🤔 Para Refletir :
"Seu jogo nao precisa ser o melhor ou o mais popular, apenas precisa fazer o dia de alguem melhor"
- codingkitsune

Pensando Jogos | Alteridade e Empatia

BlackCatFM Masculino

Marquês
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19 de Janeiro de 2018
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Caríssimos,


  Em discussões com amigos, e até mesmo pela internet, sempre busquei ressaltar a relevância dos jogos eletrônicos para além do limitado conceito de diversão/entretenimento. Além de divertidos, jogos em geral operam no terreno da alteridade, isto é, da relação com o outro; e da empatia, de modo a nos proporcionar sensações e a alargar nosso campo perceptivo.
  Dois dos meus jogos prediletos, Mass Effect e Dragon Age, marcaram-me pelo fato de me fazerem entrar em contato com outras realidades, experimentar conflitos que não eram os meus, mas o de outras pessoas. Esses jogos faziam-me parar e pensar em questões éticas, políticas e afetiva. Eu "esquecia" que se tratava de apenas um jogo e tornava as questões e os dilemas das personagens em minhas questões e meus dilemas. Eu realmente me importava com essas personagens e sentia por elas.
  Há muitos jogos ainda mais diretos nesse aspecto. Hellblade, por exemplo, mais do que um game de fantasia, é um game que trata das vivências de uma pessoa que sofre de esquizofrenia; Rainy Day aborda a rotina de uma pessoa que sofre de depressão, fazendo-nos experimentar os altos de baixos de quem sofre dessa doença. A imersão ativa dos jogos eletrônicos permite que nos coloquemos no lugar do outro, que experimentemos, de certa forma, outras formas de sentir e de ser. A partir do momento que sentimos o que outra pessoa sente, passamos a entender suas dores.
  No BIG deste ano também tivemos grandes exemplos do que estou falando, Lenin - The Lion, que venceu a categoria de jogos voltados para questões sociais e, além dele, tivemos Florence, game no qual você é colocado na pele de Bia, uma adolescente trans que se muda de cidade e precisa lidar com dificuldades e preconceitos. E para adicionar a esta reflexão, gostaria de compartilhar este vídeo deveras interessante que fala exatamente dessas questões que levantei. Vamos conversar!​



[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=VFaluGsKLHY[/youtube]​
 
Muito bom o vídeo, mas ouso dizer que mesmo que jogos contenham ótimos conteúdos educativos e reflexivos ainda assim é uma forma de entretenimento, já que o entretenimento nada mais é do que desviar a atenção para alguma coisa, e é exatamente isso que o vídeo game faz, é bem plausível que o game te coloca na situação de uma pessoa, mas não acredito que seja o melhor método para isso, assim como todos os outros meios de comunicação o vídeo game nada mais é do que um reflexo da realidade, e tanto vídeo games como filmes e livros podem sim transmitir sentimentos e emoções a quem o usufruí, vai depender do capricho e da forma como o autor do game vai transmitir estas emoções no game do enredo
 
Muito bom o vídeo, mas ouso dizer que mesmo que jogos contenham ótimos conteúdos educativos e reflexivos ainda assim é uma forma de entretenimento, já que o entretenimento nada mais é do que desviar a atenção para alguma coisa, e é exatamente isso que o vídeo game faz

  Sua definição da palavra está parcialmente correta. A palavra "entretenimento" não significa apenas desviar a atenção para alguma coisa, mas desviar a atenção de algo importante para algo supérfluo, configurando-se como um divertimento descompromissado, distraído e descartável. Pode-se ainda relacioná-la ao conceito de escapismo. Desviar o olhar é um ato relativo a algo, desloca-se a visão de um ponto A para um ponto B, a fim de ignorar ou recusar o que se via anteriormente no ponto A. Existe um componente psicológico de valoração imbuído no desvio que não pode ser ignorado (os termos não são equivalentes). E a noção de divertimento, no contexto dos videogames, está intimamente relacionada a uma certa postura de alienação com relação ao que é "sério" ou "relevante". A diversão expressa um estado de despreocupação, de suspensão das tensões da vida. O termo "diversão" vem do latim divertere, cujo significado seria o de voltar a cabeça para o outro lado, distrair-se, em suma, desviar o olhar das preocupações da vida cotidiana. Divertir-se significa alienar-se dos problemas; sendo que essa definição está no coração do sentido comumente atribuído aos jogos eletrônicos como uma forma de escapismo. A partir do momento que uma obra, seja ela qual for, volta-se para a vida, ela perde em diversão. E a medida dessa perda se dá pelo quanto uma obra permanece focada naquilo de que ela deveria desviar-se.​

(...) é bem plausível que o game te coloca na situação de uma pessoa, mas não acredito que seja o melhor método para isso (...) e tanto vídeo games como filmes e livros podem sim transmitir sentimentos e emoções a quem o usufruí.

  Não seria o melhor método por qual razão, especificamente? A meu ver, passa-se com os videogames o mesmo que com outras mídias, como o cinema: pode-se usar um filme como diversão escapista, como motor reflexivo, como propaganda ideológica, como forma de expressão e como um meio para nos apresentar outras realidades, essas distintas da nossa. Nesse sentido, os jogos eletrônicos não são nem piores nem melhores em termos de método, mas fornecem ferramentas próprias que outras mídias não possuem, nesse caso, a interatividade.​

 
Sua definição da palavra está parcialmente correta. A palavra "entretenimento" não significa apenas desviar a atenção para alguma coisa, mas desviar a atenção de algo importante para algo supérfluo, configurando-se como um divertimento descompromissado, distraído e descartável. Pode-se ainda relacioná-la ao conceito de escapismo. Desviar o olhar é um ato relativo a algo, desloca-se a visão de um ponto A para um ponto B, a fim de ignorar ou recusar o que se via anteriormente no ponto A. Existe um componente psicológico de valoração imbuído no desvio que não pode ser ignorado (os termos não são equivalentes). E a noção de divertimento, no contexto dos videogames, está intimamente relacionada a uma certa postura de alienação com relação ao que é "sério" ou "relevante". A diversão expressa um estado de despreocupação, de suspensão das tensões da vida. O termo "diversão" vem do latim divertere, cujo significado seria o de voltar a cabeça para o outro lado, distrair-se, em suma, desviar o olhar das preocupações da vida cotidiana. Divertir-se significa alienar-se dos problemas; sendo que essa definição está no coração do sentido comumente atribuído aos jogos eletrônicos como uma forma de escapismo. A partir do momento que uma obra, seja ela qual for, volta-se para a vida, ela perde em diversão. E a medida dessa perda se dá pelo quanto uma obra permanece focada naquilo de que ela deveria desviar-se.

Depende do que tu define como ponto A se o ponto A for algo que não tem absolutamente nada haver com os seus problemas pessoais mas ainda assim trata de assuntos reais e sérios da realidade, logo ele faz você perder o seu foco do ponto A para o B da mesma forma

Nesse sentido, os jogos eletrônicos não são nem piores nem melhores em termos de método, mas fornecem ferramentas próprias que outras mídias não possuem, nesse caso, a interatividade.

Mas é exatamente disto que estou falando
 
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