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"Não confunda uma prorrogação em jogo do Juventus com a programação de um jogo por eventos."
- Jazz

O Caçador de Bruxas - O choro vindo do banheiro

GuilhermeSantos001 Masculino

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29 de Dezembro de 2017
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Ato 1.
Sir.Dollen e Brand, adentram a floresta densa para efetuar a criação de um acampamento.
Brand: Dollen estou curioso, o marquês(Kolvic) está assegurando toda a região sul de Dandaria, não estou convicto de que ele irá nos conceder, algum poderio militar - Ele pega seu machado e golpeia a árvore, e então ele começa a falar. Ele limpa o suor da testa, olha para Dollen e termina de falar
Dollen: Não estou esperando tal concessão, creia-me o marquês(Kolvic) é a cima de tudo um guerreiro. Assim que ele souber da tal bruxa, ele irá preparar tropas de reconhecimento por todo seu território - Retirando as folhas e sujeiras do chão, ele pega algumas pedras e lenha para acender a fogueira, após sentar no chão e se esquentar ele começa a falar
Brand prepara a carne de saramugo(Peixe típico da região) e Dollen amola sua espada. Após a refeição, Brand e Dollen verificam o perímetro e preparam suas camas, eles irão fazer turnos para que um durma e o outro fique de guarda. Eles precisam está prontos para amanhã, pois irão até Heaventalon(Cidade onde se encontra o marquês(Kolvic).

Ato 2.
Foi encontrado rastros de bruxas, em uma patrulha rotineira feita pelos territórios do marquês(Kolvic).
Riecy(Soldado): Ei Ledo, olhe aquela casa a direita, perto das duas árvores - Ele aponta para a casa enquanto fala
Ledo(Soldado): Mas o que? parece abandonada - Ele tira o capacete e coça a cabeça
Menphie(Capitão): O que os patetas estão fazendo? o restante do perímetro precisa ser verificado... - Ele bate nas costas dos dois soldados, empurrando-os para frente, ele começa a andar em direção a casa enquanto fala
Os soldados e o capitão seguem em direção a casa. Eles verificam todo o perímetro da casa e então fazem a formação para invadir, 2 soldados(Riecy e Ledo), um a esquerda e o outro a direita da porta, ambos encostados na parede, 1 soldado(Raferd) a frente da porta, 2 soldados(Beopher e Laskev) atrás do soldado(Raferd), um a esquerda e o outro a direita e o Menphie(Capitão) no final da formação. Riecy e Ledo olham para as janelas(uma a esquerda e outra a direita) e verificam dentro da casa, o soldado(Raferd) recebe a confirmação de Riecy e Ledo para arrombar a porta, ele chuta a porta e a derruba, Beopher e Laskev entram na casa e fazem a limpeza do setor 1, Raferd entra e segue a esquerda, e sobe as escadas para verificar o setor 2, Riecy e Ledo ficam em guarda, mantendo suas posições e assegurando a entrada da casa, Menphie entra e segue a direita para verificar o setor 3.
Beopher(Soldado) e Laskev(Soldado): Nada! - Eles guardam suas espadas e procuram qualquer coisa estranha no setor 1
Menphie(Capitão): Beopher!, continue procurando no setor 1, Laskev!, Vá para o setor 3 e faça uma varredura completa - Ele segue em direção as escadas
Raferd(Soldado): Sir...ouvi um barulho vindo do banheiro(cômodo no final do corredor) - Ele espera a aproximação do capitão, com uma voz baixa, ele começa a falar
Menphie(Capitão): Certo, vá até o setor 1 e 2, informe-os e mande-os verificar o setor 4 e 5(O quarto a esquerda e a direita no corredor, onde o Raferd e o Menphie se encontram) - Ele segue em direção a porta do banheiro
Menphie se aproxima da porta e escuta um choro de criança, ele rapidamente abre a porta e se depara com uma criança sentada, chorando, pedindo ajuda. Ao se aproximar da criança ele sente uma dor aguda no estômago, ao olhar para baixo, ele vê uma lâmina atravessando-o, a criança puxa a lâmina e rasga a garganta de Menphie. A criança sai do banheiro, desce as escadas, Beopher está de costas para a escada esperando Laskev e Raferd, a criança tampa a boca de Beopher e rasga sua garganta, seguindo para o setor 3, Raferd e Laskev estão vendo uma rachadura na parede que parece um código antigo, a criança pega uma garrafa de álcool e um pano, ela molha o pano com álcool e assopra fogo no pano, com uma parte do pano pegando fogo, ela coloca a outra parte do pano dentro da garrafa e arremessa em direção a Raferd e Laskev, a garrafa explode e bota fogo nos dois. A criança pula a janela do setor 3 e sobe o telhado, ela se deita, olhando o céu, ela espera tranquilamente por Riecy e Ledo entrar na casa.
Riecy: O capitão tá demorando muito... - Ele coça o nariz e múrmura
Ledo: Acho que encontraram alguma coisa, pode ser uma bruxa! - Ele fala empolgado
Riecy: Por que é sempre nós dois que fica na porta? - Ele boceja enquanto fala
Ledo: Eu queria participar das verificações dos setores, é muito divertido! - Ele entra na casa
Riecy: Calma-ai! temos que manter nossas posições - Ele vai atrás do Ledo
A criança levanta e desce do telhado, ela vai até a frente da casa e corre em direção a parede no lado da porta e bate a cabeça e desmaia. Ledo ao entrar na casa se depara com Beopher morto perto da escada, ele corre saca sua espada e sobe as escadas, Riecy entra na casa e vê Beopher morto e Ledo subindo as escadas, então ele saca sua espada e vai em direção ao setor 3, ao chegar no setor, ele se depara com Raferd e Laskev mortos, seus corpos estão carbonizados. Riecy Chega até o corredor e verifica o setor 4 e 5(Quartos a esquerda e a direita do corredor) e não encontra nada, ele abre o banheiro e vê o capitão morto, ele se ajoelha, e fica em prantos, Ledo sobe as escadas para falar com Riecy, ao ver o capitão morto, ele deixa a espada cair e se ajoelha, em prantos ele se pergunta o que aconteceu, todos seus amigos teriam morrido sem explicação. Riecy e Ledo se preparam para voltar a cidade de Heaventalon(Território do marquês(Kolvic), ao saírem da casa se deparam com uma criança, com roupas sujas, cabelo bagunçado, chorando, fedendo, toda machucada e desmaiada, eles pegam a criança e levam para a cidade, para que ela tenha cuidados médicos.

By: GarynnonQinzum(Eu)
 
Prezado [member=1870]Dr.Xamã[/member], boa noite!


Inicialmente gostaria de lhe parabenizar por dar a cara a tapas e expor esse mundo que você está criando. Isso é um feito e tanto, não tenha dúvida disso. Li esse conto, e o primeiro capítulo no Spirit , achei interessante a proposta, porém confesso que achei bem fraca a narrativa. No todo, gostei do que eu li, mas acredito que você pode melhorar bastante na sua forma de escrita, por isso, teço algumas críticas, espero que não se importe.

Fique à vontade para me ignorar completamente.

A escrita de um livro é bem diferente da escrita para um filme ou de um jogo, e isso acontece por que há sérias limitações na forma em que você expõem uma determinada informação. No filme, assim como no jogo, você pode lançar mão da linguagem corporal, da música, imagens e luzes, enquanto no livro sua única forma de passar a informação é por palavras. Isso não significa que um livro é pior que um jogo, significa apenas que há técnicas que funcionam em um meio e não no outro. Como escritor, você deve tomar ainda mais cuidado com o que você narra, pois as suas palavras serão o único contato que o leitor terá com sua história.

Cito como exemplo o primeiro filme do Hobbit. Uma das minhas cenas prediletas é a primeira conversa entre Bilbo e Smaug, analise essa cena do filme (que contém spoilers), e enquanto ver ela, perceba quantas mensagens os personagem dizem e quantas mensagens não são ditas por palavras. Após ver a cena, abra o spoiler abaixo, é um trecho do livro que retrata a mesma cena (Editora WMF. São Paulo, 2014. p. 216-217):

"O velho Smaug está exausto e adormecido", pensou. "Não pode me ver e não vai me ouvir. Anime-se, Bilbo." Esquecera-se, ou nunca ouvira falar, do olfato dos dragões. Também ocorre o incômodo fato de que, quando estão desconfiados, eles conseguem manter um olho semiaberto e vigiando enquanto dormem.
Com certeza Smaug parecia estar em um sono profundo, quase morto e apagado, quase sem roncar, apenas com um bafejo de vapor invisível, quando Bilbo espiou mais uma vez da entrada. Estava prestes a entrar no salão quando percebeu o brilho tênue, repentino e perscrutador de um raio vermelho por baixo da pálpebra do olho esquerdo de Smaug. Ele apenas fingia dormir! Estava vigiando a entrada do túnel! Depressa Bilbo recuou e abençoou a sorte de ter o anel. Então Smaug falou.

- Bem, ladrão! Posso sentir seu cheiro e seu ar. Ouço a sua respiração. Venha! Sirva-se de novo, tem muito e de sobra!
Mas Bilbo não era tão ignorante em matéria de dragões a ponto de fazer isso e, se Smaug esperava que ele chegasse mais perto com tanta facilidade, ficou desapontado. - Não, obrigado, ó, Smaug, o Tremendo! - retrucou ele - Não vim por causa de presentes. Eu só queria dar uma olhada e ver se você é realmente grande como dizem as histórias. Eu não acreditava nelas.
- Agora acredita? - disse o dragão, de certa forma lisonjeado, mesmo não acreditando em uma palavra do que ouvia.
- Na verdade, canções e histórias não estão à altura da realidade, ó, Smaug, a Maior e Mais Importante das Calamidades - respondeu Bilbo.
- Você tem boas maneiras para um ladrão e um mentiroso - disse o dragão. - Parece estar familiarizado com o meu nome, mas eu tenho a impressão de não ter sentido seu cheiro antes. Quem é você e de onde vem, se me permite perguntar?
- Permito, é claro! Eu venho de baixo da colina e sobre as colinas meus caminhos conduziam. E através do ar. Sou o que caminha sem ser visto.
- Posso muito bem acreditar nisso - disse Smaug -, mas esse não pode ser seu nome verdadeiro.
- Sou o descobridor de pistas, o cortador de teias, a mosca que dá ferroadas. Fui escolhido pelos números da sorte.
- Títulos encantadores! - zombou o dragão. - Mas os números da sorte nem sempre são os sorteados.
- Sou o que enterra vivos seus amigos e os afoga, e depois os retira vivos outra vez da água. Venho do fundo de uma bolsa, mas numa bolsa nunca fui metido.
- Essas coisas não parecem muito dignas de crédito - troçou Smaug.
- Sou o amigo de ursos e hóspede de águias. Sou o Ganhador do Anel e o Portador da Fortuna; e também sou o Montador de Barril - continuou Bilbo, começando a gostar de seu jogo de adivinhas.
- Assim está melhor - disse Smaug. - Mas não deixe que sua imaginação o leve muito longe!

Essa, naturalmente, é a forma de conversar com dragões, se não queremos revelar nosso próprio nome (o que é sensato), e não queremos enraivecê-lo com uma recusa direta (o que também é muito sensato). Nenhum dragão resista à fascinação de conversar por enigmas e de perder tempo tentando entendê-los. Havia muito ali que Smaug não entendia de jueito nenhum (embora eu ache que vocês entendem, já que sabem tudo sobre as aventuras às quais Bilbo se referia), mas achava que entendia bastante, e ria maldosamente por dentro.

Como você deve ter percebido. Uma técnica comum na hora de escrever é descrever as emoções e ações, o que é desnecessário em um filme, pois o interlocutor está observando a movimentação das imagens. Acredito que nesse ponto você pode melhorar a forma que escreve, propiciando uma melhor leitura e experiência.

Permita-me reescrever seu primeiro ato dando ênfase nas ações e emoções. Ficaria algo nesse sentido:

Enquanto adentravam na floresta, em sua parte mais densa, Dollen e Brand, exaustos, buscavam um lugar adequado para montar o acampamento. Seus pés doíam e o cansaço tornava o peso da armadura algo extremamente desconfortável. Dollen foi o primeiro à chegar na clareira, e tão logo chegou, sabia que seria um bom lugar para acampar.

- Dollen, estou curioso, o marquês está assegurando toda a região sul de Dandaria - falou enquanto limpava o suor de sua testa. Apesar de cansado, Brand sabia que o local era ótimo para um descanso, mas sua disciplina militar não lhe deixava descansar ainda, assim, travou seu machado em uma árvore e começou buscar por lenhas para criar um fogueira. - Não estou convencido de que ele irá dispor dos seus homens.
Dollen, apesar de ouvir a desconfiança de Brand, mantém-se em silêncio por alguns segundos enquanto busca por pedras para ajudar na fogueira. Após se aproximar de Brand e montar a fogueira, Dollen finalmente cai sentado, exausto, e resmunga - não estou esperando tal concessão. O marquês, acima de tudo, é um guerreiro, e, assim que ele souber da bruxa, irá espalhar tropas por todo o seu território - ao ouvir isso, Brand se sente um pouco mais aliviado e torna sua atenção para o cozimento da comida.
O acampamento estava montado, e finalmente os soldados puderam relaxar se deleitando de um saramugo, um peixe comum naquele região. Após a refeição, os soldados decidem verificar o perímetro antes de finalmente descansarem, o local está completamente deserto, sequer um animal foi avistado no perímetro, fazendo os soldados pensarem se tanto cuidado era realmente necessário, mas apenas por alguns segundos, pois logo se lembravam das histórias de bruxas e das atrocidades de que elas eram capazes. A possibilidade de encontrar uma bruxa era algo assustador, mas ainda mais assustador seria ser encontrado por uma bruxa enquanto dormia.

Por via das dúvidas, os soldados decidem manter guarda em turnos, tirando na sorte para ver quem seria o primeiro. Estavam longe de Heaventalon, mas certamente chegariam na cidade no dia seguinte, quando poderiam conversar o marquês Kolvic.

Em um livro você precisa transmitir as emoções e ações em palavras e não apenas relatar os acontecimentos. Busque demonstrar cada detalhe para o leitor, fazendo-o se sentir e ver cada situação dentro do roteiro. Determine qual o sentimento você quer passar na cena, e com isso em mente, descreva todos os detalhes necessários para fazer o leitor imaginar a cena.

O mesmo ocorre no segundo ato, você utiliza de uma linguagem puramente informativa. Parece mais que você está escrevendo um jornal do que um romance. Pense como se estivesse olhando uma cena e desejasse descrever para alguém que não pode ver. Como você faria isso? Como você descreveria o pôr do sol para uma pessoa cega? Apenas diria que o sol está desaparecendo ou tentaria descrever a sensação de ver o evento?

Por fim, achei muito fraco o segundo ato. O texto está confuso e parece ter algumas inconsistências. Quando alguém é esfaqueado, ele certamente faz barulho, seja vociferando a dor, seja ainda se debatendo nas paredes e no chão. Ainda que seja degolado, uma pessoa não morre instantaneamente. Muito mais barulho faz alguém enquanto é queimado vivo até a morte, sendo muito estranho ninguém ter percebido esse acontecimento - seja pelos gritos, seja ainda pelo fogo. Lembro que tudo acontece em uma casa, e mesmo que fosse uma mansão - o que não acredito que seja - seria impossível abafar todo o som. Ademais, Ledo ao ver seu capitão morto acaba por deixar a espada cair no chão e fica aos prantos, isso não me parece uma atitude de um soldado em um aparente campo de batalha, logo após ver todo o batalhão misteriosamente dizimado.

Recomendo que leia bastante e exercite a escrita. Tente descrever cenas do cotidiano no seu dia a dia como exercício. Não busque apenas informar um acontecimento, tente descrever de maneira minuciosa para os seus leitores, acredito que isso irá tornar ainda melhor os seus contos.

Foco no treino, a experiência vem com a prática.


Essas são apenas as minhas sinceras críticas, fique a vontade para receber elas ou ignorar por completamente. Gostaria de frisar que em momento algum eu quis lhe diminuir ou desestimular em continuar escrevendo, muito pelo contrário, eu só dediquei meu tempo para tecer esses comentários por achar que você poderá evoluir como escritor.


Abraço.
 
Dobberman comentou:
Prezado [member=1870]Dr.Xamã[/member], boa noite!


Inicialmente gostaria de lhe parabenizar por dar a cara a tapas e expor esse mundo que você está criando. Isso é um feito e tanto, não tenha dúvida disso. Li esse conto, e o primeiro capítulo no Spirit , achei interessante a proposta, porém confesso que achei bem fraca a narrativa. No todo, gostei do que eu li, mas acredito que você pode melhorar bastante na sua forma de escrita, por isso, teço algumas críticas, espero que não se importe.

Fique à vontade para me ignorar completamente.

A escrita de um livro é bem diferente da escrita para um filme ou de um jogo, e isso acontece por que há sérias limitações na forma em que você expõem uma determinada informação. No filme, assim como no jogo, você pode lançar mão da linguagem corporal, da música, imagens e luzes, enquanto no livro sua única forma de passar a informação é por palavras. Isso não significa que um livro é pior que um jogo, significa apenas que há técnicas que funcionam em um meio e não no outro. Como escritor, você deve tomar ainda mais cuidado com o que você narra, pois as suas palavras serão o único contato que o leitor terá com sua história.

Cito como exemplo o primeiro filme do Hobbit. Uma das minhas cenas prediletas é a primeira conversa entre Bilbo e Smaug, analise essa cena do filme (que contém spoilers), e enquanto ver ela, perceba quantas mensagens os personagem dizem e quantas mensagens não são ditas por palavras. Após ver a cena, abra o spoiler abaixo, é um trecho do livro que retrata a mesma cena (Editora WMF. São Paulo, 2014. p. 216-217):

"O velho Smaug está exausto e adormecido", pensou. "Não pode me ver e não vai me ouvir. Anime-se, Bilbo." Esquecera-se, ou nunca ouvira falar, do olfato dos dragões. Também ocorre o incômodo fato de que, quando estão desconfiados, eles conseguem manter um olho semiaberto e vigiando enquanto dormem.
Com certeza Smaug parecia estar em um sono profundo, quase morto e apagado, quase sem roncar, apenas com um bafejo de vapor invisível, quando Bilbo espiou mais uma vez da entrada. Estava prestes a entrar no salão quando percebeu o brilho tênue, repentino e perscrutador de um raio vermelho por baixo da pálpebra do olho esquerdo de Smaug. Ele apenas fingia dormir! Estava vigiando a entrada do túnel! Depressa Bilbo recuou e abençoou a sorte de ter o anel. Então Smaug falou.

- Bem, ladrão! Posso sentir seu cheiro e seu ar. Ouço a sua respiração. Venha! Sirva-se de novo, tem muito e de sobra!
Mas Bilbo não era tão ignorante em matéria de dragões a ponto de fazer isso e, se Smaug esperava que ele chegasse mais perto com tanta facilidade, ficou desapontado. - Não, obrigado, ó, Smaug, o Tremendo! - retrucou ele - Não vim por causa de presentes. Eu só queria dar uma olhada e ver se você é realmente grande como dizem as histórias. Eu não acreditava nelas.
- Agora acredita? - disse o dragão, de certa forma lisonjeado, mesmo não acreditando em uma palavra do que ouvia.
- Na verdade, canções e histórias não estão à altura da realidade, ó, Smaug, a Maior e Mais Importante das Calamidades - respondeu Bilbo.
- Você tem boas maneiras para um ladrão e um mentiroso - disse o dragão. - Parece estar familiarizado com o meu nome, mas eu tenho a impressão de não ter sentido seu cheiro antes. Quem é você e de onde vem, se me permite perguntar?
- Permito, é claro! Eu venho de baixo da colina e sobre as colinas meus caminhos conduziam. E através do ar. Sou o que caminha sem ser visto.
- Posso muito bem acreditar nisso - disse Smaug -, mas esse não pode ser seu nome verdadeiro.
- Sou o descobridor de pistas, o cortador de teias, a mosca que dá ferroadas. Fui escolhido pelos números da sorte.
- Títulos encantadores! - zombou o dragão. - Mas os números da sorte nem sempre são os sorteados.
- Sou o que enterra vivos seus amigos e os afoga, e depois os retira vivos outra vez da água. Venho do fundo de uma bolsa, mas numa bolsa nunca fui metido.
- Essas coisas não parecem muito dignas de crédito - troçou Smaug.
- Sou o amigo de ursos e hóspede de águias. Sou o Ganhador do Anel e o Portador da Fortuna; e também sou o Montador de Barril - continuou Bilbo, começando a gostar de seu jogo de adivinhas.
- Assim está melhor - disse Smaug. - Mas não deixe que sua imaginação o leve muito longe!

Essa, naturalmente, é a forma de conversar com dragões, se não queremos revelar nosso próprio nome (o que é sensato), e não queremos enraivecê-lo com uma recusa direta (o que também é muito sensato). Nenhum dragão resista à fascinação de conversar por enigmas e de perder tempo tentando entendê-los. Havia muito ali que Smaug não entendia de jueito nenhum (embora eu ache que vocês entendem, já que sabem tudo sobre as aventuras às quais Bilbo se referia), mas achava que entendia bastante, e ria maldosamente por dentro.

Como você deve ter percebido. Uma técnica comum na hora de escrever é descrever as emoções e ações, o que é desnecessário em um filme, pois o interlocutor está observando a movimentação das imagens. Acredito que nesse ponto você pode melhorar a forma que escreve, propiciando uma melhor leitura e experiência.

Permita-me reescrever seu primeiro ato dando ênfase nas ações e emoções. Ficaria algo nesse sentido:

Enquanto adentravam na floresta, em sua parte mais densa, Dollen e Brand, exaustos, buscavam um lugar adequado para montar o acampamento. Seus pés doíam e o cansaço tornava o peso da armadura algo extremamente desconfortável. Dollen foi o primeiro à chegar na clareira, e tão logo chegou, sabia que seria um bom lugar para acampar.

- Dollen, estou curioso, o marquês está assegurando toda a região sul de Dandaria - falou enquanto limpava o suor de sua testa. Apesar de cansado, Brand sabia que o local era ótimo para um descanso, mas sua disciplina militar não lhe deixava descansar ainda, assim, travou seu machado em uma árvore e começou buscar por lenhas para criar um fogueira. - Não estou convencido de que ele irá dispor dos seus homens.
Dollen, apesar de ouvir a desconfiança de Brand, mantém-se em silêncio por alguns segundos enquanto busca por pedras para ajudar na fogueira. Após se aproximar de Brand e montar a fogueira, Dollen finalmente cai sentado, exausto, e resmunga - não estou esperando tal concessão. O marquês, acima de tudo, é um guerreiro, e, assim que ele souber da bruxa, irá espalhar tropas por todo o seu território - ao ouvir isso, Brand se sente um pouco mais aliviado e torna sua atenção para o cozimento da comida.
O acampamento estava montado, e finalmente os soldados puderam relaxar se deleitando de um saramugo, um peixe comum naquele região. Após a refeição, os soldados decidem verificar o perímetro antes de finalmente descansarem, o local está completamente deserto, sequer um animal foi avistado no perímetro, fazendo os soldados pensarem se tanto cuidado era realmente necessário, mas apenas por alguns segundos, pois logo se lembravam das histórias de bruxas e das atrocidades de que elas eram capazes. A possibilidade de encontrar uma bruxa era algo assustador, mas ainda mais assustador seria ser encontrado por uma bruxa enquanto dormia.

Por via das dúvidas, os soldados decidem manter guarda em turnos, tirando na sorte para ver quem seria o primeiro. Estavam longe de Heaventalon, mas certamente chegariam na cidade no dia seguinte, quando poderiam conversar o marquês Kolvic.

Em um livro você precisa transmitir as emoções e ações em palavras e não apenas relatar os acontecimentos. Busque demonstrar cada detalhe para o leitor, fazendo-o se sentir e ver cada situação dentro do roteiro. Determine qual o sentimento você quer passar na cena, e com isso em mente, descreva todos os detalhes necessários para fazer o leitor imaginar a cena.

O mesmo ocorre no segundo ato, você utiliza de uma linguagem puramente informativa. Parece mais que você está escrevendo um jornal do que um romance. Pense como se estivesse olhando uma cena e desejasse descrever para alguém que não pode ver. Como você faria isso? Como você descreveria o pôr do sol para uma pessoa cega? Apenas diria que o sol está desaparecendo ou tentaria descrever a sensação de ver o evento?

Por fim, achei muito fraco o segundo ato. O texto está confuso e parece ter algumas inconsistências. Quando alguém é esfaqueado, ele certamente faz barulho, seja vociferando a dor, seja ainda se debatendo nas paredes e no chão. Ainda que seja degolado, uma pessoa não morre instantaneamente. Muito mais barulho faz alguém enquanto é queimado vivo até a morte, sendo muito estranho ninguém ter percebido esse acontecimento - seja pelos gritos, seja ainda pelo fogo. Lembro que tudo acontece em uma casa, e mesmo que fosse uma mansão - o que não acredito que seja - seria impossível abafar todo o som. Ademais, Ledo ao ver seu capitão morto acaba por deixar a espada cair no chão e fica aos prantos, isso não me parece uma atitude de um soldado em um aparente campo de batalha, logo após ver todo o batalhão misteriosamente dizimado.

Recomendo que leia bastante e exercite a escrita. Tente descrever cenas do cotidiano no seu dia a dia como exercício. Não busque apenas informar um acontecimento, tente descrever de maneira minuciosa para os seus leitores, acredito que isso irá tornar ainda melhor os seus contos.

Foco no treino, a experiência vem com a prática.


Essas são apenas as minhas sinceras críticas, fique a vontade para receber elas ou ignorar por completamente. Gostaria de frisar que em momento algum eu quis lhe diminuir ou desestimular em continuar escrevendo, muito pelo contrário, eu só dediquei meu tempo para tecer esses comentários por achar que você poderá evoluir como escritor.


Abraço.
De fato, era isso que precisava ouvir, realmente senti que está bem fraco no modo como escrevia meus contos. Poucas linhas e poucas emoções, postulava uma nova formula, mas percebo que a antiga(actual) é a ideal para se escrever, sua critica severa, me fez parar para pensar sobre como melhorar, esse ultimo capitulo foi um total desperdício de meu talento. Agora estou postulando como prosseguir na historia. Obrigado e até logo!
 
Dobberman comentou:
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Inicialmente gostaria de lhe parabenizar por dar a cara a tapas e expor esse mundo que você está criando. Isso é um feito e tanto, não tenha dúvida disso. Li esse conto, e o primeiro capítulo no Spirit , achei interessante a proposta, porém confesso que achei bem fraca a narrativa. No todo, gostei do que eu li, mas acredito que você pode melhorar bastante na sua forma de escrita, por isso, teço algumas críticas, espero que não se importe.

Fique à vontade para me ignorar completamente.

A escrita de um livro é bem diferente da escrita para um filme ou de um jogo, e isso acontece por que há sérias limitações na forma em que você expõem uma determinada informação. No filme, assim como no jogo, você pode lançar mão da linguagem corporal, da música, imagens e luzes, enquanto no livro sua única forma de passar a informação é por palavras. Isso não significa que um livro é pior que um jogo, significa apenas que há técnicas que funcionam em um meio e não no outro. Como escritor, você deve tomar ainda mais cuidado com o que você narra, pois as suas palavras serão o único contato que o leitor terá com sua história.

Cito como exemplo o primeiro filme do Hobbit. Uma das minhas cenas prediletas é a primeira conversa entre Bilbo e Smaug, analise essa cena do filme (que contém spoilers), e enquanto ver ela, perceba quantas mensagens os personagem dizem e quantas mensagens não são ditas por palavras. Após ver a cena, abra o spoiler abaixo, é um trecho do livro que retrata a mesma cena (Editora WMF. São Paulo, 2014. p. 216-217):

"O velho Smaug está exausto e adormecido", pensou. "Não pode me ver e não vai me ouvir. Anime-se, Bilbo." Esquecera-se, ou nunca ouvira falar, do olfato dos dragões. Também ocorre o incômodo fato de que, quando estão desconfiados, eles conseguem manter um olho semiaberto e vigiando enquanto dormem.
Com certeza Smaug parecia estar em um sono profundo, quase morto e apagado, quase sem roncar, apenas com um bafejo de vapor invisível, quando Bilbo espiou mais uma vez da entrada. Estava prestes a entrar no salão quando percebeu o brilho tênue, repentino e perscrutador de um raio vermelho por baixo da pálpebra do olho esquerdo de Smaug. Ele apenas fingia dormir! Estava vigiando a entrada do túnel! Depressa Bilbo recuou e abençoou a sorte de ter o anel. Então Smaug falou.

- Bem, ladrão! Posso sentir seu cheiro e seu ar. Ouço a sua respiração. Venha! Sirva-se de novo, tem muito e de sobra!
Mas Bilbo não era tão ignorante em matéria de dragões a ponto de fazer isso e, se Smaug esperava que ele chegasse mais perto com tanta facilidade, ficou desapontado. - Não, obrigado, ó, Smaug, o Tremendo! - retrucou ele - Não vim por causa de presentes. Eu só queria dar uma olhada e ver se você é realmente grande como dizem as histórias. Eu não acreditava nelas.
- Agora acredita? - disse o dragão, de certa forma lisonjeado, mesmo não acreditando em uma palavra do que ouvia.
- Na verdade, canções e histórias não estão à altura da realidade, ó, Smaug, a Maior e Mais Importante das Calamidades - respondeu Bilbo.
- Você tem boas maneiras para um ladrão e um mentiroso - disse o dragão. - Parece estar familiarizado com o meu nome, mas eu tenho a impressão de não ter sentido seu cheiro antes. Quem é você e de onde vem, se me permite perguntar?
- Permito, é claro! Eu venho de baixo da colina e sobre as colinas meus caminhos conduziam. E através do ar. Sou o que caminha sem ser visto.
- Posso muito bem acreditar nisso - disse Smaug -, mas esse não pode ser seu nome verdadeiro.
- Sou o descobridor de pistas, o cortador de teias, a mosca que dá ferroadas. Fui escolhido pelos números da sorte.
- Títulos encantadores! - zombou o dragão. - Mas os números da sorte nem sempre são os sorteados.
- Sou o que enterra vivos seus amigos e os afoga, e depois os retira vivos outra vez da água. Venho do fundo de uma bolsa, mas numa bolsa nunca fui metido.
- Essas coisas não parecem muito dignas de crédito - troçou Smaug.
- Sou o amigo de ursos e hóspede de águias. Sou o Ganhador do Anel e o Portador da Fortuna; e também sou o Montador de Barril - continuou Bilbo, começando a gostar de seu jogo de adivinhas.
- Assim está melhor - disse Smaug. - Mas não deixe que sua imaginação o leve muito longe!

Essa, naturalmente, é a forma de conversar com dragões, se não queremos revelar nosso próprio nome (o que é sensato), e não queremos enraivecê-lo com uma recusa direta (o que também é muito sensato). Nenhum dragão resista à fascinação de conversar por enigmas e de perder tempo tentando entendê-los. Havia muito ali que Smaug não entendia de jueito nenhum (embora eu ache que vocês entendem, já que sabem tudo sobre as aventuras às quais Bilbo se referia), mas achava que entendia bastante, e ria maldosamente por dentro.

Como você deve ter percebido. Uma técnica comum na hora de escrever é descrever as emoções e ações, o que é desnecessário em um filme, pois o interlocutor está observando a movimentação das imagens. Acredito que nesse ponto você pode melhorar a forma que escreve, propiciando uma melhor leitura e experiência.

Permita-me reescrever seu primeiro ato dando ênfase nas ações e emoções. Ficaria algo nesse sentido:

Enquanto adentravam na floresta, em sua parte mais densa, Dollen e Brand, exaustos, buscavam um lugar adequado para montar o acampamento. Seus pés doíam e o cansaço tornava o peso da armadura algo extremamente desconfortável. Dollen foi o primeiro à chegar na clareira, e tão logo chegou, sabia que seria um bom lugar para acampar.

- Dollen, estou curioso, o marquês está assegurando toda a região sul de Dandaria - falou enquanto limpava o suor de sua testa. Apesar de cansado, Brand sabia que o local era ótimo para um descanso, mas sua disciplina militar não lhe deixava descansar ainda, assim, travou seu machado em uma árvore e começou buscar por lenhas para criar um fogueira. - Não estou convencido de que ele irá dispor dos seus homens.
Dollen, apesar de ouvir a desconfiança de Brand, mantém-se em silêncio por alguns segundos enquanto busca por pedras para ajudar na fogueira. Após se aproximar de Brand e montar a fogueira, Dollen finalmente cai sentado, exausto, e resmunga - não estou esperando tal concessão. O marquês, acima de tudo, é um guerreiro, e, assim que ele souber da bruxa, irá espalhar tropas por todo o seu território - ao ouvir isso, Brand se sente um pouco mais aliviado e torna sua atenção para o cozimento da comida.
O acampamento estava montado, e finalmente os soldados puderam relaxar se deleitando de um saramugo, um peixe comum naquele região. Após a refeição, os soldados decidem verificar o perímetro antes de finalmente descansarem, o local está completamente deserto, sequer um animal foi avistado no perímetro, fazendo os soldados pensarem se tanto cuidado era realmente necessário, mas apenas por alguns segundos, pois logo se lembravam das histórias de bruxas e das atrocidades de que elas eram capazes. A possibilidade de encontrar uma bruxa era algo assustador, mas ainda mais assustador seria ser encontrado por uma bruxa enquanto dormia.

Por via das dúvidas, os soldados decidem manter guarda em turnos, tirando na sorte para ver quem seria o primeiro. Estavam longe de Heaventalon, mas certamente chegariam na cidade no dia seguinte, quando poderiam conversar o marquês Kolvic.

Em um livro você precisa transmitir as emoções e ações em palavras e não apenas relatar os acontecimentos. Busque demonstrar cada detalhe para o leitor, fazendo-o se sentir e ver cada situação dentro do roteiro. Determine qual o sentimento você quer passar na cena, e com isso em mente, descreva todos os detalhes necessários para fazer o leitor imaginar a cena.

O mesmo ocorre no segundo ato, você utiliza de uma linguagem puramente informativa. Parece mais que você está escrevendo um jornal do que um romance. Pense como se estivesse olhando uma cena e desejasse descrever para alguém que não pode ver. Como você faria isso? Como você descreveria o pôr do sol para uma pessoa cega? Apenas diria que o sol está desaparecendo ou tentaria descrever a sensação de ver o evento?

Por fim, achei muito fraco o segundo ato. O texto está confuso e parece ter algumas inconsistências. Quando alguém é esfaqueado, ele certamente faz barulho, seja vociferando a dor, seja ainda se debatendo nas paredes e no chão. Ainda que seja degolado, uma pessoa não morre instantaneamente. Muito mais barulho faz alguém enquanto é queimado vivo até a morte, sendo muito estranho ninguém ter percebido esse acontecimento - seja pelos gritos, seja ainda pelo fogo. Lembro que tudo acontece em uma casa, e mesmo que fosse uma mansão - o que não acredito que seja - seria impossível abafar todo o som. Ademais, Ledo ao ver seu capitão morto acaba por deixar a espada cair no chão e fica aos prantos, isso não me parece uma atitude de um soldado em um aparente campo de batalha, logo após ver todo o batalhão misteriosamente dizimado.

Recomendo que leia bastante e exercite a escrita. Tente descrever cenas do cotidiano no seu dia a dia como exercício. Não busque apenas informar um acontecimento, tente descrever de maneira minuciosa para os seus leitores, acredito que isso irá tornar ainda melhor os seus contos.

Foco no treino, a experiência vem com a prática.


Essas são apenas as minhas sinceras críticas, fique a vontade para receber elas ou ignorar por completamente. Gostaria de frisar que em momento algum eu quis lhe diminuir ou desestimular em continuar escrevendo, muito pelo contrário, eu só dediquei meu tempo para tecer esses comentários por achar que você poderá evoluir como escritor.


Abraço.

Gostei bastante da sua versão, esse é o tipo de comentário crítico e construtivo.

Quanto ao conto em si parece interessante, parece algo que eu leria se fosse refinado o suficiente, escrever é libertar a imaginação, deixar a história rolar na mente e por no papel. Reescrever e refinar o texto é um processo e é a parte que pode se praticar e melhorar depois.
 
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