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- Core32

Gabriel

NolanHawk Masculino

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06 de Dezembro de 2018
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        Gabriel era um jovem adulto de vinte e dois anos que tentava tocar sua vida sozinho. O garoto já trabalhava a uns dois anos em uma padaria que ficava a uma hora de ônibus de sua casa e também tinha o seu próprio lugar para chamar de lar. Quer dizer, “o apartamento minúsculo onde ele passava as noites”, já que passava o dia inteiro no trabalho. O cubículo ficava em um bairro próximo, era alugado e custava um terço do seu salário mensal.
Apesar de todas as dificuldades e dos dias intermináveis no emprego cansando-o cada vez mais, Gabriel sempre arrumava tempo para ir à igreja. De certa forma, o garoto não podia ser chamado de “crente”, mas como havia sido criado em família cristã, esse hábito o perseguia como um vício. Não é a toa que muitos filósofos a consideravam como o “ópio do povo”. Era por meio de suas frequentes preces que ele pedia uma melhoria em sua vida, uma completa transformação do inferno que ele vivia. Porém, não sabia ele que o inferno também tinha ouvidos, alguns bons pares dos mais atentos.
Em uma sexta-feira, após um dia extremamente cansativo de trabalho, Gabriel chega em casa exausto, suas roupas pingando de suor por ter passado horas e horas perto dos fornos da padaria. Mesmo assim, se joga em sua poltrona e liga a TV para assistir ao jogo do seu clube de futebol favorito, um dos únicos prazeres aproveitáveis em sua vida corrida.
Falando agora de sua sala de estar, ela era bem pouco mobiliada, possuía uma “poltrona do papai” daquelas bem confortáveis ocupando o centro da sala, um rack de madeira dado por sua tia como um presente para a casa nova e um sofá meio velho e afundado onde ele recebia as poucas visitas que ainda apareciam.
Em cima do rack, estavam praticamente os pertences de maior valor para ele, uma TV de tubo de trinta polegadas, uma relíquia nos tempos atuais, alguns retratos onde ele estava junto de seus dois irmãos e de seus pais e uma carta recém aberta com um convite para a “cachaçada de pós-nascimento da caçula da família”, mostrando que sua irmã estava perto de nascer.
Para servir de acompanhamento ao jogo e matar a fome que ele acabou de perceber que sentia, Gabriel foi em sua cozinha buscar alguns petiscos, mas para a sua surpresa, acabou achando também uma cerveja perdida no fundo da geladeira, catando-a e levando também para sala. Ao passar de um vão a outro do apartamento, voltando à sala, ele percebe que há um estranho sentado em sua poltrona. Ele arqueava as costas para frente, estava completamente concentrado no jogo, tinha as pontas dos dedos juntas como se fosse um daqueles vilões de filmes de super-heróis no momento em que planejavam as maiores atrocidades. Para combinar com a pose de vilania, o estranho vestia um terno risca de giz preto e tanto a gravata quanto a camisa social abaixo num tom forte de vermelho sangue.
O jovem gelou ao ver o estranho intruso que adentrou em sua casa e, não sabendo o que fazer, decidiu voltar à cozinha para buscar uma faca para se defender, mesmo que o elegante visitante não parecesse ter entrado ali para agredi-lo. Gabriel dá uma olhadela da cozinha e percebe que ele ainda estava lá, usufruindo de sua TV e poltrona. Juntando toda a coragem que possuía, Gabriel sai da cozinha empunhando sua faca e fala de maneira nervosa.

— Como entrou aqui?! Peço que se retire agora por favor, ou então…

— Ou então o quê? O que fará comigo Gabriel? Irá me furar com essa faca? Você? Hahá, nunca conseguiria, não tem coragem para tal feito. Vamos, largue isso. — Com um displicente gesto, o misterioso homem apontava para a faca que rapidamente esquentava na mão de Gabriel, fazendo-o largar ela no chão.

— Quem é você?! — Perguntava o garoto completamente perplexo. A pergunta pareceu agradar o visitante indesejado.

— Tenho vários nomes Gabriel, vários, mas para que você entenda bem, vou ser o mais “claro” que eu consigo ser. Sou Lúcifer, ou simplesmente “O Diabo”. Venho aqui te dizer que ouvi suas preces diárias.

Aquilo parecia surreal, e realmente era. A primeira reação do garoto ao ouvir aquelas palavras foi de incredulidade. Mas antes que ele desconsiderasse o que o homem falou, a queimadura em sua mão ardeu um pouco mais, lembrando-o deste estranho incidente que o invasor parecia ter causado.

— Eu rezei para Deus, porque foi você quem me escutou? E outra, como me ajudaria? — Lúcifer escutou as perguntas e sem nem mesmo virar para olhá-lo nos olhos, as respondeu sem pensar duas vezes:

— Deus?! Ele está muito ocupado apenas observando sua espécie nas alturas. Nunca viria ao seu auxílio. Mas eu adoro vocês, sempre que posso tento ajudá-los. E aqui estou, pronto para ser útil a ti.

Gabriel, um cristão desde criança, não demorou para desdenhar das palavras do anjo caído. Não iria cair naquelas ardilosas palavras tão facilmente.

— Você engana Lúcifer, nenhuma ajuda terei vinda de você, em nome de Deus, saia de minha casa, não é bem vindo aqui.

Pela primeira vez, as feições do tenebroso visitante mudaram. Mesmo que por apenas poucos segundos, Gabriel percebeu o perigo que corria ao chamar pelo nome de Deus na frente do seu maior antagonista. Não é possível pôr em palavras o medo que ele sentiu quando o homem olhou-o pela primeira vez nos olhos.

— Não… Diga… Esse… Nome… Outra… Vez… — Cada palavra era como um sibilar dito pela mais perigosa das cobras, porém, depois disso, Lúcifer voltou ao seu estado natural de humor, calmo e calculista.

— Apenas me ouça garoto. Posso fazer você mudar de vida apenas apertando um botão, é sério, você estará rico antes de poder dizer Belzebul, e isso não custará nada a você, sem contratos, sem pactos, você estará completamente livre de mim depois disso.
Aquilo parecia algo realmente suspeito, o Diabo não era conhecido por ser bonzinho, nunca foi. Era o maior dos pecadores, aquele que engana, mente, deturpa. Porém, a curiosidade do jovem rapaz o venceu, fazendo-o ignorar toda as precauções que ele devia tomar.

— Qual é o porém dessa oferta? — perguntava desconfiado.

— Moleque esperto! — Lúcifer parecia ter gostado da pergunta. — É claro que tem um porém. Para cada vez que você apertar o botão, quinhentos mil dólares serão adicionados à sua conta, porém, uma pessoa aleatória no mundo morrerá. — Ao terminar seu discurso, Lúcifer retirava um botão vermelho do bolso e o entregava nas mãos de Gabriel.

Ele que foi criado sabendo que uma vida não tinha preço estava preso em um enorme dilema. Cinquenta mil dólares mudaria muito sua vida. O mundo era vasto, dificilmente ele sequer tomaria conhecimento da morte que ele causaria ao apertar o botão, e outra, era praticamente impossível que algum familiar ou amigo próximo fosse atingido por tal destino. O garoto pensa por um bom tempo e com um leve pesar, aperta o botão pela primeira vez, o que deixou a Estrela da Manhã muito feliz.

— Não doeu, doeu? O dinheiro já está em sua conta, a mensagem já vai chegar em seu celular. — Como se fosse comandado por ele, o celular vibrou audivelmente em cima do rack.

— Agora, que tal ficar quinhentos mil dólares mais rico? Aperte uma segunda vez, com cem mil dólares você ficará livre de problemas por um bom tempo, se souber como economizar, você viverá bem por alguns bons anos.

Porém, uma morte em suas costas era suficiente para o garoto que já se sentia culpado pelo seu primeiro ato. Reunindo o pouco de coragem que lhe restava, Gabriel afrontou o Diabo, expulsando-o de sua casa:

— Já está bom para mim. Não vou matar outra pessoa para ficar mais rico. Percebo que foi uma péssima ideia te ouvir. Saia de minha casa e nunca mais apareça em minha vida. — Ao invés de Lúcifer parecer desapontado, ou pior, de resistir, simplesmente deu um sorriso de canto de boca e se despediu do garoto.

— Você que sabe. — disse ao recolher o botão. — Mas se eu fosse você, checaria o celular, acho que terá uma grande surpresa.

Tão de repente quanto foi sua chegada foi sua despedida e num piscar das luzes, Lúcifer não se encontrava mais na casa. Sem nem respirar e esperando pelo pior, Gabriel corre na direção do seu celular. Os quinhentos mil dólares prometidos estavam expostos em uma mensagem de seu banco, mas ele nem prestou atenção, pois em seu aplicativo de mensagens, uma única mensagem foi capaz de tirar toda a cor de seu rosto. Ele larga o celular no chão, pega sua carteira e corre para o hospital no centro da cidade. Sua mãe estava morta e seu irmão prestes a nascer.
 
Prezado, boa noite!


Neste conto você pecou um pouco na narrativa.

Em um primeiro momento a recompensa era de quinhentos mil dólares, mas no parágrafo seguinte você afirmar que foi cinquenta mil. Se nem você dá a devida atenção ao escrever, por que acha que o leitor dará atenção ao ler? Caso o valor fosse representado por numerais, até compreenderia um eventual erro de digitação (a falta de um zero), mas entre cinquenta e quinhentos há uma grande diferença. Confesso que isso dá uma forte broxada no ritmo.

Outrossim, o conflito moral trabalhado não é tão original, assim como os personagens já são largamente conhecidos: ora pelo estereótipo; ora pelos nomes. O que não agrega muito para a obra, dando a impressão de "uma história já contada".

Apesar disso, devo reconhecer que é um texto bem escrito e, apesar de alguns deslizes na ortografia, a parte descritiva está muito bem trabalhada. Arriscaria-me a dizer que essa é uma grande e marcante qualidade/característica dos seus trabalhos. Parabéns!

Por fim, gostaria de destacar que em momento algum eu quis lhe ofender ou desmerecer a sua obra, muito pelo contrário, essa é apenas a minha sincera opinião, dada por alguém que decidiu dedicar parte do seu tempo para sentar, ler e comentar o seu trabalho. Sinta-se livre para ignorar o meu comentário.


Fico no aguardo de novos trabalhos.
Abraços.​
 
Eu nunca me sentiria ofendido ou qualquer coisa do tipo. Todas as suas críticas foram bem apontadas e eu nem me lembro de ter feito a revisão adequada do texto mesmo. Fui  muito largadão nesse texto e se fosse escolher uma palavra para descrever ele seria "clichê". E só falando sobre o erro dos quinhentos e cinquenta, a verdade é que a ideia inicial seria por cinquenta, mas como o valor era baixo demais pro protagonista matar apenas uma pessoa, eu decidi aumentar, mas esqueci de mudar em todas as vezes que o número aparecia, um baita erro mesmo!

De qualquer forma, muito obrigado pelo feedback! Ele foi justo e sincero. Vou corrigir essa parte e torcer para que a galera curta o resto.
 
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