Ellye comentou:
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Discordo disso. Acho que cada um escuta o que gosta de escutar, lê o que gosta de ler, assiste o que gosta de assistir, joga o que gosta de jogar, etc. O papel disso é entretenimento. É algo pessoal. Você não precisa ficar se forçando a se adequar a um padrão "universal" (que, claramente, não é universal, caso contrário seria fácil que todos apreciassem).
Música, em geral, nos afeta por conexões emocionais. Muitas vezes por causa de memórias. Em geral a maior parte das pessoas escuta as mesmas músicas que escutava enquanto crescia, as músicas "do tempo dela", porque são as músicas que vão trazer memórias de momentos da vida dela, são as músicas que tem algum significado para a pessoa. Acho bobeira imaginar que "o povão" é um bando de pessoa sem capacidade de autorreflexão e imaginar que somos algum tipo de "elite intelectual" com capacidades extras (
XKCD relevante). Somos todos humanos, cada um com suas respectivas experiências de vida, e isso reflete nos nossos gostos e comportamentos.
E minha opinião pessoal: músicas feitas com foco em qualidade técnica geralmente não me agradam. Aquelas músicas claramente feitas para outros músicos apreciarem, parecem mais um portfólio do que uma música mesmo. Alias, me lembram a frase da minha assinatura.
(Por favor não entenda isso como uma resposta mal educada e qualquer coisa do tipo, estou apenas escrevendo isso por que acho gostoso e aprecio quem quiser discutir algum ponto comigo =D )
Bom, eu entendo em que sentido discorda. Mas me dê o direito de réplica, pro favor =D . Também concordo que música deve servir para entretenimento, mas essa é uma crítica mais profunda que trata justamente quando a cota de entretenimento já passou e entra pra formação da mente da pessoa mesmo. Música não é só entretenimento, também é arte. E arte é algo indispensável pra formação da alma. Vamos por partes, estilo Frankestein.
Primeiro que a qualidade universal a que me refiro
não é nenhum padrão a ser tudo adequado, e sim a representação do que há de melhor independente de seguir algum padrão ou não. Pode ser uma música com gênero bem característico, ou não obedecer a nenhuma classificação. O único requisito para poder fazer parte desse restrito grupo é justamente ter reconhecimento merecido por quem entende do assunto. E eles são universais sim na medida em que pessoas (bem treinadas, diria) de qualquer época reconheceriam o valor.
Essa é a universalidade de que estamos falando aqui, da atemporalidade, e não a do consenso universal. A pessoa pode até permanecer cega e surda para as realidades mais óbvias, o que dirá ter sensibilidade para apurar a qualidade de algo que nada compreende.
Segundo que gosto é construção, é aprendizado. Você aprende a gostar do que está á sua volta,
não tem como gostar do que não existe á sua volta. Eu, por exemplo, ouvia muito Beatles por causa do meu tio quando criança e aprendi a "gostar" deles por conta disso. Claro, a inversa nem sempre é o contrário, você pode viver ouvindo algo e seu filtro se recusar a deixar aquilo entrar, mas para isso você precisa ter algum critério ou padrão de qualidade. E é disso que estou falando.
No mais, sim cada um pode gostar do que quiser... (Se conseguir!). Ninguém precisa abandonar isso. Mas isso não pode ser desculpa para não arrumar algo melhor. Seria o mesmo que usar um português ruim como justificativa para não aprender bem um novo idioma. (E olha que o português também já está bastante degradado, talvez o Joe possa dar o aval dele aqui =D)
Música para trazer memórias? Concordo 100%, com o já citado exemplo dos Beatles. Comprei um pôster maneiro deles um dia desses. Mas ainda tem a questão da música porca. Nem tudo que eu lembro de música, digamos de 10 ou 15 anos atrás, vale a pena recordar. Claro, a memória associa muito certas músicas às lembranças, mas tem certas músicas que dá vergonha de lembrar como eu gostava daquilo... (Bem, isso é só um comentário pessoal) Admitir isso não é nenhum mal, na verdade é um sinal de avanço.
Não é as lembranças de infância que quero atacar e sim garantir que as infâncias de hoje tenham lembranças melhores no futuro. Ou você vai dizer que quer que suas crianças tenham o mesmo padrão moral de quem escreve essas músicas vulgares que nós vemos hoje em dia?
Agora vamos parar para pensar, num panorama mais amplo...
Por que a Mídia nos empurra porcarias cada vez mais indigeríveis? É por que isso que o povo quer? Ou por que acostumaram o povo a ouvir isso? Música de má qualidade é muito mais fácil de produzir e é algo viral. É fast food mental. A Mídia, que não tem nenhum critério fatura em cima disso, enquanto o gosto musical das pessoas degrada-se cada vez (lembra do que eu falei a respeito de gosto?). É literalmente lucrar em cima da desgraça dos outros.
O povo, as pessoas, vivem sempre cheio de problemas.
E o que a música porcaria é, senão junto com o álcool e outras drogas, uma forma de fuga da realidade, de extravasar, de escrachar o resto? Vai dizer que isso tem algum valor? Traz alguma solução ou melhora pra nossa vida? Se em vez de uns selvagens tratados à pão (estado) e circo (mídia) tivéssemos um pouco senso crítico de saber procurar o que é melhor pra nós? Daí tudo se resolveria mais fácil... Primeiro ficaríamos mais inteligentes, em seguida conseguiríamos resolvemos nossos problemas na sequência.
Mais uma vez para que fique bem claro... "Se força" a ouvir algo melhor quem quiser, mas cada um que responda por qualquer crítica que pode vir desse tipo de atitude. Não é importante se alguém faz isso ou não e sim reconhecer que há algo melhor, um ideal que pode ser perseguido. Meu objetivo não é forçar ninguém a ouvir nada; também não me acho nenhum tipo de elite e sim busco o meu
aperfeiçoamento pessoal. Se as pessoas acham ruim o fato de outra pessoa possuir algo melhor ou obter algum tipo de sucesso, aí não é problema meu. Nem preciso remontar às origens do Brasil ou citar aquela célebre frase de Tom Jobim para exemplificar isso.
Por fim... Não defendo nenhum tipo de elitismo, muito pelo contrário, uma democratização do que realmente há de bom.
Todos deveriam ter acesso ao que há de melhor. Pode ver lá no meu post que foi exatamente o que fiz. Seria dever da Mídia garantir isso. Mas se o povo sozinho não acorda e os mais inteligentes ou poderosos (a Mídia mesma) estão interessados em que as coisas sejam assim, não me resta outra conclusão além de que o povo como um todo é exatamente esse tipo de massa que você falou.
Claro, povão como um todo é uma coisa, as pessoas individualmente são outro caso, geralmente em casos pessoais tudo é muito mais justificável. Não tenho crítica nenhuma a meus amigos e colegas, e até a quem não conheço. A crítica se dirige a como um sistema mantém a massa na rédea curta e como um individual pode escapar disso. Já o caso do povão como massa "inteligente", dá para ver que nem sempre um todo é igual ou maior do que a soma das partes; me parece ser o contrário aqui.
Um forte abraço!
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[member=320]JoeFather[/member]
Grande comentário, companheiro. Eu concordo com você e com a Ellye, mas tenho que fazer ressalvas aqui. Ter algum critério, algum parâmetro de comparação. Quão baixas vão ser as músicas se ninguém parar um pouco para criticar? Bem, não estou lançando essa pergunta à você (você não precisa respondê-la), mas sim ao todo, ao estado das coisas.
Creio que devam haver músicas variadas e de qualidade variada sim, até eu gosto de parar parar dançar sem nenhum compromisso com música e letra; mas não concordo que as ruins sejam ressaltadas em detrimento das boas. É uma inversão completa de qualquer padrão moral minimamente aceitável. Você concorda com isso? (Bem, essa foi pra você, haha)
Bom ver que você ainda procura músicas que tem alguma qualidade para seu dia-a-dia, independente do gênero. Deixemos as porcarias para a ocasião delas e guardemos para nós as melhores.