Ouça o Toca Do Dragão!
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Conto de Terror para o #Halloween2023 - A Lenda da Broba Sorridente
NAO_ME_DELETE.ogg
Era Dia das Bruxas. Outra vez. O ano estava acabando. Outra vez. Aquele era o meu sexto ou quinto projeto de jogo inacabado. Outra vez. Eu estava resistindo a inércia de largar tudo e começar um projeto audacioso, sim! Gritos eufóricos em minha mente, eu teria tudo diferente e eu faria tudo novo, único, original e singular! Isso! Eu olho para os livros de programação empoeirados na estante, mas quem eu estou tentando enganar?
Dei um longo suspiro.
Algo sobre mim que há muito me perturba é que eu sempre largo os meus projetos e parto para novas ideias sem nem ao menos pensar no que estou fazendo ou mesmo levar em consideração todo o esforço que eu tive para chegar até aquele resultado que estava tão ávido a desistir de vez.
Desci na cozinha. Peguei um copo de água, o relógio estava travado às dez e quinze, eu não sabia que horas eram e nem me preocupei em olhar no canto da área de trabalho do meu computador pra saber que horas eram. Isso das horas, na verdade, nem me importava. Bebi a água em goles curtos pra controlar a minha ansiedade, então eu ouvi um barulho que destruiu a atmosfera de silêncio na minha casa, eu não sabia as hora s de fato, mas sabia que já era madrugada, meus pais estavam viajando e eu estava sozinho, subi as escadas em passos largos, até congelei.
Por entre o vão da escada eu via uma luz vermelha bruxuleante em meu quarto e um som em 8 bits que parecia uma melodia conhecida, mas não era, eu nunca ouvira tal canção, ela tinha um compasso torto e vez por outra falhava quase que intencionalmente com uma pequena distorção aguda.
Eu respirei fundo. Uma. Duas. Três vezes. Fui em direção a minha porta e eu juro. Juro por tudo que mais me é sagrado, que no meu lugar sentado estava uma pessoa, ela não me lembrava ninguém em particular, engasgando e tremendo a voz eu disse:
Um momento de silêncio ensurdecedor se passa, eu me sinto paralisado, horrorizado demais pra fazer alguma coisa, ela levanta a mão vagarosamente e aponta para o monitor — “DELETAR?” — estava escrito em branco por cima do fundo vermelho radiante, embaixo as opções “Sim e Não”, eu cliquei instintivamente pegando a ação, a criatura soltou um grito digital terrível e partiu pra cima de mim se movendo de maneira irregular eu tento gritar por ajuda mas não consigo então um barulho familiar, um despertador?
Eu acordo com a tela do projeto aberto na minha frente. O que diabos foi aquilo? Meu coração palpitava acelerado, a porta do meu quarto se abre e minha mãe entra:
NAO_ME_DELETE.ogg
Era Dia das Bruxas. Outra vez. O ano estava acabando. Outra vez. Aquele era o meu sexto ou quinto projeto de jogo inacabado. Outra vez. Eu estava resistindo a inércia de largar tudo e começar um projeto audacioso, sim! Gritos eufóricos em minha mente, eu teria tudo diferente e eu faria tudo novo, único, original e singular! Isso! Eu olho para os livros de programação empoeirados na estante, mas quem eu estou tentando enganar?
Dei um longo suspiro.
Algo sobre mim que há muito me perturba é que eu sempre largo os meus projetos e parto para novas ideias sem nem ao menos pensar no que estou fazendo ou mesmo levar em consideração todo o esforço que eu tive para chegar até aquele resultado que estava tão ávido a desistir de vez.
Desci na cozinha. Peguei um copo de água, o relógio estava travado às dez e quinze, eu não sabia que horas eram e nem me preocupei em olhar no canto da área de trabalho do meu computador pra saber que horas eram. Isso das horas, na verdade, nem me importava. Bebi a água em goles curtos pra controlar a minha ansiedade, então eu ouvi um barulho que destruiu a atmosfera de silêncio na minha casa, eu não sabia as hora s de fato, mas sabia que já era madrugada, meus pais estavam viajando e eu estava sozinho, subi as escadas em passos largos, até congelei.
Por entre o vão da escada eu via uma luz vermelha bruxuleante em meu quarto e um som em 8 bits que parecia uma melodia conhecida, mas não era, eu nunca ouvira tal canção, ela tinha um compasso torto e vez por outra falhava quase que intencionalmente com uma pequena distorção aguda.
Eu respirei fundo. Uma. Duas. Três vezes. Fui em direção a minha porta e eu juro. Juro por tudo que mais me é sagrado, que no meu lugar sentado estava uma pessoa, ela não me lembrava ninguém em particular, engasgando e tremendo a voz eu disse:
— e…Hey… Quem é você? O que está fa-fazendo aqui? — gaguejei — E-eu vou chamar a polícia!
A figura, ao se virar para mim, com os tons estroboscópios de vermelho do monitor dançando na escuridão do meu quarto e contornando seu rosto, abre sua boca. Silêncio e então o som distorcido em 8 bits volta mais uma vez, ela se levanta e com um clarão forte eu identifico… era… eu.. Mas não “eu” era algo que se parecia comigo, como uma imagem distorcida por um espelho os olhos negros e vazios.Um momento de silêncio ensurdecedor se passa, eu me sinto paralisado, horrorizado demais pra fazer alguma coisa, ela levanta a mão vagarosamente e aponta para o monitor — “DELETAR?” — estava escrito em branco por cima do fundo vermelho radiante, embaixo as opções “Sim e Não”, eu cliquei instintivamente pegando a ação, a criatura soltou um grito digital terrível e partiu pra cima de mim se movendo de maneira irregular eu tento gritar por ajuda mas não consigo então um barulho familiar, um despertador?
Eu acordo com a tela do projeto aberto na minha frente. O que diabos foi aquilo? Meu coração palpitava acelerado, a porta do meu quarto se abre e minha mãe entra:
— Oi, meu filho! Como você está? Dormiu alguma coisa?
— Mãe! Eu nem vi vocês chegarem!
— Nós chegamos ontem, seu pai foi tomar um banho e eu vim aqui no quarto, era madrugada, falei com você mas não me respondeu, estava fazendo aquele seu jogo pro Condado Braveheart né? E aí terminou?
Não respondi. Ela se foi me deixando imerso em pensamentos, aquilo tudo aconteceu mesmo… Hã? O que é isso, tem algo na lixeira do computador? “NAO_ME_DELETE.ogg” um áudio de 3 horas? Um arrepio gelado corre na minha espinha. Eu desligo o computador.