Quero comentar muita coisa então vou separar pra ficar organizado.
O que é um jogo divertido pra mim?
Depende do que eu tô sentindo no momento e de que tipo de experiência eu tô buscando. Isso sempre muda, então sempre vão haver coisas mais ou menos divertidas dependendo do humor. Mas no geral existem mecânicas, temas e elementos de design que pra mim são divertidos em todas as situações, e cada pessoa tem os seus. Gosto muito de me sentir imerso em mundos diferentes por exemplo, então pra mim uma boa ambientação, direção de arte e trilha sonora já são parte do que acho divertido em jogos, mesmo que obviamente não sejam a única coisa.
Mas o que faz um jogo divertido, no geral?
No fim das contas acaba sendo meio subjetivo pois cada pessoa se diverte com coisas diferentes, e é por isso que existem dezenas de gêneros de jogos diferentes. Cada gênero acaba sendo definido por diversas características de design e na experiência que proporciona, e cada pessoa vai ter os seus gêneros favoritos de acordo com o que acha divertido.
Então se pergunte: se eu quero fazer um
RPG, o que torna um
RPG divertido?
RPGs são caracterizados pelo desenvolvimento dos seus personagens, tanto de forma mecânica quanto narrativa. Logo, geralmente a diversão que as pessoas vão procurar em jogos desse tipo são personagens interessantes, histórias cativantes, mecânicas densas com um grau de customização e estratégia, e por aí vai.
Esse é apenas um exemplo, mas acho que é um bom ponto de partida.
Mas isso também vai muito além do gênero e das características mecânicas de um jogo, que em si já são extremamente variadas. Diversão também vem de como o jogo faz você se sentir, das ideias e sentimentos que ele transmite pro jogador, e às vezes essas coisas são meio invisíveis e difíceis de se medir.
Eu devo fazer o jogo pra mim ou pros outros?
Pra quem tem paixão por desenvolvimento de jogos, a resposta sempre vai ser: faça o tipo de jogo que você quer jogar.
Agora, se você não consegue ver o potencial de diversão no seu próprio jogo, como é que vai esperar que outras pessoas vejam? Talvez você não esteja achando seu jogo divertido porque tenha perdido o interesse na própria ideia, nesse caso é bom compartilhar com pessoas imparciais pra ver o que elas acham. Mas se mesmo assim você continuar achando que seu jogo não é divertido, significa que talvez você não tenha foco com sua própria ideia. Se você não sabe identificar o que faz o seu jogo valer a pena, qual é o ponto?
Mas no fim das contas diversão vai de cada um. Não existe fórmula ou resposta pra isso, se existisse não haveriam jogos ruins!
Há um pouco de verdade nisso. Como eu mesmo falei, diversão também é subjetivo e cada pessoa vai ter suas próprias preferências, e existe uma infinidade de formas de se divertir com um jogo. E realmente,
não existe uma fórmula mágica universal pra fazer com que todos os jogos do mundo sejam divertidos.
Mas existem
sim fórmulas e teorias pra se criar diversão. Afinal, game design não se trata apenas de desenvolver a parte tecnológica e mecânica dos jogos, mas também sua parte conceitual e interativa. E sendo uma forma de mídia interativa, há muito pra se explorar dentro desse campo, inclusive. Um exemplo clássico é o livro
A Theory of Fun, que tem como proposta explorar e discurtir sobre o que torna jogos divertidos. Além disso existem outras fontes de artigos e editoriais sobre desenvolvimento de jogos que abordam essas ideais, como o artigos do Gamasutra, palestras da GDC ou canais bacanas de Youtube como Game Maker's Toolkit.
E não vamos esquecer também que fazer um jogo é
difícil. Mesmo com tanto material de referência, fazer jogos ainda envolve muita dedicação e experimentação. Saber o que torna um jogo bom não é o suficiente pra realmente fazer um bom jogo (e nesse caso, divertido).
Jogos não precisam ser divertidos.
Jogos não precisam ser "divertidos", mas sendo uma forma de entretenimento é o que a grande maioria das pessoas busca. E sendo uma forma de entretenimento interativo, acaba até sendo uma parte integral da experiência. Mesmo que a intenção do autor seja transmitir outras ideias e sentimentos que não sejam associados especificamente com diversão, ainda é de se esperar que um bom jogo saiba como cativar o seu público de acordo com a sua proposta.
Além disso, acho importante estabelecer que diversão não é sinônimo de alegria e bom humor. Experiências tristes, tensas ou reflexivas também podem ser divertidas contanto que cativem e mantenham o interesse do jogador. Se diversão fosse associada apenas com sentimentos positivos, ninguém se divertiria com jogos como Dark Souls ou Silent Hill (que são divertidíssimos).