Era manhã na terra de Rukk e a excursão à famosa Fábrica dos Sonhos estava prestes a começar. Vários elfos jovens esperavam ansiosamente na frente das grandes e espessas portas de madeira que permaneciam fechadas quase teatralmente para aumentar o suspense enquanto eles se remoem de curiosidade do lado de fora. Quando esse suspense fez a expectativa chegar em um nível quase insuportável, as portas da Fábrica começam a se abrir lentamente com um som estridente, devia fazer vários e vários anos desde a última manutenção nas juntas que as faziam se mover. Na parte da porta voltada ao interior da fábrica, se via vários arranhões, manchas escuras na madeira que pareciam ser sangue seco e, para a surpresa de todos, uma pequena fada presa na porta por uma flecha que atingiu suas duas asas. Estava viva, mas arfante, parecia ter tentado se soltar por horas, mas sem sucesso.
Essa belezinha aqui tentou fugir, até que chegou longe. Mais um pouco e teria a liberdade que tanto almejava. Que peeena. Pobre fadinha.
Todos os alunos tomam um susto. Estavam olhando tão fixamente para a fada pregada na porta que não perceberam que não estavam mais sozinhos. Na frente deles, um elfo adulto se apresentava. Cabelos loiro-esbranquiçados que chegavam até a metade de suas costas, olhos cinzentos e um terno de um belíssimo vermelho. Seu nome todos conheciam, Therandull, o dono e idealizador da fábrica. Ele abria um largo sorriso e convidava os alunos a chegar mais perto. As crianças se aproximaram tão rapidamente quanto era possível para o grande grupo e a fitaram de perto. Para todos ali, era a primeira vez que viam uma fada, já que nos tempos atuais, elas estavam cada vez mais escassas na natureza devido a caça desenfreada.
Therandull, rapidamente arranca a flecha da porta, fazendo com que a fada, extremamente cansada, caísse e repousasse na palma de sua mão. Após tal ato, fez sinal para um jovem elfo que usava uma camisa de uma fina e imaculada seda branca. O garoto se aproximou devagar, de certa forma receoso com o convite inesperado. Então aconteceu tudo muito rápido. Therandull, com um movimento rápido fechou as mãos no pequeno corpo da fada, puxou o braço do garoto para frente e apertou com toda a força que o dispunha o pequeno e frágil corpo da fada, esmagando-a entre seus dedos. O sangue que escorria respingou nas vestes brancas do garoto e foi se espalhando de maneira mágica, tingindo-a do mesmo tom de vermelho que as próprias vestes do elfo adulto.
Enquanto todos olhavam aquela situação, maravilhados com tamanha brutalidade, o alto elfo puxa de uma bainha escondida uma adaga élfica e fura o braço do garoto, pegando todos de surpresa. Ele chega a soltar um grito de desespero ao pensar que estava sendo perfurado, mas de certa forma, a dor que ele esperava não veio. O sangue não escorreu. Ou melhor, nem ao menos a roupa tinha sido danificada. Todos olhavam abismados para o senhor que guardava a adaga com um riso satisfeito no rosto, eles anseiam por respostas, e ela veio tão rápida quanto uma flecha:
Além de ser um belo corante, o sangue das fadas carrega uma propriedade que aumenta a resistência do objeto que for coberto por ele. Ao falar isso, abria a boca para cima e jogava dentro o corpo esmagado da pequena e doce fada. Não houve um aluno que não escutou o triturar dos ossos, crac, crac, crac, crac. O rubro elfo, tendo a total atenção de todas as cabeças ali presentes, lambia os resquícios de sangue em sua mão e depois de tê-la completamente limpa, convidava os alunos a adentrar na tão perturbadora fábrica. Mas antes, um único aviso:
A estrada é longa, então se preparem para andar. Eles seguiram o rubro elfo pelas portas da fábrica e algo incrível aconteceu. O que eles viam acima do portão não era a fábrica real, mas sim uma imagem, ou melhor, uma ilusão criada pelos magos mais habilidosos do clã da floresta de Rukk. E o portão, aquele que se abria na frente de todos, era simplesmente o portal que dava acesso à real fábrica, e a visão de toda a sua magnificência tirou o fôlego de todos ali presentes.
Todo o verde da floresta foi substituído por um marrom árido e desolador, com grandes montanhas se erguendo pela paisagem. Mesmo se procurassem com muito afinco, não achariam uma árvore sequer em toda a vastidão daquela nova terra que estavam conhecendo. O ar era seco como a terra e muitos garotos, acostumados com o ar límpido das florestas, começaram a tossir devido a toda fuligem e partículas levadas por aquele vento profano. A fábrica ficava no fim de uma estrada tortuosa que cortava com uma serpente aquele lugar estéril. Ela parecia mais com um castelo do que uma fábrica em si, com torres pontudas defendida por habilidosos arqueiros. A fábrica, castelo, ou fortaleza, tinha uma torre central que se erguia acima das demais, onde um cristal mágico se erguia quase como uma chaminé, expurgando na natureza o excedente mágico que a fábrica gerava.
Mas por incrível que isso possa parecer, a fábrica não era a coisa mais impressionante na paisagem, mas sim as duas luas minguantes, uma delas de tamanho colossal, que indicavam que todos ali não estavam mais na terra de Rukk. Algumas crianças presentes começaram a sentir medo, era visível o espanto no rosto da maioria. Vendo isso, Therandull fazia um sinal com a mão e dizia de maneira para acalmar a todos:
Vamos, vamos, não se espantem. Foi trabalhoso, mas construímos a fábrica nesta dimensão para que os outros povos não tenham a chance de tentar tomá-la de nós, quando entrarem vocês irão entender. Sigam-me, e apressem o passo.
Como o caminho era um pouco estreito, os 20 elfos pequenos tiveram que fazer uma única fila indiana que rapidamente alcançou as dependências da fábrica, em partes por que o Therandull emplacou um forte ritmo, mas também por conta dos próprios jovens que adorariam sair daquele ambiente infernal. Mal sabiam eles que as coisas só iriam piorar dentro da fábrica.
Uma vez lá dentro, gritos esganiçados eram ouvidos de tempos em tempos, vez ou outra cortadas pelo som de maquinário pesado. Mesmo com a visita, era normal que tudo estivesse funcionando a pleno vapor. Eles andaram por cerca de 5 minutos e chegaram na primeira etapa do sistema de exploração das fadas. Era uma sala de tamanho médio, cuja extensão era cortada por uma esteira e no centro dela, havia um cesto, onde as fadas capturadas que caiam de um buraco no teto eram mantidas desacordadas. Havia também um elfo senil que pegava as fadas do cesto e as colocava de bruços na esteira, levando-as para a próxima etapa da fábrica.
Elas vem lá de cima, do estoque de captura, onde um gás do sono é utilizado para fazê-las ficarem menos agitadas. Aqui, nosso querido funcionário que está prestes a se aposentar de suas funções coloca as fadas nesta posição. Indicou as fadas de bruços. E está feito. Vamos, vamos, a próxima área nos espera.
E assim eles passaram pelas várias etapas da fábrica. O desasamento, onde outros funcionários senis arrancavam as asas das pequenas fadas com grandes tesouras com o fio banhado em prata pura. Elas eram moídas até se transformarem em um pó que misturado em água, servia para curar completamente feridas, sejam elas mágicas ou físicas. Também serviam para curar envenenamentos, podendo ser utilizadas para quase todas as substâncias existentes, menos para feridas dracônicas, já que as propriedades nas asas das fadas acabariam aumentando a ferida e causando uma morte horrenda ao ferido. Depois desta área vinha a sangria, onde dois funcionários eram usados como mão de obra. Por incrível que pareça, eles também eram muito velhos, o que começou a deixar alguns dos garotos com uma certa desconfiança, mas ainda sim, todos entraram no jogo do elfo rubro, ainda sim, não era como se estivessem alguma escolha.
Os dois velhos elfos pareciam trabalhar a muito tempo juntos, um prendia as fadas em uma espécie de pequenas algemas, cerca de dez delas, pregadas na parede, enquanto o outro vinha com uma adaga, fazendo profundos cortes em seus membros e pescoço, para recolher-lhes o sangue que escorria por fendas feitas na parede até um tonel que descansava abaixo de cada algema. Tudo era feito de forma tão cirúrgica que nem uma única gota de sangue era desperdiçada. Como visto antes, aquele sangue dava propriedades especiais aos objetos banhados por ele, seja eles metais, panos ou couro. O exército da floresta não era conhecido como Terror Rubro a toa, estavam imbatíveis a anos.
Depois que todo o sangue era removido, as fadas eram postas numa outra cesta e levadas para a última etapa de sua exploração. A moedeira era, de certa forma, a parte mais barulhenta de toda a fábrica. Maquinário pesado era utilizado para amassar e como o nome bem diz, moer todas as fadas até elas virarem um pó branco amarronzado, muito utilizado na culinária, onde diziam que ele aumentava exponencialmente a força de um guerreiro que consumisse alimentos temperados com ela por um mês.
Chegando na área final, eles ganharam souvenirs, pequenos chaveiros com crânios das fadas que às vezes sobreviviam milagrosamente às máquinas de moer. Naquele momento, bocejos eram ouvidos, alguns dos alunos pareciam estar com muito sono, enquanto outros estavam normais. Dos vinte, cinco estavam completamente despertos, sem nenhum sinal de cansaço ou fadiga. Therandull sorria para aquilo e começava a falar:
Não sei se alguns de vocês perceberam, mas o ar aqui dentro é mais pesado. Falava andando de um lado para o outro na sala vazia que ficava após da moedeira. Talvez outros de vocês podem até sentir um cheiro diferente, mas tenho certeza que são bem poucos. Pois bem, tenho uma notícia para vocês. Aos quinze que estão quase caindo no sono, agradeçam pela sua sorte, serão guiados até a saída daqui imediatamente, agradeço pela visita. Se despedia curvando-se respeitosamente a todos eles, mas os garotos estavam tão cansados que poucos a percebem e menos ainda chegaram a responder educadamente a despedida. Então eles viram para os cinco restantes e agora com um sorriso muito mais sincero. Com um sarcasmo venenoso pingando de sua língua, Therandull dá a eles a cruel notícia:
Para evitar as fugas, toda a fábrica é coberta por um gás invisível que tem propriedades soníferas. Todos os trabalhadores, inclusive eu, que sou o dono da fábrica, somos imunes a este gás. Mas como vocês puderam perceber, muitos estão num estado avançado de idade e precisamos de mão de obra jovem e cheia de vida. Não é nada pessoal. Ao final dessas palavras, guardas de armadura completa apareceram, prenderam as crianças e usando de força para controlar as que tentavam se rebelar.
Aceitem seu destino como os outros trabalhadores fizeram, trabalharam aqui pelo resto de suas vidas. Mas alegrem-se, vocês são os novos funcionários da Fábrica dos Sonhos, seu trabalho aqui fará com que o povo élfico não perca a sua hegemonia pelos anos que virão. Aceitem ou morram pelas mãos dos guardas, a escolha está nas mãos de vocês. Depois disso, Therandull virava as costas à toda aquela cena e se dirigia para a sua sala, onde o vermelho doentio de suas roupas cobriam tudo do chão ao teto. Lá, ele tomava uma taça de sangue fresco de fada, satisfeito com o trabalho bem feito. E assim a fábrica continuava seu funcionamento, com o grito dos novos trabalhadores sendo educados de maneira violenta em suas novas funções, até chegar a hora da velhice os obrigarem a ser trocados mais uma vez.
Tudo pela glória dos elfos!
Essa belezinha aqui tentou fugir, até que chegou longe. Mais um pouco e teria a liberdade que tanto almejava. Que peeena. Pobre fadinha.
Todos os alunos tomam um susto. Estavam olhando tão fixamente para a fada pregada na porta que não perceberam que não estavam mais sozinhos. Na frente deles, um elfo adulto se apresentava. Cabelos loiro-esbranquiçados que chegavam até a metade de suas costas, olhos cinzentos e um terno de um belíssimo vermelho. Seu nome todos conheciam, Therandull, o dono e idealizador da fábrica. Ele abria um largo sorriso e convidava os alunos a chegar mais perto. As crianças se aproximaram tão rapidamente quanto era possível para o grande grupo e a fitaram de perto. Para todos ali, era a primeira vez que viam uma fada, já que nos tempos atuais, elas estavam cada vez mais escassas na natureza devido a caça desenfreada.
Therandull, rapidamente arranca a flecha da porta, fazendo com que a fada, extremamente cansada, caísse e repousasse na palma de sua mão. Após tal ato, fez sinal para um jovem elfo que usava uma camisa de uma fina e imaculada seda branca. O garoto se aproximou devagar, de certa forma receoso com o convite inesperado. Então aconteceu tudo muito rápido. Therandull, com um movimento rápido fechou as mãos no pequeno corpo da fada, puxou o braço do garoto para frente e apertou com toda a força que o dispunha o pequeno e frágil corpo da fada, esmagando-a entre seus dedos. O sangue que escorria respingou nas vestes brancas do garoto e foi se espalhando de maneira mágica, tingindo-a do mesmo tom de vermelho que as próprias vestes do elfo adulto.
Enquanto todos olhavam aquela situação, maravilhados com tamanha brutalidade, o alto elfo puxa de uma bainha escondida uma adaga élfica e fura o braço do garoto, pegando todos de surpresa. Ele chega a soltar um grito de desespero ao pensar que estava sendo perfurado, mas de certa forma, a dor que ele esperava não veio. O sangue não escorreu. Ou melhor, nem ao menos a roupa tinha sido danificada. Todos olhavam abismados para o senhor que guardava a adaga com um riso satisfeito no rosto, eles anseiam por respostas, e ela veio tão rápida quanto uma flecha:
Além de ser um belo corante, o sangue das fadas carrega uma propriedade que aumenta a resistência do objeto que for coberto por ele. Ao falar isso, abria a boca para cima e jogava dentro o corpo esmagado da pequena e doce fada. Não houve um aluno que não escutou o triturar dos ossos, crac, crac, crac, crac. O rubro elfo, tendo a total atenção de todas as cabeças ali presentes, lambia os resquícios de sangue em sua mão e depois de tê-la completamente limpa, convidava os alunos a adentrar na tão perturbadora fábrica. Mas antes, um único aviso:
A estrada é longa, então se preparem para andar. Eles seguiram o rubro elfo pelas portas da fábrica e algo incrível aconteceu. O que eles viam acima do portão não era a fábrica real, mas sim uma imagem, ou melhor, uma ilusão criada pelos magos mais habilidosos do clã da floresta de Rukk. E o portão, aquele que se abria na frente de todos, era simplesmente o portal que dava acesso à real fábrica, e a visão de toda a sua magnificência tirou o fôlego de todos ali presentes.
Todo o verde da floresta foi substituído por um marrom árido e desolador, com grandes montanhas se erguendo pela paisagem. Mesmo se procurassem com muito afinco, não achariam uma árvore sequer em toda a vastidão daquela nova terra que estavam conhecendo. O ar era seco como a terra e muitos garotos, acostumados com o ar límpido das florestas, começaram a tossir devido a toda fuligem e partículas levadas por aquele vento profano. A fábrica ficava no fim de uma estrada tortuosa que cortava com uma serpente aquele lugar estéril. Ela parecia mais com um castelo do que uma fábrica em si, com torres pontudas defendida por habilidosos arqueiros. A fábrica, castelo, ou fortaleza, tinha uma torre central que se erguia acima das demais, onde um cristal mágico se erguia quase como uma chaminé, expurgando na natureza o excedente mágico que a fábrica gerava.
Mas por incrível que isso possa parecer, a fábrica não era a coisa mais impressionante na paisagem, mas sim as duas luas minguantes, uma delas de tamanho colossal, que indicavam que todos ali não estavam mais na terra de Rukk. Algumas crianças presentes começaram a sentir medo, era visível o espanto no rosto da maioria. Vendo isso, Therandull fazia um sinal com a mão e dizia de maneira para acalmar a todos:
Vamos, vamos, não se espantem. Foi trabalhoso, mas construímos a fábrica nesta dimensão para que os outros povos não tenham a chance de tentar tomá-la de nós, quando entrarem vocês irão entender. Sigam-me, e apressem o passo.
Como o caminho era um pouco estreito, os 20 elfos pequenos tiveram que fazer uma única fila indiana que rapidamente alcançou as dependências da fábrica, em partes por que o Therandull emplacou um forte ritmo, mas também por conta dos próprios jovens que adorariam sair daquele ambiente infernal. Mal sabiam eles que as coisas só iriam piorar dentro da fábrica.
Uma vez lá dentro, gritos esganiçados eram ouvidos de tempos em tempos, vez ou outra cortadas pelo som de maquinário pesado. Mesmo com a visita, era normal que tudo estivesse funcionando a pleno vapor. Eles andaram por cerca de 5 minutos e chegaram na primeira etapa do sistema de exploração das fadas. Era uma sala de tamanho médio, cuja extensão era cortada por uma esteira e no centro dela, havia um cesto, onde as fadas capturadas que caiam de um buraco no teto eram mantidas desacordadas. Havia também um elfo senil que pegava as fadas do cesto e as colocava de bruços na esteira, levando-as para a próxima etapa da fábrica.
Elas vem lá de cima, do estoque de captura, onde um gás do sono é utilizado para fazê-las ficarem menos agitadas. Aqui, nosso querido funcionário que está prestes a se aposentar de suas funções coloca as fadas nesta posição. Indicou as fadas de bruços. E está feito. Vamos, vamos, a próxima área nos espera.
E assim eles passaram pelas várias etapas da fábrica. O desasamento, onde outros funcionários senis arrancavam as asas das pequenas fadas com grandes tesouras com o fio banhado em prata pura. Elas eram moídas até se transformarem em um pó que misturado em água, servia para curar completamente feridas, sejam elas mágicas ou físicas. Também serviam para curar envenenamentos, podendo ser utilizadas para quase todas as substâncias existentes, menos para feridas dracônicas, já que as propriedades nas asas das fadas acabariam aumentando a ferida e causando uma morte horrenda ao ferido. Depois desta área vinha a sangria, onde dois funcionários eram usados como mão de obra. Por incrível que pareça, eles também eram muito velhos, o que começou a deixar alguns dos garotos com uma certa desconfiança, mas ainda sim, todos entraram no jogo do elfo rubro, ainda sim, não era como se estivessem alguma escolha.
Os dois velhos elfos pareciam trabalhar a muito tempo juntos, um prendia as fadas em uma espécie de pequenas algemas, cerca de dez delas, pregadas na parede, enquanto o outro vinha com uma adaga, fazendo profundos cortes em seus membros e pescoço, para recolher-lhes o sangue que escorria por fendas feitas na parede até um tonel que descansava abaixo de cada algema. Tudo era feito de forma tão cirúrgica que nem uma única gota de sangue era desperdiçada. Como visto antes, aquele sangue dava propriedades especiais aos objetos banhados por ele, seja eles metais, panos ou couro. O exército da floresta não era conhecido como Terror Rubro a toa, estavam imbatíveis a anos.
Depois que todo o sangue era removido, as fadas eram postas numa outra cesta e levadas para a última etapa de sua exploração. A moedeira era, de certa forma, a parte mais barulhenta de toda a fábrica. Maquinário pesado era utilizado para amassar e como o nome bem diz, moer todas as fadas até elas virarem um pó branco amarronzado, muito utilizado na culinária, onde diziam que ele aumentava exponencialmente a força de um guerreiro que consumisse alimentos temperados com ela por um mês.
Chegando na área final, eles ganharam souvenirs, pequenos chaveiros com crânios das fadas que às vezes sobreviviam milagrosamente às máquinas de moer. Naquele momento, bocejos eram ouvidos, alguns dos alunos pareciam estar com muito sono, enquanto outros estavam normais. Dos vinte, cinco estavam completamente despertos, sem nenhum sinal de cansaço ou fadiga. Therandull sorria para aquilo e começava a falar:
Não sei se alguns de vocês perceberam, mas o ar aqui dentro é mais pesado. Falava andando de um lado para o outro na sala vazia que ficava após da moedeira. Talvez outros de vocês podem até sentir um cheiro diferente, mas tenho certeza que são bem poucos. Pois bem, tenho uma notícia para vocês. Aos quinze que estão quase caindo no sono, agradeçam pela sua sorte, serão guiados até a saída daqui imediatamente, agradeço pela visita. Se despedia curvando-se respeitosamente a todos eles, mas os garotos estavam tão cansados que poucos a percebem e menos ainda chegaram a responder educadamente a despedida. Então eles viram para os cinco restantes e agora com um sorriso muito mais sincero. Com um sarcasmo venenoso pingando de sua língua, Therandull dá a eles a cruel notícia:
Para evitar as fugas, toda a fábrica é coberta por um gás invisível que tem propriedades soníferas. Todos os trabalhadores, inclusive eu, que sou o dono da fábrica, somos imunes a este gás. Mas como vocês puderam perceber, muitos estão num estado avançado de idade e precisamos de mão de obra jovem e cheia de vida. Não é nada pessoal. Ao final dessas palavras, guardas de armadura completa apareceram, prenderam as crianças e usando de força para controlar as que tentavam se rebelar.
Aceitem seu destino como os outros trabalhadores fizeram, trabalharam aqui pelo resto de suas vidas. Mas alegrem-se, vocês são os novos funcionários da Fábrica dos Sonhos, seu trabalho aqui fará com que o povo élfico não perca a sua hegemonia pelos anos que virão. Aceitem ou morram pelas mãos dos guardas, a escolha está nas mãos de vocês. Depois disso, Therandull virava as costas à toda aquela cena e se dirigia para a sua sala, onde o vermelho doentio de suas roupas cobriam tudo do chão ao teto. Lá, ele tomava uma taça de sangue fresco de fada, satisfeito com o trabalho bem feito. E assim a fábrica continuava seu funcionamento, com o grito dos novos trabalhadores sendo educados de maneira violenta em suas novas funções, até chegar a hora da velhice os obrigarem a ser trocados mais uma vez.
Tudo pela glória dos elfos!