🤔 Para Refletir :
"A vida é a caçada e o agora é o nosso campo de caça, os nossos sonhos são o alvo e as nossas lembranças são os troféus... Pois o nosso destino é sermos caçadores."
- Frank

Segredo das Luzes Pt.3

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Segredo das Luzes Pt.3



- Entendo. Então esta é a história? - Disse por fim, Kharl. - Tem convicção de tudo isso que me contou e que só disse a verdade?

- Sim, pai, tenho. - Lirk responde com firmeza. O quarto estava excessivamente quente. O calor da lareira incomodava ambos, mas Lirk demonstrava indiferença com suas vestes leves e o rei derramava tanto suor que o jovem se afastou dele, mas Kharl tomou isso por outra interpretação.

- Já me conhece o suficiente, não é? Sabe que lhe darei uma punição e teme por isso. - Disse Kharl se levantando, o que fez Lirk se afastar ainda mais na defensiva.

- Não é uma punição física, não seja estúpido, Lirk. Independente de nossos conflitos com os luzianos, o que fez é um crime que vai contra os nossos princípios. - Explica Kharl. - Apesar daqueles indivíduos tomarem uma atitude pior que a sua, não devemos retribuir o mal com a vingança, devemos retribuir com a justiça.

O rei sentou-se novamente na cadeira e Lirk confiou o suficiente para se aproximar e sentar na outra cadeira.

- Creio que já lhe contei inúmeras vezes sobre a fala “Rosas têm espinhos para cortar quem indevidamente tocar em si.”. Quando te contei pela primeira vez você era muito pequeno e pode ser uma fala estúpida na idade em que se encontra, mas acho que já sabe o que significa.

- Sei. - Responde Lirk. - As rosas são os guerreiros que carregam as lâminas para se proteger daqueles que fazem mal a si.

- É, mas há algo implícito nessa fala. Aqueles que tocam num espinho de rosa e se ferem são levados a não querer tocar em mais nenhuma que esteja naquele jardim, pelo menos por ora, por cogitar que todas tenham espinhos. E mesmo que algumas não tenham, aquela uma protegeu as outras. Nós protegemos a nós, ao nosso reino e também protegemos aqueles que não tem espinhos para proteger.

- Compreendo. - Diz Lirk, atento.

- Nossa lâmina serve para a proteção e a justiça, não para a vingança e vontade própria. Por mais que isso pareça estranho, atacar não é o mesmo que proteger. Nós protegemos e fizemos a justiça na guerra no passado, e mesmo agora, podemos não ter uma relação de amizade com os luzianos por causa dos erros e crimes do passado, e abrir espaço para confraternização com aqueles que não abrem a sua mente e querem negar, ou melhor, esconder o que fizeram é fora de cogitação. Porém, atacar e tentar vingança pode ser pior do que a tal confraternização que julguei que estava tentando. Mas tenho uma pergunta…

- Diga, pai.

- Se não estava trabalhando com os luzianos, e sim tomou o conhecimento deles para si, qual o motivo da conversa sobre tentar relevar os erros do passado que teve anteriormente? - Perguntou Kharl.

- Eu… Queria tentar parcialmente me redimir pelo o que eu fiz. - Explicou Lirk. - Normalmente ou eu estou ocupado, o que aconteceu com frequência enquanto estava trabalhando nos mecanismos, ou os senhores estão ocupados, o que sei e compreendo, por causa de seus cargos, mas…

- Compreendo. - Disse Kharl. - Apesar de entender que isso tudo deve ter sido algo extremamente trabalhoso, pode ser que tenha sido melhor que nada disso fosse feito.

Depois dessa fala, Kharl se distraiu um pouco por causa do barulho que vinha de fora, de pessoas, animais e algum mecanismo em constante movimento, que devia ser do trabalho de Lirk. Prosseguiu para fechar a janela e notou um objeto estranho voando nas proximidades do reino.

- Dirigíveis! Desgraçados… Veja bem, Lirk. Lhe darei a sua punição depois. Não temos tempo. - E ambos correram do quarto, sendo que Kharl se dirigiu à sala do trono, mas Lirk levou sua bolsa de ferramentas com a arma de choque e calor apenas caso fosse necessário. Mas como não encontrou a arma de calor, levou uma besta no lugar. Fez a checagem das ferramentas e se foi.

Kharl já se encontrava na sala do trono, e os seus gritos aos soldados podiam ser ouvidos por Lirk, que ainda descia as escadas, um pouco apressado com sua bolsa, mas com cuidado para não tropeçar e rolar escada abaixo. Muitas coisas passaram por sua cabeça naquele momento, mas a principal foi: “Descobriram que eu fui quem tomou os conhecimentos sobre os dirigíveis para usar no reino, claramente. De começo pensei que não era uma boa ideia participar daquela competição espalhafatosa.”

Pensamentos sobre a competição passaram por sua cabeça. O prêmio que recebeu, as pessoas que teve que conhecer, e tudo passando a imagem de que tudo é limpo, feliz e contente, sem que as pessoas saibam dos horrores que acontece por detrás da cortinas, coisas que nem havia contado a Kharl com receio. “Eventualmente contarei. Não tive a oportunidade agora, e certamente não é a hora.” Pensou isso ouvindo os incessáveis gritos que vinham da sala do trono.

- Os soldados que estiverem disponíveis, por favor vão ao comando de Licht, chequem e se mantenham atentos aos dirigíveis que se aproximam - Exclama o rei. - Analisem cada movimento deles. Noto um presságio sombrio.

- Mas Vossa Majestade, pode ser apenas um dirigível comercial. - Argumenta Capitão Licht.

- Por que um dirigível comercial passaria por aqui? Estamos perto da costa e a ilha mais próxima fica a centenas de quilômetros daqui. E além disso, dirigíveis comerciais têm a marca da cidade, e não notei neste. - Disse Kharl.

- Sim, Vossa Majestade. - E os guerreiros avançaram.

Do outro lado da cidade, os curiosos já observavam os objetos estranhos se aproximarem do local, rodeando o reino como se fossem tubarões aéreos. Aqueles dirigíveis eram enormes e suas hélices ensurdecedoras, o que chamaria atenção de qualquer um. Mas depois de muito rodear, os veículos finalmente pousaram na entrada do reino, soltando muita poeira pelo ar e instigando as pessoas a se aproximarem ainda mais para observar. E foi o que aconteceu.

Os dirigíveis eram maiores de perto. Tinham uma estranha cor de ferrugem que não parecia ser realmente ferrugem. Tinham três portas cada um, uma do lado da outra. As portas eram conectadas por uma ligação que permitia que apenas uma se abrisse, duas ou três. Tinham apenas duas janelas circulares e suportes na parte de trás junto às hélices.

Minuto após minuto se passou e nada acontecia. Até que a porta de um dos dirigíveis se abriu, revelando soldados com vestes estranhas para a população, a roupa especial dos soldados e guardas luzianos e por fim alguém com vestes negras e capuz. Do primeiro dirigível desceram 36 pessoas, do segundo 21 pessoas, e do terceiro desceram 6 pessoas, até que pararam de vir.

O aglomerado de pessoas só foi afastado quando os soldados se aproximaram, abrindo caminho para tentar contato com os desconhecidos.

- Saudações. Somos soldados de Kharl Aldebaran e Lua Aldebaran do Reino Aldebaran. Estamos aqui por ordens de Vossa Majestade para tomar conhecimento do motivo de sua presença. - Disse cordialmente o capitão ali presente.

- Saudações, Capitão Licht. Como deve ter notado, somos da Cidade das Luzes. Pretendo falar com o Príncipe Lirk Aldebaran. - Disse o homem encapuzado em voz serena. Não era possível ver seu rosto.

Às ordens de Licht, os soldados voltaram ao castelo um a um em fila. Não era muito distante dali, um ou dois quilômetros de distância. Enquanto retornava em seu cavalo, o capitão Licht pensou: “Como que ele sabia meu nome? Eu não lembro de ter me apresentado.” Mas ignorou logo em seguida, pensando que talvez tenha se apresentado e não se lembrava.

A cidade real tomava uma forma interessante. Não se via pessoas nas ruas, até alguns comércios se fecharam. O que parecia era que todas as pessoas estavam concentradas naquele mesmo lugar. Isso de alguma forma abria um sorriso em alguns dos soldados luzianos, mas logo eles se dissipavam ao ouvir o pigarro de algum capitão luziano. Algo como “Não podemos rir, esta é uma missão séria” certamente passava pela cabeça deles.

- Vossa Majestade, as pessoas contidas nos dirigíveis desembarcaram. Um encapuzado, que aparentemente é aquele que toma a liderança se dirigiu a nós procurando por Lirk Aldebaran. - Reportou Licht após todos os soldados estarem no castelo.

Kharl estava intrigado. Pensou quem poderia ser o tal encapuzado, o que queriam no reino, mas mesmo procurando outras alternativas, somente uma lhe vinha à mente, e não precisava ser muito inteligente para saber. Na verdade parecia muito óbvio. O invento de Lirk. O rei queria mesmo que fosse outra coisa, mas era necessário encarar os fatos. Lirk estava presente na sala e não demorou muito para que se pronunciasse.

- Eu não vou. - Disse Lirk. - Não devo satisfações para os luzianos. Já sei o que querem, e se querem outra coisa, que enviem uma nota ou algo deste gênero.

Kharl olha de canto de olho para Lirk por alguns segundos e confirma a informação ao capitão dos soldados.

- Capitão Licht, dê essa informação ao líder deles. Diga que o Príncipe Lirk não deseja ir, e caso seja algo de extrema importância, que enviem uma nota. - Confirmou Kharl.

O capitão e os soldados retornaram do castelo, com o capitão a cavalo e alguns soldados mais importantes também, mas o restante a pé seguindo atrás.

- A Vossa Alteza disse que não deseja comparecer. - Disse com firmeza o capitão. Dito isso, o líder parecia ter se alterado um pouco conforme a sua voz mudou.

- Bem, que seja. Diga ao seu rei que tentamos uma entrada pacífica, mas se isso não… - E enquanto terminava a frase os soldados e o capitão já desembainhavam suas espadas e os soldados as suas armas tecnológicas. - ...funcionou, tentaremos uma entrada um pouco mais radical.

As pessoas que observavam a trama desapareceram num piscar de olhos aos gritos depois de ver a primeira arma temendo por seus futuros. O procedimento padrão era voltar para casa, trancar fortemente a entrada com tudo o que pudessem usar e proteger a família. E aquele parecia ser um momento para fazer isso.

Continua em breve...
 
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