em relação as necessidades que precisava suprir para elaborar um bom jogo. Mas não dei continuidade a essa busca por aperfeiçoamento. Tudo bem que o salto de Orca I para o Orca III (que já já sai, universo que me ouça, rsrsrs!) é bem grande, mas ainda assim, na minha vida profissional sou de uma área bem diferente da produção de jogos, o que me distanciou de qualquer qualificação em relação a muitos aspectos necessários em um jogo digital. Meu projeto de agora tem quase que sua totalidade de recursos originais, mas sou resoluto em dizer que, dentro dos meus limites, faço o possível e o impossível para trazer algo satisfatório. Ainda assim minhas habilidades com pixel art são limitadíssimas, não sei desenhar, compôr trilha sonora ou mexer com scripts, e muito provavelmente as habilidades que tenho hoje não passarão do que existe agora, pois são resquícios de um grande lazer na minha infância e adolescência, e hoje não tenho mais tempo livre para investir nessa evolução, por mais que desejasse trazer algo mais "meu" para os projetos atuais. O RPG Maker para mim se tornou um lazer, e até houve um momento da vida que pensei em seguir a carreira de desenvolvimento, mas não foi o caso, consequentemente minha curva de aperfeiçoamento se torna menos alavancada se comparado a esses meninos que já estão até levando projetos para grandes feiras de jogos (o que por sinal, é muito lindo de se ver! Antigamente não se via esse tipo de coisa nas comunidades de RPG Maker!). Acho que a questão que levantei vale para mais pessoas que, como eu, tem o Maker, hoje, como um lazer e não como um start na vida profissional... Aí vemos os projetos muito parecidos sem grandes aperfeiçoamentos técnicos. Nem certo nem errado, só uma situação particular de quem encontra em algo como o RPG Maker outros objetivos, como a tentativa de contar uma história, ou uma válvula da correria do cotidiano.
Ainda que por lazer, sou a favor de buscar conhecimento, eu mesmo sempre faço o possível para me aproximar como posso dos grandes projetos que acompanho por aí, onde é perceptível o comprometimento e a seriedade dos criadores independentes. Para mim, ainda que seja um lazer, acredito que se fazemos um jogo e queremos que ele seja apreciado precisamos ao menos trazer um conteúdo desejável ao público. Então, creio que a curva de experiência sobe na medida em que o maker percebe que, com conteúdo de maior qualidade, será ouvido por mais pessoas. E se for o caso de se profissionalizar na área, creio que o patamar de qualidade suba além do esperado nas comunidades amadoras. Esse tipo de discussão não se via há uns 10 anos atrás aqui no Brasil. Era mais comum encontrar jogos totalmente RTP, produzidos em massa pela simples vontade de fazer um jogo como os dos Videogames. A comunidade maker deu uma diminuida enorme, ao mesmo tempo, vejo mais projetos levados bem mais a sério agora do que na época do grande boom da ferramenta.
Gostei da reflexão, tópico bem bacana!
Abraços!