🤔 Para Refletir :
"Poucos sabem do que somos feitos. Sonhos não passam da realidade na qual a mente humana gostaria de vivenciar."
- Yonori Akari

Roteirização e clichês no JRPG - Como fugir, ou aprender com eles.

Rogério Fernandes Masculino

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26 de Agosto de 2017
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RPG Maker MZ

:cafe: Introdução :cafe:

Nada diz "eis mais um JRPG genérico" como monstros fofinhos, um herói com amnésia e um artefato místico que pode acabar com o mundo — só que não antes de liberar cinco chefes opcionais em ilhas secretas.
Neste artigo, vamos passear pela floresta dos clichês narrativos, aprender a evitá-los (ou abraçá-los com dignidade) e entender como roteirizar um JRPG que não sofra de insônia por excesso de tédio.

:reading:1. O que é roteirização em um JRPG? :reading:

Roteirização em jogos de RPG japonês não é só escrever diálogos elegantes enquanto a câmera faz aquele zoom dramático no protagonista. É planejar:
  1. Arco Narrativo: Dividido em prólogo, conflitos, clímax e epílogo.
  2. Desenvolvimento de Personagens: Até o NPC do vendedor de poções deve ter motivações além de "vender poções".
  3. Conexão com Mecânicas: Cada reviravolta deve justificar o novo poder ou equipe que você encontra.

:sono: 2. Os clichês mais manjados (e por que eles existem) :sono:

  • Herói Amnésico: Porque é o jeito mais fácil de explicar por que o jogador descobre tudo junto com o protagonista. Sem amnésia, teríamos de escrever histórias de vida.
  • Artefato Apaixonante: Uma espada, um medalhão, um chip de IA… tudo serve para dizer "este item vai salvar o universo!".
  • Vilão Monossilábico: "Mwahahaha. Você não pode me deter!". Menos texto, mais maldade.
  • Triângulo Amoroso: Adicione tensão emocional sem esforço criativo.
  • Ilha Secreta com o Cheat EPAUÊ: Chefes exaustivos para inflar horas de gameplay.
Eles estão aí porque funcionam. Funcionam tanto que você adormece no enredo antes de perceber.

:darkside: 3. Como subverter (ou reinventar) um clichê :darkside:

  1. Herói com Passado: Em vez de amnésia, que tal um protagonista que lembra demais — e sofre por isso?
  2. Artefatos Falhos: A espada capaz de "matar deuses" quebra no segundo contato com um goblin.
  3. Vilão Empático: Faça o antagonista ter razões plausíveis — até o público ganha dó.
  4. Romance Autêntico: Desenvolva conexões reais em sidequests, não em cenas de três linhas.

:reading: 4. Estrutura recomendada para um bom JRPG :reading:

ParteO que fazer
PrólogoApresente o mundo com um evento que tenha stakes reais.
IncidenteMostre consequências tangíveis das ações, não só "o selo caiu".
DesenvolvimentoMisture missões principais e opcionais que revelem o universo e a personalidade dos personagens.
ClímaxConverta todas as mecânicas aprendidas em um desafio narrativo e de gameplay.
EpílogoNão fuja como um monstro de fim de fase. Ofereça resolução ou uma pitada de ambiguidade bem dosada.

:sono: 5. Diálogos: menos papel, mais personalidade :crying:

  • Evite a exposição barata. Em vez de explicar como a guerra começou, mostre cicatrizes de NPCs que lutaram.
  • Abuse de tags e ações. Um "respira fundo" vale mais que mil reticências.
  • Varie estilo: o ancião sábio não precisa falar como Shakespeare.

:computador: 6. Integração de narrativa e gameplay :computador:

  1. Pacing: Não jogue uma dungeon enorme logo após uma cena emocional intensa. Deixe o jogador respirando.
  2. Recompensa Narrativa: Cada nova habilidade deve aparecer com uma cena que justifique seu uso dramático.
  3. Moral Choice: Clichê de moralidade? Sim. Mas com consequências permanentes, não apenas um diálogo diferente.

:midoria:7. Construção de Mundo :ocuspocus:

  • Cultura: Escreva tradições únicas, não copie e cole mitologia grega ou medieval europeia.
  • Estética: Misture referências para criar algo visualmente memorável (e não só "mais floresta verde escapando do buffer").
  • Economia Interna: Se tosquiar ovelhas dá lã para armas, deixe claro como isso afeta o vilarejo.

:zaggo: 8. Teste de Originalidade :zaggo:

  • Checklist de Clichês: Marque cada trope que você usou. Quantos estão lá? (Se for mais de 7, temos um problema.)
  • Carta Branca: Pergunte-se: "Seria isso interessante se estivesse em um livro, filme ou peça de teatro?".

:kiss: Conclusão *:)

Criar um JRPG é um ato de equilíbrio entre abraçar tradições que o gênero ama e sacudir a poeira dos clichês para contar algo que faça o jogador desejar mais. Lembre-se: o mundo pode ter mil profecias, mas a sua história só tem uma chance de fazer o jogador acreditar nela.
Agora, vá codar e surpreenda — ou pelo menos não seja tedioso!
 
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