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Senhor da Guerra: Ato VII

ドーベルマン

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O cão.
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29 de Março de 2017
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– O meu nome... diga ele. Eu sei que você sabe.
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ATO VII
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Os lábios de Gorbold moviam-se, mas não produziam som. As palavras pressas em sua garganta, um pouco abaixo da faca, recusavam-se a sair pela boca.​
Sua visão, ainda turva, não permitia ver a criatura nitidamente. Via tão somente o tamanho colossal, a pele azulada, os olhos alaranjados e o sorriso amarelo, os quais eram facilmente distinguíveis naquela imagem nublada.​
– O que houve? Perdeu a voz? Vamos... diga o meu nome, eu sei que você sabe.
O orc gastou suas últimas energias entregando-se à fúria para vencer o pálido. Seu corpo estava exausto, seus músculos latejavam, seu joelho perfurado o impedia de ficar de pé e o ferimento em sua garganta ainda sangrava. Estava incapacitado para qualquer tipo de combate e até mesmo para erguer seus punhos em sua própria defesa.​
Seu tamanho apenas podia ser imaginado, sua cabeça flutuava acerca de vinte metros do chão e grande parte do seu corpo se misturava com as sombras da caverna, tornando-o indistinguível em sua total extensão. Lentamente aquela criatura se aproximava dele. Cravou suas garras na rocha e caminhou para o topo. Cada um dos seus passos eram sentidos pelo orc através das vibrações produzidas na rocha.​
– O meu nome... você poderia dizer?
A voz não ecoava pela caverna, ela parecia existir apenas na cabeça de Gorbold, o qual não sabia ao certo se a voz era produzida pela criatura ou se era fruto da sua mente cansada pronta para desabar. Por instinto, o orc olhou em volta e procurou algum suporte para se apoiar em pé. O único objeto possível era o pilar no centro da rocha e no qual a pequena pedra brilhante flutuava.​
Ele não estava muito longe, conseguiu rastejar – com grande esforço – e se apoiou no pilar, erguendo-se com seus braços e joelhos trêmulos. Apoiou suas costas no pilar e formou base com suas pernas, virando-se de frente para a criatura para olhar diretamente em seus olhos.​
Ful... gur! – relutante e gaguejando, sussurrou Gorbold.​
– Oh! O que você disse? Poderia repetir mais alto? – disse a criatura em tom sarcástico.​
Ainda relutante, o orc, de cenho franzido e segurando o pilar para não cair, enche seus pulmões e grita o mais alto que sua atual condição lhe permite: – FULGUR!​
– FULGUR!? Como é bom ouvir o meu nome, ainda mais com esse tom de terror vindo da sua voz tremula. Diga o meu nome mais uma vez! Vamos... – a criatura vociferou cheia de orgulho e sarcasmo com uma voz cavernosa e aterrorizante.​
Ofegante e de olhos vidrados naquele monstro, o orc põem a sua mão direita sobre o ferimento em seu pescoço em uma vã tentativa de estancar o sangramento. Já sem forças, mal consegue fazer pressão.​
Gorbold se sente completamente frustrado naquela situação. Agora que ele está diante de Fulgur ele sequer possui forças para iniciar o combate. O estado de fúria não é uma opção, pois seu corpo não possui nem forças para se manter de pé.​
Aos poucos os seus sentidos vão desaparecendo, iniciando pelo seu instinto natural de sobrevivência que, mesmo exausto e diante daquela fera monstruosa, sequer aponta para qualquer sinal de perigo.​
– Fu... FULGUR! Eu vim por sua cabeça!
O sorriso da criatura se torna ainda maior e mais amarelado ao ouvir aquelas palavras: – E como pretende pegar? É um looongo caminho até ela – diz o monstro, ainda agarrado a rocha e com sua cabeça na altura de Gorbold, encarando-o com um sorriso estampado em seu rosto.​
– De qualquer jeito! – disse Gorbold antes de esticar sua mão para pegar aquela pequena pedra brilhante na intenção de arremessar contra Fulgur. Inesperadamente, assim que a pedra entra em contato com sua mão, o seu corpo adormece e passa a emanar uma forte luz, iluminando ainda mais a caverna e lançando feixes de luz para todos os lados.​
Em resposta, Fulgur larga a pedra e dá um salto para trás, abrindo suas enormes asas, as quais eram pelo menos três vezes maiores do que seu corpo, batendo-as para permanecer no ar e, em seguida, ruge com tamanha força que faz a rocha central vibrar e se inclinar para o lado oposto.​
O corpo e os sentidos adormecidos de Gorbold lhe impedem de ouvir aquele rugido. Um êxtase toma conta de todo o seu ser, um sentimento diferente de tudo que ele conhecia. Seus joelhos não tremiam mais e ele observava o mundo a sua volta em câmera lenta. Via os feixes de luzes irromperem por debaixo de sua pele e via a besta mítica com sua boca cheia de dentes aberta e batendo suas assas lentamente.​
Aos poucos os seus sentidos retomavam e o orc sente o calor daquela pedra em sua mão. Era um calor brando e que aos poucos estava se tornando mais intenso. Então, em um piscar de olhos, a temperatura da pedra subiu tanto que parecia ter se tornado ferro derretido. Imediatamente o orc tentou se livrar daquele objeto, porém, apesar de tentar, não conseguia se mover ou larga-la. Apenas podia observar e gritar de dor enquanto aquele intenso calor queimava sua mão esquerda e emanava ondas de calor por todo o seu corpo.​
Em sua frente, flutuando no ar, Fulgur mantinha aquela enorme boca aberta. Pequenas descargas elétricas eram visíveis percorrendo suas assas, seu corpo, sua boca e um chifre que se localizava acima desta e entre os seus olhos. As descargas percorriam o seu corpo até esse chifre que se iluminava com um brilho cada vez mais intenso.​
Até que um grande estrondo ecoou por toda a caverna.​
A visão de Gorbold se volta para o teto de forma involuntária. Apesar de seus sentidos falharem, o orc consegue ouvir o seu coração batendo muito rápido, esse é o único som que consegue ouvir. Ele se sente transbordando de energia, mas seu corpo, ainda dormente, não responde aos seus comandos.​
Por fim, ele sente o impacto da sua cabeça contra o solo e vê os pelos dos seus braços arrepiados e carregados de eletricidade. A frequência das batidas do seu coração diminui aos poucos e esse ainda é o único som que ele consegue ouvir.​
 
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