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"Publique seu jogo. Dê a cara a tapa. Vai ter hater? Sim, porque você foi lá e fez, tem gente que nem faz!"
- HenriqueGibi

Senhor da Guerra: Ato I

ドーベルマン

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O cão.
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29 de Março de 2017
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ATO I
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Sozinho, humilhado e abandonado pelo seu clã, Gorbold Mãonegra, deitado no deserto de areia escura, observa o céu e silenciosamente enquanto sente esvair de seu corpo sua energia. Esteve vagando por vários dias com fome e sede. A vida na Garganta do Diabo é algo tão difícil quanto o nome sugere. Neste lugar, água é tão valiosa quanto o ouro, e todas as formas de vida precisam lutar constantemente para sobreviver.

Neste lugar, um orc sem clã, está fadado à morte.

Há alguns metros de Gorbold, dois abutres aguardam pacientemente a hora certa em que o orc fechará seus olhos para sempre. Orc?... Orc?... Está me ouvindo? o som parecia ser emitidos pelos abutres, e, em resposta, Gorbold, vociferou com uma voz rouca e sem força: Deixe-me em paz, carniceiro maldito. Hoje você não sentirá o gosto da minha carne!

Você ouviu isso, Zuk? Ele ainda consegue falar
disse um dos abutres. É claro que eu ouvi, Tark! retrucou o outro abutre, suspirando e, em seguida, concluiu É melhor que ele continue falando, assim saberemos quando ele morreu.

A mente de Gorbold começa a falhar devido à exaustão, curiosamente, o que lhe desperta constantemente é o senso de perigo comum aos orcs diante do risco à vida que os abutres representam, e o barulho causado pelos grunhidos interminável dos visitantes desagradáveis. Se vocês não saírem, VOCÊS é que se tornaram minha refeição com esforço, o orc grita.

Uma ameaça? Tark, ele está nos ameaçando? e logo após questionar, os abutres começam a gralhar como se estivessem gargalhando das palavras do orc. Escute, orc, você está no chão e sozinho, enquanto nós, estamos de pé e em grupo, você não está em vantagem nem em condições de ameaçar alguém, você não passa de um... um... um pedaço de carne secando ao sol enquanto os abutres debochavam do orc, caminhavam em círculos ao seu redor desista, orc! Você já está nas ultimas, é importante saber quando desistir continuou o abutre eu e meu amigo aqui somos especialistas, se você ficar quietinho, você nem vai sentir a morte chegando logo em seguida, o primeiro abutre completou é verdade! Iremos contar lindas histórias sobre os seus feitos, ninguém ficará sabendo dessa sua vida miserável.

Por algum motivo, as palavras do abutre fizeram o orc lembrar do líder de seu antigo clã, Zorrag Sede-de-sangue, e de tudo que aconteceu nos últimos dias em que fez parte do clã. O nome Mãonegra fora, inclusive, um presente de seu antigo líder.

Apesar de Gorbold ser ligeiramente maior do que a maioria dos orcs, ele não era tão forte quanto o seu tamanho implicava, nem se destacava em batalhas. De fato, Gorbold estava abaixo da média dos orcs quando o assunto era o combate, e apesar de saber da importância dos saques e das campanhas de guerras para a sobrevivência do clã, questionava se era a melhor forma de sobreviver.

Orcs que fazem muitas perguntas e não se destacam em combate geralmente não vivem por muito tempo, e Gorbold não era uma exceção. Após uma campanha de guerra mal sucedida, Zorrag, furioso, pôs a culpa do insucesso no orc e lhe baniu do clã para recuperar o respeito do resto do bando.

Na língua nativa dos orc, mão negra é uma palavra utilizada para ofender. Traduzindo, literalmente, seria algo como dizer que ele possui duas mãos esquerdas. O mesmo que dizer que ele não passa de um fardo para o clã.

Assim, o orc ficou conhecido como Gorbold Mãonegra.

Desista! Você não é um orc, você nunca será um guerreiro. Você não passa de um fardo, um animal inútil. Você não tem lugar neste clã. Você é uma vergonha, e, a partir de hoje, será conhecido como inimigo deste clã. Saia agora e não retorne nunca mais! essas foram as palavras ditas por Zorrag enquanto esmurrava Gorbold e lhe humilhava em frente aos guerreiros do clã. Apesar de ceder as provocações do líder enfurecido e revidar, Gorbold não tinha a menor chance de vencer ele em um duelo. Zorrag era um grande guerreiro, conhecido e temido por muitos orcs em razão de sua selvageria.

Banido do seu clã, Gorbold decidiu cruzar metade do deserto para enfrentar uma mítica besta temida pelos orcs daquela região, acreditando que com isso conseguirá recuperar a sua honra e mostrar o seu valor. O sentido de honra para um orc é algo bastante extremo. Orcs vivem e morrem para defender a sua honra. A honra para um orc é mais importante do que a sua própria vida. Humilhado e banido, a única forma de Gorbold recuperar a sua honra é morrendo em uma batalha de forma honrosa, e como seu algoz, o orc escolheu a criatura mais temida da região.

Contudo não foi o primeiro em pensar isso, muitos orc banidos antes dele já tiveram essa mesma ideia, porém poucos conseguiram cruzar o deserto vivo.

Em um de seus lampejos de consciência, Gorbold percebe que um dos abutres está se preparando para dar um mergulho fatal em seu pescoço, neste momento o seu sangue ferve e a raiva toma conta do seu corpo, agindo rapidamente e desferindo um golpe certeiro contra o abutre. Em seguida, o orc tenta agarrar o abutre, porém, sem êxito, de modo que os abutres conseguem tomar distância, bater asas e subir aos céus, gargalhando da desgraça do orc.

Gorbold, vendo sua refeição bater asas para longe, suspira decepcionado. Esse evento serviu para ensinar ao orc que não há espaço para falhas em meio ao deserto. Além do mais, continua faminto, sabe que se não encontrar uma boa refeição nos próximos dias, provavelmente se tornará mais um dos esqueletos espalhados pelo deserto.


Assim, o orc continua em sua jornada para recuperar sua honra.



Continua...
 
Última edição:
De certa forma, Gorbold é muito parecido com o Kenji Ishitaki, protagonista do meu projeto, que é um humano com uma deformidade nas mãos que o impedia de viver sua vida normalmente, seja por incapacidade de realizar a maioria das tarefas ou por preconceito nas interações sociais. Isso pode ser comparado ao fato de Gorbold não ser um guerreiro, sendo um pouco contrário à natureza dos orcs do clã. No caso de Kenji, quem toma o lugar de Zorrag é a vida.

A determinação de Gorbold também me recorda muito a lore do personagem Rengar, de League of Legends. Arrisco dizer até que serviu como fonte de inspiração.

Bela narrativa!
Estou no aguardo do Ato II.
 
Saudações, Dobberman!

Certamente fiquei curioso sobre o desfecho da dramática história do mão negra, de fato, esse apelido e a explicação do mesmo deu uma profundidade a mais na história em si, que por sinal é clichê, um homem (no caso orc) que é deserdado de sua família/clã por ser fraco e vaga pelo mundo buscando um objetivo, mas a maneira que trabalhou para com as circunstâncias e a situação a transformou em uma ótima história.

Fico no aguardo por atualizações rs.
 
Gostei bastante! É uma narrativa que se usa de conceitos já bem sedimentados no ramo da fantasia (orcs, seus clãs e sua cultura guerreira), mas que os explora por uma perspectiva bem original - a do destino de um orc que simplesmente não se dá tão bem como combatente. Achei criativo também o jeito como Gorbold conversa com os abutres, não dá pra saber se é só mera alucinação ou se os orcs de fato conseguem se comunicar com os animais.

Esperando pelo segundo ato!  _b
 
Prezados, bom dia!


Primeiramente, muito obrigado pelos comentários. Os comentários são o combustível que mantêm acessa a chama de querer se dedicar e escrever mais. Muito obrigado!


[member=2745]Eliyud[/member]
Muito bacana essa sua interpretação.
Quanto ao Rengar, creio que não. Meu conhecimento em League of Legends se resume ao Ziggs. MOBA não é um estilo de jogo que me agrade muito.


[member=756]SimonMuran[/member]
Muito obrigado pelo seu comentário.
Já lhe adianto que o segundo episódio terá bem mais ação.


[member=225]Lord Wallace[/member]
Pensei que este detalhe na conversa com os abutres passaria despercebido, fico feliz em saber que consegui suscitar essa dúvida em alguém.



Abraços.
 
Texto breve, flui bem e me causou certa identificação. Ou talvez seja melhor dizer: uma certa empatia. Os nomes em destaque são divertidos, num primeiro momento pareceram reciclados de algum lugar, só que caíram como uma luva no texto, rapidamente me acostumei com eles. A narração é concisa, palavras bem escolhidas. Não curti tanto as falas dos abutres - e na realidade em que vivemos o que não faltam são abutres...  -  como se isso, ao meu ver, tivesse se "estendido demais", porém, interpretei como consequência de supostos delírios do orc naquele cenário, logo tem sua relevância. Procurarei mais textos seus e de outros camaradas de escrita por aqui. Gostei bastante!
 
Prezado [member=2851]heartfact[/member] , bom dia!


Agradeço os elogios e agradeço ainda mais por tomar o seu tempo para tecer esse comentário.


Abraços.​
 
ATRASADÍSSIMA, mas cheguei!

Não é um tipo de texto que eu costumo ler. Talvez por isso mesmo seja tão interessante! Gostei muito desse primeiro ato, como todos já disseram é muito bem escrito e você desenvolve bem demais. Mas você já sabe disso! Hehe só estou comentando pra marcar o início do meu acompanhamento no seu conto c:
 
Ainda não progredi muito na história, mas me desanimo muito com o personagem, pois, como leitor, imagino que Gorbold tentará "recuperar sua honra" por meios que me desagradam. O próprio título da obra pode ser interpretado como um "spoiler", pois me induz a acreditar que estou acompanhando a trajetória de alguém excluído, que por diversos eventos, se tornará alguém poderoso e temido por feitos não-pacíficos.

Seria muito interessante ter um desenvolvimento de personagem que fugisse do clichê violento. Nesse cenário, o pobre Gorbold, o orc expurgado, alcançaria seu tão sonhado objetivo, mas não pelos princípios bestiais de sua descendência — isto é, guerra e violência — mas sim por diplomacia, arte, ciência, conhecimento e cultura.

Obviamente, a história que está se seguindo não é ruim de maneira nenhuma, apenas é a minha mente fanfiqueira trabalhando, isto é, criando historias alternativas como sempre gosta de fazer.

Faria muito sentido um de raça barbara e guerreira trilhar outros caminhos? Sim.
Mas a história é voltada para isso?
Que gênero de pessoa ele se tornara?
Gorbold estará determinado a recuperar sua honra de qual maneira?
(Veremos nos próximos "episódios" rs.)



Ansioso para continuar a leitura.
 
Prezados, boa tarde!
Muito obrigado por ter tomado o seu tempo para ler e comentar em cada ato, e espero que tenha gostado.​
Inicialmente, gostaria de agradecer aos seus comentários muito bem elaborados e sinceros, demonstrando a sua visão sobre essa pequena obra que estou trabalhado. São comentários como estes que me motivam a continuar escrevendo e publicado. Muito obrigado!
Quanto aos seus comentários, de fato, a escolha do nome "Senhor da Guerra" como título da obra não foi por acaso, acredito que esse título reflete bastante a jornada e as transformações que o protagonista passará por todos os arcos. Não entrarei em detalhes, mas espero conseguir lhe impressionar e "quebrar essa perspectiva clichê" nos próximos atos, os quais, aos poucos, tento construir a pessoa que ele se tornará ao final da saga.​
Por sinal, o primeiro arco já se encontra concluído, o qual vai até o Ato VII. Já estou com os dois primeiros atos do segundo arco prontos para serem publicados, só preciso de um tempo para revisar antes de publicar.​
Pode continuar com as especulações e fanficarias, é algo que me anima bastante.
Abraços.​
 
Temos um J. R. R. Tolkien do Condado. Grande @Dobberman

Gostei bastante do primeiro Ato de O senhor da guerra. Gosto muito do seu estílo, pois promovo: - descrição técnica, que se caracteriza pela precisão do vocabulário, exactidão matemática dos pormenores, linguagem basicamente denotativa, talvez por ser matemático. Todavia, sua maneira peculiar de manipular a linguagem literária através dos acontecimento é muito interessante e melhor refletem sua identidade de escritor. Seria legal uma compilação, após o término da obra.

Parabéns e abraço!
 
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