Pax sola in morte.
The Legend of Ghost Lion
Lançado em 1989 pela Kemco para o Nintendo Entertainment Sistem, o jogo já começou mal, recebendo péssimas críticas. Na época, o mercado de jogos lidava com o problema dos clones de Dragon Warrior (Dragon Quest, para os íntimos). Um crítico disse que Legend of Ghost Lion ficaria "perdido nas sombras pela eternidade, não fossem os reviews norte americanos".
O Enredo
Em uma região não muito importante, há tempos havia um pequeno vilarejo. Certa vez ele foi atacado por um imenso Leão Fantasma, mas, convenientemente, havia um herói por perto que afugentou a fera e saiu em seu encalço. Um jovem casal também se sentiu impelido a participar da caçada, e deixaram sua pequena filha, Maria, aos cuidados dos moradores restantes.
O Jogador entra na pele da garota pouco tempo depois, quando ela resolve ir em busca de seus pais. Na jornada, acaba caindo em um rio caudaloso, e acorda em um mundo novo e estranho. Agora, a garota deve procurar pelo Leão, seus Pais Desaparecidos e o Caminho de Casa.
É um enredo bem simples, como a sinopse mostra. Talvez até considerado clichê, mas não é, de forma alguma, um roteiro ruim. Conforme o jogador avança, percebe a riqueza de detalhes, embora simples, do universo do jogo. Era muito comum, nos RPGs dessa época, que as motivações dos personagens - jogáveis ou não - fossem bem superficiais, logo este não seria diferente. Entretanto, o jogo teve muitos Contos de Fadas como inspiração, retratando perfeitamente a essência confusa e bem estruturada destas histórias. Eu diria que o enredo é o segundo ponto forte do jogo.
O Visual e a Sonoplastia
O grande foco da crítica ao comentar sobre o jogo, foi o estilo gráfico adotado pelo mesmo. Você não precisa ser o mestre do Level Design para notar as semelhanças entre Legend of Ghost Lion e Dragon Quest. Entretanto, não é esse o motivo pelo qual o visual desagradou. As cores muito vibrantes e a repetição dos sprites pesou bastante, embora fossem frequentemente citadas as limitações de criação da época. Jogadores com olhos sensíveis podem sentir uma leve irritação ao encarar os mapas por um período muito longo.
Em contrapartida, a trilha sonora é excelente - em termos de áudio 8bit. As músicas são bem dinâmicas, sem a repetividade de notas comum nos jogos do NES. Até mesmo os demais efeitos sonoros como golpes, habilidades ou o cursor são legais, vista que não irritam pela mesma repetividade. Digo isso como um portador de misofonia, então deve contar alguma coisa. Outra influência forte no jogo pode ser notada na música de título: A mesma escala imortalizada pela Square na série Final Fantasy, com algumas alterações no tom e, claro, na ordem das notas, para não ficar óbvio demais.
A Jogabilidade
A jogabilidade é idêntica a de Dragon Quest, exceto pela batalha. Este é o ponto forte do jogo, e única parte elogiada pela crítica. A princípio, a batalha segue a mecânica de turnos, os inimigos são encontrados no mapa normalmente. Logo na cena de batalha, já se nota uma ausência quase total de cores, como que para compensar os mapas. Não há um battleback ou outra imagem de fundo, o que deixa os comandos mais visíveis e claros.
O interessante são os truques utilizados por Maria para se livrar de seus inimigos. Cada arma que você encontra no jogo, possui um espírito, que é invocado somente em batalha. Os espíritos são como personagens comuns, com atributos e habilidades próprios e variáveis, além de habilidades individuais como curar, proteger a protagonista, entre outros. E você pode invocar mais de um espírito por vez, independente de estar equipado ou não com suas armas específicas.
Isso permite - e obriga - o jogador a montar estratégias e combinações entre os diferentes espíritos. É preciso levar em conta o inimigo e a quantidade de Pontos de Sonho (Dream, o MP do jogo) a serem gastos em cada ação. Alguns espíritos causam mais dano em certo tipo de inimigos, enquanto outros tem maior defesa. Maria também pode atacar, embora o dano causado não seja muito relevante.
Finalizando
Particularmente, eu discordo da crítica recebida pelo jogo. O visual é um ponto fraco, sim, mas é suportável depois que você está imerso no enredo. Também vale repetir que um enredo simples e clichê NÃO É RUIM. É possível criar uma história sobre princesas presas em castelos, cristais que salvam o planeta e guerras civis, transformando estes elementos na história mais inovadora da década. O que torna uma ideia ruim, é a inclusão de uma série de informações inúteis, só para mostrar que elas existem. O jogo propõe um enredo curto, simples e objetivo, cumprindo perfeitamente o papel.
Enredo: 10/10
Visual: 3/10
Sonoplastia: 8/10
Jogabilidade: 6/10
Nota Geral: 7/10
Visual: 3/10
Sonoplastia: 8/10
Jogabilidade: 6/10
Nota Geral: 7/10