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"Seu jogo não foi feito para a gaveta, já postou uma screenshot dele hoje?"
- Aleth728

Senhor da Guerra: Ato IV

ドーベルマン

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O cão.
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29 de Março de 2017
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Na manhã seguinte os orcs se despediram. Você tem certeza que não quer vir para o sul comigo?. Questiona o Areiapele, o silencio de Gorbold foi a resposta. Eu ti desejo sorte, Gorbold, que Orcum guie seus passos após essas palavras, o Areiapele bate com sua mão direita no peito em reverência a Gorbold, que retorna o sinal, despedindo-se, mas antes de virar as costas o Areiapele retira de sua cintura o machado de ferro e entrega junto com o velho odre para Gorbold: Não vai ajudar em nada contra Fulgur, mas pode ajudar você a chegar vivo até ele.

Gorbold olha para o presente e, muito embora seu rosto não demonstre o sentimento, fica comovido com o gesto do orc, questionando: Areiapele, você não disse seu nome? Quem devo elogiar se encontrar Orcum?. Ouvindo essas palavras, o Areiapele dá um pequeno sorriso involuntário, vira-se de costas e segue em sua viagem: Eu morri junto ao meu chefe guerreiro, não tenho mais um nome ou feitos para serem elogiados. Não diga nada a Orcum, se você encontrar ele....

Por alguns segundos Gorbold apenas observou o Areiapele se distanciando e sumindo em meio as cores do deserto. Depois iniciou sua marcha, entretanto ao invés de seguir as instruções do Areiapele, Gorbold decidiu refazer seus passos de volta até o cacto púrpuro que encontrara dias atrás.

Dessa vez os espinhos venenosos do cacto não representaram qualquer perigo, o orc usou uma manopla improvisada feita com o couro da sabriena para proteger seu braço enquanto descascava o cacto com golpes de machado, por fim enchendo quase que completamente o odre com água.

Essa pequena conquista preencheu Gorbold de entusiasmo, foi a primeira após uma grande maré de angústia, tão forte que conseguiu lhe retirar um sorriso de satisfação, entretanto, poucos segundos depois, ao perceber que estava sozinho em meio ao deserto e aos abutres, o sorriso desapareceu.

Gorbold traçou seu caminho de volta até a caverna, chegando nela buscou em sua memória as coordenadas passadas pelo Areiapele até o local em que foi atacado por Fulgur. Quando pensou em desistir, lembrou-se de Zorrag e toda a humilhação que passou em seu clã antes de ser banido, essas memórias lhe trouxeram a motivação que precisava para sair da caverna em busca do seu destino.

Antes de sair, Gorbold cobriu sua mão esquerda com o resto da fogueira e golpeou a entrada da caverna, deixando seu punho marcado naquela rocha, sinalizando o inicio ou o fim de sua jornada.

Nos próximos três dias Gorbold apenas vagou pelo deserto sem encontrar qualquer forma de vida e até mesmo o clima do local parecia invariável. Seguindo os conselhos do Areiapele, Gorbold acordava cedo e marchava até o sol começar a se pôr, momento em que buscava abrigo para repousar durante a noite.

No anoitecer do quarto dia o orc comeu a última tira de carne de sabriena que guardou para a viagem. Balançando o odre percebeu que ainda tinha água, mas sabia que não iria durar por mais um dia.

Novamente me encontro nas mãos do destino, mas o que será que ele me preparou dessa vez? Pensou enquanto observava o céu.

O Areiapele não disse quantos dias passaram entre o ataque de Fulgur e o seu encontro com o orc, de qualquer forma, Gorbold calculava que ocorrera a menos de uma semana. O orc sabia que agora também precisava se preocupar com comida e água, porém decidiu esquecer todas essas questões naquela noite e ficou apenas observando as estrelas até que por fim caiu no sono.

Após vagar por algum tempo no deserto, no quinto dia, Gorbold acaba por encontrar uma grande cratera em meio ao deserto, a areia escura nos arredores indicava que houve fogo ali e isso só podia significar que chegou ao local do ataque informado pelo Areiapele. O acampamento estava completamente soterrado próximo a cratera, apenas o mastro da cabana do chefe guerreiro podia ser visto fora da areia.

Gorbold começou a escavar com suas próprias mãos e o trabalho não foi completamente em vão já que em meio aos destroços foi possível encontrar parte do suprimento daquele batalhão, contudo o que lhe intrigou foi não ter encontrado nenhum corpo no local.

Durante a noite inteira Gorbold ficou escavando e imaginando o que poderia ter acontecido ali: Não há sinais de luta. Não é um local propício para uma emboscada. Como o batalhão poderia ter sido dizimado sem resistência? Cadê os corpos? Será que errei o local ou aquele orc me passou as coordenadas errada?

Enquanto as dúvidas consumiam o orc, ele mal percebeu que a noite parecia ficar de repente mais escura. As estrelas foram sumindo do céu como se um lobo fosse as devorando, uma a uma, até restar apenas um longo véu negro no céu.

Uma sensação estranha tomava Gorbold, uma angústia inexplicável como se precedesse algo muito terrível. Quando percebeu isso, o orc foi tomado por uma vontade súbita de correr para qualquer direção, desde que fosse para longe daquele lugar.

Uma inquietude inexplicável tomava aquele lugar, mas nem mesmo os olhos treinados do orc conseguiam captar qualquer movimento. Sua boca, seca, apenas sentia um gosto muito amargo e seus ouvidos apenas conseguiam ouvir o retumbar do seu coração acelerado. Um frio percorria a espinha de Gorbold, de baixo para cima, arrepiando sua pele e seus pelos.

A estranha sensação de estar sendo observado era enlouquecedora, para qualquer lugar que o orc olhasse havia apenas areia e escuridão, e, mesmo assim, a sensação ficava cada vez mais forte. As pernas de Gorbold estavam trêmulas e quase se moviam involuntariamente. Seus grandes braços sequer conseguiam erguer o machado, o qual, naquele momento, parecia pesar toneladas.

Os olhos do orc começaram a fraquejar como se várias camadas de véus fossem lentamente colocadas diante dele, uma atrás da outra, deixando sua vista embaralhada e nublada, e, com isso, a agonia ia progressivamente lhe consumindo, acelerando ainda mais a sua pulsação.

Suas mãos sequer conseguiam segurar o machado que escorre entre seus dedos em direção ao chão.

Em um ato desesperado, Gorbold ruge com toda a sua força apenas para perceber que não possui mais ar em seus pulmões e que nem ele consegue ouvir a sua própria voz.​



... Continua.
 
Última edição:
“Areiapele, você não disse seu nome? Quem devo elogiar se encontrar Orcum?”

Nem sei porque, mas dá uma baita satisfação ler uma frase dessas. Belo toque!  *:)

Suas mãos sequer conseguiam segurar o machado que escorre entre seus dedos em direção ao chão.

Gostei do jeito que você descreveu essa cena, foi bastante criativo e passa perfeitamente a sensação mista de medo e suor frio.



Como a história continua empolgante e com ambientação muito bacana, vou dar uma sugestão quanto ao estilo de escrita do texto. Fique à vontade pra ignorar ela caso não seja o que você está buscando, mas eu particularmente acho que ela pode ajudar a deixar a leitura dos próximos capítulos ainda mais gostosa.

O final em ritmo alucinante combinou muito com o estilo da sua escrita - rápido e descritivo, com frases longas e repletas de gradação - mas acho que em algumas outras partes seria interessante tirar um pouquinho o pé do acelerador. Frases muito longas, encadeadas por vírgula, tendem a passar essa sensação de sufoco e build-up porque contém muita informação, privando o leitor do porto seguro que é o ponto final. Quebrar a oração em partes mais curtas ajuda a mitigar esse problema. Te dá controle do ritmo. Vou dar um exemplo:

Original
Por alguns segundos Gorbold apenas observou o Areiapele se distanciando e sumindo em meio as cores do deserto. Depois iniciou sua marcha, entretanto ao invés de seguir as instruções do Areiapele, Gorbold decidiu refazer seus passos de volta até o cacto púrpuro que encontrara dias atrás.

Dessa vez os espinhos venenosos do cacto não representaram qualquer perigo, o orc usou uma manopla improvisada feita com o couro da sabriena para proteger seu braço enquanto descascava o cacto com golpes de machado, por fim enchendo quase que completamente o odre com água.

Acontece muita coisa nesse trecho: o Areiapele vai embora, Gorbold volta a marchar, decide voltar até o cacto, faz uma manopla para se proteger dos espinhos, descasca o cacto com o machado e por fim enche seu odre de água. Tudo isso em só 3 frases - só duas a mais do que o super resumo que acabei de escrever.

Não é que frases longas devam ser evitadas, mas é interessante intercalá-las com frases mais curtas para dinamizar o texto e deixar a leitura mais prazerosa. O mesmo vale para os sinais de pontuação - vale sempre a pena investir em um travessão ou um dois pontos aqui e ali pra mudar um pouco a estrutura e colocar um temperinho diferente.

Modificado
Por alguns segundos, Gorbold apenas observou o outro orc se distanciando, sumindo em meio às cores do deserto. Findado o breve momento, começou a marchar.  Acabou decidindo refazer seus passos rumo ao cacto púrpuro que encontrara dias atrás, já que a garganta seca lhe dizia que obter mais água antes de encarar Fulgur seria uma boa ideia.

Os espinhos venenosos não seriam um problema dessa vez, graças ao encontro com a sabriena: o couro do animal serviu para fazer uma manopla improvisada, protegendo o braço de Gorbold golpe após golpe enquanto ele descascava o cacto. Por fim, seu odre ficou praticamente cheio de água.

Tirando algumas adaptações aqui e ali, os trechos são equivalentes, mas eu acho o segundo muito mais tranquilo de ler que o primeiro.

Enfim, a sugestão foi essa. Não tenha medo de quebrar as frases e usar a pontuação para distrubuir as informações e ditar o ritmo do leitor  _b
 
Prezado, bom dia!


Inicialmente gostaria de agradecer os elogios. Fico feliz por ter despertado tantos sentimentos em você.

O principal motivo de eu ter começado a escrever e a publicar essa história, foi para melhorar minha escrita. Reconheço que tenho muito a aprender, por isso, para mim, o feedback é essencial. Comentários como este seu, [member=225]Lord Wallace[/member] , dão bastante ânimo, muito obrigado por ter tomado o seu tempo para escrever.

No mais, concordo com os seus apontamentos, tenha a certeza que levarei em consideração sua sugestão.



Abraços.​
 
Sua forma de contar história é interessante, essa série tá realmente boa. Os atos que mais gostei até então, em ordem, foram: I, IV, III e II. Sua iniciativa me inspira a ler mais de modo geral e a escrever tão bem quanto, mantendo não apenas uma regularidade, mas tendo uma ascensão textual marcante. Aguardo os próximos atos.
 
Não sei se é por você escrever excelentemente bem ou se é por eu já estar engajado na história a muito tempo (o que de fato ainda continua sendo por mérito da sua escrita), mas você consegue passar de forma incrível as sensações que o orc está experimentando, de modo que eu consigo sentir quase que da mesma forma em minha imaginação. O seu uso das palavras guia o leitor ao que você realmente espera que ele sinta ou interprete, e isso é maravilhoso! Eu só posso dizer que você tem aqui um fã que faria questão de mostrar uma obra sua para quantos amigos leitores forem, mesmo sem saber se este (ser um escritor) é de fato o seu objetivo.

Este ato marca um momento decisivo para o orc e o seu final me faz ficar ainda mais ansioso do que fiquei nos últimos atos na expectativa do próximo! Espero que nunca acabe! Hahahahaha
 
Prezados, bom dia!


Inicialmente gostaria de agradecer por terem tomado o seu tempo para comentar, é bastante motivador para continuar escrevendo.


[member=2851]heartfact[/member]
Muito obrigado pelos elogios, em especial, por ter arrolado os atos que você mais gostou.
Sinto-me lisonjeado em saber que estou lhe inspirando em querer ler mais.
Fique tranquilo que virão novos atos.


[member=2745]Eliyud[/member]
Agradeço os elogios, confesso que está sendo mais agradável escrever e publicar do que eu imaginava, principalmente com o feedback positivo que venho recebendo.
Fique tranquilo que novos atos virão, mas, eventualmente, a saga de Gorbold chegará ao seu fim.



Abraços.​
 
Acho que, até o momento, esse foi meu Ato preferido! Começa bem, com uma sensação de esperança e recomeço; mas ao final sentimos o desespero junto com o Gorbold. Tremi junto com ele!
A melhor parte de estar atrasada é que já posso ler o que acontece depois desse final assustador e misterioso!
 
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