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- Ricky O Bardo

Samplear Deveria Ser Considerado Plágio?

Você sabe quem é MF DOOM?


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O quê? Você realmente ia ler aquilo até o final?
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Olá!

"Samplear" (que vem do da palavra inglesa sample, que se traduz como "amostra") é uma técnica usada na produção de música que consiste em pegar um trecho de outra música e usar esse trecho como se fosse seu. Samples eram bem comuns nas batidas de Hip-Hop dos anos 90, mas eles não são exclusivos desse gênero.
A questão é: Samplear deveria ser considerado plágio? O ponto que leva a essa questão é que o artista ou grupo musical depositou tempo e esforço em cada parte da música e pegar, por menor que seja, seria um tipo de "roubo". Como alguém que frequentemente usa samples, minha resposta está mais pra não do que pra sim.
- Mas CK, você não pode falar nada porque não é um produtor musical profissional!
Sim, nem de longe, eu sou um produtor musical profissional, porém não significa que tudo que eu falo sobre música é inválido. Independente do tamanho do trecho que foi usado, o artista ou grupo que criou a música de onde o trecho veio deve sempre ser creditado, mas não quer dizer que, ao samplear, você está roubando o trabalho dele. Caso contrário, não só samples, mas também covers, paródias, mashups e remixes seriam considerados plágios, pois, em todos os anteriores, há criação de conteúdo por cima do conteúdo de outra pessoa.
Além disso, há um ponto positivo, para o público em geral, no sampling. Os samples usados são, geralmente, de músicas antigas (anos 80 pra baixo), então a arte do sampling pode ser uma boa forma de fazer a juventude a gostar de músicas que não são de sua época. Eu, por exemplo, estava apreciando o grande MF DOOM e, num piscar de olhos, estava ouvindo admirado Adventures In The Land of Music.

Isso é tudo!
 
No geral, não considero sampling como plágio, até porque, como você disse, envolve criar algo novo baseado em um trabalho já existente. Claro, existem bons e maus usos de sampling: eu particularmente gosto muito mais do approach do lo-fi, que de fato trabalha em cima do sample pra criar uma narrativa ou sensação particular, mas desgosto do nightcore, que pra mim é só acelerar a música base e afinar as vozes - falta de criatividade total.

O maior problema pra mim é não creditar o autor original do sample, já que muitas vezes o remix faz muito mais sucesso que a música original.
 
Ótima discussão, Irineu!

Considerando um ponto de vista anárquico, samplear amplia os horizontes e as tangentes da produção musical. Imagina, você faz um rework de uma música antiga, coloca seu paladar musical, e depois alguém utiliza a base melódica ou ritmica para produzir uma música de um genero diverso. Gosto desse approach, e acho que abre muitas portas.

Considerando o ponto de vista de criador e copyright, acho que daí alia-se uma questão bem pessoal. Se seu trabalho for creative commons, provavelmente você concorda com a ideia de multiplicar ideias e mesclar criações (ampliar possibilidades). Mas, se você não gosta de reproduções baseadas em sua música, principalmente para manter uma 'originalidade' (e isso pode ser muito bem argumentado e sustentado), sample deveria ser considerado plágio.

O vaporwave levou o sample para um nível extremo. Muitas produções do gênero são uma música loopada e com a velocidade alterada. Só. O argumento de alguns criadores é que a partir do momento que a música é criada e seu computador é capaz de manipulá-la, ela pode virar seu instrumento. E daí, sua música seria só uma forma de produzir sons (como uma guitarra ou piano), não uma "produção arquitetada protegida por direitos autorais".

Eu, particularmente, utilizo creative commons em minhas produções musicais, e adoraria outros autores reutilizando ideias que eu trabalhei musicalmente (claro, a referência ao autor inicial/inspirador é relevante por uma questão de registro histórico). Mas eu não vejo problemas.
 
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