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"Não force a criatividade, liberte a sua mente e a criatividade virá."
- Frank

[História] As Crônicas de Terrástria — A Saga da Aliança Libertadora

Arvis Masculino

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06 de Abril de 2023
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Olá, pessoal, Arvis aqui para lhes apresentar a minha história (e possível pré-roteiro) que estou escrevendo. Pretendo que esse seja o post principal, permitindo que eu coloque atualizações e capítulos novos nas respostas. O que acham?

Me perdoem também se a história se alterar durante o curso da escrita, é algo que inevitavelmente acontece.

A sinopse é a seguinte:

Mais uma crise assola Terrástria, desta vez podendo dar fim a Era Humana…

As constantes disputas políticas gradualmente consumiram a natureza do planeta, trazendo Terrástria à beira da calamidade. Durante vários séculos, os mortais tiveram seus corações e suas mentes dominados pelas mentiras proclamadas por uma classe dominante, que insiste em distorcer a verdade e a razão para satisfazer os seus interesses egoístas. Essas elites buscavam enfraquecer as massas, escravizando-as sob a promessa de redenção ou premiação no pós-vida.

Os Deuses viam com indignação os demônios e anjos nascidos entre os mortais: os demônios queriam somente sugar do seio da terra até não sobrar mais nada, usando do poder que tinham para machucar e oprimir. Os anjos, entretanto, buscavam destruir Terrástria, acreditam que esse mundo imperfeito e contingente não era digno da grandeza divina. Com suas últimas forças, o planeta insiste em se revoltar, trazendo extensas calamidades contra aqueles que acreditaram serem superiores à própria realidade.

A sociedade como conhecíamos não consegue mais esconder sua natureza autofágica, buscando então condenar o planeta na chance de dominar o próximo. Os abutres eram muito poderosos, controlavam grandes nações, riquezas, ideologias e exércitos. Estavam sempre ouvindo ou observando, somente esperando para atacar sua próxima vítima e se alimentar de sua carcaça. Nem a morte era impedimento: se tivessem que governar sobre uma pilha de cadáveres, que então esses cadáveres trabalhem e lutem com toda a sua força. O importante era que fossem escravos leais, vivos ou mortos. No público, eles se apresentavam como grandes líderes, autoridades virtuosas e implacáveis, que traziam medo e adoração por parte das massas, mas no privado conspiravam e tramavam todo o tipo de maldade enquanto congregavam com o sangue dos inocentes.

Enquanto o mal se espalhava por Terrástria, a esperança ressurgia no coração de uma das superpotências: a família imperial, recém saída de uma rebelião, reúne suas forças e seus aliados para lutar contra os abutres e proteger o que resta do povo e da natureza. Com o sangue nobre dos seus ancestrais e os equipamentos dos Deuses, seu objetivo é restaurar Terrástria a sua antiga glória, com uma natureza rica e uma sociedade próspera. Os Deuses regozijam ao poder acompanhar seus campeões lutarem mais uma vez pelo planeta, reunindo suas forças para limpar toda a maldade do caminho deles, deixando somente o que vai fortalecê-los e prepará-los para o que está por vir…
 
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ATO I — CRISE DIPLOMÁTICA

Lentamente, a luz cega o planeta…

Terrástria é um mundo alicerçado pelo sangue dos seus heróis, que sacrificaram suas vidas lutando por sua natureza e por todos que nela habitam. Em tempos imemoriais, esses heróis fizeram um pacto com os Deuses, prometendo proteger Terrástria e seu povo da influência da Besta Serpentina e seus demônios. Tal pacto foi passado adiante para seus descendentes, que também deveriam dar suas vidas pelo planeta se assim demandado.

Assim surgiram as 12 Casas Patrícias, cujo sangue abençoado pelos Deuses herdaria relíquias sagradas, forjados pelas próprias divindades como uma maneira de demonstrar suas expectativas e o peso da missão conferida aos seus campeões. Entretanto, o poder da Besta corrompe a todos que alcança, e com os nobres não foi diferente. Logo eles deixaram de ver o poder como uma responsabilidade, mas sim como um meio para os seus fins nefastos.

Os nobres começaram a abusar do povo, que resistia a sua sede de poder e controle. Para a surpresa dos patrícios, eles não podiam reinar na pura força do seu sangue nobre, pois isso somente fazia seus reinados sucumbirem a pressão de populações insatisfeitas e nobres conspiradores, ambos devidamente preparados e motivados para derrubar os regimes vigentes em busca de outros que atendessem aos seus interesses. Portanto, buscaram por outras maneiras de legitimar sua autoridade perante o povo, enquanto conspiravam nas sombras para realizar seus interesses. E assim surgiu a Liga das Nações, que buscava ser esse meio para as nações poderem conquistar e alicerçar seus interesses por meios diplomáticos.

Apesar dos esforços conjuntos de vários líderes e diplomatas para manter a paz, as casas patrícias se reuniam e fortificavam para uma nova guerra em Terrástria…
 
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Capítulo I — Prenúncio do Desastre​

Era um dia normal na vida dos irmãos Frederico e Ferdinando. Em sua nova casa, a ilustre Academia Real de Magia e Filosofia, os príncipes começam o dia com mais um treino de espada. Guiados pela tutora e tia dos jovens tiferinos, Marina de Sirena, os dois irmãos pegam suas espadas de madeira e logo trocam as devidas provocações antes do duelo.

Estão preparados? — questiona Marina, a elfa alva.

Sim, Tia — responde Ferdinando, animado.

Quem será que ganha dessa vez, Ferdinando? — questiona Frederico, o irmão mais velho.

Você sabe muito bem que tenho uma melhor habilidade com a espada do que você, mano. Nem tente se aparecer muito.

Você subestima minhas habilidades, Ferdinando. Posso até cair, mas vou te dar um bom desafio para ficar esperto.

Pode vir com tudo então!


E assim ambos começam o seu duelo, demonstrando suas técnicas de espada com rápidos golpes, bloqueios e evasões. Demorou cerca de quinze minutos até que Ferdinando conseguisse derrotar seu irmão com um golpe certeiro, derrubando-o.

Nossa, Ferdinando, de onde você veio? — questiona Frederico, pego de surpresa por seu irmão.

Eu disse que eu estava treinando.

E de fato deu frutos. Parabéns, Ferdinando
— responde Marina, alegre com a progressão dos seus alunos — você também evoluiu bastante, Frederico.

Obrigado, tia Marina
— responde Frederico, agradecido pelo carinho.

Parece que meus filhos se tornaram grandes guerreiros — comenta o pai dos garotos, que se aproxima — Isso é ótimo, me preocupo profundamente com a segurança de vocês.

Obrigado, Pai
— responde Ferdinando, feliz com a aprovação paterna — Isso significa muito para a gente.

Eu imagino, tudo que eu mais quero é ver vocês bem e seguindo o caminho correto.

Não vamos abandonar nossas forças, nem nossa fé
— responde Frederico, com uma expressão de determinação em seu rosto.

E espero que não desistam dos seus sonhos também — comenta a mãe dos garotos, também tiferina — Tudo que fazemos é para que vocês vivam uma vida boa e que tenham condições para realizar tudo que desejam.

Sim, Mãe. Muito obrigado pelo apoio
— responde Ferdinando, carinhosamente.

Quando a conversa acaba, surge um soldado correndo portão adentro ao pátio de treino da Academia, onde estavam os jovens e sua família. Assim que ele se deparara com os pais das crianças, ele dá sua mensagem.

Milordes, vocês estão sendo chamados pelo rei e pela rainha! Eles dizem ser urgente.

Claro, soldado
— a mãe dos garotos responde, preocupada — Fiquem aqui com a Marina, nós só vamos ver o que está acontecendo, tudo bem?

Claro, Mãe! Fico cuidando do meu irmão aqui enquanto vocês salvam o mundo
— responde Ferdinando, animado.

Quando chegam a reitoria, eles logo se deparam com o casal de reitores desesperados.

Edmundo? Maristela? O que aconteceu? — questiona a mãe de Frederico e Ferdinando, preocupada com a amiga.

Acabamos de receber relatórios da Árvore de Mana, Adriana — responde Maristela, que resistia a tentação de literalmente arrancar seus cabelos — A situação é aterrorizante.

A Árvore de Mana está em estado crítico, não é mesmo?
— questiona o pai dos meninos, também ansioso.

Sim, Ricardo — responde Edmundo, que tentava não surtar — Mas tem mais, meu amigo. Coisas que dizem respeito a vocês dois.

O que seria?

Movimentações beligerantes em diversos países, incluindo Ladissa e Avelissa.

Como assim?
— questiona Adriana, sem reação — O que meus pais estão pensando?

Seu pai está atacando pesado o continente de Adelina, como retaliação pelos ataques terroristas em Mesládria.

Meus Deuses, a situação não poderia estar pior.

Poderia, Adriana —
responde Edmundo, não poupando as más notícias — Uma revolta começou em Crimélia.

Pelo amor dos Deuses, minha mãe não vai aliviar fácil
— responde Ricardo, apreensivo.

Ela já começou a fortificar e ocupar territórios na fronteira, inclusive territórios disputados entre os dois países. Estão marchando pela fronteira nesse exato momento.

Algo a mais para piorar ainda mais a situação?

Parece que as revoltas estão começando a se espalhar por Terrástria, e isso atiça a ira das Casas Patrícias, que estão exercendo controle quase autoritário em suas nações. A situação está obscura, meus amigos, muito obscura. Parece que o retorno de Apófis está se aproximando.

Precisamos fazer algo e já!
— responde Ricardo, impaciente — Se Apófis está voltando, precisamos ir para Dármia e nos preparar quanto antes. Reunir o máximo de aliados que pudermos e atacar quem está tentando trazer Apófis de volta.

Perfeito!
— responde Maristela, aliviada — Porque era exatamente isso que iriamos solicitar para vocês.

Mas, Ricardo, e os nossos filhos? Como eles vão ficar?

Vai ficar tudo bem, Adriana. Eles vão viver tranquilos e seguros aqui, pode ter certeza.

Mesmo assim, ainda fico aflita de deixar meus filhos assim.

Isso é normal, Adriana, mas é o que o precisamos fazer agora. É o nosso compromisso com os Deuses.

Sim…
— responde Adriana, desgostosa.

Assim que a conversa acaba, novamente eles ouvem um soldado gritando.

Criança desmaiada no portão principal! Precisamos de atendimentos médicos.

Os quatro então partem para a entrada, onde encontram uma garota de pele escura e cabelo prateado. Adriana, logo que vê a criança, fica assustada.

Não é possível, o mundo está mesmo tão perto de acabar? — pergunta Adriana, retoricamente.

Se ela existe, então, sim, é um sinal do fim dos tempos — responde Ricardo, de cabeça baixa — Precisamos dar cabo dela antes que ela se torne a Herdeira do Vazio.

É um milagre ela estar tão vulnerável e a plena vista, os Deuses estão dando a nós uma chance
— responde Adriana, que se prepara para matar a garota.

Assim que Adriana se aproxima, ele ouve os gritos dos seus filhos.

Mãe! Não faça isso! — questiona Frederico, que chega correndo — O que estão pensando para fazer uma coisa dessas?

Filho, ela é perigosa, não pode continuar viva!
— responde Ricardo, querendo ser breve — Ela pode destruir todo o nosso mundo.

Porque, Pai? Me explica.

Ela é a Herdeira do Vazio, a Escolhida de Apófis. Ela quando crescer vai se tornar a própria encarnação da maldade. Não podemos deixar que isso aconteça.

Realmente não tem outro jeito que não envolva matar ela?

Infelizmente não, meu filho. Eu gostaria muito que fosse diferente.

Então eu me responsabilizo por deixar ela viva, eu aceito as consequências!
— responde Frederico, se colocando entre os pais e a garota — Eu não vou deixar que matem alguém inocente e vulnerável.

Mas mantê-la viva pode matar outras pessoas inocentes e vulneráveis —
responde o pai de Frederico, preocupado com o filho.

Então estarei lá para protegê-las, se necessário responde o jovem.

Ricardo e Adriana então se entreolham e compreendem o destino.

Tudo bem, Frederico. Espero que cumpra sua promessa então.

Me perdoem, eu só não quero ver ninguém sofrer nada que não merece.

E isso é bom, mostra que seu coração é puro. Você é uma boa pessoa, talvez seja isso que precisa para salvar essa garota do destino que a assombra.

Sim, Pai! Vou fazer o meu melhor, prometo!
— responde Frederico, que logo ouve a garota tentando se levantar.

Quando Frederico vê a garota, logo se encanta pela sua beleza. O garoto se coloca como apoio para ela, levando-a até a enfermaria da Academia, onde a garota é tratada e cuidada por ele. Esse carinho somente cresceu com o tempo, germinando em diversos outros sentimentos. Juntos, os dois viveram um amor proibido, condenado pelos Deuses e pelos seus devotos, somente após uma longa década a verdade começou a se revelar…
 
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Capítulo II — Pesadelo Incandescente​

Desde aquele dia, muito aconteceu no mundo de Terrástria...

A rebelião contra Avelissa e Ladissa, iniciada por Edmundo, Maristela, Ricardo e Adriana, deixou fortes repercussões no mundo, mudando para sempre o curso da história.

Por quase dois séculos, o mundo viu ambos os impérios construirem e consolidarem sua hegemonia. As Casas de Merôndia e Sirena, das quais Adriana e Ricardo descendem respectivamente, sempre fizeram tudo o que puderam para sobreviver e prosperar, sem pensar em qualquer moralidade. Como consequência dessa sede por poder, a Árvore de Mana começou a morrer, trazendo todo o tipo de calamidade para Terrástria. Com a rebelião consumada e grande parte de ambas as famílias morta, Terrástria parecia recuperar suas forças, porém não por muito tempo. Isso gerou outra disputa de poder, com as potências menores disputando para se tornarem a nova ameaça que iria enfrentar essas superpotências, agora enfraquecidas.

Frederico, filho mais velho de Adriana e Ricardo, teve participação ativa na Rebelião, ajudando os pais a protegerem a Árvore de Mana. Entretanto, após a rebelião ele decidiu por partir para a Academia de Magia e Filosofia de Alvanista, um reinos mais prestigiados da Confederação Bassiliana, por esta ser o lar da Casa de Alvanista.

A Casa de Alvanista é uma das que mais se destaca entre as casas patrícias. Os pais fundadores, ao construir sua capital, optaram por construir uma Academia ao invés de um mero palácio. Nessa instituição, todos poderiam livremente poder estudar e discutir o que bem quisessem. Seja Magia ou Filosofia, tudo era possível na Academia Real de Alvanista. Nesse reino, o rei e a rainha são também os reitores da Academia, liderando as grandes prodígios rumo ao crescimento intelectual e a lapidação dos seus talentos. Frederico até então era só mais um deles, porém ele mostrou desde que chegou um talento especial para a liderança, se tornando o capitão da Guarda Acadêmica, uma ordem de cavaleiros focados em proteger a instituição de possíveis ameaças.

Na entrada do templo ecumênico da Academia, um lunariano animante, um ladino elfo alvo e um espadachim tiferino esperavam por seu amigo. Seja por dentro ou por fora, o templo era belíssimo, apesar de aparentar uma aparência mais simples. No topo do portão principal, estava um afresco representando todos os deuses, que reverenciavam o grande Olho da Providência, por onde Olodumaré observava o progresso da sua criação.

Assim que Frederico volta de suas orações, depara-se com seus amigos lhe esperando.

O que estão fazendo aqui? — questiona Frederico, surpreso.

Estávamos te esperando para almoçar, Frederico — responde o lunariano.

Milagre! — responde Frederico, indignado — Vocês me esquecem com uma facilidade absurda.

Porque você geralmente está ocupado, aí a gente só induz mesmo
— responde o espadachim tiferino.

Ainda bem que sabem — responde Frederico, rindo — Isso que dá confiar na indução.

Concordo plenamente
— responde o animante — Dito isso, vamos comer?

Vamos.


Assim que os quatro iniciam sua caminhada, aproxima-se deles uma elfa alva umbromante, cansada de tanto correr.

Laura! O que houve? — questionava o ladino elfo alvo, preocupado com sua amada.

Ariel? Finalmente achei vocês! — responde Laura, tentando recuperar sua respiração — Bandidos estão atacando a Academia, em um número muito grande. Parece um exército, se organiza como um. Lorde Edmundo e Leide Maristela já estão no campo de batalha, mandaram-me chamar vocês.

Certo
— responde Ariel, determinado — Estaremos lá.

Um exército de bandidos, você diz?
— questiona Frederico, visivelmente intrigado — Isso é muito estranho, mas ultimamente tudo tem estado muito esquisito, então eu nem questiono mais.

E assim prosseguem os quatro em direção a entrada da Academia, sendo guiados por Laura. Assim que chegam, já são recebidos por Maristela, rainha de Alvanista.

Que bom que chegaram, precisamos que liderem a guarda enquanto eu e meu marido defendemos a entrada. Bandidos não param de surgir!

Tudo bem, professora
— responde Frederico, calmamente — Iremos imediatamente.

A batalha será penosa, preciso que sejam fortes. Vou considerar isso como a avaliação final de vocês
— responde a mestra espadachim, de maneira jocosa.

Eu espero mesmo, pois vamos ter que usar tudo que aprendemos pelo jeito. Na melhor das hipóteses, o maior problema vai ser o número de inimigos.

Sim, por enquanto esse é o problema maior. Por isso vocês precisam estar atentos para não serem atacados pelas costas.

Sim, senhora
— responde Frederico, que marcha para o campo de batalha.

E assim a batalha começa, com Frederico liderando a guarda e seus amigos contra uma horda de bandidos. O capitão então reparte suas funções com seus amigos, delegando uma função a cada um.

Clemente! Já que não gosta de violência, você vai cuidar da saúde do pessoal — delega o capitão tiferino ao lunariano animante, de forma amigável — Evite que a gente morra ou se machuque gravemente.

Sim, senhor
— responde Clemente de forma diligente.

Laura, você e Ariel cuidam da retaguarda e da artilharia — delega Frederico ao casal de elfos alvos — Façam quem ousar nos atacar por trás se arrepender.

Pode deixar com a gente, Frederico
— responde Ariel, que se prepara para atacar.

Bandido frito no capricho! — responde Laura, fazendo piada.

Laurêncio, você vem comigo para o front — delega Frederico ao tiferino espadachim — Afie a sua espada.

Opa, aí eu vi vantagem
— responde Laurêncio, animado — Bora quebrar umas cabeças.

Frederico então monta em seu canídeo, um cachorro gigante, dando início ao avanço dos cinco.

Confio em você para me ajudar nessa batalha, Mário — responde Frederico, fazendo carinho em seu canídeo — Marchemos!

Em meio a batalha, surge uma cavaleira mágica. Seu cabelo ruivo e uniforme militar eram inconfundíveis, e logo ela foi reconhecida.

O que minha irmã está fazendo aqui? — questiona Laura, preocupada.

A Lavínia, aqui? — questiona Ariel, confuso — Por que a sua irmã viria à Academia? Será que ela veio proteger a irmãzinha dela?

Não sonhe, Ariel. Minha irmã tem algum motivo oculto para estar aqui.

Então foi nisso que se transformou o apavorante Frederico, o Açougueiro da Nobreza?
— questiona Lavínia mentalmente, decepcionada — Patético. Parece que terei que mostrá-los como como se vence uma batalha fácil e rapidamente, talvez assim desperte de novo o prazer assassino que compartilhávamos outrora.

Os bandidos percebem a presença de Lavínia e partem para atacá-la. Lavínia começa a gargalhar com um prazer inexorável.

Quem será o primeiro insolente a tentar me enfrentar? Eu não posso, nem devo, esperar muito de bandidos sem nome como vocês. Sintam o fogo decadente devorar suas peles frágeis! Seus gritos serão música para meus ouvidos!

Lavínia então encanta o feitiço Focum Caeruleum, a relíquia sagrada da Casa de Beurália, sua família patrícia. Várias chamas de fogo azul então saem do seu orbe, passando de um braço a outro até suas mãos. Lá, as chamas se concentrarem em um grande cometa azul, que entra em choque a terra, incerando tudo que alcança. Os bandidos que sobrevivem se apavoram.

Essa mulher, ela é o Pesadelo Incandescente! Fujam, rapazes! Corram por suas vidas!

Lavínia gargalha ensandecidamente, chibateando aqueles que tentavam escapar com seu chicote flamejante.

Não ousem fugir de mim, vermes! — responde Lavínia, com um sorriso mórbido — Eu não terei piedade com covardes! Venham e me enfrentem!

Os bandidos então decidem avançar ainda mais agressivamente contra Frederico e seus amigos, na expectativa que assim conseguissem fugir da fúria do Pesadelo.

Então Lavínia decidiu aparecer para causar confusão no campo de batalha? — questiona Frederico, perplexo — O pior é que quem vai ter que limpar a bagunça somos nós.

Desculpe-me pela minha irmã, Frederico
— comenta Laura, de cabeça baixa — Eu não imaginava que ela fosse aparecer.

Ela deve estar na seca de sangue, por isso está aproveitando a oportunidade. Não precisa se culpar por isso, Laura.

Tudo bem, Frederico.


E agora, com a presença de Lavínia, a batalha se torna mais intensa. Os bandidos tentam a todo o custo fugir da cavaleira, avançando contra Frederico e os outros sucessivamente. O terreno que a Guarda estava alcançando logo teve que ser recuado devido ao volume de inimigos. Maristela e Edmundo tiveram que ajudar de forma mais presente, defendendo a Guarda e a Academia dos bandidos que brotavam.

Fazia tempo que não víamos um desafio assim, certo Edmundo?

Quantos anos que não lutamos em uma grande batalha, Maristela?
— questiona o rei elfo alvo — Um ou dois talvez?

Acho que por aí. Eu não estava sentindo falta
— responde a rainha elfa alva.

Eu também não — responde Edmundo, resignado — Mas as vezes precisamos obedecer ao chamado.

Certamente, então vamos mostrar a esses bandidos quem manda.


Depois de algumas horas, a batalha estava vencida. Frederico e os outros logo partiram para questionar Lavínia, querendo entender o motivo de sua presença.

O que você está fazendo aqui, Lavínia? — questiona Frederico, incomodado.

Ué, tem algum problema uma ex-aluna vir visitar sua antiga escola?

Todo mundo sabe que você não veio por isso, seja breve.

Nossa, pelo menos com as palavras você continua bem afiado
— responde Lavínia, provocando ainda mais a fúria de Frederico — Pois bem, serei breve: vim por conta disso aqui.

Lavínia então entrega a Frederico uma carta de Ricardo e Adriana, seus pais.

Como você teve acesso a isso?

Estava passando pelo meu território, preferi então entregar pessoalmente. Saber se a sua espada é tão afiada quanto a sua língua. Vejo que não, considerando o seu esforço para derrotar esses bandidos.

Deveria estar feliz então
— responde Frederico, indignado com o insulto — Aparentemente eu não sou mais uma ameaça para você.

Eu nunca fico feliz de perder uma chance de me desafiar, é como perder uma presa que morreu por causas naturais. É sempre tão mais prazeroso ver o inimigo morrendo nas minhas mãos.


Frederico começa a se irritar novamente, Clemente então intervém.

Obrigado pela entrega, Lavínia. Já pode ir.

É uma pena, nunca pensei que veria o Açougueiro de Mesládria se segurando para não pular no meu pescoço. Talvez para alguém racional como Clemente isso deva ser algo para se orgulhar
— responde Lavínia, entediada — Bem, deixo minha irmã com vocês, talvez ela aprenda algo útil nessa vida patética de umbromante dela.

E assim Lavínia deixa a Academia, cavalgando de volta para Beurália.

Obrigado, Clemente. Eu não sei se teria aguentado.

Tudo por um amigo, Frederico. É bom ver que está aprendendo a controlar o seu temperamento.

Graças a boa convivência, apesar de que vocês me tiram do sério às vezes.

Mas nada que instigue esse instinto assassino e justiceiro seu —
responde Laurêncio, se intrometendo na conversa — Isso é bom, significa que nenhum de nós aqui está fazendo algo realmente imoral.

Frederico então abre a carta, divulgando aos amigos seu conteúdo em poucos minutos.

Mesládria está em chamas? Como assim? — questiona Ariel, ao ouvir as palavras do amigo.

Pelo que está escrito aqui, criminosos e insurgentes estão dominando Mesládria, instigando o povo a se revoltar contra o reinado da minha família. Meus pais estão pedindo para que voltemos e ajudemos a resolver a situação, ou que fujamos com eles caso ela fique muito crítica.

Pela Deusa, eu percebi que essa onda de crimes e rebeldia veio se espalhando por todo o continente —
responde Laurêncio, preocupado com o amigo — Isso me cheira a tramoia, a mais uma conspiração.

Verdade, isso eu vou ter que avisar aos meus pais. Outra coisa que eles pediram é que eu fosse ver o estado da Árvore de Mana, parece que eles não vão poder ir, visto o momento que eles estão passando.

Seus pais se preocupam bastante com a Árvore
— comenta Clemente, ouvindo a conversa.

Todos deveriam, querendo ou não — responde Frederico ao seu amigo — Agora vou avisar o professor Edmundo para que a gente possa partir amanhã mesmo.

Vai lá então, Frederico
— responde Laurêncio, com um tapinha nas costas de Frederico — Se precisar da gente, estaremos aqui limpando a bagunça da Lavínia.

E assim Frederico acena para seus amigos, afastando-o o suficiente para que ele já não pudesse mais ouvi-los.

Conte quantos corpos, Clemente — comenta Laurêncio, visivelmente irritado com a paisagem cheia de cadáveres — Quem venceu: Frederico ou Lavínia?

Lavínia, isso é óbvio —
responde Clemente, friamente — Frederico ainda é racional, e essa racionalidade freia a sua espada.

Reze para que essa racionalidade não se desfaça, Clemente.

Claro, Laurêncio, eu tenho fé na Deusa.


E assim os dois jovens partem para enterrar os corpos dos bandidos mortos, olhando para a morte com inveja e desejo...
 
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Capítulo III — O Sonho​

Ao deitar-se para dormir aquela noite, Frederico começa a sonhar…

Em seus devaneios oníricos, Frederico encontra-se em um lugar escuro, desprovido de coisas ou pessoas. Tudo que ele percebe através de seus sentidos são os sons de três vozes desconhecidas. Não sabemos quem são, nem de onde essas vozes vem, podemos somente ouvir sua conversa.

Vocês nunca poderão derrotar minha herdeira, não são capazes de se entender e dar cabo dela. Moralidade só vai restringir os mortais, dando a eles mais um alimento a sua soberba. Imoralidade, no entanto, só vai libertar os mortais, dando a eles mais alimento a sua ambição. O pior de tudo é que vocês não querem se entender, e acham que sou a ameaça. Sou somente o reflexo da impotência de vocês, Cosmos e Caos.

Herdeira?
— questiona Frederico, intrigado — Essa voz está falando da Herdeira do Vazio?

Deixe o mundo perecer então
— fala Cosmos, a Deusa da Ordem, insatisfeita — Vai surgir outro no lugar, não tem porque nos apegarmos a esse planeta ou a esses seres supostamente racionais.

Você não tem, e é por essa razão que muitos te desprezam, mas os Humanos e Bestiais tem. Eles vão lutar com todas as suas forças para proteger o que construíram
— responde Caos, frustrado.

Mas se o que eles construíram é contingente, por que se importar? Apego emocional? Tolice.

Você fala como se apego emocional fosse um crime.

Mas é, contra a racionalidade. O único apego digno é a mim e a mim somente.

Mas e se eu não me importo com a racionalidade e somente a uso como uma ferramenta?

Então eu não tenho mais o que argumentar. Você é de fato um demônio.

É isso que você fez de mim, as pessoas temem a desordem somente por medo da sua suposta ira, o que é irônico considerando que você não pode fazer absolutamente nada. Você os enganou dizendo que existiria uma punição ou que eles serão obrigados a te seguir mesmo após a morte. Ninguém será punido, ninguém te deve nada e ninguém será arrastado. Você não pode realizar tais feitos, tudo por conta das suas autorrestrições morais.

Por isso lavo minhas mãos em relação a esse mundo patético, se eles demandam que eu os castigue por seus pecados, então deixe que meu castigo seja o total abandono.

Bem, não é como se você tivesse amado-os em algum momento.

Aqueles que me buscam tem atenção o suficiente, conseguem encontrar a Verdade.

E essa verdade não faz ou resolve absolutamente nada, não tem poder nenhum nesse mundo. Nem mesmo poder subjetivo, pois vamos ser nós mesmos agindo verdadeiramente ou não.

Mas é claro que não, os que me buscam abdicam de qualquer noção de “si”. Eles são um com a Verdade, são meus receptáculos.

Isso explica a soberba deles. Mas como eu disse, em nada serve ser um receptáculo da verdade. Você está somente abdicando do seu direito de escolha.

Como você sabe que existe escolha? Isso não seria conflituoso com o Destino?

O Destino nos dá somente as possibilidades e as circunstâncias, ele não as escolhe por nós. A partir do momento que conhecemos essas possibilidades, nós somos totalmente livres para escolhê-las. Assim como posso escolher o que farei, eu também posso escolher o que ou quem vou valorar, eu não sou obrigado a te seguir.

É, sim, pois tudo vem de mim.

Isso não me diz nada. Posso valorar as coisas que dependem de você para serem verdadeiras, mas te aceitar somente como instrumento. Como uma ferramenta metafísica cuja serventia é tornar as coisas verdadeiras. Você vai me impedir? Causar a sua ira tremenda que você tanto colocou nos seus livros supostamente sagrados? Vai tentar me assustar com a sua fúria divina ficcional?

Não.

Então está bom. Não preciso me preocupar com você, tornarei então para o mundo.


E assim as vozes divinas desaparecem, só restando a voz da Besta.

Parece que os herdeiros da Ordem e da Desordem estarão em conflito novamente. Uma pena, eles pareciam tão próximos. Posso não poder dar fim na Existência, mas pelo menos terei o prazer de me divertir com toda essa tragédia.

A Besta então começa a gargalhar, sua voz gradualmente se tornando cada vez mais familiar a Frederico, que acorda assustado.

Safira! — grita Frederico, apavorado.

Seu grito acabou chamando a atenção de seus amigos, que vem ao seu quarto preocupado.

O que houve, Frederico? — questiona Ariel, preocupado.

Era tudo verdade, Clemente. Safira é a Herdeira do Vazio.

Você viu isso num sonho?
— questiona Laurêncio, curioso.

Sim, eu ouvi da boca da própria Besta.

Frederico, pare de delirar e vai dormir. Temos coisas para fazer amanhã
— responde Clemente, indo deitar-se.

Ué, não é porque é sonho que é mentira, Clemente — responde Laurêncio.

Mas tem tantas outras explicações.

Independente, pode ser verdade.
Deveríamos pelo menos dar o benefício da dúvida.

Tudo bem, mas amanhã.


Está certo, vamos dormir então — responde Frederico, agora mais calmo — Obrigado pela preocupação.

De nada, boa noite — responde Clemente.

E assim todos voltam a dormir, preocupados com o que o futuro reserva a eles…
 
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