Drene'die.
Ignácius Braveheart
Este velho, que você cobiça como oponente na arena, não é bem o que tu esperas, devo advertir. O nome é Ignácius, para uns é apenas um homem que esqueceu a hora de morrer. Pra outros, uma lenda viva. Vou lhe contar um pouco mais, caso ainda mantenha seus desejos em mente, só para não dizer que não avisei.
Apesar de nunca ter derrotado um oponente sequer, também nunca foi derrotado por qualquer um deles. Como isso é possível? Essa é a parte divertida. Ignácius era um explorador qualquer, gostava de mapear regiões e levar o que mais encontrasse de belo pra poder reproduzir em seu povoado. Esse povoado, por sua vez, era comum e humilde, mas visitado por viajantes de todos os cantos do mundo. Muitos dos que por ali passavam, acabavam por ficar. Era um vilarejo aconchegante, seus moradores pareciam viver à base de arte e inventos. Pinturas, músicas, jogos, construções, jardinagem, exploração, TUDO era tão bem feito que parecia ser fruto de alguma magia.
Infelizmente, toda boa história precisa ter sua dose de lágrimas, e esta não é diferente. Na volta de uma de suas viagens de exploração, Ignácius se deparou com a coisa que imaginou nunca ser possível acontecer: seu vilarejo em chamas, ou melhor, cinzas. Cinzas essas que agora serviam de cama para uma enorme criatura alada, que nem sequer notou a chegada do homem desesperado. Não sobrou nada nem ninguém, todo aquele povo alegre e detentor dos maiores dons criativos... reduzido a nada.
Ignácius chorou.
E quando se levantou, estava com uma grande pedra vermelha erguida sobre a cabeça, fora de si, profundamente absorto em sua fúria angustiante. Ele arremessaria a pedra como seu instinto mandava, se não fosse por um detalhe. Ele conseguia ouvir, de alguma forma, seus vizinhos e familiares, não demorando pra notar que a pedra que planejava arremessar na criatura não era comum, muito menos um arma. Ao invés de atacar, passou a arrastar o grande rubi vermelho que por coincidência ou maldade do destino, possuía uma forma que lembrava a de um coração humano. Arrastou-o com muito custo até a criatura e bradou até que ela acordasse com seus berros em meio a lágrimas incessantes.
Não houve tempo de reação para a criatura. Assim que ela viu a pedra, correu, depois voou e depois desapareceu. Há quem diga que o tal dragão até hoje anda pelo mundo se comportando como um gatinho, mas isso já seria muito exagero, para uma história. Depois do ocorrido, Ignácius focou todo seu esforço para reconstruir o lugar, que voltou a ser habitado por artistas e criadores depois de um tempo. No mesmo dia nebuloso em que o grande rubi-coração desapareceu, Ignácius também sumiu. Os dois não mais foram vistos no vilarejo que agora já era tão bonito quanto um Condado.
Agora chega de historinhas. Contei isso apenas para rir da sua cara de espanto. Esse é só um velho louco carregando uma pedra. Caso ainda queira enfrentar o velhinho, vá em frente. Pode ser que aprenda alguma coisa com ele.
Afinal, estamos falando de ninguém menos que Ignácius Braveheart.
Arte
Processo
Alguns prints do desenvolvimento da peça.
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