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Fiocruz estuda contágio de zika após identificar vírus em saliva e urina

LUCAS VETTORAZZO
DO RIO

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Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, detectou a presença do vírus da zika ativo (com potencial para causar infecções) em amostras de saliva e urina.

A descoberta foi divulgada pela Fiocruz na manhã desta sexta-feira (05). A pesquisa não esclarece, no entanto, se o vírus é contagioso.

Apesar de a presença da zika ter sido detectada na saliva e urina, não é possível afirmar ainda se ele pode ser transmitido por fluídos corporais.

O principal vetor de contágio do vírus é pela mordida do mosquito Aedes aegypt, que transmite a dengue e também a chamada febre chikungunya. Existe ainda a suspeita, não comprovada até o momento, de que o vírus possa ser transmitido pelo sexo.

"Não há comprovação ainda de que há possibilidade de infecção imediata de outras pessoas [por meio do contato com saliva e urina de pessoas infectadas]. Para determinar se há possibilidade de infecção, tanto individual quanto sistêmica, é preciso, do ponto de vista epidemiológico e de saúde pública, muita pesquisa ainda", afirmou o diretor do Instituto Oswaldo Cruz, Wilson Savino.

O estudo foi baseado em amostras referentes a dois pacientes. O que se sabe até o momento é que o vírus estava se reproduzindo no momento da coleta.

Em todo o caso, a Fiocruz recomendou que mulheres grávidas evitem circular em ambientes com aglomeração de pessoas, compartilhar talheres e copos, e até mesmo beijar pessoas com suspeita da doença. Os pesquisadores, contudo, descartaram a necessidade do uso de máscaras.

Há a suspeita de que o surto de nascimento de bebês com microcefalia esteja ligado à ocorrência da zika em grávidas.

"As grávidas podem se resguardar. Não por ser uma verdade absoluta [a possibilidade de contágio], mas por cautela", disse Myrna Bonaldo, coordenadora da pesquisa que teve a colaboração da infectologista Patrícia Brasil.

As coletas foram realizadas a partir da apresentação de sintomas compatíveis com o vírus da zika, já que não há até o momento um teste laboratorial que comprove a doença.

"A possibilidade de contágio ainda deve ser esclarecida. Não podemos afirmar que é contagioso", ressaltou Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz.

Gadelha afirmou que a pesquisa para descobrir se o zika pode ser transmitido por fluídos corporais já está em andamento. De acordo com ele, não há como estabelecer um prazo para se chegar a este resultado.

A Fiocruz busca também esclarecer a relação do vírus com a microcefalia, já que até o momento há apenas indícios, e não provas científicas, de que uma doença leve a outra.

Nenhum instituto de pesquisa conseguiu, até o momento, provar a relação. "Essa prova nós não temos ainda. Hoje as evidências são fortíssimas", disse.

Gadelha defendeu a necessidade de haver uma mobilização internacional para que laboratórios de vários países possam também realizar pesquisas a este respeito, assim como ocorreu com o vírus Ebola.

Há a suspeita de que a zika também esteja associada a ocorrência de casos da síndrome Guillain-Barré, doença neurológica que causa paralisia motora.

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Em nota, o Ministério da Saúde sugere "cautela" e "prevenção" diante da nova possibilidade de transmissão. A orientação, diz a pasta, é para "evitar compartilhar objetos de uso pessoal (escovas de dente e copos, por exemplo) e lavar as mãos".

"Os maiores cuidados devem ser tomados pelas grávidas, que já devem se proteger contra o mosquito Aedes aegypti", diz o texto. O ministério pondera que ainda não é possível afirmar que uma pessoa pode ser infectada a partir da saliva de outra pessoa com o vírus.

"Serão necessários outros estudos para analisar, por exemplo, qual o tempo de sobrevivência do vírus Zika e, após passar pelos sucos gástricos, se tem capacidade de infectar as pessoas."

Fonte: Folha de São Paulo
 
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