A existência virtual é mais como um "JOGO" de azar que sempre dá prêmios. Ronaldo Bento

Do tempo dos fliperamas, das locadoras de videogame, das revistas antigas... O Baú do Bento promove resgatar toda aquela nostalgia dos videogames clássicos dos anos de 1980 e 1990. Caso você não viu o segundo tópico: Veja aqui: O Gênio do vídeo game
Quem cresceu no Brasil nos anos 90 com certeza se lembra do anime: Fly - o Pequeno Guerreiro (Dragon Quest Dai no Daiboken, no original japonês), anime que era exibido com sucesso no SBT. Recentemente, a Toei divulgou o trailer do reboot do anime que tem estreia prevista para outubro de 2020 no Japão Veja aqui, por isso vou falar primeiramente do primeiro game de Dragon Quest (conhecido como Dragon Warrior nas versões ocidentais até 2005) e depois do anime que chegou em 1996, aproveitando o sucesso de outras produções no país, como Os Cavaleiros do Zodíaco.
A primeira Quest a gente nunca esquece
O conto de um aventureiro salvando a princesa
Os responsáveis por Dragon Quest - Um time dos sonhos?

Embora não tenha sido o começo propriamente dito da mídia que conhecemos como geração de consoles, a era 8-bits foi decisiva como talvez nenhuma outra em definir gêneros, fórmulas e tendências para os games que perdurariam até os dias de hoje... Claro com uma roupagem diferente, mas sem mexer completamente na essência de alguns títulos.
O jogo foi lançado para o console Famicom/Nintendo Entertainment System (NES) em 1986. Esse título revolucionou o cenário dos jogos de RPG na sua época, sendo responsável por fundar (ou popularizar) várias das mecânicas que nós conhecemos hoje: as batalhas por turnos, o mundo aberto, as músicas refinadas e histórias mais profundas etc. Ele é considerado o pai dos JRPGs e acho (pois não é da minha ossada) que ele é a referência para o que conhecemos como RPG Maker. Diga lá desenvolvedores makers, estou certo ou errado?
O jogo, no Japão, tem uma importância cultural tão grande que a Enix (atual Square Enix), empresa responsável pelo desenvolvimento na época, foi aconselhada a lançar vários dos títulos posteriores apenas em finais de semana ou feriados. O que aconteceu na época foi que a criançada em vez de ir para a escola, tinha a mania de ficar nas filas das lojas esperando para comprar a sua cópia do jogo.
A grande questão é que, Dragon Quest foi um enorme sucesso em sua época, influenciando outros títulos famosos como o próprio Final Fantasy da Square e o Phantasy Star da Sega. É interessante imaginar que se não fosse por Dragon Quest, talvez a história dos JRPGs tivesse sido bem diferente.
O conto de um aventureiro salvando a princesa
Não farei análise detalhada, pois na internet está cheio da mesma... A trama exemplifica bem o caráter de simplicidade da proposta. O pedido do rei, o herói destinado das lendas, o lorde demoníaco e até mesmo a princesa raptada pelo dragão: um desfile orgulhoso de clichês (não para a época). Nada de revelações estrondosas, plot-twists, personagens com passados misteriosos e secretamente inter-relacionados: apenas uma campanha de RPG básica e sem pontas soltas.
O sistema de batalha de progressão completamente linear, o herói conta com magias de ataque, cura e suporte, sintetizando as habilidades das classes que tipicamente constituem um RPG com sistema de grupo. Por estar à frente de seu tempo, Dragon Quest carecia de referências. Assim, trata alguns temas de uma forma bastante rudimentar. O primeiro deles é a forma como o seu personagem avança em sua jornada. O jogador é obrigado a passar um bom tempo fazendo grinding, ou seja, batalhando com os inimigos para subir de level. Os desavisados acabam se frustrando muito nessa parte, pois a evolução no jogo é feita a passos lentos.

Outro aspecto que pode causar estranhamento, mas é facilmente contornado com o costume, é que as suas ações são mediadas por menus. Funciona assim: em um Final Fantasy, por exemplo, quando você quer conversar com algum NPC, basta se aproximar do personagem e apertar o botão de ação. Em Dragon Quest, porém, você se aproxima do personagem e chama um menu. Nesse menu há a ação de conversar, você a seleciona e o diálogo começa. A mesma lógica se aplica para subir e descer escadas, abrir baús e coletar itens. No começo é estranho, mas com algum tempo de história, o jogador chega até a se esquecer de que o padrão não é aquele. Eu demorei pra costumar!
Os responsáveis por Dragon Quest - Um time dos sonhos?
No cenário dos jogos retrô. Acredito que só há um grupo de desenvolvedores conhecido como o verdadeiro “time dos sonhos”. Sim, eles mesmos: os responsáveis por Chrono Trigger, aquele considerado por muitos como o melhor jogo de todos os tempos. Portanto, apesar de muitas pessoas pensarem que não conhecem o time por trás de Dragon Quest, isso não é verdade: Yuji Horii e Akira Toriyama, diretor e designer de personagens, respectivamente, trabalharam tanto no Dragon Quest original quanto em Chrono Trigger (junto com Hironobu Sakaguchi de Final Fantasy). Assim sendo, qualquer jogo que tenha a mão desses Caras merece aquela chance de ser experimentado.

Considerações Finais
Dragon Quest teve papel fundamental no estabelecimento dos paradigmas de um dos gêneros mais influentes de todos os tempos. Sua importância, portanto, é indiscutível. Para aqueles com menos paciência pode ser difícil se envolver com o jogo, mas se você der uma oportunidade ao título, com certeza apreciará o seu desenvolvimento e o desenrolar de sua história.
Enfim, na segunda parte falarei do anime Fly - O Pequeno Guerreiro. O seriado saiu do ar apenas um ano após a estreia e, embora alguns afirmem que é por causa da audiência, há rumores de desentendimentos de bastidores entre a Enix, Toei e a companhia Shueisha. O anime não teve um final e adaptou apenas até o volume 10 do mangá, deixando várias histórias sem um desfecho e muita saudade nos fãs.
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