O velho contador de histórias
Era uma noite de sexta-feira e a família Hawk se reunia ao redor da lareira para o velho vovô Hawk contar suas histórias. Todos procuraram seus lugares ao redor da lareira e se aconchegaram o melhor que puderam, pois estava fazendo um tremendo frio naquela noite, do tipo de frio que eles mal lembravam de ter visto uma outra vez em suas vidas. No aposento estavam o único filho do vovô Hawk, junto de sua esposa, seus dois netos homens e sua netinha, a caçula e mais bajulada pelo idoso. E eles não estavam ali por qualquer tipo de obrigação ou simplesmente para dar um pouco de atenção ao velho homem, não… Longe disso. Eles cresceram escutando as histórias dele e amavam-nas tanto quanto uma série que eles viam na Netflix.
Todos estavam a postos, baldes de pipoca na mão, um ou outro doce espalhado pela mesinha que enfeitava o centro da sala. Fazia muito tempo que eles não se reuniam daquele jeito, pois o velho homem tinha passado um bom tempo no hospital se recuperando de uma queda que havia levado alguns meses antes. O dono do show ainda não estava ali, e o barulho ao longe da descarga antiga da casa anunciava a sua entrada no espetáculo. Ele vinha andando com um pouco de dificuldade, sendo ajudado por um dos netos até finalmente sentar na sua cadeira de balanço que ficava estrategicamente perto da lareira para tentar acalmar suas dores nas juntas.
Ele pegava uma garrafa d’água que estava elevada na altura de sua mão por um banquinho e bebia um longo gole. Depois, limpava a garganta em alto e bom som, o que fez a expectativa de todos crescer claramente nas feições de toda a família. O velho, percebendo como todos estavam em suas mãos, deu um sorrisinho de canto de boca quase imperceptível, era a hora de começar a história.
Todos estavam a postos, baldes de pipoca na mão, um ou outro doce espalhado pela mesinha que enfeitava o centro da sala. Fazia muito tempo que eles não se reuniam daquele jeito, pois o velho homem tinha passado um bom tempo no hospital se recuperando de uma queda que havia levado alguns meses antes. O dono do show ainda não estava ali, e o barulho ao longe da descarga antiga da casa anunciava a sua entrada no espetáculo. Ele vinha andando com um pouco de dificuldade, sendo ajudado por um dos netos até finalmente sentar na sua cadeira de balanço que ficava estrategicamente perto da lareira para tentar acalmar suas dores nas juntas.
Ele pegava uma garrafa d’água que estava elevada na altura de sua mão por um banquinho e bebia um longo gole. Depois, limpava a garganta em alto e bom som, o que fez a expectativa de todos crescer claramente nas feições de toda a família. O velho, percebendo como todos estavam em suas mãos, deu um sorrisinho de canto de boca quase imperceptível, era a hora de começar a história.
Pesadelo sinistro
Quando eu era criança, era comum sonhar e ter pesadelos de vez em quando, habilidade que fui perdendo com o passar dos anos. Parece que a rotina me cansa tanto hoje em dia que minha mente, também cansada, prefere simplesmente me levar para o escuro do sono pacífico do que me agraciar com as visões fantásticas que um sonho, ou pesadelo, podem nos agraciar. Porém, tem um dia, ou melhor, uma data específica do mês que, não importando o cansaço, um terrível sonho sempre se repetia.
Neste sonho, eu estava voltando para casa de um dia cheio na faculdade. O cansaço já havia se apossado de meu corpo a um bom tempo e a única coisa que passava pela minha mente exausta era tomar um bom banho e deitar para ser acolhido pelos braços do sono. A noite estava gélida, mais que o normal para a época de ano que me encontrava, mas nem isso me chamou a atenção, já que simplesmente aquilo podia ser só um dia atípico, e eu estava certo, só não sabia que tal atipicidade viria de um meio sobrenatural.
Faltando uma rua para chegar em casa, todos os postes que iluminavam a viela começavam a piscar alheios a qualquer ordem ou ritmo. Eu parava, olhando-os com espanto e estranhamento, quando, na outra ponta da rua, vejo virar e vir em minha direção um ser grande, robusto e que andava em suas quatro patas. Pelo tamanho e som do rosnar, ele com certeza não era um cachorro. Estava mais próximo de um leão do que eu queria admitir, mas não existia zoológico perto para algo assim ter fugido. Fiquei paralisado de medo, era impossível fugir. A cada piscada das luzes, a criatura se encontrava mais próxima de mim e, no momento que eu pude sentir sua respiração, ela sumia diante dos meus olhos. Nesse ponto, eu sempre acordava de susto, banhado de suor e com a respiração ofegante.
Esse sonho se repete até hoje, sempre na última lua cheia do mês e eu juro que ainda consigo lembrar de sentir sua respiração próxima a minha face, sentir o seu cheiro, algo parecido com almíscar. Seus olhos brilhantes que apresentavam famintos, lascivos por um pedaço da minha carne cada vez que os postes se apagavam. Seus pelos eriçados como se estivesse pronto para o ataque...
De repente, as luzes da casa se apagam. Todos soltavam um longo “ahhhhhh”. A lareira, única coisa que realmente estava clareando a sala de estar, também acaba se apagando misteriosamente. Com seus celulares longe, ninguém tinha alguma ferramenta para iluminar a sala que contava, naquele momento, apenas com uma brilhante lua cheia para não adentrar em um escuro absoluto. Nessa hora, toda a família escuta um som estranho, parecido com o de juntas estalando e sendo deslocadas. O filho do velho homem percebe que, como se tratava do último dia do mês, com toda a certeza era a última lua cheia do mês. Como o senhor Hawk estava senil, também tinha se esquecido da importante data para ele. Com a voz fraca, tentando ao máximo se controlar, o velho homem sibila um “corram” entre os dentes. A última coisa que seus familiares viram com vida foram os olhos brilhantes e amedrontadores do avô que tanto amavam.
Neste sonho, eu estava voltando para casa de um dia cheio na faculdade. O cansaço já havia se apossado de meu corpo a um bom tempo e a única coisa que passava pela minha mente exausta era tomar um bom banho e deitar para ser acolhido pelos braços do sono. A noite estava gélida, mais que o normal para a época de ano que me encontrava, mas nem isso me chamou a atenção, já que simplesmente aquilo podia ser só um dia atípico, e eu estava certo, só não sabia que tal atipicidade viria de um meio sobrenatural.
Faltando uma rua para chegar em casa, todos os postes que iluminavam a viela começavam a piscar alheios a qualquer ordem ou ritmo. Eu parava, olhando-os com espanto e estranhamento, quando, na outra ponta da rua, vejo virar e vir em minha direção um ser grande, robusto e que andava em suas quatro patas. Pelo tamanho e som do rosnar, ele com certeza não era um cachorro. Estava mais próximo de um leão do que eu queria admitir, mas não existia zoológico perto para algo assim ter fugido. Fiquei paralisado de medo, era impossível fugir. A cada piscada das luzes, a criatura se encontrava mais próxima de mim e, no momento que eu pude sentir sua respiração, ela sumia diante dos meus olhos. Nesse ponto, eu sempre acordava de susto, banhado de suor e com a respiração ofegante.
Esse sonho se repete até hoje, sempre na última lua cheia do mês e eu juro que ainda consigo lembrar de sentir sua respiração próxima a minha face, sentir o seu cheiro, algo parecido com almíscar. Seus olhos brilhantes que apresentavam famintos, lascivos por um pedaço da minha carne cada vez que os postes se apagavam. Seus pelos eriçados como se estivesse pronto para o ataque...
De repente, as luzes da casa se apagam. Todos soltavam um longo “ahhhhhh”. A lareira, única coisa que realmente estava clareando a sala de estar, também acaba se apagando misteriosamente. Com seus celulares longe, ninguém tinha alguma ferramenta para iluminar a sala que contava, naquele momento, apenas com uma brilhante lua cheia para não adentrar em um escuro absoluto. Nessa hora, toda a família escuta um som estranho, parecido com o de juntas estalando e sendo deslocadas. O filho do velho homem percebe que, como se tratava do último dia do mês, com toda a certeza era a última lua cheia do mês. Como o senhor Hawk estava senil, também tinha se esquecido da importante data para ele. Com a voz fraca, tentando ao máximo se controlar, o velho homem sibila um “corram” entre os dentes. A última coisa que seus familiares viram com vida foram os olhos brilhantes e amedrontadores do avô que tanto amavam.
Fim!