Ouro, Mármore e Chumbo

[Patrono]

Nem todos os que vagam estão perdidos. As vezes, a estrada de tijolos amarelos é muito longa.​

Ouro, Mármore e Chumbo​

Enquanto perambulava em meio a aquela multidão, eu não conseguia me lembrar de nada nem sequer do meu nome, somente havia uma sensação de vergonha e culpa dentro de mim. Todos os rostos eram iguais, carregavam um semblante de dúvida. Simplesmente fomos jogados do céu ali e os corpos ainda caiam, muitos corpos amontoados aos poucos recuperando a consciência e se livrando do pesar da queda.

Não sabíamos para onde ir, nem onde estávamos... tudo era uma escuridão imensa, me sentia perdido. Havia apenas um único caminho a frente que desaparecia no horizonte... Era obrigado a continuar, caso contrário eu enlouqueceria com os gritos e grunhidos de todos aqueles que não aceitavam estar ali.

Não havia nada para olhar além dos incontáveis ombros adiante, rostos sem vida e uma estrada de tijolos incongruentes sob meus pés. Não importava para onde desviava o olhar, era algo que eu preferia não ver... então fechei meu olhos rezando para que chegássemos a algum lugar.

De repente, me esbarro nas costas de um homem na minha frente. Ao abrir os olhos percebo que estão começando a parar lentamente. No caminho, três criaturas mascaradas encaram de volta... e diante de cada uma, havia uma grande bacia com uma substância líquida dentro. Cada uma delas parecia ser de e ter um material diferente nelas. Suas máscaras, respectivamente.

Nessa parte da estrada haviam três ramificações que levavam, cada uma, em direção aos seres. Na minha direita, Uma bacia que parecia ser feita de ouro brilhante; Na minha esquerda outra bacia, feita de chumbo; E na frente, dando continuidade a estrada, estava o que parecia ser mármore branco.

"Somente quando o som de um sino ecoou por todos os lados, foi quando os homens e mulheres na linha de frente deram os primeiros passos."

Quando finalmente havia chegado a minha vez, mesmo sem antes sequer pensar, senti uma vontade incontrolável de seguir aquele caminho, então o fiz. Sem dizer uma palavra a criatura me encarava enquanto ela punha as mãos no líquido cinzento metálico, retirando uma máscara de chumbo e a oferecendo com as mãos.

"Fazendo um gesto de aceitação, juntei as mãos e pude sentir o toque gelado da máscara na ponta dos meus dedos. Era também, muito mais pesada do que parecia... muito mais..."

Ele então desviou seu olhar para o próximo homem que estava chegando atrás de mim, parecia que havia terminado, então segui o caminho.

Enquanto andava com a máscara em mãos, encarava cada detalhe como se fosse um espelho e conseguia ver o formato de meu rosto. Quando pus a máscara, tive um vislumbre de que na verdade eu estava era mesmo, seguindo meu destino.

— "Eu aceito a consolação da morte."​

— Crônicas do 'Além-Túmulo'.​

Até mais :Okay_fix: