Eu vejo o vício como uso excessivo de algo para suprir anseios interiores que nos atormentam o tempo todo. Fui escravo do tabaco por uns bons anos depois de perder grande parte do que eu considerava "a vida que eu tinha conquistado". O maldito era um "amigão", sempre me trazia uma boa sensação, ajudava pra dormir e até mesmo pra esquecer os traumas que ainda me atormentavam. Chegou um ponto em que a amizade virou escravidão, então resolvi parar. Alguns meses de insistência e perdi a dependência dele.
E o vício em jogos é a mesma coisa. Os jogos atuais estão quase sempre conectados com alguma função online, que permite interação e competitividade. Essa última eu considero um dos fatores mais fortes. Você quer platinar, você quer zerar 100%, quer ser o melhor e o que descobriu as coisas antes de todo mundo nos jogos que você escolhe investir seu tempo. Dar um Pentakill no League of Legends ou fazer todas as missões secundárias e secretas do GTA: San Andreas é algo que nos permite um orgasmo mental incrível. Mas somos humanos e sempre queremos mais, então precisamos manter nosso "título". E aí a diversão prazerosa passa a ser uma obrigação frustrante que chega a ser pior do que trabalhar em algo que não gostamos.
Outra coisa:
Ranqueamento. Ainda no papo de que queremos ser os melhores, quando se trata de rank a briga é sempre grande. Ser TOP alguma coisa em algum jogo é um status e tanto, no mundo gamer, é claro. Mas se nossa vida social não anda fácil, ser Challenger no LoLzinh até que cai bem na hora de se mostrar pros amigos e ter alguns "noobs" te chamando pra jogar o tempo todo hahaha
Mas vou dar meu parecer sobre o desenvolvimento Indie, que é o verdadeiro convite a debate do tópico. Eu acho que
SIM, tem sim ALGUNS desenvolvedores preocupados em dar uma boa dose de diversão sem incitar o vício ou prejudicar outros aspectos da vida dos jogadores. Não acho que essa preocupação seja o foco em si, maaaas a onda indie na maioria das vezes preza pela diversão, não escravidão. Afinal de contas, jogos indie(até onde eu tenho conhecimento) não ficam vendendo adicionais dentro do jogo que ajudem o jogador a progredir mais que os outros nem proporcionam competitividade.
To the Moon,
Jotun,
Bastion,
Transistor,
Undertale... são exemplos de jogos que vão ser vendidos uma vez e a pessoa no máximo tem a opção de comprar a trilha sonora deles à parte, se quiser. São games com histórias tocantes e originais, que não se preocupam em prender o jogador e sim passar a melhor experiência e diversão possível.
Já tem títulos inclusive preocupados com a saúde dos jogadores, oferecendo um amparo ou algo assim, como é o caso de
Rainy Day, da Thais Weiller e do
Lenin - The Lion, desenvolvido por João Bueno.
Eu dei uma pesquisada bacana no Google mas não achei nada relevante que eu pudesse entender melhor o tema. Mas o meu chute é que, agora que isso virou pauta de discussão e envolve classificações de doenças e tudo mais, os desenvolvedores Indie passarão a trabalhar mais essa temática enquanto fazem seus jogos, já que alguns indies são online massivos, como o Rust.
Para quem se interessar em aprofundar no assunto, eu encontrei um material interessante e extenso do Guilherme Pinho Meneses falando sobre exatamente este tema:
VIDEOGAME É DROGA? CONTROVÉRSIAS EM TORNO DA DEPENDÊNCIA DE JOGOS ELETRÔNICOS
Gostei muito do tema, [member=47]rafaelrocha00[/member]. É algo fresco, recente e nós que estamos no caminho de nos tornarmos desenvolvedores podemos já agregar ao nosso repertório de conhecimentos na área. Acabei ficando um tempinho pesquisando e lendo coisas enquanto digitava o post.