Em uma gélida noite em Terralux, na véspera de Natal, todos se recolhiam em suas casas, inclusive os goblins e cogumelins, que celebravam em suas tocas com seus amigos.
"Mãe, o que é o Natal? Por que o celebramos?", pergunta Lumine, cheia de curiosidade. Alice pondera por um momento.
"O Natal é uma espécie de festival que os nativos de Henne celebram, e como o Império e Henne são aliados próximos, acabamos por aderir à celebração... Mas sinceramente, não sei por que eles comemoram este feriado", diz ela. "Helena, você sabe de algo?"
Helena, com uma taça de vinho em uma mão, bebe um pouco e, com a outra mão, abre seu grimório, os Registros Akáshicos, e começa a ler o que está escrito ali.
"Parece que o Natal é um feriado que simboliza o nascimento do Messias, o Salvador do mundo deles", explica Helena. "E, como celebração, eles trocam presentes e celebram a noite toda. É um evento tão importante que, em uma noite de Natal, dois países em guerra declararam paz durante o feriado e compartilharam bebidas entre si."
Lumine fica surpresa ao descobrir tudo isso.
"É incrível ver que as pessoas respeitam tanto esse dia que deixam suas diferenças de lado para celebrar... E é interessante saber que até mesmo as criaturas do nosso mundo respeitam isso; até os goblins celebram o Natal e deixam de atacar vilas e aventureiros nesse dia."
Lumine olha ansiosamente para a árvore de Natal, aguardando abrir os presentes que receberá na manhã seguinte.
"Muito bem, já é hora de ir dormir, minha filha", diz Alice. "Crianças como você devem ir dormir cedo para crescerem adequadamente."
Lumine retorna ao seu quarto, mas não consegue dormir devido à empolgação para a manhã seguinte.
Infelizmente, as coisas não transcorreram como o esperado. No dia seguinte, Lumine acordou cedo e correu para ver os presentes sob a árvore... e não havia nada. Alice e Helena estavam lá, desapontadas e preocupadas.
"O que aconteceu?", perguntou Lumine.
"Todos os presentes do reino foram roubados, as decorações destruídas, e as comidas de Natal jogadas fora... E não conseguimos encontrar um culpado. O Natal foi destruído", diz Helena, com voz pesarosa.
Os olhos de Lumine se esvaziam, perdendo-se em pensamentos por alguns minutos, antes de voltar silenciosamente para o seu quarto. Deitada em sua cama, ela enterra o rosto no travesseiro, absorvida pela desilusão do Natal destruído. Subitamente, um som intrigante ecoa debaixo da cama, capturando sua atenção. Ao verificar, Lumine encontra a Chave Onírica, um presente de Onyria, a Deusa do Sono, concedido por ter salvado os Reinos Oníricos, brilhando intensamente.
Lumine segura a chave, observando-a atentamente por alguns momentos, quando uma centelha de determinação acende em seu coração. "Vamos salvar o Natal!", exclama ela, decidida a restaurar a alegria e a magia da festividade para Terralux.
Ela segura a Chave Onírica com firmeza contra o peito.
"Onyria, você está me ouvindo?" pergunta Lumine. "Eu preciso de ajuda! Alguém quer estragar o Natal!"
Então, uma voz ressoa na mente de Lumine.
"Estou te escutando, Lumine."
Era a voz de Onyria.
"O mundo dos sonhos também está caótico por aqui, com as pessoas do seu mundo tendo seus sonhos e esperanças para o Natal destruídos, os Reinos Oníricos congelaram!" diz Onyria, preocupada. "Cecília e os outros Sonhos estão tentando descobrir quem causou isso."
Nesse momento, um ruído de porta abrindo violentamente acontece.
"Eu descobri!" A voz que ecoa na mente de Lumine parece familiar. "Encontrei o culpado por destruir o Natal!"
Era a voz de Cecília.
"Escute com atenção", continua Cecília. "Quem fez isso foi um Duende."
"Duende?" questiona Lumine. "Por que um Duende faria isso? Eles não são os ajudantes do Papai Noel?"
"Isso eu não sei te dizer... Você vai ter que descobrir por si só", diz Cecília. "Mas parece que há um movimento suspeito perto da floresta congelada do castelo. Você deveria investigar."
Determinada, Lumine se prepara para sair e investigar. Ela veste seu casaco de Natal, um imponente manto vermelho e branco, e transforma sua Chave Onírica na poderosa Lâmina Onírica antes de deixar o castelo.
O frio lá fora era penetrante, e a espessa camada de neve tornava difícil para Lumine andar, frequentemente fazendo-a tropeçar.
"Onde pensa que vai, catarrenta?"
Era Rosetta, encostada em uma parede, observando o céu como se estivesse esperando a passagem de Lumine.
"Não está pensando em encontrar o culpado e recuperar todos os presentes roubados, está?" pergunta Rosetta, já antecipando a resposta. "Você não luta desde as Noites de Tormenta, e o Salão Âmago não vai te ajudar novamente. Esqueça."
"Eu preciso tentar!" insiste Lumine. "Não posso ficar parada enquanto alguém acaba com o feriado de todo mundo..."
Rosetta ajeita seu cachecol e se afasta.
"Faça como quiser, só não cause mais problemas para a sua mãe ou para a Helena," adverte ela antes de sair.
Lumine suspira, determinada, e então parte em direção à floresta nos arredores do castelo, pronta para enfrentar os desafios que a esperam.
As árvores, completamente desprovidas de folhas e congeladas, compunham uma floresta sem vida. Lumine sentia constantemente olhares sobre si naquele lugar desolado, mas não conseguia detectar ninguém além dela mesma. Até que, de repente, um ataque surpresa aconteceu.
Uma horda de goblins emergiu de todos os lados. Lumine se defendia habilmente com sua Lâmina Onírica, revidando os ataques com intensidade, porém sem tirar a vida de nenhum deles. Eventualmente, todos os goblins caíram no chão.
Lumine aponta sua arma para um deles. "Dessa vez eu não vim para brigar," diz ela. "Alguém roubou os presentes de Natal de todas as pessoas do reino, e eu quero saber quem foi."
"Me disseram que houve uma movimentação suspeita por aqui. Foram vocês?" pergunta Lumine, com cautela.
Um goblin se levanta e começa a falar. "Nós também tivemos nossos presentes e comidas roubados. Pensamos que fosse algum tipo de ataque covarde de sua raça," diz ele, com raiva na voz. "Somos selvagens, mas não atacamos no Natal."
Lumine fica desconfiada por um momento, mas pondera sobre o que ele disse e abaixa sua arma. Afinal, não há registros de ataques de goblins no Natal e na véspera.
"Então vocês também foram roubados..."
"Esse Duende está acabando com o Natal de todo mundo."
O goblin fica pensativo por alguns momentos. "Uma aliança temporária," sugere ele.
"O que?" pergunta Lumine.
"Uma aliança temporária!" insiste o goblin. "Vamos fazer uma aliança temporária até encontrarmos o culpado!"
Lumine pondera por alguns instantes. Goblins são conhecidos por serem trapaceiros e ardilosos, envolvidos em atividades sombrias. No entanto, eles nunca agiram no Natal, demonstrando certo respeito pelo feriado.
"A voz de Cecília ecoa na mente de Lumine, "O inimigo do meu inimigo é meu amigo. Eles não são confiáveis, mas vocês têm um inimigo em comum. Talvez devessem se ajudar só desta vez."
"Bom, se você está dizendo..." murmura Lumine. "Muito bem, vamos nos ajudar. Mas depois que tudo estiver resolvido, nós voltamos a ser inimigos."
"Fechado!" concorda o goblin. "Você tinha dito que foi um Duende, não é? Na noite passada, alguns de nós viram uma criatura de baixa estatura bisbilhotando nossos presentes, mas pensamos que fosse um de nós. Parece que ele foi para o sul."
Após horas caminhando para o sul, Lumine e os goblins deparam-se com um grupo de cogumelins, todos aparentando tristeza.
"Cogumelins!" exclama um goblin. "Devem ter sido eles que roubaram nossos presentes!" O goblin tenta avançar contra eles, mas Lumine o segura pelo pescoço.
"Calma, cabeçudo," diz ela. "Não é porque goblins e cogumelins são arqui-inimigos que eles roubaram os presentes de vocês. Eles parecem estar tristes também."
Lumine se aproxima cautelosamente dos cogumelins, mas ao vê-la, eles ficam furiosos e tentam atacá-la. Entretanto, um dos goblins a defende.
"Cogumelins são tão trapaceiros quanto goblins, não confie neles," adverte ele.
Assim, uma briga generalizada entre goblins e cogumelins se inicia. Quanto mais cogumelins eram derrotados, mais apareciam. Era uma luta que parecia não ter fim.
Lumine, sentindo a urgência de conter a violência, finca a Lâmina Onírica no chão e grita: "PAREM!" Uma poderosa onda de energia é liberada pela espada, derrubando todos os goblins e cogumelins e destruindo as árvores ao redor.
"Eu sei que vocês se odeiam, e eu odeio vocês também!" grita ela. "Mas nós não viemos aqui para brigar! Roubaram os presentes de todo mundo e estamos procurando!"
Um cogumelin se levanta. "Roubaram os presentes de vocês também?" pergunta ele. "Pensamos que fosse algum tipo de ataque goblin."
"Sim, roubaram os presentes de todos. Pelo que parece foi um Duende," diz Lumine.
"Duende? Mas eles não são os ajudantes do Papai Noel? Eles deveriam nos entregar os presentes, e não tirá-los de nós," comenta o cogumelin.
Lumine fica cabisbaixa. "É o que eu pensei também."
O cogumelin olha para os outros de sua raça e começa a fazer algum tipo de mímica. Depois de algum tempo fazendo gestos, ele se vira para Lumine.
"Apesar de odiarmos humanos e goblins, vamos ajudar vocês."
Lumine fica surpresa. "Vão nos ajudar?"
"Sim. Um de nós viu uma criatura de baixa estatura e orelhas pontudas na noite passada indo em direção à caverna congelada. Não fizemos nada pois pensamos que fosse você, e apesar de também odiarmos humanos, a criatura estava em uma distância segura, então não havia motivo para atacarmos."
Lumine fica pensativa por um momento. "A caverna congelada... Aquela caverna que só é acessível no inverno ou de barco durante as outras estações. Eu nunca fui lá, mas já ouvi a Rosetta falando dela. Segundo ela, aquela caverna é enorme e tinha um necromante que vivia lá; ele tinha uma pilha bem grande de esqueletos dentro da caverna..."
Lumine coloca a mão em sua cintura e olha para cima. Depois de algum tempo pensando, sua expressão muda.
"É isso! O Duende está usando aquela caverna gigante porque ela tem tamanho suficiente para armazenar todos os presentes do reino! Vamos! Vamos para aquela caverna!"
E então, ela sai correndo, deixando os goblins e cogumelins para trás.
Após minutos de caminhada, a equipe chega ao lago congelado, no centro do qual encontra-se uma pequena ilha com a caverna congelada. Lumine se vira para os goblins e cogumelins.
"Chegou a hora, vamos recuperar nossos presentes. Eu sei que nós nos odiamos, mas temos que trabalhar em equipe. O Duende não vai entregar os presentes sem antes lutar."
Um goblin murmura. "Nunca pensei que teria de lutar ao lado de uma humana e de cogumelins. Talvez eu não consiga fazer isso."
Lumine faz um pequeno sorriso. "E ao lado de aliados?"
O goblin fica pensativo e depois faz um gesto de positivo com a mão. "Bem, talvez assim eu consiga."
E então, todos eles atravessaram o lago e entraram na caverna.
Enquanto caminhavam pela caverna, um cogumelin começou a falar. "Eu estava pensando... Apesar de todos nós sermos de raças diferentes e nos odiarmos profundamente, somos todos irmãos e irmãs."
"O que você quer dizer?" pergunta Lumine.
"Somos todos Terraluxianos, e todos nós fomos criados pela mesma divindade: Protectia," diz o cogumelin.
"Não fale bobagens!" grita um goblin. "Humanos foram criados por Protectia, mas nós, os monstros, somos frutos do pecado, o resultado de relações entre os demônios de Eligos e a fauna e flora de Terralux. Somos filhos de Eligos e dos Abissais, e não de Protectia."
Um silêncio ensurdecedor ocorre.
"Os demônios são os filhos dos Abissais com os Corrompidos. Os corrompidos eram humanos que foram seduzidos pelas mentiras dos Abissais. Vocês ainda têm sangue humano correndo pelas suas veias. Não deixam de ser filhos de Protectia," diz Lumine. "São filhos impuros, filhos nascidos na escuridão, mas ainda assim, são filhos dela. O cogumelin está certo, somos irmãos e irmãs de raças diferentes. Somos todos Terraluxianos."
O goblin fica quieto.
Finalmente, o grupo chega ao final da caverna, uma área vasta sem fim à vista. No centro, uma enorme pilha de presentes estava guardada, com um Duende sentado aos pés dela.
"Ah, então finalmente vocês chegaram. Vieram recuperar os seus presentes? Hehehe," diz o Duende.
Lumine segura firme sua Lâmina Onírica. "Isso mesmo! Devolva os presentes que você roubou!" grita ela.
O Duende fica com a cara toda vermelha de raiva. "Nunca! Vocês não são dignos de comemorar o Natal! Não é a cultura de vocês! Estão se apropriando de uma cultura que NÃO É SUA!"
Lumine começa a rir. "Uma cultura que não é nossa? Realmente, não é nossa cultura. Mas os Terraluxianos são muito próximos dos Henneanos, e eles nos ensinaram o significado do Natal. Nós sabemos o significado dele, e eles nos deixaram comemorar junto com eles."
O Duende grita. "MAS EU NÃO DEIXEI! E EU NÃO VOU DEVOLVER OS PRESENTES PARA NINGUÉM!"
Com seus poderes mágicos, o Duende convoca um exército para lutar ao lado dele. Eram muitos Quebra-Nozes e Elfos Natalinos. Lumine fica assustada por um momento, mas lembra que também tem aliados ao seu lado.
E então, uma voz ecoa em sua mente. "Lumine, eu senti sua falta e sabia que você estava aprontando." Era a voz de Helena. "Olhe para o lado."
Uma luz cegante aparece ao lado de Lumine, e quando ela desaparece... Era Helena, e ao seu lado estava Rosetta.
"Criança quieta é problema," murmura Rosetta. "Mas você sabia o que eu ia fazer...", diz Lumine.
De repente, o teto começa a quebrar, e de lá de cima cai algo. Era Lunari.
"Tô na área, derrubou é pênalti!" grita Lunari.
"A Solis veio?" pergunta Lumine.
"Não, ela disse que tinha certeza de que íamos voltar machucadas, então ela ficou no Templo preparando curativos," diz Lunari, "Enfim! Acho que todos estão aqui! Cai pro pau, Duende!"
O Duende e seu exército começam a avançar.
"Terraluxianos!" grita Lumine, "AVANTE!"
E então, o grupo de Lumine avança contra o exército do Duende, e uma grande luta acontece. Helena produzia raios pelas palmas de suas mãos, Rosetta executava seus inimigos com sua arma gélida, e Lunari acertava muitos com seu arco.
Depois de horas de intensa batalha, só restou Lumine e o Duende em pé. O Duende ainda tinha muita energia, enquanto Lumine estava exausta e mal conseguia se manter em pé.
O Duende começa a rir sádicamente. "Desista! Vocês não são dignos de comemorar o Natal!"
Lumine fica quieta por um minuto. "O que foi, não tem energia nem para falar? Vocês são uma piada!" diz o Duende.
"Quem você pensa que é para julgar quem é digno e quem não é para comemorar o Natal?" pergunta Lumine, seus cabelos agora esvoaçantes e reluzentes.
O Duende fica boquiaberto. "Quem EU sou? Quem VOCÊ pensa que é?"
Lumine começa a rir. Não era mais Lumine, era a outra pessoa que estava no comando agora. "Quem eu sou? AHAHAHA! Eu sou a ÚNICA que pode julgar as pessoas! Eu sou a Juíza, eu sou o Júri, eu sou a Lei, EU SOU A JUSTIÇA ENCARNADA: IUSTITIA!"
Lunari fica assustada por um momento. Iustitia larga a Lâmina Onírica e avança contra o Duende, desferindo vários socos nele. Iustitia o derruba e levanta suas mãos para cima, começando a formar uma enorme esfera de energia sobre elas.
"IUSTITIA, PARA!" grita Lunari.
Iustitia se vira. "Hmpf, muito bem. Você se safou, Duende, agradeça a Lunari," murmura Iustitia.
Os cabelos dela param de reluzir e então caem no chão, devolvendo o controle do corpo para Lumine. Lumine se levanta, confusa. Mas ao ver o Duende, ela se lembra de seu objetivo.
"Devolva os presentes... Por favor," diz ela, com voz de choro.
"Então, me diga. Me diga qual o significado do Natal. Diga-me isso e eu devolverei os presentes e consertarei tudo," diz o Duende, deitado no chão e sem forças para levantar.
"O significado do Natal é... Celebrar com os amigos, agradecer por tudo o que passaram juntos e ainda vão passar. É mostrar o quanto você se importa com seus entes queridos passando um tempo com eles," diz Lumine.
Lumine então cai no chão, pois não tem mais forças para se manter em pé. "O SIGNIFICADO DO NATAL É CELEBRAR A NOITE TODA COM OS AMIGOS QUE FIZEMOS NO CAMINHO!" grita Lumine.
Os olhos do Duende se enchem de admiração. "Incrível. Eu não tinha percebido isso. Eu não tinha percebido o quão importante é esse evento para vocês. Três raças que se odeiam se juntaram para salvar o Natal. Eu não tinha percebido que vocês amavam tanto esse feriado," diz o Duende, "Muito bem, vou desfazer tudo. Vou devolver os presentes, refazer as decorações e as comidas também."
E com um piscar de olhos, Lumine se encontra em sua cama. Era de manhã. Sem ferimentos e ela não estava mais cansada.
Lumine corre para a sala, e os presentes estavam de volta embaixo da árvore de Natal. Era manhã de Natal, e o Duende desfez tudo o que tinha feito. Apenas Lumine se lembrava do que tinha acontecido. Ninguém mais se recordava, nem mesmo Helena.
Lumine olha pela janela e vê a neve caindo. "Obrigada," murmura Lumine. Então, ela corre para abrir seus presentes de Natal, celebrando a magia da época e a união que superou as diferenças.
"Mãe, o que é o Natal? Por que o celebramos?", pergunta Lumine, cheia de curiosidade. Alice pondera por um momento.
"O Natal é uma espécie de festival que os nativos de Henne celebram, e como o Império e Henne são aliados próximos, acabamos por aderir à celebração... Mas sinceramente, não sei por que eles comemoram este feriado", diz ela. "Helena, você sabe de algo?"
Helena, com uma taça de vinho em uma mão, bebe um pouco e, com a outra mão, abre seu grimório, os Registros Akáshicos, e começa a ler o que está escrito ali.
"Parece que o Natal é um feriado que simboliza o nascimento do Messias, o Salvador do mundo deles", explica Helena. "E, como celebração, eles trocam presentes e celebram a noite toda. É um evento tão importante que, em uma noite de Natal, dois países em guerra declararam paz durante o feriado e compartilharam bebidas entre si."
Lumine fica surpresa ao descobrir tudo isso.
"É incrível ver que as pessoas respeitam tanto esse dia que deixam suas diferenças de lado para celebrar... E é interessante saber que até mesmo as criaturas do nosso mundo respeitam isso; até os goblins celebram o Natal e deixam de atacar vilas e aventureiros nesse dia."
Lumine olha ansiosamente para a árvore de Natal, aguardando abrir os presentes que receberá na manhã seguinte.
"Muito bem, já é hora de ir dormir, minha filha", diz Alice. "Crianças como você devem ir dormir cedo para crescerem adequadamente."
Lumine retorna ao seu quarto, mas não consegue dormir devido à empolgação para a manhã seguinte.
Infelizmente, as coisas não transcorreram como o esperado. No dia seguinte, Lumine acordou cedo e correu para ver os presentes sob a árvore... e não havia nada. Alice e Helena estavam lá, desapontadas e preocupadas.
"O que aconteceu?", perguntou Lumine.
"Todos os presentes do reino foram roubados, as decorações destruídas, e as comidas de Natal jogadas fora... E não conseguimos encontrar um culpado. O Natal foi destruído", diz Helena, com voz pesarosa.
Os olhos de Lumine se esvaziam, perdendo-se em pensamentos por alguns minutos, antes de voltar silenciosamente para o seu quarto. Deitada em sua cama, ela enterra o rosto no travesseiro, absorvida pela desilusão do Natal destruído. Subitamente, um som intrigante ecoa debaixo da cama, capturando sua atenção. Ao verificar, Lumine encontra a Chave Onírica, um presente de Onyria, a Deusa do Sono, concedido por ter salvado os Reinos Oníricos, brilhando intensamente.
Lumine segura a chave, observando-a atentamente por alguns momentos, quando uma centelha de determinação acende em seu coração. "Vamos salvar o Natal!", exclama ela, decidida a restaurar a alegria e a magia da festividade para Terralux.
Ela segura a Chave Onírica com firmeza contra o peito.
"Onyria, você está me ouvindo?" pergunta Lumine. "Eu preciso de ajuda! Alguém quer estragar o Natal!"
Então, uma voz ressoa na mente de Lumine.
"Estou te escutando, Lumine."
Era a voz de Onyria.
"O mundo dos sonhos também está caótico por aqui, com as pessoas do seu mundo tendo seus sonhos e esperanças para o Natal destruídos, os Reinos Oníricos congelaram!" diz Onyria, preocupada. "Cecília e os outros Sonhos estão tentando descobrir quem causou isso."
Nesse momento, um ruído de porta abrindo violentamente acontece.
"Eu descobri!" A voz que ecoa na mente de Lumine parece familiar. "Encontrei o culpado por destruir o Natal!"
Era a voz de Cecília.
"Escute com atenção", continua Cecília. "Quem fez isso foi um Duende."
"Duende?" questiona Lumine. "Por que um Duende faria isso? Eles não são os ajudantes do Papai Noel?"
"Isso eu não sei te dizer... Você vai ter que descobrir por si só", diz Cecília. "Mas parece que há um movimento suspeito perto da floresta congelada do castelo. Você deveria investigar."
Determinada, Lumine se prepara para sair e investigar. Ela veste seu casaco de Natal, um imponente manto vermelho e branco, e transforma sua Chave Onírica na poderosa Lâmina Onírica antes de deixar o castelo.
O frio lá fora era penetrante, e a espessa camada de neve tornava difícil para Lumine andar, frequentemente fazendo-a tropeçar.
"Onde pensa que vai, catarrenta?"
Era Rosetta, encostada em uma parede, observando o céu como se estivesse esperando a passagem de Lumine.
"Não está pensando em encontrar o culpado e recuperar todos os presentes roubados, está?" pergunta Rosetta, já antecipando a resposta. "Você não luta desde as Noites de Tormenta, e o Salão Âmago não vai te ajudar novamente. Esqueça."
"Eu preciso tentar!" insiste Lumine. "Não posso ficar parada enquanto alguém acaba com o feriado de todo mundo..."
Rosetta ajeita seu cachecol e se afasta.
"Faça como quiser, só não cause mais problemas para a sua mãe ou para a Helena," adverte ela antes de sair.
Lumine suspira, determinada, e então parte em direção à floresta nos arredores do castelo, pronta para enfrentar os desafios que a esperam.
As árvores, completamente desprovidas de folhas e congeladas, compunham uma floresta sem vida. Lumine sentia constantemente olhares sobre si naquele lugar desolado, mas não conseguia detectar ninguém além dela mesma. Até que, de repente, um ataque surpresa aconteceu.
Uma horda de goblins emergiu de todos os lados. Lumine se defendia habilmente com sua Lâmina Onírica, revidando os ataques com intensidade, porém sem tirar a vida de nenhum deles. Eventualmente, todos os goblins caíram no chão.
Lumine aponta sua arma para um deles. "Dessa vez eu não vim para brigar," diz ela. "Alguém roubou os presentes de Natal de todas as pessoas do reino, e eu quero saber quem foi."
"Me disseram que houve uma movimentação suspeita por aqui. Foram vocês?" pergunta Lumine, com cautela.
Um goblin se levanta e começa a falar. "Nós também tivemos nossos presentes e comidas roubados. Pensamos que fosse algum tipo de ataque covarde de sua raça," diz ele, com raiva na voz. "Somos selvagens, mas não atacamos no Natal."
Lumine fica desconfiada por um momento, mas pondera sobre o que ele disse e abaixa sua arma. Afinal, não há registros de ataques de goblins no Natal e na véspera.
"Então vocês também foram roubados..."
"Esse Duende está acabando com o Natal de todo mundo."
O goblin fica pensativo por alguns momentos. "Uma aliança temporária," sugere ele.
"O que?" pergunta Lumine.
"Uma aliança temporária!" insiste o goblin. "Vamos fazer uma aliança temporária até encontrarmos o culpado!"
Lumine pondera por alguns instantes. Goblins são conhecidos por serem trapaceiros e ardilosos, envolvidos em atividades sombrias. No entanto, eles nunca agiram no Natal, demonstrando certo respeito pelo feriado.
"A voz de Cecília ecoa na mente de Lumine, "O inimigo do meu inimigo é meu amigo. Eles não são confiáveis, mas vocês têm um inimigo em comum. Talvez devessem se ajudar só desta vez."
"Bom, se você está dizendo..." murmura Lumine. "Muito bem, vamos nos ajudar. Mas depois que tudo estiver resolvido, nós voltamos a ser inimigos."
"Fechado!" concorda o goblin. "Você tinha dito que foi um Duende, não é? Na noite passada, alguns de nós viram uma criatura de baixa estatura bisbilhotando nossos presentes, mas pensamos que fosse um de nós. Parece que ele foi para o sul."
Após horas caminhando para o sul, Lumine e os goblins deparam-se com um grupo de cogumelins, todos aparentando tristeza.
"Cogumelins!" exclama um goblin. "Devem ter sido eles que roubaram nossos presentes!" O goblin tenta avançar contra eles, mas Lumine o segura pelo pescoço.
"Calma, cabeçudo," diz ela. "Não é porque goblins e cogumelins são arqui-inimigos que eles roubaram os presentes de vocês. Eles parecem estar tristes também."
Lumine se aproxima cautelosamente dos cogumelins, mas ao vê-la, eles ficam furiosos e tentam atacá-la. Entretanto, um dos goblins a defende.
"Cogumelins são tão trapaceiros quanto goblins, não confie neles," adverte ele.
Assim, uma briga generalizada entre goblins e cogumelins se inicia. Quanto mais cogumelins eram derrotados, mais apareciam. Era uma luta que parecia não ter fim.
Lumine, sentindo a urgência de conter a violência, finca a Lâmina Onírica no chão e grita: "PAREM!" Uma poderosa onda de energia é liberada pela espada, derrubando todos os goblins e cogumelins e destruindo as árvores ao redor.
"Eu sei que vocês se odeiam, e eu odeio vocês também!" grita ela. "Mas nós não viemos aqui para brigar! Roubaram os presentes de todo mundo e estamos procurando!"
Um cogumelin se levanta. "Roubaram os presentes de vocês também?" pergunta ele. "Pensamos que fosse algum tipo de ataque goblin."
"Sim, roubaram os presentes de todos. Pelo que parece foi um Duende," diz Lumine.
"Duende? Mas eles não são os ajudantes do Papai Noel? Eles deveriam nos entregar os presentes, e não tirá-los de nós," comenta o cogumelin.
Lumine fica cabisbaixa. "É o que eu pensei também."
O cogumelin olha para os outros de sua raça e começa a fazer algum tipo de mímica. Depois de algum tempo fazendo gestos, ele se vira para Lumine.
"Apesar de odiarmos humanos e goblins, vamos ajudar vocês."
Lumine fica surpresa. "Vão nos ajudar?"
"Sim. Um de nós viu uma criatura de baixa estatura e orelhas pontudas na noite passada indo em direção à caverna congelada. Não fizemos nada pois pensamos que fosse você, e apesar de também odiarmos humanos, a criatura estava em uma distância segura, então não havia motivo para atacarmos."
Lumine fica pensativa por um momento. "A caverna congelada... Aquela caverna que só é acessível no inverno ou de barco durante as outras estações. Eu nunca fui lá, mas já ouvi a Rosetta falando dela. Segundo ela, aquela caverna é enorme e tinha um necromante que vivia lá; ele tinha uma pilha bem grande de esqueletos dentro da caverna..."
Lumine coloca a mão em sua cintura e olha para cima. Depois de algum tempo pensando, sua expressão muda.
"É isso! O Duende está usando aquela caverna gigante porque ela tem tamanho suficiente para armazenar todos os presentes do reino! Vamos! Vamos para aquela caverna!"
E então, ela sai correndo, deixando os goblins e cogumelins para trás.
Após minutos de caminhada, a equipe chega ao lago congelado, no centro do qual encontra-se uma pequena ilha com a caverna congelada. Lumine se vira para os goblins e cogumelins.
"Chegou a hora, vamos recuperar nossos presentes. Eu sei que nós nos odiamos, mas temos que trabalhar em equipe. O Duende não vai entregar os presentes sem antes lutar."
Um goblin murmura. "Nunca pensei que teria de lutar ao lado de uma humana e de cogumelins. Talvez eu não consiga fazer isso."
Lumine faz um pequeno sorriso. "E ao lado de aliados?"
O goblin fica pensativo e depois faz um gesto de positivo com a mão. "Bem, talvez assim eu consiga."
E então, todos eles atravessaram o lago e entraram na caverna.
Enquanto caminhavam pela caverna, um cogumelin começou a falar. "Eu estava pensando... Apesar de todos nós sermos de raças diferentes e nos odiarmos profundamente, somos todos irmãos e irmãs."
"O que você quer dizer?" pergunta Lumine.
"Somos todos Terraluxianos, e todos nós fomos criados pela mesma divindade: Protectia," diz o cogumelin.
"Não fale bobagens!" grita um goblin. "Humanos foram criados por Protectia, mas nós, os monstros, somos frutos do pecado, o resultado de relações entre os demônios de Eligos e a fauna e flora de Terralux. Somos filhos de Eligos e dos Abissais, e não de Protectia."
Um silêncio ensurdecedor ocorre.
"Os demônios são os filhos dos Abissais com os Corrompidos. Os corrompidos eram humanos que foram seduzidos pelas mentiras dos Abissais. Vocês ainda têm sangue humano correndo pelas suas veias. Não deixam de ser filhos de Protectia," diz Lumine. "São filhos impuros, filhos nascidos na escuridão, mas ainda assim, são filhos dela. O cogumelin está certo, somos irmãos e irmãs de raças diferentes. Somos todos Terraluxianos."
O goblin fica quieto.
Finalmente, o grupo chega ao final da caverna, uma área vasta sem fim à vista. No centro, uma enorme pilha de presentes estava guardada, com um Duende sentado aos pés dela.
"Ah, então finalmente vocês chegaram. Vieram recuperar os seus presentes? Hehehe," diz o Duende.
Lumine segura firme sua Lâmina Onírica. "Isso mesmo! Devolva os presentes que você roubou!" grita ela.
O Duende fica com a cara toda vermelha de raiva. "Nunca! Vocês não são dignos de comemorar o Natal! Não é a cultura de vocês! Estão se apropriando de uma cultura que NÃO É SUA!"
Lumine começa a rir. "Uma cultura que não é nossa? Realmente, não é nossa cultura. Mas os Terraluxianos são muito próximos dos Henneanos, e eles nos ensinaram o significado do Natal. Nós sabemos o significado dele, e eles nos deixaram comemorar junto com eles."
O Duende grita. "MAS EU NÃO DEIXEI! E EU NÃO VOU DEVOLVER OS PRESENTES PARA NINGUÉM!"
Com seus poderes mágicos, o Duende convoca um exército para lutar ao lado dele. Eram muitos Quebra-Nozes e Elfos Natalinos. Lumine fica assustada por um momento, mas lembra que também tem aliados ao seu lado.
E então, uma voz ecoa em sua mente. "Lumine, eu senti sua falta e sabia que você estava aprontando." Era a voz de Helena. "Olhe para o lado."
Uma luz cegante aparece ao lado de Lumine, e quando ela desaparece... Era Helena, e ao seu lado estava Rosetta.
"Criança quieta é problema," murmura Rosetta. "Mas você sabia o que eu ia fazer...", diz Lumine.
De repente, o teto começa a quebrar, e de lá de cima cai algo. Era Lunari.
"Tô na área, derrubou é pênalti!" grita Lunari.
"A Solis veio?" pergunta Lumine.
"Não, ela disse que tinha certeza de que íamos voltar machucadas, então ela ficou no Templo preparando curativos," diz Lunari, "Enfim! Acho que todos estão aqui! Cai pro pau, Duende!"
O Duende e seu exército começam a avançar.
"Terraluxianos!" grita Lumine, "AVANTE!"
E então, o grupo de Lumine avança contra o exército do Duende, e uma grande luta acontece. Helena produzia raios pelas palmas de suas mãos, Rosetta executava seus inimigos com sua arma gélida, e Lunari acertava muitos com seu arco.
Depois de horas de intensa batalha, só restou Lumine e o Duende em pé. O Duende ainda tinha muita energia, enquanto Lumine estava exausta e mal conseguia se manter em pé.
O Duende começa a rir sádicamente. "Desista! Vocês não são dignos de comemorar o Natal!"
Lumine fica quieta por um minuto. "O que foi, não tem energia nem para falar? Vocês são uma piada!" diz o Duende.
"Quem você pensa que é para julgar quem é digno e quem não é para comemorar o Natal?" pergunta Lumine, seus cabelos agora esvoaçantes e reluzentes.
O Duende fica boquiaberto. "Quem EU sou? Quem VOCÊ pensa que é?"
Lumine começa a rir. Não era mais Lumine, era a outra pessoa que estava no comando agora. "Quem eu sou? AHAHAHA! Eu sou a ÚNICA que pode julgar as pessoas! Eu sou a Juíza, eu sou o Júri, eu sou a Lei, EU SOU A JUSTIÇA ENCARNADA: IUSTITIA!"
Lunari fica assustada por um momento. Iustitia larga a Lâmina Onírica e avança contra o Duende, desferindo vários socos nele. Iustitia o derruba e levanta suas mãos para cima, começando a formar uma enorme esfera de energia sobre elas.
"IUSTITIA, PARA!" grita Lunari.
Iustitia se vira. "Hmpf, muito bem. Você se safou, Duende, agradeça a Lunari," murmura Iustitia.
Os cabelos dela param de reluzir e então caem no chão, devolvendo o controle do corpo para Lumine. Lumine se levanta, confusa. Mas ao ver o Duende, ela se lembra de seu objetivo.
"Devolva os presentes... Por favor," diz ela, com voz de choro.
"Então, me diga. Me diga qual o significado do Natal. Diga-me isso e eu devolverei os presentes e consertarei tudo," diz o Duende, deitado no chão e sem forças para levantar.
"O significado do Natal é... Celebrar com os amigos, agradecer por tudo o que passaram juntos e ainda vão passar. É mostrar o quanto você se importa com seus entes queridos passando um tempo com eles," diz Lumine.
Lumine então cai no chão, pois não tem mais forças para se manter em pé. "O SIGNIFICADO DO NATAL É CELEBRAR A NOITE TODA COM OS AMIGOS QUE FIZEMOS NO CAMINHO!" grita Lumine.
Os olhos do Duende se enchem de admiração. "Incrível. Eu não tinha percebido isso. Eu não tinha percebido o quão importante é esse evento para vocês. Três raças que se odeiam se juntaram para salvar o Natal. Eu não tinha percebido que vocês amavam tanto esse feriado," diz o Duende, "Muito bem, vou desfazer tudo. Vou devolver os presentes, refazer as decorações e as comidas também."
E com um piscar de olhos, Lumine se encontra em sua cama. Era de manhã. Sem ferimentos e ela não estava mais cansada.
Lumine corre para a sala, e os presentes estavam de volta embaixo da árvore de Natal. Era manhã de Natal, e o Duende desfez tudo o que tinha feito. Apenas Lumine se lembrava do que tinha acontecido. Ninguém mais se recordava, nem mesmo Helena.
Lumine olha pela janela e vê a neve caindo. "Obrigada," murmura Lumine. Então, ela corre para abrir seus presentes de Natal, celebrando a magia da época e a união que superou as diferenças.
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