Por que demorou tanto?
Eu a via todos os dias, sentada na mesma cadeira do ônibus como se fosse reservada para ela e apenas para ela. Estava frio, então estávamos ambos cobertos de agasalhos. Mesmo assim, eu poderia estar vestindo todas as roupas do mundo e aquele frio em minha barriga não cessaria.
Foi mais cedo, naquele mesmo dia, que tinha decidido que falaria com ela. Respirei fundo e comecei a me aproximar. Minhas mãos suavam por dentro das grossas luvas de lã, mas não eram por conta do calor. Minhas orelhas estavam quentes e eu apostaria o que tivesse em meus bolsos que estavam vermelhas debaixo do gorro. Respiro fundo e vou de uma vez, sem demora para ter tempo de mudar de ideia no caminho. Assim que parei do seu lado, ela se virou e eu pude ver seus lindos olhos azuis. Ela sorria para mim enquanto batia com a palma de sua mão no banco vazio ao seu lado enquanto dizia com um sorriso no rosto:
— Por que demorou tanto? Estive te esperando esse tempo todo.
Consigo retribuí-la com um leve sorriso e sento ao seu lado, completamente nervoso. Seu cabelo loiro que escapava pelo seu gorro rosa estava tão perto de mim que pude sentir seu perfume. Era algo tropical que me lembrava a paz e tranquilidade de uma praia deserta. Enfim, trocamos nossos nomes, contamos algumas de nossas experiências, dividimos histórias e por fim, nossos números. Após trocar olhares, e por fim, palavras, um universo de possibilidades se expandiu.
