Odeio ser o cara que vai mandar essa, mas acho que realmente depende do que você definiria como "melhor".
A julgar pelo contexto do tópico, em termos de projetos enquanto
produtos, acho que dá pra dizer que
Kamigami está numa categoria à parte de todo o resto entre os brasileiros. É um trabalho com acabamento profissional em todos os sentidos, que já não pertence mais à esfera do desenvolvimento por hobby ou amador. Frequentando ocasionalmente comunidades de RPG Maker desde 2009, não me lembro de outro projeto desse porte que tenha cruzado essa linha de se tornar um produto comercial
de fato (embora existam outros projetos recentes com potencial pra isso - muitos com a curadoria da
mesma galera). Sinto que o pessoal usa a expressão
GameDev ou
IndieDev de forma bastante livre hoje em dia, mas se for realmente considerar "desenvolvedor" um ofício de alguém que VIVE ou QUER VIVER profissionalmente disso, o caminho trilhado por Kamigami é A referência.
Se considerar o gosto pessoal e totalmente subjetivo, eu tenho um fraco pelo que eu chamo de "projetos da vida", aqueles jogos que estão sendo desenvolvidos há anos por uma única pessoa no seu tempo livre, movida 100% por paixão. Projetos como o
Linhagem Axis do Ciclope, o
Henry's Adventures do Jotasage, muitos dos
jogos do Solon, o
Hexagrama do Franklin (que ainda não tive oportunidade de testar) são apenas alguns exemplos.
Eu sequer saberia explicar exatamente como, mas sinto que hoje em dia eu conseguiria dizer se um projeto faz parte desse clube do "desenvolvimento eterno" só de jogá-lo. Note que isso não tem nada a ver com complexidade técnica, pois muitos dos citados fazem uso extenso do RTP e coisas do tipo; e também não tem nada a ver com tempo real de desenvolvimento, porque muitos deles foram iniciados há anos mas passaram por inúmeros hiatos. Cheguei à conclusão de que o filtro real deve ser a mera paixão mesmo: acho que esses autores gostam demais de inventar mundos e insistiram teimosamente ao longo dos anos em não deixar aquilo que criaram pra trás. Na falta de uma palavra melhor, costumo dizer que os projetos dessa galera têm ALMA. E isso não pode ser reproduzido por mero virtuosismo de gráficos super customizados, milhões de efeitos, jogabilidade mega complexa ou dúzias de plugins/scripts empilhados aos montes sem nenhum critério.
Gostar de fazer jogos como fim em si mesmo é um tempero que não pode ser superado nem imitado. E quem insistiu num mesmo projeto por mais de uma década ou algo do tipo necessariamente faz parte desse grupo.