O Eu que eu não conhecia
Estou agachado por trás de uma cerca alta de arbustos espiando uma feliz festa de aniversário de uma família harmoniosa e alegre. Do meu ponto de observação, podia ver que os filhos mais novos de todos os participantes da festa se divertiam em um “pula-pula” supervisionados pelo primo mais velho. Havia também uma mesa de doces e salgados cheia de todos os petiscos e guloseimas que você puder imaginar, todos fresquinhos e de aparência deliciosa, dando para sentir o cheiro até mesmo do meu esconderijo. A única coisa que podia dizer que ali faltava era um bolo, o sabor a escolher, já que todos temos nossas preferências pessoais. Outra falta que poderia ser percebida, era a do próprio anfitrião da festa, do próprio aniversariante.
Alguns dos convidados olhavam para seus smartphones enquanto outros conferiam discretamente seus relógios de pulso no meio de conversas acaloradas onde podiam ser facilmente sorrisos verdadeiros e um certo companheirismo vindo de amizades antigas e da boa convivência. Ali, bebiam e conversavam sobre assuntos que eu só podia supor, já que da distância em que me encontrava, apenas ruídos indecifráveis chegavam aos meus ouvidos.
Quando menos percebo, a harmonia da festa se quebra um pouco, uma campainha é ouvida e todos os presentes olham na direção de uma linda mulher que andava entre as mesas radiante por conta de toda a comemoração. Ela solta um risinho e corre na direção da porta de entrada, seus cabelos curtos e cacheados balançando com a pressa. Aquele convidado parecia ser muito importante para a festa, já que consegui escutar, mesmo de onde eu estava, exclamações divertidas de alívio de alguns dos presentes, como se eles tivessem enfim a recompensa de algo que tinham aprontado.
Assim que o convidado apareceu, para o meu espanto, vi que uma cópia perfeita de mim se apresentava, segurando um embrulho grande e transparente onde era possível ver um lindo bolo de chocolate. O outro eu colocou o bolo posicionado no centro da mesa e todos os convidados da festa se levantaram de seus lugares para a derradeira hora de qualquer aniversário.
Nesse ponto, lágrimas escorriam pelo meu rosto, eu tinha sido trocado e ninguém tinha percebido. Até meu próprio filho correu para a cópia e se jogou nos braços do impostor sem nem hesitar.
Um pouco antes do parabéns começar, ouço um carro parar nas minhas costas. Parecia saber onde eu estava, mesmo comigo estando escondido em um ponto onde eu tinha certeza que não seria visto por ninguém que passasse pela rua. Quando me viro, vejo uma van preta do estilo daquelas que aparecem sempre em filmes onde coisas ultrassecretas acontecem, onde pessoas que entram somem e nunca mais aparecem. De lá, saíram dois homens grandes vestidos com ternos pretos bem alinhados, óculos escuros e aquelas escutas penduradas nos ouvidos que agentes costumavam usar também em filmes.
A princípio, não percebi o que eles estavam fazendo ali, mas só Deus sabe do horror que se apoderou de mim quando entendi que era a mim que eles buscavam. Não demorou muito para me acharem por entre os arbustos e discretamente me tirar de lá. Não houveram gritos, esperneios e muito menos tentativas de fuga. Aceitei calado e atônito que eu havia sido trocado. Procurei o governo em tempos ruins, outros tempos, e acabei me inscrevendo para participar de um experimento. Nele eram pedidos fios de cabelo, fluidos corporais e até sangue, esse numa quantidade não muito maior do que era pedido em exames de rotina. Em troca, eu só precisava assinar uns papéis e receberia uma grana alta que usaria para pagar todas as minhas dívidas. Foi assim, no momento que era arrastado para longe de todos que amava onde entendi que vendi a mim mesmo em um daqueles papéis.
Alguns dos convidados olhavam para seus smartphones enquanto outros conferiam discretamente seus relógios de pulso no meio de conversas acaloradas onde podiam ser facilmente sorrisos verdadeiros e um certo companheirismo vindo de amizades antigas e da boa convivência. Ali, bebiam e conversavam sobre assuntos que eu só podia supor, já que da distância em que me encontrava, apenas ruídos indecifráveis chegavam aos meus ouvidos.
Quando menos percebo, a harmonia da festa se quebra um pouco, uma campainha é ouvida e todos os presentes olham na direção de uma linda mulher que andava entre as mesas radiante por conta de toda a comemoração. Ela solta um risinho e corre na direção da porta de entrada, seus cabelos curtos e cacheados balançando com a pressa. Aquele convidado parecia ser muito importante para a festa, já que consegui escutar, mesmo de onde eu estava, exclamações divertidas de alívio de alguns dos presentes, como se eles tivessem enfim a recompensa de algo que tinham aprontado.
Assim que o convidado apareceu, para o meu espanto, vi que uma cópia perfeita de mim se apresentava, segurando um embrulho grande e transparente onde era possível ver um lindo bolo de chocolate. O outro eu colocou o bolo posicionado no centro da mesa e todos os convidados da festa se levantaram de seus lugares para a derradeira hora de qualquer aniversário.
Nesse ponto, lágrimas escorriam pelo meu rosto, eu tinha sido trocado e ninguém tinha percebido. Até meu próprio filho correu para a cópia e se jogou nos braços do impostor sem nem hesitar.
Um pouco antes do parabéns começar, ouço um carro parar nas minhas costas. Parecia saber onde eu estava, mesmo comigo estando escondido em um ponto onde eu tinha certeza que não seria visto por ninguém que passasse pela rua. Quando me viro, vejo uma van preta do estilo daquelas que aparecem sempre em filmes onde coisas ultrassecretas acontecem, onde pessoas que entram somem e nunca mais aparecem. De lá, saíram dois homens grandes vestidos com ternos pretos bem alinhados, óculos escuros e aquelas escutas penduradas nos ouvidos que agentes costumavam usar também em filmes.
A princípio, não percebi o que eles estavam fazendo ali, mas só Deus sabe do horror que se apoderou de mim quando entendi que era a mim que eles buscavam. Não demorou muito para me acharem por entre os arbustos e discretamente me tirar de lá. Não houveram gritos, esperneios e muito menos tentativas de fuga. Aceitei calado e atônito que eu havia sido trocado. Procurei o governo em tempos ruins, outros tempos, e acabei me inscrevendo para participar de um experimento. Nele eram pedidos fios de cabelo, fluidos corporais e até sangue, esse numa quantidade não muito maior do que era pedido em exames de rotina. Em troca, eu só precisava assinar uns papéis e receberia uma grana alta que usaria para pagar todas as minhas dívidas. Foi assim, no momento que era arrastado para longe de todos que amava onde entendi que vendi a mim mesmo em um daqueles papéis.
Fim!
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