Descobertas e exploração em um geral parece ser uma constante no tópico. Pessoalmente eu me sinto obrigado a concordar.
A maioria dos jogos que eu adoro costumam cair em três categorias: jogos que te dão várias ferramentas, jogos que promovem uma exploração (literal ou meta) e jogos que são mecanicamente satisfatórios.
Em questão de mecânica é bem simples pra mim. Eu gosto de coisas consistentes que respeitem bem tanto as próprias regras quanto o meu tempo. Por isso eu acabo gostando bastante de coisas bem arcade tipo os Project Diva, um jogo de ritmo bem simples e intuitivo que aos poucos você vai cultivando uma habilidade no próprio ritmo, enquanto ele te oferece várias escolhas pro que jogar, como jogar e ainda dando várias opções visuais que podem mudar diretamente a música ou interferir em modos separados que te dão muito pra escolher e criar os próprios objetivos pessoais.
Até por isso eu dediquei tanto tempo ao jogo, aprendendo os extremes das músicas divertidas, desbloqueando todos os modules da Miku para ter várias opções pra olhar e pensar como a Magician Miku é superior a todas elas e arrumando o quarto de todos os Vocaloids para ver eles interagir entre si enquanto eu estava fora dos jogos.
Meu primeiro extreme perfect na série, não é uma música tão difícil, mas foi super satisfatório de fazer o timing chato da parte do Len enquanto eu estava tenso por ter passado a música inteira sem errar.
Pode parecer um exemplo meio estranho, mas pra ilustrar a diversão de exploração em videogame eu usaria Yume Nikki de Kikiyama. O jogo na superfície é bem um "walking simulator", mas a quantidade de cuidado posto nele realmente te faz mudar a visão do produto quando você dá uma chance genuína.
Logo de cara no nexus você tem vários lugares para ir e explorar, cada área te levando pra ainda mais áreas que vão ficando mais e mais interessantes enquanto você pula entre as conexões e descobre novos efeitos que, apesar de poucos serem necessários para progredir no jogo, muitos deles desbloqueiam novas interações com diferentes coisas de cenário com novas animações, chamando NPCs, repelindo eles e causando eventos super intrigantes que te fazem reconhecer o quanto de planejamento e cuidado o jogo precisou pra chegar nesse resultado que de fora pra muitos pode parecer um jogo bem preguiçoso.
Eu sinto minha pré-adolescência voltando só de olhar.
Mas um jogo que me fez repensar diversão em video game como um pacote completo foi com certeza a versão de NDS de Dragon Quest V: Hand of the Heavenly Bride. Ele não só tem uma progressão bem amigável que não me forçou a grindar uma única vez em jogo, como usa muito bem o que na superfície seria sistemas bem padrões de RPG e tempera tudo como uma ótima pitada de bons personagens, universo interessante e muita personalidade.
Era bem divertido ficar indo em todo canto do mapa quando criança e vendo as piadas idiotas nos cenários e todas as conversinhas com os NPCs que tomavam uma nova visão quando você revisitava as mesmas áreas depois de adulto. Eles poderiam muito bem parar nessa camada, mas eles vão além com a opção de conversar com o seu grupo, o que faz de todas as áreas que você já explorou uma experiência super legal de voltar com sua esposa e filhos, pra compartilhar memórias tristes e felizes e criar conversas com base no que algum NPC diz em relação a seu grupo.
Gerhard reagindo a um NPC depositando toda a fé dele no garoto.
Eu lembro que passei HORAS voltando em todas as cidades e pontos importantes só pra ler o que eles tinham pra dizer e me surpreendi muito como não só eles tinham falas pros lugares, como pra interações específicas bem complexas que entregavam bastante informação que numa jogatina normal você nem saberia ao invés de te recompensar com uma linha de texto super irrelevante por serem muitos mapas que a maioria dos devs nem devem ter esperado que alguém de fato voltaria por seja lá qual motivo.
E nem é só texto durante mapas. Todos os inimigos tem várias animaçõezinhas, interações nicho entre si que abusam de mecânicas e do nada mostram habilidades que você nunca percebeu depois de derrota-los centenas de vezes e memes bem legais que te dão uma assustada, um dos meus preferidos sendo o grupo completo de slimes que ao invés de tomar ações como slimes fracos que vão no máximo te causar 1 de dano, se juntam pra formar um King Slime no lugar.
Esse tipo de coisa ajudava o jogo a parecer vivo de um jeito que eu realmente via dificuldade de comprar em outros jogos do tipo que as vezes até ignoravam detalhes super legais como texto em objetos/mobílias e botou um sorriso no meu rosto consumir o trabalho duro de uma equipe dedicada até demais.
Talvez seja o game dev dormente dentro de mim, mas acho super divertido explorar e abusar do fruto de um time claramente esforçado pra nos dar um belo jogo seja ele destacado em universo, plot ou mecânica.