O Sol brilha alto no céu sobre a cidade. A animação das pessoas se assemelhava muito com a que ocorria em dias de festival, mas aquele não era o caso. A praça da cidade estava cheia de pessoas que apresentavam um sorriso no rosto após cada meia dúzia de frases ditas. Várias figuras eram vistas naquele local, como um homem vestido com peles de urso que fazia brincadeiras e distribuía doces às crianças. Outro tocava flauta e deixava os mais jovens impressionados com seu talento e uma senhora vendia alimentos caseiros.
A fonte da praça chamava atenção, mesmo já estando ali há algum tempo. O que realmente atraía a atenção das pessoas era seu sistema que permitia que ela fosse ativada e desativada automaticamente de tempos em tempos para exibir um efeito bonito e impressionar a todos. Exibir a tecnologia da sociedade era de certeza uma chance de atrair turistas. Afinal, quem não se impressiona com uma boa dose de tecnologia?
A senhora que vendia alimentos caseiros para os mais jovens com calma e tranquilidade gostava de viver daquele modo. Valia apena ver o sorriso no rosto dos mais novos experimentando aquelas iguarias.
O momento e o lugar para ter uma vida boa com o suor do trabalho desde o simples vendedor ambulante de todos os dias até o construtor mais esforçado dos quatro cantos até os aviadores sonhadores. Claro que neste caso se aplica aquele provérbio: Quanto maior teu sonho, maior tua queda. E se podia dizer que não era uma simples queda metafórica.
Numa parte daquela praça podia se ver um grande tumulto, e não era sem motivo. Um cartaz em cores vivas colado na parede chamava grande atenção. Difícil era se contar a dedo a quantidade de pessoas presentes naquele ponto. E nem eram tantas pelo simples motivo de tentarem ler e estarem impossibilitadas. Claro que não. Era uma discussão calorosa sobre o assunto que estava escrito naquele cartaz. Parece até que as pessoas se mantinham ali próximas para discutir sobre o assunto para que ele não se perdesse. Como se a presença do conteúdo colado no muro se mostrasse necessário para falar sobre.
Um jovem curioso tentava atravessar a floresta de pessoas para ler o que estava escrito, mas foi barrado pelos autores da discussão. Se mantiveram ali como guardas de segurança para um pedaço de papel colado no muro. Ninguém estava em posição de julgar caso seja mesmo essa a intenção, mas de certeza não era. A barreira de pessoas se mostrou impenetrável.
Ouvir a conversa era inútil, porque aquele falatório soava tão aleatório e incompreensível. E falavam tão alto que sua voz não foi ouvida quando perguntou a qualquer um sobre tudo aquilo que estava acontecendo. Quanta confusão. Hora de montar uma estratégia ele pensou.
Sua primeira ideia foi dar a volta e subir em cima do muro e ler pendurado ali. Não era a ideia mais genial, mas em sua cabeça funcionaria. Correu para atrás do muro e foi escalando. O muro não era muito alto, bastava algum esforço e conseguiu chegar em cima. Mas aparentemente haviam pessoas demais na frente do cartaz, não era possível ler de modo algum. Quanta frustração! e desceu do muro.
- Mas que droga! - Berrou enquanto empurrava as pessoas uma em cima da outra e algumas caíam como um monte de dominós enfileirados e pulava como um coelho! - Será que ninguém pode me ouvir? Quero saber o que está escrito neste maldito cartaz!
Após elevar o tom de maneira que sobrepôs todas as outras vozes, finalmente obteve êxito e aquilo que mais queria: o silêncio e a atenção. Um sentimento de vitória passou por seu corpo, mas de maneira tão rápida e silenciosa para dar espaço à surpresa, que foi imperceptível até mesmo por ele.
- Este é o Fallen! Um dos selecionados para a competição! - Um deles exclamou em meio ao silêncio e se virou para ir até o cartaz e apontar a fotografia acompanhada de seu nome na lista dos trinta selecionados. Curiosamente, não houve resistência por parte das pessoas. Apenas se afastaram do cartaz depois de se levantarem do chão não-tão-limpo.
- Vê? Aqui está seu nome. - O garoto continuava apontando para o rosto de Fallen e passava o dedo sobre seu nome, de início a fim. Podia se ver dúvida nos olhos de Fallen. Se perguntava o que estava acontecendo utilizando o olhar. Até que fez o esperado e parou de olhar apenas para seu nome e rosto naquele cartaz e finalmente leu o que estava escrito.
Apresentamos a primeira competição de inventores amadores da cidade, o PROTÓTIPO PREMIADO. Trinta inventores amadores foram selecionados para participar desta competição por votação da comunidade e dos governantes. Cada um foi selecionado pela sua maestria em uma ou mais invenções que fizeram sucesso na comunidade e tinham como objetivo fazer a vida das pessoas melhor ou melhorar a comunidade como um todo. Os trinta participantes devem apresentar uma ótima invenção para competir, e ela deve ser a mesma até o fim da competição. Modificações são permitidas durante o curso das etapas contando que o núcleo da ideia não seja alterado. A primeira apresentação terá início no dia 15 de maio. Se preparem. O prêmio será de duzentas moedas douradas para o primeiro lugar e a medalha de vencedor do PROTÓTIPO PREMIADO, cem moedas douradas para o segundo lugar e cinquenta moedas douradas para o terceiro lugar. A lista de participantes pode ser vista abaixo. Quero ver todos dando seu melhor! Seu governante, Rickas!
Leitura mental finalizada, as vozes começaram a surgir em sua cabeça, mas afinal de conta eram reais. Como se tivesse ido para outro mundo durante o momento da leitura e tapado seus ouvidos com algo impenetrável, como o desejo das vítimas de noites maldormidas.
- Qual será sua invenção?
- Vai ganhar? Está confiante?
- Eu também estou competindo.
- Também estou! De certeza te vencerei com minha invenção extraordinária!
A mente de Fallen se atola de informações. Não consegue compreender ou responder nenhuma das perguntas que são metralhadas em sua direção. O falatório estava pior que o anterior, de certeza. Sua vontade interior era de fugir, desaparecer dali imediatamente, que um teleportador o enviasse para outra dimensão. Tudo aquilo era sufocante. Pensava e pensava numa maneira de sair daquela situação desagradável e nada aparecia em sua mente. Após alguns segundos o que o atolava deixou de ser apenas informação e palavras gritadas e passou a ser pessoas atiradas em sua direção. Tudo se tornou ainda pior.
Fugir com a mente para um lugar bem longe dali era a única opção para respirar um ar mais puro. Para pensar o que fazer, como fugir daquela maldita situação. E o óbvio lhe acerta na cabeça tão forte que sente até mesmo vergonha alheia de si mesmo, se é que isso é possível. Correr. Haviam menos pessoas atrás dele que em sua frente, na direção do cartaz e isso foi ideal. Suspira, se prepara psicológica e fisicamente, se vira bem devagar para que nada levante suspeitas desnecessárias e partiu como uma flecha.
Assim que o cérebro das pessoas processou o acontecimento, fizeram a única coisa sensata que restava. Correr desesperadamente atrás de Fallen. A corrida teve real início, errata, a perseguição teve real início numa das quatro entradas da praça. Sim, a praça era circular cercada por muros e quatro entradas largas sem portão nos pontos cardeais. A perseguição seguia nas ruas de pedregulho da cidade abençoada pela tecnologia da Era Steampunk. A quantidade de ódio que se acumulava no coração de Fallen ao perceber que o cartaz do PROTÓTIPO PREMIADO havia sido colado em mais pontos da cidade aumentava cada vez mais. Toda aquela confusão poderia ter sido evitada com um pouco mais de cautela e pesquisa.
A calmaria dos estabelecimentos era interrompida bruscamente ao ver um jovem correndo na frente e a manada atrás. Sem saber o que acontecia, alguns indivíduos se juntavam ao grupo de perseguidores e cada vez o grupo aumentava mais sendo formado por quem não sabia nada. Aquela loucura chegou num certo ponto que a maior parte das pessoas não sabiam o que estavam fazendo, mas continuavam correndo atrás daquele jovem. Dessa maneira se manteve por muito tempo. De um lado pra outro, passando por estabelecimentos, casas, até instituições de ensino e bibliotecas. Alguns desistiam da corrida, outros se juntavam, mas Fallen nunca se cansava. Sabe se lá de onde tirava tanta vitalidade.
Não demorou muito para que a tal corrida chegasse aos ouvidos atentos e aos olhos que tudo viam de Rickas. Houve dúvida. Poderia ser simplesmente algo ignorável e estúpido, mas pela quantidade de pessoas, que chegava a casa das centenas valia a pena saber do que se tratava.
- As pessoas estão se animando para perder alguns quilos, Mágico D.? - Rickas olha para seu aliado no governo da grande cidade dourada.
- Parece que estão correndo atrás de um jovem. É um dos trinta escolhidos para o Protótipo Premiado, Fallen Agnel. Será que querem um autógrafo, não é?
Rickas não riu. Pensou no tumulto que uma perseguição poderia causar na sua cidade. Podia não ser nada, mas podia ser algo preocupante.
- Vamos esperar um pouco, Mágico D. Se a perseguição, ou corrida, tanto faz, não se encerrar, podemos ir intervir. Pode ser interessante. Se não for nada, não vamos estragar a diversão das pessoas. - Dizia enquanto se dirigia à sacada e ficava ali, olhando as pessoinhas se movimentando como formiguinhas nas ruas de pedregulho. Querendo ou não, era engraçado de se ver. Chegou até mesmo a abrir um sorriso de canto de boca.
- Nós estamos quase o alcançando! - Ao ouvir esta frase aleatória de um dos corredores, Fallen tomou um enorme susto. Quando olhou para trás e viu que a mão de um deles quase o tocava, aí sim quase teve um ataque cardíaco, mas continuou correndo. Não valia a pena parar ali, nem por um segundo. O que poderia fazer? O que essas pessoas fariam quando o pegassem? Será que estavam tão irritadas assim por ele ter fugido?
Fallen estava no fim de suas energias, mas conseguiu prender a corrida num único quarteirão para analisar aonde se esconder. Viu uma loja em que o vendedor estava nos fundos e não havia nenhum cliente. Bastou acelerar um pouco o passo para que os corredores o perdessem de vista. Não querendo ficar para atrás, a manada acelerou também um pouco o passo, mas a maioria deles estava cansada demais para sequer se importar. Eventualmente o alcançariam com um pouco de esforço e revezamento.
Bastou Fallen se esconder na loja na próxima volta ao redor do mesmo quarteirão. De vício, todos continuaram correndo algumas voltas, mas eventualmente desistiram. O balconista viu Fallen abaixado atrás de uma mesa forrada com um pano bordado até o chão, mas antes que liberasse uma palavra sequer, Fallen fez um sinal de silêncio com o dedo nos lábios. O vendedor compreendeu e continuou seu trabalho com indiferença. Ele só saiu da loja com total certeza que todos haviam ido embora.
Aliviado, saiu para a rua e começou a seguir o caminho para sua casa. Infelizmente, ao virar a primeira esquina, notou que o grupo continuava lá apenas esperando que ele aparecesse. E continuaram correndo atrás dele. Dessa vez se sentiu encurralado. Dois grupos estavam correndo atrás dele numa mesma rua, um grupo veio da direita e o outro grupo veio da esquerda. Não havia escapatória. Ele ia ser pego. Se aproximaram, se aproximavam, ele suspirou e eles chegavam cada vez mais perto. Desistiu até mesmo de correr, não havia caminho nenhum para fugir. Eles iam pegá-lo agora.
- O que estão fazendo aí? - Ao ouvir esta voz, todos pararam bruscamente, como se soubessem de quem era. Olharam para um lado e viram Rickas na rua, acompanhado de Mágico D.
- Por que estão perseguindo ele? Não veem que ele está incomodado? Por favor, deixem ele ir embora em paz. - Após isso, um olhou parad o outro, se perguntando realmente o motivo de estarem perseguindo Fallen. Ninguém sabia dizer.
Rickas deixou o local junto de Mágico D. e assim fizeram todos os outros. Em menos de minutos, todos haviam ido embora. Fallen ficou muito confuso, mas acabou indo para casa também. No caminho, pensou no que tinha acontecido e estava realmente confuso. E se lembrou: O Protótipo Premiado! Não sei o que fazer, preciso pensar. A competição é daqui a um mês e meio e todos já devem estar trabalhando em seus respectivos projetos. O que fazer? Que raios!
Com toda aquela distração, acabou colidindo com outra pessoa na rua que estava carregando alguma coisa. Os dois caíram no chão e aquilo que o outro estava segurando acabou caindo para longe e quase quebrou.
- Não presta atenção por onde anda? Quase que quebrou meu projeto vencedor! O que pensa que está fazendo? - O outro, que parecia um pouco mais velho que Fallen e visivelmente alterado empurrou-o, ainda caído no chão.
- Me desculpe, eu estava distraído. Perdão, diz projeto vencedor? Você também está participando do Protótipo Premiado?
- Você também? Bem, eu estava carregando uma das partes do meu projeto, até que um certo desastrado acabou o derrubando no chão. De qualquer forma, meu nome é Roy.
- Roy, prazer em conhecê-lo, peço desculpas. - E estendeu a mão para cumprimentar Roy, mas ele simplesmente não correspondeu.
- O que é este projeto que está trabalhando, Roy? - Dizia isso enquanto andava para pegar as partes do projeto de Roy que haviam caído para longe e entregar em suas mãos.
- Eu não sou desta cidade. Vim de um condado não muito distante daqui, conhecido como Coração Valente. Ele possui este nome por causa da valentia de seus guerreiros na época da guerra no passado que garantiu a vitória. De qualquer modo, o meu projeto se resume a uma maneira de conseguir fazer Coração Valente voar. Ele será o primeiro condado flutuante do mundo, algo que permitirá a locomoção de nosso condado para lugares diferentes, que contribuirá em tempos de guerras e também contribuirá economicamente. Será algo muito benéfico.
- Voar? I-isso é impossível Não é? - Fallen ficou muito espantado por várias razões. A primeira seria que este Roy poderia realizar algo impossível, que só pôde ser realizado pelos aviadores mais experientes, mas com muita dificuldade e só para locomover uma certa quantidade de pessoas, mas um condado inteiro? E também porque seria impossível obter a vitória na competição com um projeto daquela grandiosidade. Ele estava assustado por dentro e por fora.
- Sim, é possível. Estudei durante anos a tecnologia dos nossos antepassados e juntei com a atual. Nada é impossível para aquele que possui força de vontade o suficiente para mudar o mundo. - E dizia isto fechando os olhos e apresentando um sorriso que parecia mais falso que verdadeiro.
A fonte da praça chamava atenção, mesmo já estando ali há algum tempo. O que realmente atraía a atenção das pessoas era seu sistema que permitia que ela fosse ativada e desativada automaticamente de tempos em tempos para exibir um efeito bonito e impressionar a todos. Exibir a tecnologia da sociedade era de certeza uma chance de atrair turistas. Afinal, quem não se impressiona com uma boa dose de tecnologia?
A senhora que vendia alimentos caseiros para os mais jovens com calma e tranquilidade gostava de viver daquele modo. Valia apena ver o sorriso no rosto dos mais novos experimentando aquelas iguarias.
O momento e o lugar para ter uma vida boa com o suor do trabalho desde o simples vendedor ambulante de todos os dias até o construtor mais esforçado dos quatro cantos até os aviadores sonhadores. Claro que neste caso se aplica aquele provérbio: Quanto maior teu sonho, maior tua queda. E se podia dizer que não era uma simples queda metafórica.
Numa parte daquela praça podia se ver um grande tumulto, e não era sem motivo. Um cartaz em cores vivas colado na parede chamava grande atenção. Difícil era se contar a dedo a quantidade de pessoas presentes naquele ponto. E nem eram tantas pelo simples motivo de tentarem ler e estarem impossibilitadas. Claro que não. Era uma discussão calorosa sobre o assunto que estava escrito naquele cartaz. Parece até que as pessoas se mantinham ali próximas para discutir sobre o assunto para que ele não se perdesse. Como se a presença do conteúdo colado no muro se mostrasse necessário para falar sobre.
Um jovem curioso tentava atravessar a floresta de pessoas para ler o que estava escrito, mas foi barrado pelos autores da discussão. Se mantiveram ali como guardas de segurança para um pedaço de papel colado no muro. Ninguém estava em posição de julgar caso seja mesmo essa a intenção, mas de certeza não era. A barreira de pessoas se mostrou impenetrável.
Ouvir a conversa era inútil, porque aquele falatório soava tão aleatório e incompreensível. E falavam tão alto que sua voz não foi ouvida quando perguntou a qualquer um sobre tudo aquilo que estava acontecendo. Quanta confusão. Hora de montar uma estratégia ele pensou.
Sua primeira ideia foi dar a volta e subir em cima do muro e ler pendurado ali. Não era a ideia mais genial, mas em sua cabeça funcionaria. Correu para atrás do muro e foi escalando. O muro não era muito alto, bastava algum esforço e conseguiu chegar em cima. Mas aparentemente haviam pessoas demais na frente do cartaz, não era possível ler de modo algum. Quanta frustração! e desceu do muro.
- Mas que droga! - Berrou enquanto empurrava as pessoas uma em cima da outra e algumas caíam como um monte de dominós enfileirados e pulava como um coelho! - Será que ninguém pode me ouvir? Quero saber o que está escrito neste maldito cartaz!
Após elevar o tom de maneira que sobrepôs todas as outras vozes, finalmente obteve êxito e aquilo que mais queria: o silêncio e a atenção. Um sentimento de vitória passou por seu corpo, mas de maneira tão rápida e silenciosa para dar espaço à surpresa, que foi imperceptível até mesmo por ele.
- Este é o Fallen! Um dos selecionados para a competição! - Um deles exclamou em meio ao silêncio e se virou para ir até o cartaz e apontar a fotografia acompanhada de seu nome na lista dos trinta selecionados. Curiosamente, não houve resistência por parte das pessoas. Apenas se afastaram do cartaz depois de se levantarem do chão não-tão-limpo.
- Vê? Aqui está seu nome. - O garoto continuava apontando para o rosto de Fallen e passava o dedo sobre seu nome, de início a fim. Podia se ver dúvida nos olhos de Fallen. Se perguntava o que estava acontecendo utilizando o olhar. Até que fez o esperado e parou de olhar apenas para seu nome e rosto naquele cartaz e finalmente leu o que estava escrito.
Apresentamos a primeira competição de inventores amadores da cidade, o PROTÓTIPO PREMIADO. Trinta inventores amadores foram selecionados para participar desta competição por votação da comunidade e dos governantes. Cada um foi selecionado pela sua maestria em uma ou mais invenções que fizeram sucesso na comunidade e tinham como objetivo fazer a vida das pessoas melhor ou melhorar a comunidade como um todo. Os trinta participantes devem apresentar uma ótima invenção para competir, e ela deve ser a mesma até o fim da competição. Modificações são permitidas durante o curso das etapas contando que o núcleo da ideia não seja alterado. A primeira apresentação terá início no dia 15 de maio. Se preparem. O prêmio será de duzentas moedas douradas para o primeiro lugar e a medalha de vencedor do PROTÓTIPO PREMIADO, cem moedas douradas para o segundo lugar e cinquenta moedas douradas para o terceiro lugar. A lista de participantes pode ser vista abaixo. Quero ver todos dando seu melhor! Seu governante, Rickas!
Leitura mental finalizada, as vozes começaram a surgir em sua cabeça, mas afinal de conta eram reais. Como se tivesse ido para outro mundo durante o momento da leitura e tapado seus ouvidos com algo impenetrável, como o desejo das vítimas de noites maldormidas.
- Qual será sua invenção?
- Vai ganhar? Está confiante?
- Eu também estou competindo.
- Também estou! De certeza te vencerei com minha invenção extraordinária!
A mente de Fallen se atola de informações. Não consegue compreender ou responder nenhuma das perguntas que são metralhadas em sua direção. O falatório estava pior que o anterior, de certeza. Sua vontade interior era de fugir, desaparecer dali imediatamente, que um teleportador o enviasse para outra dimensão. Tudo aquilo era sufocante. Pensava e pensava numa maneira de sair daquela situação desagradável e nada aparecia em sua mente. Após alguns segundos o que o atolava deixou de ser apenas informação e palavras gritadas e passou a ser pessoas atiradas em sua direção. Tudo se tornou ainda pior.
Fugir com a mente para um lugar bem longe dali era a única opção para respirar um ar mais puro. Para pensar o que fazer, como fugir daquela maldita situação. E o óbvio lhe acerta na cabeça tão forte que sente até mesmo vergonha alheia de si mesmo, se é que isso é possível. Correr. Haviam menos pessoas atrás dele que em sua frente, na direção do cartaz e isso foi ideal. Suspira, se prepara psicológica e fisicamente, se vira bem devagar para que nada levante suspeitas desnecessárias e partiu como uma flecha.
Assim que o cérebro das pessoas processou o acontecimento, fizeram a única coisa sensata que restava. Correr desesperadamente atrás de Fallen. A corrida teve real início, errata, a perseguição teve real início numa das quatro entradas da praça. Sim, a praça era circular cercada por muros e quatro entradas largas sem portão nos pontos cardeais. A perseguição seguia nas ruas de pedregulho da cidade abençoada pela tecnologia da Era Steampunk. A quantidade de ódio que se acumulava no coração de Fallen ao perceber que o cartaz do PROTÓTIPO PREMIADO havia sido colado em mais pontos da cidade aumentava cada vez mais. Toda aquela confusão poderia ter sido evitada com um pouco mais de cautela e pesquisa.
A calmaria dos estabelecimentos era interrompida bruscamente ao ver um jovem correndo na frente e a manada atrás. Sem saber o que acontecia, alguns indivíduos se juntavam ao grupo de perseguidores e cada vez o grupo aumentava mais sendo formado por quem não sabia nada. Aquela loucura chegou num certo ponto que a maior parte das pessoas não sabiam o que estavam fazendo, mas continuavam correndo atrás daquele jovem. Dessa maneira se manteve por muito tempo. De um lado pra outro, passando por estabelecimentos, casas, até instituições de ensino e bibliotecas. Alguns desistiam da corrida, outros se juntavam, mas Fallen nunca se cansava. Sabe se lá de onde tirava tanta vitalidade.
Não demorou muito para que a tal corrida chegasse aos ouvidos atentos e aos olhos que tudo viam de Rickas. Houve dúvida. Poderia ser simplesmente algo ignorável e estúpido, mas pela quantidade de pessoas, que chegava a casa das centenas valia a pena saber do que se tratava.
- As pessoas estão se animando para perder alguns quilos, Mágico D.? - Rickas olha para seu aliado no governo da grande cidade dourada.
- Parece que estão correndo atrás de um jovem. É um dos trinta escolhidos para o Protótipo Premiado, Fallen Agnel. Será que querem um autógrafo, não é?
Rickas não riu. Pensou no tumulto que uma perseguição poderia causar na sua cidade. Podia não ser nada, mas podia ser algo preocupante.
- Vamos esperar um pouco, Mágico D. Se a perseguição, ou corrida, tanto faz, não se encerrar, podemos ir intervir. Pode ser interessante. Se não for nada, não vamos estragar a diversão das pessoas. - Dizia enquanto se dirigia à sacada e ficava ali, olhando as pessoinhas se movimentando como formiguinhas nas ruas de pedregulho. Querendo ou não, era engraçado de se ver. Chegou até mesmo a abrir um sorriso de canto de boca.
- Nós estamos quase o alcançando! - Ao ouvir esta frase aleatória de um dos corredores, Fallen tomou um enorme susto. Quando olhou para trás e viu que a mão de um deles quase o tocava, aí sim quase teve um ataque cardíaco, mas continuou correndo. Não valia a pena parar ali, nem por um segundo. O que poderia fazer? O que essas pessoas fariam quando o pegassem? Será que estavam tão irritadas assim por ele ter fugido?
Fallen estava no fim de suas energias, mas conseguiu prender a corrida num único quarteirão para analisar aonde se esconder. Viu uma loja em que o vendedor estava nos fundos e não havia nenhum cliente. Bastou acelerar um pouco o passo para que os corredores o perdessem de vista. Não querendo ficar para atrás, a manada acelerou também um pouco o passo, mas a maioria deles estava cansada demais para sequer se importar. Eventualmente o alcançariam com um pouco de esforço e revezamento.
Bastou Fallen se esconder na loja na próxima volta ao redor do mesmo quarteirão. De vício, todos continuaram correndo algumas voltas, mas eventualmente desistiram. O balconista viu Fallen abaixado atrás de uma mesa forrada com um pano bordado até o chão, mas antes que liberasse uma palavra sequer, Fallen fez um sinal de silêncio com o dedo nos lábios. O vendedor compreendeu e continuou seu trabalho com indiferença. Ele só saiu da loja com total certeza que todos haviam ido embora.
Aliviado, saiu para a rua e começou a seguir o caminho para sua casa. Infelizmente, ao virar a primeira esquina, notou que o grupo continuava lá apenas esperando que ele aparecesse. E continuaram correndo atrás dele. Dessa vez se sentiu encurralado. Dois grupos estavam correndo atrás dele numa mesma rua, um grupo veio da direita e o outro grupo veio da esquerda. Não havia escapatória. Ele ia ser pego. Se aproximaram, se aproximavam, ele suspirou e eles chegavam cada vez mais perto. Desistiu até mesmo de correr, não havia caminho nenhum para fugir. Eles iam pegá-lo agora.
- O que estão fazendo aí? - Ao ouvir esta voz, todos pararam bruscamente, como se soubessem de quem era. Olharam para um lado e viram Rickas na rua, acompanhado de Mágico D.
- Por que estão perseguindo ele? Não veem que ele está incomodado? Por favor, deixem ele ir embora em paz. - Após isso, um olhou parad o outro, se perguntando realmente o motivo de estarem perseguindo Fallen. Ninguém sabia dizer.
Rickas deixou o local junto de Mágico D. e assim fizeram todos os outros. Em menos de minutos, todos haviam ido embora. Fallen ficou muito confuso, mas acabou indo para casa também. No caminho, pensou no que tinha acontecido e estava realmente confuso. E se lembrou: O Protótipo Premiado! Não sei o que fazer, preciso pensar. A competição é daqui a um mês e meio e todos já devem estar trabalhando em seus respectivos projetos. O que fazer? Que raios!
Com toda aquela distração, acabou colidindo com outra pessoa na rua que estava carregando alguma coisa. Os dois caíram no chão e aquilo que o outro estava segurando acabou caindo para longe e quase quebrou.
- Não presta atenção por onde anda? Quase que quebrou meu projeto vencedor! O que pensa que está fazendo? - O outro, que parecia um pouco mais velho que Fallen e visivelmente alterado empurrou-o, ainda caído no chão.
- Me desculpe, eu estava distraído. Perdão, diz projeto vencedor? Você também está participando do Protótipo Premiado?
- Você também? Bem, eu estava carregando uma das partes do meu projeto, até que um certo desastrado acabou o derrubando no chão. De qualquer forma, meu nome é Roy.
- Roy, prazer em conhecê-lo, peço desculpas. - E estendeu a mão para cumprimentar Roy, mas ele simplesmente não correspondeu.
- O que é este projeto que está trabalhando, Roy? - Dizia isso enquanto andava para pegar as partes do projeto de Roy que haviam caído para longe e entregar em suas mãos.
- Eu não sou desta cidade. Vim de um condado não muito distante daqui, conhecido como Coração Valente. Ele possui este nome por causa da valentia de seus guerreiros na época da guerra no passado que garantiu a vitória. De qualquer modo, o meu projeto se resume a uma maneira de conseguir fazer Coração Valente voar. Ele será o primeiro condado flutuante do mundo, algo que permitirá a locomoção de nosso condado para lugares diferentes, que contribuirá em tempos de guerras e também contribuirá economicamente. Será algo muito benéfico.
- Voar? I-isso é impossível Não é? - Fallen ficou muito espantado por várias razões. A primeira seria que este Roy poderia realizar algo impossível, que só pôde ser realizado pelos aviadores mais experientes, mas com muita dificuldade e só para locomover uma certa quantidade de pessoas, mas um condado inteiro? E também porque seria impossível obter a vitória na competição com um projeto daquela grandiosidade. Ele estava assustado por dentro e por fora.
- Sim, é possível. Estudei durante anos a tecnologia dos nossos antepassados e juntei com a atual. Nada é impossível para aquele que possui força de vontade o suficiente para mudar o mundo. - E dizia isto fechando os olhos e apresentando um sorriso que parecia mais falso que verdadeiro.