🤔 Para Refletir :
"CHAR armazena um valor alfanumérico à variável. Programar, por si só, armazena bugs à constante."
- DougMR

Pessoa ou Personagem? Eis a Reflexão...

Irineu Masculino

Conde
Membro
Membro
O quê? Você realmente ia ler aquilo até o final?
Juntou-se
26 de Agosto de 2017
Postagens
327
Bravecoins
142
Olá!

Esses dias eu andei revendo uns diálogos do meu projeto, mais especificamente da personagem Kiche... É normal o criador de um enredo colocar aspectos dele mesmo em um dos personagens, foi isso que eu fiz, coloquei nela pensamentos, dilemas e um pouco da minha personalidade baseados na minha infância. Á partir de um certo momento, eu comecei a ficar meio reflexivo... Fui rever novamente os diálogos e percebi que as semelhanças não estavam tão leves quanto eu esperava.
Essa personagem que eu citei tem problemas de sociabilidade e comumente hesita em mostrar o que sente, duas características que eu possuía na infância e até hoje me identifico um pouco. Onde eu quero chegar? Bem... É normal se identificar mais com personagens do que com pessoas reais?

Na minha época de criança, as pessoas sempre diziam que eu era antissocial. Mesmo eu tendo certos problemas em me aproximar (Também no sentido literal) de outras pessoas, eu não me considerei uma pessoa antissocial. Eu passava grande parte do meu tempo jogando videogame, assistindo desenhos e correndo pela casa sozinho, mas não era porque eu não gostava das outras pessoas, era porque na minha cabeça, tudo aquilo era bem menos artificial que as outras pessoas.
Eu frequentemente escuto parte da conversa de outras pessoas quando não estou fazendo nada, principalmente adolescentes e isso não me dá muito esperança... Não sei se você que está lendo vai entender 100% que eu estou querendo dizer, mas aquilo é uma coisa tão artificial, tão robotizada... Parece que as pessoas só querem falar o que o chamamos de mainstream, ou seja, tudo aquilo que qualquer pessoa vai achar normal, até o tom de voz eu acho artificial.
Por outro lado, eu vejo personagens de qualquer tipo de obra como o contrário disso tudo. Não parece que eles irão falar aquilo que tudo mundo vai achar socialmente comum, parece que eles irão falar algo que eles falariam. Pergunte-se a si mesmo: De todas as pessoas que você conhece, o que diferencia umas das outras além do tom de voz e da aparência?

Nessa minha reflexão, eu percebi que as pessoas me tratavam mais como um personagem do que como uma pessoa... Quando eu era mais novo, elas tinham a tendência de falar de mim na 3ª pessoa mesmo quando eu estava por perto, isso particularmente me constrangia às vezes. Uma coisa tipo "Aquele menino é meio err... Você já viu a nova série do Netflix?". As pessoas à minha volta tem uma certa dificuldade em entender o que eu quero dizer, tanto é que pessoalmente eu falo da forma mais resumida e objetiva possível pra  evitar desentendimento ou eu ter que explicar de novo. Não sei se é maluquice minha, mas não seria mais fácil entender o que uma pessoa quer dizer do que entender o que um personagem quer dizer? O que diferencia uma pessoa de um personagem além do fato de um existir e outro não?

Isso é tudo!
 
Com todo respeito, mas é muito fácil nos rotularmos as pessoas como se elas fossem seres humanos genéricos (ou artificial como você mesmo diz) e não pensarmos um pouco como nós agiríamos diante da mesma situação. Falo isso porque eu sou um cara que ama falar de coisas que no geral ninguém conversaria a respeito (ex: Filosofia, Política, Sociologia e ciências em geral) mas a pergunta que vc deve fazer a si mesmo é: E se eu estivesse diante de uma pessoa que tem gostos e pensamentos completamente distintos do meu, eu conseguiria manter um papo bacana com ela? A verdade é que na maioria das vezes o nosso problema é que consideramos os papos genéricos como muitas das vezes não sendo "o nosso papo" e ai achamos que somos diferentes dos demais humanos por justamente por não falarmos as mesma lingua que eles.

Mas apesar de parecer criticar suas ideias em grande parte eu concordo contigo, vivemos em uma sociedade onde as pessoas se fecham em grupos sociais e decidem aceitar apenas as pessoas que gostem das mesmas coisas que elas onde se cria uma segregação altíssima, isso não só se reflete nas relações sociais como muitas das vezes no próprio mercado econômico. Ex: O futebol parece ser o único esporte valorizado em nosso país, até temos outros esportes mas todos sabemos que o futebol é quase que unanimidade, se tu parar pra pesquisar sobre outros esportes em nosso país (tipo natação basquete e etc) vc vai perceber que muitos dos poucos brasileiros que entraram na área tiveram que conseguir carreira profissional fora do páis porque o Brasil simplesmente não oferece incentivo nenhum, mesma coisa com bebidas alcoólicas, hoje se tu falar pra pessoas "padrão" que não gosta de futebol ou não gosta de bebidas alcoólicas vc automaticamente será considerado alguém estranho ou careta no mínimo,  e tudo isso é fruto de uma sociedade que parece que mais se importa em ser aceito pelos outros do que ser ela mesma, o pior que eu conheço muitas pessoas que nunca gostaram de beber bebidas alcoólicas mas por influência social acabaram tendo que beber para serem aceitas (e acredite isso acontece MUITO no nosso país). O meu conselho a você é: Conheça novas coisas, não fique se prendendo apenas no seu mundo de jogos, apesar de eu sempre valorizar que as pessoas devem ser elas mesmas também acho que devemos estar aberto a conhecer coisas novas, coisas que muitas vezes criamos preconceito por ser algo "que todo mundo gosta" as vezes você pode acabar gostando também, existem diversos meios de entretenimento que você pode acabar se identificando com outras pessoas, seja jogos, filmes, séries, animes, ou até esportes mesmo, com o tempo vc acaba percebendo que apesar de realmente existir segregação social (e de fato existe) a verdade é que vc também pode ter parte desta culpa de ser o "estranho da turma" por nunca ter se aberto a novas coisas ou por nunca ter tentado sair um pouco da caixa. No fim das contas eu percebo que estes problemas sociais são gerados pelos dois lados da moeda. A sociedade que impõe padrões e modelos sociais a nós, onde acabamos sendo vitimas desta segregação, e por consequência acabamos nos fechando de tudo e achando que o mundo esta contra nós, sendo que a coisa não é tão ao extremo assim. Eu particularmente experimentei novas coisas depois de viver anos fechado, mas experimentei sem fatores externos nenhum, eram coisas que eu mesmo havia decidido que gostaria de conhecer e conheci, e acabei conhecendo muitas pessoas com quem me identifiquei, a verdade é que apesar destas circunstâncias de segregação sempre vai existir um espaço para nós neste mundo talvez você só precise encontrar o seu lugar...​
 
Eu esqueci de comentar no tópico, mas isso que eu falei se refere mais a pessoas da minha faixa etária, tanto é que raramente eu tenho esse "problema" com crianças e pessoas mais velhas. Do jeito que eu me expressei, deu a entender que eu era uma espécie de adolescente edgy revoltado com a sociedade, é meio difícil expressar isso em palavras, mas eu não me sinto o diferentão, eu só sinto que os outros estão parecidos demais (De certa forma, parecidos com aquele meme "NPC").

Na verdade, eu até me considero relativamente aberto à coisas novas, porém eu acho que as coisas devem ser sempre "naturais". Pra mim, é idiota tentar desenvolver interesse em alguma coisa pra tentar agradar alguém ou se encaixar na maioria, eu geralmente tenho pouco ou nenhum interesse no que a maioria gosta por algum motivo inexplicável, não porque é uma coisa que a maioria gosta. Se eu for me interessar por alguma coisa, é porque eu me interessei por esta coisa involuntariamente, ou seja, por ironia do destino, eu não me acho o "estranho da turma", eu acho que as pessoas acham que eu sou esse cara, compreende?
 
Todas as pessoas são um personagem. E dependendo da pessoa, você muda esse personagem constantemente de acordo com o ambiente social que está. E não se trata de certo ou errado, ou natural ou artificial. É apenas a maneira adaptativa que nosso cérebro trabalha.

Quanto a forma que você se sente em relação às outras pessoas. Isso é perfeitamente normal com todos que são "diferentes" do meio social que vivem. Gostamos de coisas que em geral ninguém conhece, ouvimos músicas que poucos ouvem, pensamos de forma que poucos pensam. Este pensamento moderno politicamente correto não ajuda muito as coisas. Em geral o que se vê hoje é uma grande opressão a opiniões próprias e estilos de vida particulares. Se você não gosta de funk ou sertanejo, não pode falar mal, é preconceito, é a cultura. Mas se você ouve música clássica ou similar vão falar que você é estranho. Se você ouve rock vão falar que você gosta de doido gritando. É um mundo bem repressor quanto a desgostar de coisas que a maioria gosta.

Mas como lidar com isso? Não tenha medo de não ser legal. Não tenha medo de expressar o que você realmente sente. Fale do que você gosta. E fale do que você não gosta. Você não precisa respeitar o mainstream. E muito menos precisa se esforçar para ser igual os outros. Ser uma pessoa legal é ser divertido, é ser prestativo, é ser "parceiro".
 
night walker comentou:
Todas as pessoas são um personagem. E dependendo da pessoa, você muda esse personagem constantemente de acordo com o ambiente social que está. E não se trata de certo ou errado, ou natural ou artificial. É apenas a maneira adaptativa que nosso cérebro trabalha.
Eu discordo disso, como disse antes, acho idiotice você ir contra sua própria natureza/personalidade pra se encaixar em um ambiente ou pra agradar outra pessoa. Um caso em que isso é exceção é em uma entrevista de emprego por exemplo, não vejo nada de errado em você tentar parecer mais sério nessa ocasião. As pessoas estão rejeitando sua própria natureza para se encaixar "moda do momento", isso na minha visão, é ser artificial.

Quanto a forma que você se sente em relação às outras pessoas. Isso é perfeitamente normal com todos que são "diferentes" do meio social que vivem. Gostamos de coisas que em geral ninguém conhece, ouvimos músicas que poucos ouvem, pensamos de forma que poucos pensam. Este pensamento moderno politicamente correto não ajuda muito as coisas. Em geral o que se vê hoje é uma grande opressão a opiniões próprias e estilos de vida particulares. Se você não gosta de funk ou sertanejo, não pode falar mal, é preconceito, é a cultura. Mas se você ouve música clássica ou similar vão falar que você é estranho. Se você ouve rock vão falar que você gosta de doido gritando. É um mundo bem repressor quanto a desgostar de coisas que a maioria gosta.
Exatamente, o problema é que os casos de gosto particular estão reduzindo cada vez mais graças a essa "opressão" que a sociedade faz com quem tem gostos considerados "estranhos". Pra você ter uma ideia, já riram de mim por eu dizer que gostava dos jogos da Nintendo '-'.

Mas como lidar com isso? Não tenha medo de não ser legal. Não tenha medo de expressar o que você realmente sente. Fale do que você gosta. E fale do que você não gosta. Você não precisa respeitar o mainstream. E muito menos precisa se esforçar para ser igual os outros. Ser uma pessoa legal é ser divertido, é ser prestativo, é ser "parceiro".
Eu penso parecido, mas a maioria está indiretamente lutando contra esse tipo de pensamento. Como você disse, eles reprimem quem tem gostos diferentes da maioria.
 
Essa repressão é algo temporário para não dizer superficial. Quando você ficar mais velho vai ver que as pessoas tendem a mudar um pouco esse pensamento. E você a se importar menos com a opinião alheia. É mais questão de auto estima.

E uma última observação importante. Muitas vezes se as pessoas riem ou fazem piada de algo que você falou, é a maneira que elas encontram de se relacionar com algo seu que elas desconhecem. Pense também que todos somos pessoas e todos nos adaptamos de forma diferente a N situações.

Não se trata delas estarem te excluindo, mas de uma forma de te incluírem no contexto social delas.
 
Personagens são representações de pessoas antes de mais nada.

Qualquer tipo de pessoa tem algum tipo de profundidade, por mais fútil que ela seja. Por isso que personagens "rasos" (sem profundidade, opinião, pano de fundo, etc), soam tão artificiais, esquecíveis e "descartáveis" em qualquer obra.
 
Voltar
Topo Inferior