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"Todos projetos não são unicamente meu, pois cada sugestão e critica, recursos e sugestões fazem me ver que ele leva um pedaço de cada pessoa nele"
- riquecamarg0

Minha História como Indie Dev Profissional...

CleanWater

Marquês
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22 de Setembro de 2017
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Seguindo a sugestão de um colega de fóruns sobre desenvolvimento indie, resolvi contar minha trajetória como indie dev aqui, pra servir de referência a quem quer ser desenvolvedor independente profissional, mas não tem a mínima ideia de como as coisas funcionam nos bastidores.

A história é bem longa, e também tenho que passar algumas informações pessoais de pano de fundo, como o por que que comecei a trabalhar com isso, por que segui carreira solo, etc. Por isso, vou contar essa história aos poucos. Sempre que um "capítulo novo" surgir, vou postar aqui e editar esse post também.

Quero lembrar que minha história não é igual a de todos os outros. Cada caso é um caso. Tem pessoas que já começaram por cima, outras começaram "por baixo" e foram subindo aos poucos. No meu caso, comecei abaixo do "por baixo", com zero orçamento e sem nenhum "padrinho" pra me ajudar.

Capítulo I
Antes de Ser Pro Indie Dev

Capítulo II
Os 40 Cursos do Telecentro

Capítulo III
Com a Boca! 3º Lugar no GPC 2008!!

Capítulo IV
A Fantasia Final

Capítulo V
De Volta à 2013…

Capítulo VI
Meu Jeito Ninja de Ser

Pra quem tem vontade de trabalhar com isso, e gostaria de saber como funcionam as coisas nos bastidores, recomendo fortemente a leitura. :ok:

Claro, pra quem só tem curiosidade de conhecer minha trajetória mesmo, também está convidado a ler. :XD:
 
Antes de Ser Pro Indie Dev


Apesar de ter nascido em uma família de classe média, depois de alguns problemas sócio-econômicos, caí pra classe baixa (vulgo, pobre). Antes de trabalhar como Indie Dev, já fui vendedor ambulante, separador de mercadorias, repositor de super mercado, bartender de boteco de beira de estrada e operário de fábrica.

Estudei em escola particular na infância, depois fui para escolas públicas na adolescência. Tive que parar de estudar várias vezes, mas consegui concluir o ensino fundamental aos 16 anos, e médio aos 19, através do supletivo. Também aos 19, consegui passar no vestibular de uma faculdade federal para Licenciatura em Matemática, mas depois de um ano, tive que parar de estudar de novo.

Tentei voltar a estudar aos 21 anos, dessa vez em um curso Técnico de Administração, mas novamente, tive que parar de estudar no meio do curso.

Por que parei de estudar tantas vezes? Bom, vamos a resposta...

Como disse antes, era de classe média, mas fiquei pobre.

Nasci em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Aos 9 anos de idade, fui morar no interior com minha mãe, na cidade natal de minha avó. Morávamos então eu, mãe e avó. O custo de vida no interior é bem mais barato, e a qualidade de vida bem melhor.

Minha mãe era funcionária do governo do Estado de Minas Gerais e ganhava bem, mas sofreu um acidente de trabalho, e foi encostada, recebendo apenas metade do salário mínimo da época (e sem décimo terceiro). Minha avó já era aposentada (um salário mínimo). Eu recebia 1/4 de salário mínimo como pensão alimentícia (pai omisso).

Minha avó, a medida que foi envelhecendo, chegou a operar algumas vezes e passou a precisar de cuidados. Coisa que minha mãe não conseguia fazer sozinha. Por isso, na adolescência, parei de estudar. Tanto para ajudá-la a cuidar de minha avó, como também dos afazeres da casa. Foi nessa época que trabalhei como vendedor ambulante, vendendo sanduíches naturais que eu mesmo fazia, no centro da cidade pra colaborar nas despesas da casa.

Quando terminei o supletivo e passei no vestibular, tentei fazer a faculdade, mas como antes, tive que parar de estudar, pois minha mãe e avó ainda precisavam de mim em casa. Minha avó faleceu em 2012, pouco depois de eu ter largado a faculdade. Depois disso tentei fazer o curso Técnico de Administração, mas dessa vez, após tantos anos se esforçando sem condições, minha mãe é que passou a precisar de cuidados.

Tive que sair do curso técnico e largar o emprego que tinha acabado de arrumar, pois minha mãe simplesmente dependia completamente de mim para tudo (até mesmo ir no banheiro). Com ajuda da assistência social, conseguimos aumentar o salário do auxílio-acidente dela para um salário mínimo (ainda sem décimo terceiro).

Mas, um salário mínimo não estava sendo o suficiente para pagar as contas do mês, comprar mantimentos e muito menos os remédios que ela precisava. Obviamente, também não tinha mais pensão alimentícia pra mim a essa altura.

Resumindo, minha situação em 2012 era simplesmente essa:

Não posso sair de casa para trabalhar, mas preciso pagar as contas, e agora? :S:

Continua...​
 
Como Adquiri Minhas Habilidades
1ª Parte - Os 40 Cursos do Telecentro


Não cogitei a carreira de Indie Dev logo de cara, antes de ingressar nessa carreira, eu não sabia praticamente nada de programação de jogos, só sabia desenhar e arranhar um pouco no pixel-art. Por isso, tentei fazer um blog de história em quadrinhos, trabalhar como ilustrador freelancer, web-designer freelancer, dar aulas particulares de matemática, fazer manutenção de computadores. Nada disso deu certo.

Hoje trabalho completamente sozinho como Indie Dev. Faço não só o game design, como também o roteiro, programação, pixel-art, level design, efeitos sonoros, trilha sonora, arte promocional, trailers, gestão financeira... Enfim, acho que já deu pra entender. :XD:

No entanto, não me tornei um solo dev pra dar uma de fodão sabe-tudo, mas sim, por falta de opção mesmo.

O sonho de ser desenvolvedor profissional surgiu quando conheci o RPG Maker em uma revista (que não foi da Digerati), tinha por volta de 10 a 11 anos de idade. Fiquei louco com a ideia de fazer meu próprio RPG. Nessa época já havia jogado Chrono Cross, Breath of Fire III e Legend of Legaia no meu PSX. Mas não tinha um computador ainda.

Ganhei meu primeiro PC com 15 anos de idade (um Intel Celeron com 256 MB de RAM, que usei até os 24 anos). Nessa época pesquisei pelo RPG Maker na internet, também encontrei por engano outra engine (Game Maker, versão 6 na época, que achei um bicho-de-sete-cabeças do tutorial de plataforma em diante), participei de alguns forums como o Jogos RPG, fiz alguns projetos bem toscos que nunca acabei (e já perdi de vista depois de algumas formatações).

Até então, meu único talento era saber desenhar. Sempre comprava aquelas revistas de "Aprenda a Desenhar" e também cheguei a fazer algumas aulas de desenho com um professor particular que cobrava bem barato por mês. Foi nessa época que fui cartunista voluntário do jornal da cidade (nunca me pagaram nada). Até que fiz um certo sucesso por aqui com minhas tirinhas humorísticas da época. :Hm:

Nessa época, também aproveitei que abriram um Telecentro na cidade pra fazer uns cursos profissionalizantes. Toda tarde depois do trabalho (de sanduíches naturais, lembra?) eu ia para o Telecentro fazer os cursos gratuitos. Fiz uns 40 cursos (sem exagero, e tenho os certificados aqui pra provar :koffee:).

Dentre os cursos que fiz estão: digitação, lógica de programação, webdesign, html, montagem e manutenção de computadores, primeiros socorros, cuidador de idosos (pra quem leu o capítulo anterior, já entendeu o porquê :XP:) e vários outros.

Durante um bom tempo, eu acreditava que para ser desenvolvedor profissional de jogos, teria que aprender uma linguagem de programação "profissional", como C++. Usar engines pra desenvolver jogos comerciais ainda não tinha virado moda e muita gente enxergava RPG Maker e Game Maker como "brincadeira de criança", coisa que também passei a acreditar. Por isso, tentei participar de uns forums "mais profissionais" sobre jogos, como PDJ e Unidev. Mas mesmo com o curso de lógica de programação, sempre achei essas linguagens muito complicadas e os tutoriais na internet nunca me ajudaram em nada.

Então, acabei desistindo da carreira de programador profissional, por não "levar jeito".

Ainda assim, queria trabalhar com jogos. E jogos não são feitos apenas por programadores.
Eles precisam das imagens na tela também, certo?
:Hm:​

Continua...​
 
Como Adquiri Minhas Habilidades
2ª Parte - Com a boca! 3º Lugar no GPC 2008!!


Não sabia programar, e precisava treinar meu pixel-art. A melhor maneira de fazer isso era ver o resultado dentro de um jogo funcional. Por isso, dei ao Game Maker uma segunda chance. Agora que tinha feito o curso de lógica de programação, aquele programa já não me assustava tanto e muita coisa passou a fazer muito mais sentido.

No forum da PDJ, tinha um concurso anual realizado pela própria staff do forum, com ajuda de alguns colaboradores, pra escolher os melhores projetos. O concurso também tinha algumas áreas separadas por categoria (melhor game design, melhores gráficos, etc). O Games PDJ Contest!

Decidi participar com um projeto simples, Guarda Castelos. Tentei formar uma equipe pra isso, mas sempre que tentava fazer equipe com algum programador, o sujeito ficava enrolando, inventava mil desculpas e por fim não fazia nada.

Foi então que tive uma epifania. Já tenho os gráficos, e o game design do jogo está funcional no Game Maker. E verdade seja dita, quem vai jogar está cagando e andando se o jogo foi programado em C++, Java ou feito em Game Maker. A pessoa só quer saber se o jogo é divertido ou não.

[imgleft]https://http2.mlstatic.com/D_NP_687268-MLB28896473144_122018-Q.jpg[/imgleft]
Faltava agora a trilha sonora: músicas e efeitos sonoros.

Para os efeitos sonoros, me lembrei daquele policial do Loucademia de Policia (Larvell Jones). Após um pouco de treino eu consegui improvisar com minha própria boca alguns efeitos, que gravei em um microfone barato de PC (modelo ao lado) usando o gravador de som do MS Windows.

Eu sabia tocar um pouco de violão (minha mãe já teve algumas bandas e me ensinou algumas coisas) e cheguei a compor algumas melodias. Contudo, gravar as músicas do violão com aquele microfone não deram nada certo. Então, tentei usar a versão gratuita do Guitar Pro 4, para compor alguma coisa direto no PC em MIDI, mas não entendi bulhufas de como o programa funcionava e nem sabia ler e escrever partituras.

Por fim, consegui as músicas convencendo um membro do forum que era compositor profissional a participar (eram só três mesmo, não ia dar tanto trabalho assim pra ele :XP:).

E, com esse projeto, Guarda Castelos, dentre os 15 participantes (ou 17, não lembro mais e o portal está fora do ar, não deu pra conferir) ganhei o 3º lugar de melhor jogo no GPC 2008! :^-^:

Como gostei muito de participar do concurso, resolvi participar de novo no próximo ano, dessa vez com um projeto um pouco mais ambicioso. Um jogo de plataforma 2D chamado Porradaria. Mas o concurso acabou sendo cancelado... :aff:

Já havia decidido que me profissionalizaria nessa área, mas faltava realizar um pequeno sonho de infância...
Anos de RPG Maker e nunca tinha terminado um único projeto nessa engine.
:Decepcionado:

Continua...​
 
Bom gente, minha intenção inicial era resumir tudo em três postagens, mas a medida que fui escrevendo a história, lembrando de muitas coisas, percebi que isso vai acabar virando um livro bem grande. :XD:

É por isso, que em vez de escrever essa história detalhada aqui, vou dar um resumão e responder as principais dúvidas de muitos aspirantes a Indie Dev.

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Resumindo tudo, tive que dar muito duro pra conseguir fazer os jogos e depois mais duro ainda pra me sustentar vendendo jogos. Comecei a aprender coisa ou outra em 2006 sobre desenvolvimento de jogos, tentei vender meu primeiro jogo em 2013, fundei a CleanWaterSoft em 2015, e só fui começar a ganhar razoavelmente bem em 2016. E Ainda assim, fiz uma média de um salário mínimo por mês. Foram praticamente 10 longos anos de trabalho duro, esforço e dedicação pra conquistar isso.

Eu teria mantido essa média em 2017, se no dia 16 de dezembro, logo antes da promoção e Natal na Steam, um certo alguém não tivesse postado um certo vídeo no Youtube.

Em 2018 minha média caiu pra menos de meio salário mínimo por mês. Mas não posso culpar o certo alguém por tudo também, a cotação do dólar e o Steam Direct também influenciaram nessa queda de rendimento.

Sempre vendi mais no Brasil, e o preço fixo em reais é convertido em dólar (junto com as vendas de todos os outros países), pra só depois voltar pra você (e converter em reais novamente no banco). E o dólar estando mais alto, impossibilita a rapidez no recebimento dos pagamentos no meu caso.

O Steam Direct facilitou as coisas pra quem quer lançar jogos, mas em contrapartida, isso reduziu muito a visibilidade de novos lançamentos. Só quem recebe uma boa atenção da mídia especializada tem mais chances de ter um bom montante de vendas no lançamento (e pra isso precisa de "networking", ou falando em um português bem alto e claro, "quem-indica", apesar de haver algumas exceções).

No entanto, se me perguntarem: "É possível se sustentar vendendo jogos?"

Eu respondo que sim, mas dependendo de cada caso, também serão 10 longos anos de trabalho duro, esforço e dedicação. :Okay_fix:

Tem pessoas que se deram muito melhor que eu, outras que se deram muito pior, e muitas que venderam praticamente nada. O sucesso e o fracasso nem sempre dependem apenas da "meritocracia".


Muito obrigado a todos que estavam acompanhando minha história até aqui! :XD:
 
Muito legal sua história cara. Realmente ser um desenvolvedor indie no Brasil é difícil, mas são casos como o seu que mostra para o pessoal que é possível fazer algo que goste e ter um retorno sobre isso. Talvez se enquadre para muitas pessoas como renda complementar ou investimento. Essas taxas do steam que acho que atrapalham bastante imagino eu.

Costumo pensar, e dizer, que cada um tem seu tempo. Que talvez vários anos difíceis são alicerces do sucesso que está por vir. A lista de pessoas que trabalharam 10, 20 anos para ter sucesso é grande. Inclusive alguns milionários tem uma história assim.

Ps: Já tive um microfone destes rs
 
Primeiramente, obrigado por compartilhar esse tipo de experiência conosco (apesar de eu achar que você resumiu demais a parte 3).

CleanWater comentou:
No entanto, se me perguntarem: "É possível se sustentar vendendo jogos?"

Eu respondo que sim, mas dependendo de cada caso, também serão 10 longos anos de trabalho duro, esforço e dedicação. :Okay_fix:

Tem pessoas que se deram muito melhor que eu, outras que se deram muito pior, e muitas que venderam praticamente nada. O sucesso e o fracasso nem sempre dependem apenas da "meritocracia".
Hum, "se sustentar" você quis dizer que, no ápice, consegue ganhar um salário mínimo por mês? Ai complica, especialmente se você viver em uma cidade que o custo de vida é elevado.

Já pesquisei bastante e são pouquíssimos os brasileiros que conseguiram se manter por anos só com Steam, dá para contar nos dedos.

O que funciona é usar a Steam para complementar a renda, como muita gente faz, mas tenho uma ressalva com isso. Em jogos que não são super-trabalhados (nível Momodora 3) eu prefiro ter bem mais gente jogando um jogo meu do que ganhar 200 reais a mais e muita gente não jogar por causa do preço.

Ok, você ganhou bem mais que isso, mas era um jogo zueiro e em outra época, como você mesmo mencionou.
 
FL comentou:
Primeiramente, obrigado por compartilhar esse tipo de experiência conosco (apesar de eu achar que você resumiu demais a parte 3).

Se eu fosse escrever a história completa, daria uns 10 capítulos ou mais no total, mesmo tentando resumir, não ia ser todo mundo que ia ter saco pra ler tudo. :XD:

Hum, "se sustentar" você quis dizer que, no ápice, consegue ganhar um salário mínimo por mês? Ai complica, especialmente se você viver em uma cidade que o custo de vida é elevado.

Já pesquisei bastante e são pouquíssimos os brasileiros que conseguiram se manter por anos só com Steam, dá para contar nos dedos.
FL, isso é bem relativo.

Uma cidade grande com custo de vida alto realmente dificulta bem as coisas. Eu moro no interior, cidade pequena, custo de vida muito baixo. Se eu morasse sozinho, um salário mínimo e meio por mês (o ideal seria 2 ou 3) daria e sobraria pra viver uma vida modesta numa boa. Basta saber administrar.

Na minha opinião, a pergunta que quem quer trabalhar com isso deveria fazer a si mesmo é:
"Serei mais feliz se estiver morando em um apartamento chique no centro de uma cidade grande com um carrão do ano na garagem, ou viver modestamente trabalhando com o que gosto já me basta?"

O que funciona é usar a Steam para complementar a renda, como muita gente faz, mas tenho uma ressalva com isso. Em jogos que não são super-trabalhados (nível Momodora 3) eu prefiro ter bem mais gente jogando um jogo meu do que ganhar 200 reais a mais e muita gente não jogar por causa do preço.

Ok, você ganhou bem mais que isso, mas era um jogo zueiro e em outra época, como você mesmo mencionou.

Jogo "zueiro" entre aspas, pois sempre levei meu trabalho muito a sério, mais a sério do que muitos desenvolvedores de "jogos sérios" por aí, do contrário, não teria chegando tão longe só com isso. A época era outra sim, mas tudo é uma questão de saber se adaptar. Tenho minhas cartas na manga ainda.

Se você apenas quer ver pessoas jogando seu jogo, você vai querer gastar 350 reais (ou mais) só pra botar seu jogo na Steam a preço de banana e nunca ver retorno algum? Se for só pra ver pessoas jogando seu jogo, já temos vários sites como itch.io, Gamejolt, etc. Era nisso que a Steam estava pensando quando criou o Direct. Separar quem é (ou quer ser) profissional de verdade, de quem faz isso só por hobby. Por isso que muita gente que ainda não entendeu isso tá levando ferro até hoje.

Pra quem realmente quer trabalhar profissionalmente com isso, vai ter que não só aprender a como fazer um jogo, mas também a como gerir um negócio (nesse ponto, meu "meio curso" de administração ajudou muito), e principalmente, enxergar isso como um negócio, e não apenas hobby.

Mas a mensagem principal que quis passar nessa história foi:
"Sim, é possível, mas não é fácil. Se você realmente quiser, vai ter que se esforçar muito e estar preparado pra todos os tipos de adversidades."
 
CleanWater comentou:
Uma cidade grande com custo de vida alto realmente dificulta bem as coisas. Eu moro no interior, cidade pequena, custo de vida muito baixo. Se eu morasse sozinho, um salário mínimo e meio por mês (o ideal seria 2 ou 3) daria e sobraria pra viver uma vida modesta numa boa. Basta saber administrar.
Então, o problema é que mesmo essa vida humilde é muito difícil. A prova mesmo é que, no seu ápice, você não conseguiu esse valor.

Falar "posso viver feliz com pouco" só costuma funcionar bem quando se é jovem. Quando se envelhece, muita gente tem problemas na família/filhos e precisa ganhar bem mais que isso, mesmo em uma cidade pequena.

Conheço muitas e muitas pessoas que gastam muuuita grana (mais de 50k reais) com graduação e além para trabalhar com jogos, a maioria não conseguiu nem 1000 reais, alguns poucos conseguiram se manter por pouco tempo e mudaram de área. Como você mesmo disse, a parte de negócios pesa bastante, ainda mais por ser um ramo difícil.

Mas, de fato, é possivel.

CleanWater comentou:
Na minha opinião, a pergunta que quem quer trabalhar com isso deveria fazer a si mesmo é: "Serei mais feliz se estiver morando em um apartamento chique no centro de uma cidade grande com um carrão do ano na garagem, ou viver modestamente trabalhando com o que gosto já me basta?"
Então, existem mais opções, o mundo não é binário. Tenho vários amigos que conseguem tirar +/- 100 conto por hora. Ou seja, em um pouco mais de dois meses conseguem praticamente a "vida ideal" que você mesmo propôs e conseguem gastar o tempo restante em hobbies como fazer games.

O problema é que muita gente tem essa "fantasia" de ser o próximo "Toby Fox", o que não é necessariamente errado, mas pode levar muita gente a sofrer bem mais do que precisa. É como "tentar ser astronauta", mas em uma escala menor.

CleanWater comentou:
Se você apenas quer ver pessoas jogando seu jogo, você vai querer gastar 350 reais (ou mais) só pra botar seu jogo na Steam a preço de banana e nunca ver retorno algum? Se for só pra ver pessoas jogando seu jogo, já temos vários sites como itch.io, Gamejolt, etc. Era nisso que a Steam estava pensando quando criou o Direct. Separar quem é (ou quer ser) profissional de verdade, de quem faz isso só por hobby. Por isso que muita gente que ainda não entendeu isso tá levando ferro até hoje.
Embora concorde com esse pensamento, não é bem assim que a coisa funciona. Tem gente ganhando dinheiro no itch.io e gente com jogo gratuíto na Steam, embora isso tenha diminuido bastante. E o motivo que levou a Steam a colocar mais barreiras para quem lança jogo de graça é porque a Steam, como uma loja, prefere que a galera compre nela, por isso colocou uma taxa.

CleanWater comentou:
Mas a mensagem principal que quis passar nessa história foi:
"Sim, é possível, mas não é fácil. Se você realmente quiser, vai ter que se esforçar muito e estar preparado pra todos os tipos de adversidades."
É uma mensagem muito boa.
 
Falar "posso viver feliz com pouco" só costuma funcionar bem quando se é jovem. Quando se envelhece, muita gente tem problemas na família/filhos e precisa ganhar bem mais que isso, mesmo em uma cidade pequena.

Sei bem disso [member=779]FL[/member]. Um bom exemplo é a situação da minha mãe que citei no "capítulo 1". Só os remédios do coração dela (e alguns outros) levam quase metade do auxílio-doença que ela recebe por mês embora. Com o que sobra não dá pra pagar aluguel, água, luz, mantimentos, etc (é aí que eu entro hoje ^_^).

É por isso que sempre recomendo quem quer começar a trabalhar com isso não largar o emprego antes de conseguir se firmar no mercado.

Então, o problema é que mesmo essa vida humilde é muito difícil. A prova mesmo é que, no seu ápice, você não conseguiu esse valor.

Cara, é aí que entra a questão das adversidades que falei. Mesmo com as mudanças na Steam, eu consegui me adaptar muito bem. Em 2017 eu abaixei o preço do Porradaria 2 e lancei o pacote "Porradaria 3 em 1", e tava vendendo que nem água. Mesmo com o dólar na casa dos 3 e tanto, eu tava conseguindo um rendimento bom.

Se o dólar não tivesse ido pra casa dos 4,20 ano passado, o "certo alguém" não tivesse lançado o "certo vídeo" logo antes da promoção de natal de 2017, e eu não tivesse dado a burrada de lançar o Fantasya Final Definitiva incompleto pra depois tentar vender a parte 2 como DLC*. Provavelmente teria conseguido 1 salário mínimo e meio em 2018.

É nisso que as pessoas tem que estar preparadas também. Não basta ter apenas experiência no ramo, existem fatores externos totalmente fora do seu controle que também influenciam nas vendas (economia mundial, reviews, etc). E mesmo com experiência, você também pode cometer erros (como foi o caso do FFDR e o DLC).

*DLCs não tem tanta visibilidade quando lançadas comparado a jogos na Steam (mesmo depois de lançadas, quase ninguém enxerga elas na loja também). Se tivesse feito como está agora (jogo completo, mas pode baixar a demo da parte 1), teria pego carona na visibilidade do lançamento e vendido muito mais.
 
Primeiramente, obrigado por compartilhar esse tipo de experiência conosco (apesar de eu achar que você resumiu demais a parte 3).

Passando só pra avisar que vou continuar a história no meu blog recém-aberto (http://www.cleanwatersoft.com). Vou contar a história mais detalhada como havia planejado inicialmente. :Okay_fix:
 
Prezado [member=1673]CleanWater[/member] ,


Gostaria de agradecer por compartilhar conosco sua história e seu desenvolvimento como profissional na área. Parabéns pela sua conquista, terminar a versão demonstrativa de um projeto já é um sonho para muitos (incluindo eu), imagine então conseguir vender o jogo concluído. Parabéns mais uma vez.

Lendo seu relato, surgiram algumas perguntas:

1. Quando você vendeu o seu primeiro exemplar de jogo?
2. Você usa apenas a Steam para venda dos seus jogos?
3. Quais outras ferramentas e meios você usa para manter essa meta mensal?
4. Você consegue se manter vendendo apenas jogos ou realiza outros serviços?
5. Dentre os seus produtos, qual você considera o maior sucesso e qual o menor?
6. Quando você lançou seu ultimo produto?

Espero não ter sido muito invasivo nesses questionamentos, mas minha curiosidade está realmente me obrigando a fazer essas perguntas. Fique totalmente à vontade para não responder qualquer uma destas.

Grato pela atenção.


Abraço.​
 
[member=1349]Dobberman[/member], obrigado pelo comentário!

Vou responder todas essas perguntas na história detalhada do blog, como era minha intenção inicial. :awesome:

É muita coisa pra contar e não dá pra responder de maneira tão resumida. Pretendo postar pelo menos todo fim de semana um capítulo novo. :XD:
 
Nao por preguiça de ler, mais um podcast  ao estilo Iconicast seria muito bom de ouvir você contando a sua historia.
 
As vezes num estilo, entrevistador contra entrevistado conseguis esclarecer mais historia, ainda mais um podcast de 1 hora, o que daria pelo menos umas 11 mil palavras. Assim, sem querer abusar, mais pelo que já li da sua historia você tem muito a dizer ainda. ehehe

De resto, adorei a sua historia e se você continuar por escrito ainda vai ser um prazer ler e quero que saiba que depois de ler tudo eu me incentivei muito a voltar a perseguir o meu velho sonho.

 
julioou comentou:
As vezes num estilo, entrevistador contra entrevistado conseguis esclarecer mais historia, ainda mais um podcast de 1 hora, o que daria pelo menos umas 11 mil palavras. Assim, sem querer abusar, mais pelo que já li da sua historia você tem muito a dizer ainda. ehehe

De resto, adorei a sua historia e se você continuar por escrito ainda vai ser um prazer ler e quero que saiba que depois de ler tudo eu me incentivei muito a voltar a perseguir o meu velho sonho.

Haha, que bom que te incentivei! Era isso mesmo que eu queria, incentivar as pessoas a nunca desistirem dos seus sonhos! :awesome:

Não vou mentir, a estrada é cheia de pedras e adversidades. E uma coisa que ninguém nunca nos diz é que essa estrada não tem fim, quando você pensa ter chegado no final, percebe que ainda tem muito mais pela frente. Mas o que realmente importa na vida não é o seu destino, mas sim como você decidiu trilhar o seu caminho.

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Apesar de ter dito que não iria postar mais nada relacionado a meu trabalho aqui, só gostaria de avisar que vou continuar contando minha história no blog. Muita gente daqui está acompanhando, por isso não poderia deixar de avisar.

A propósito, agora é que vou começar a contar a parte de como consegui passar a me sustentar com isso. O sexto capítulo "Meu Jeito ninja de Ser" começa justamente na parte que consegui entrar pra loja Desura para então conseguir o dinheiro da taxa do Steam Greenlight.

http://www.cleanwatersoft.com.br/2019/06/meu-jeito-ninja-de-ser.html


Grande abraço pra todos vocês! o/

Em breve postarei também os gráficos de vendas com os números exatos de unidades vendidas, receita bruta e líquida também. :awesome:
 
O blog do blogger deixou de ser o site oficial da CleanWaterSoft para ser só meu blog pessoal mesmo.
O endereço agora é: alyssonlneto.blogspot.com

Aproveitei e dei uma atualizada no post principal com o link direto pra cada capítulo também. :XD:

Duvido que alguém aqui vai ler, mas em todo caso, boa leitura! :ok:
 
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