🤔 Para Refletir :
"As memórias, os sussurros, tudo vem da floresta, ela faz parte de você. E você faz parte dela."
- Yonori Akari

MARGINAL! EU?

BENTO Masculino

Coração Valente
Membro
Membro
A existência virtual é mais como um "JOGO" de azar que sempre dá prêmios. Ronaldo Bento
Juntou-se
21 de Julho de 2015
Postagens
1.726
Bravecoins
468
Papo vai e papo vem... Trocando ideias com professores sobre o tempo livre ocasionado pela PANDEMIA e pela conjetura política que vivenciamos no momento. Mencionei que estou tão “PUTO” que para distrair, transformei meus rascunhos (como sou um velhinho de 40 anos - escrevo no papel e só depois digito em um editor de texto) em um livro (edição do autor) com o título COMO ERA SER GAMER ANTES DO ADVENTO DA INTERNET promovendo principalmente os famigerados Arcade ou fliperama. Sério! Um professor de 45 anos (não de 80) disse que os fliperamas eram centros frequentados exclusivamente por MARGINAIS.
Eto36uf.jpg

O ano era 1992, tinha 12 anos e cabulei aula com colegas e seguimos direto para o BAR DO GORDO um boteco fedorento que possuía um tesouro para nós denominado: ―máquina de fliperama‖ com o estrondoso, magnífico, inovador STREET FIGHTER II. Desde então, nasceu Ronaldo Bento o viciado em videogames (pejorativo sim, mas não para época).
Trecho do meu livro: COMO ERA SER GAMER ANTES DO ADVENTO DA INTERNET
Há alguns aspectos a serem considerados. Arcade – ou fliperama – era uma diversão barata e, em muitas localidades, era uma das poucas formas de lazer disponíveis para crianças e adolescentes. Também pelo fato de não exigirem a compra do equipamento por parte do comerciante, pois a operação geralmente ocorria em regime de divisão de faturamento 40/60, as máquinas estavam presentes nas localidades mais periféricas e pobres imagináveis como o bar do Gordo mencionado.
v0tGXpD.jpg
Podiam estar instaladas em estabelecimentos destinados exclusivamente a esta finalidade ou praticamente em qualquer comércio (exceto escolas!), gerando uma renda extra para seu proprietário. Tamanha era sua popularidade, que havia localidades onde era mais fácil encontrar uma máquina de Street Fighter do que um orelhão ou caixa de correio, para citar dois objetos ainda bastante utilizados nos anos 90.
Nas casas de casas de fliperamas que ali se encontravam, jogavam democraticamente os office-boys, estudantes – após as aulas ou matando aulas -, alguns “mauricinhos” aventureiros, as diversas tribos de gamers da época e claro, também os “moleques de rua”, muitos dos quais também pequenos trabalhadores informais como tomadores de conta de carro, vendedores de chicletes, engraxates, vendedores de garrafas vazias (ainda relativamente comuns nessa época) e outros.
A questão é que, costumeiramente, pobreza sempre foi injustamente associada de forma preconceituosa a marginalidade, quando na verdade os jogadores, em sua esmagadora maioria, independentemente de sua condição social, estavam ali simplesmente em busca de alguns minutos de diversão inofensiva.
Sim, brincávamos na rua. Quando já éramos “maiorzinhos”, lá pelos sete ou oito anos, nossos pais permitiam que brincássemos na rua, sob a condição de obedecermos rigorosamente às suas instruções e à autoridade por eles conferida à criança mais velha da turma. Uma das instruções do meu pai era: “Fique longe do fliperama”. O “fliperama” perto de casa era uma garagem comprida sempre escura, anexa ao bar e mercearia do Seu Gerson que sempre que era chamado de gordo. O bar com as máquinas tinha a porta de entrada dando para a rua e outra, interna, que se comunicava com a mercearia. Às vezes, quando me pediam para buscar algo no bar, como o litro de Fanta para o almoço do domingo, eu ia, seguindo todas as recomendações e cuidados, mas sempre dava uma espiada pela portinha interna, e lá estavam elas: as máquinas de pinball com suas luzes piscantes e sons alucinantes, sempre convidativas.
pndtIpz.jpg
Contudo, muitas vezes lá estavam também os bêbados deitados sobre as máquinas ou caídos ao lado delas; às vezes presenciava brigas e discussões de frequentadores, via o pai do vizinho agarrado atrás dos pilares do fundo com uma mulher que não era a mãe do vizinho, e por aí afora. Ou seja, estavam longe de serem locais projetados para crianças ou adolescentes mais novos.
Pois bem, cientes da imagem negativa e marginalizada do setor junto à opinião pública, assim como dos fatos que fundamentaram a consolidação dessa visão, muitos empresários de entretenimento, recebemos a desafiadora missão de melhorar a imagem do segmento e a tarefa árdua e crucial de transformar o setor em si. Os fliperamas estiveram presentes em rodoviárias, shoppings, bares e botecos, lojinhas de doces e estabelecimentos conhecidos como casas de fliperamas (em outros lugares é conhecido como loja de fliperamas) ao redor de quase todo o Brasil.
Enfim, hoje muitos jogaram fliperamas principalmente nos shoppings e casas de fliperamas, mas os velhinhos não tinham alternativas, pois ter um console era caro e na época TV era só uma e os pais acreditavam que vídeo games estragavam as TVs. Era dureza!
Diga lá, Acredita que existam muitos preconceitos como o mencionado ou eu que sou azarado?
 
Me lembro que diziam para minha mãe que meu Master Sytem III iria estragar a TV. Por muita sorte minha mãe deixou de acreditar nisso em pouco tempo e a rebater esse tipo de comentário.

Também me lembro que no bairro os arcades dividiam espaço em bares com mesas de "sinuca" e bancas de jogo do bicho. Convenhamos um local pouco apropriado para pré-adolescentes. Não tenho dúvida que alguns esses lugares que frequentei era ponto de algum negocio ilícito.

Olhando sob o aspecto de que jogos de toda espécie nunca fora bem vitos pela sociedade (mesmo o inocente dominó com os amiguinhos da rua ou do prédio) acho que seu colega tem razão quando chamou-no de marginais. Jogar era naquela época uma subcultura, algo proibido, mau visto e mais danoso que o próprio cigarro que os adultos pediam para irmos comprar.

A única coisa que eu recomendaria, é que você ensinasse a esse seu amigo que ser marginal não é sinônimo de ser criminoso. Mas de "viver" à margem da norma social. É não ter sua cultura, suas práticas e costumes reconhecidos pela sociedade hegemônica. Na maioria das vezes por puro preconceito ou pelo desejo de manutenção de privilegias.
 
Meu pai era como vc professor jogava em bares e quando ganhou um Atari só podia jogar um poquinho. Ele disse que aproveitava a propaganda eletoral obrigatória para ligar o videogame. Acho que as crianças e jovens que jogavam como vc e meu pai não são marginais, só gostavam da máquina de fliper e ponto final.
 
Muito obrigado pelo comentário @DadoCWB

Me lembro que diziam para minha mãe que meu Master Sytem III iria estragar a TV. Por muita sorte minha mãe deixou de acreditar nisso em pouco tempo e a rebater esse tipo de comentário.

Ainda Bem!

única coisa que eu recomendaria, é que você ensinasse a esse seu amigo que ser marginal não é sinônimo de ser criminoso. Mas de "viver" à margem da norma social. É não ter sua cultura, suas práticas e costumes reconhecidos pela sociedade hegemônica. Na maioria das vezes por puro preconceito ou pelo desejo de manutenção de privilegias.

O cara é também fanático religioso... Não vou perder meu tempo não!

Valeu @Indeterminado

Meu pai era como vc professor jogava em bares e quando ganhou um Atari só podia jogar um poquinho. Ele disse que aproveitava a propaganda eletoral obrigatória para ligar o videogame.

É verdade! Eu também adorava a propaganda eleitoral para jogar, pois em casa só tinha uma TV para sete pessoas.

Muito Obrigado!
 
Eu não sou tão "velhinho" como o Professor, mas também não tão novo, peguei a fase de transição. Na época que consigo me lembrar (já mais pro fim dos 90), com o tempo e as melhorias na condição social e o preconceito besta aos poucos se desfazendo, consoles como Super Nintendo vinham tendo seu auge bem tardiamente, já no fim da vida do console batendo a porta do Playstation (que a princípio era restrito e estupidamente caro).

Ainda havia alguns fliperamas, incluindo um num barzinho na feira, no caminho da escola pra casa. Eu ficava lá namorando KoF, Cadillacs & Dinosaurs e outras maravilhas. Eram poucas máquinas, mas eu que quase nunca tinha grana, além da difícil escolha entre comprar um lanche ou passar fome e jogar, então ficava apenas encantado olhando as imagens das demonstrações quando não tinha ninguém. O ambiente era de fato meio ermo, bar nunca é lugar amigável pra criança, mas eu só tinha olhos pras máquinas, o resto parecia não existir.

Pouco tempo depois o SNES tomou a cidade de assalto e começaram a pipocar várias locadoras de videogames, abertas em garagens cidade a fora. Muitos moleques do meu bairro adquiriram o console e trocar e alugar fitas era a conversa diária, ou seja, o negócio já estava se tornando mais pessoal. Mas ainda assim a qualidade dos consoles doméstico até competia, mas não conseguia riscar a superfície dos fortes gráficos 2D dos "flipas".

Quando vim ter acesso a PC e internet nem foi tanto para jogar SNES, mas sim para matar as saudades dos flipas pouco acessíveis pra mim, e o emulador de Neo Geo foi um dos primeiros que eu baixei. Tentar reproduzir as sequências de luta num pobre teclado se mostrou um desafio e tanto.
 
Muito obrigado pelo comentário @Rafael_Sol_MAKER

Ainda havia alguns fliperamas, incluindo um num barzinho na feira, no caminho da escola pra casa. Eu ficava lá namorando KoF, Cadillacs & Dinosaurs e outras maravilhas. Eram poucas máquinas, mas eu que quase nunca tinha grana, além da difícil escolha entre comprar um lanche ou passar fome e jogar, então ficava apenas encantado olhando as imagens das demonstrações quando não tinha ninguém. O ambiente era de fato meio ermo, bar nunca é lugar amigável pra criança, mas eu só tinha olhos pras máquinas, o resto parecia não existir.

Esse era o ponto que me fez escrever esse post. Nossos pais não gostavam que fôssemos a tais lugares, pois segundo os mais velhos, neles havia muita fumaça, uma desafortunada mistura de tipos indesejáveis: desocupados, desempregados, muitos delinquentes e viciados de todos os tipos. Claro que existia um grande exagero na forma como pais e mães encaravam aquela nova diversão fora de casa, nem todos os fliperamas estavam cheios de ―maus elementos. E como muito bem colocado por você, nós estávamos interessado única e exclusivamente nas máquinas de fliperamas.
Novamente muito obrigado pelo comentário!
 
Voltar
Topo Inferior