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Representatividade no universo dos games

Eldritch Masculino

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Na atualidade, muito se ouve falar sobre representatividade. Mas você faz ideia do que isso seja?

Rani Andrade, do canal informativo "Politize!", define representatividade como a expressão dos interesses de um grupo na figura do representante. Em outras palavras é o ato de representar a subjetividade de algum grupo social, abstendo-se de estereótipos, pragmatismos e preconceitos.


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Os indivíduos cada vez mais estão politizados. Mulheres, indígenas, LGBTQIA+, negros e outras minorias, paulatinamente, vêm se organizando em coletivo e se impondo enquanto pessoas de direito. Nas últimas décadas, a TV, o teatro, o cinema, a literatura, vem buscando se renovar às tendências globais. Por mais que essas adaptações venham a ser fruto do capitalismo e de suas pretensões em fazer com que esse marketing inclusivo gere lucro, a representatividade faz-se deveras importante em um contexto onde padrões sociais são impostos, ocasionando, caso os critérios não venham a ser atendidos, complicações, como exclusão social, sofrimentos psíquicos, marginalização, subserviência, dentre outros.

Pensando nisso, ao ler um artigo no site "Oficina da Net", intitulado "A representatividade de minorias em videogames: passado, presente e futuro", me despertou a ânsia por discutir aqui, na comunidade, acerca deste assunto.
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Os papeis sociais de gênero historicamente privaram as mulheres de sequer esboçar algum interesse por games, esse fato se perpetua, mesmo que minimamente, até os dias atuais. Os papeis sociais atuam de forma tão implícita na formação de uma criança, que podemos contrastá-los por meio de uma análise dos fatos aqui expostos e dos reflexos do como a sociedade espera que os indivíduos se comportem na vida adulta. Meninas são estimuladas a brincarem de bonecas, esperando que elas se tornem boas mães, com brinquedos que simulam aparelhos domésticos, como fogões e pias, que ensinam desde cedo a como desempenhar as atividades do lar. Já os meninos são estimulados a brincar de luta, com bonecos de ação, de futebol, e por fim, a jogar videogames. Historicamente, o videogame foi criado para atingir o público masculino.

Bruno Ignácio, da Oficina da Net afirma que a representatividade dentro dos jogos sempre girou em torno de homens musculosos, másculos, heroicos e brancos. Mulheres nos jogos sempre foram inseridas como personagens não para atrair mulheres para jogar, mas sim os homens, por isso a sexualização nos games da figura feminina é algo presente até hoje. Mai Shiranui, do universo SNK é um exemplo bastante claro para isso.
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Ao longo dos anos os conceitos foram se modificando. The Sims 3 é um jogo que trouxe a possibilidade de firmar relacionamentos e até casamentos com sims do mesmo sexo. E o mais importante: no universo do jogo isso é encarado com a maior naturalidade do mundo.

Personagens negros, até pouco tempo não chegavam nem perto do posto de protagonista. Em 2018, Detroit: Become Human, nos trouxe Markus, um dos dois protagonistas, cuja história remete muito às lutas raciais, em especial a norte-americana.
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Com base nos exemplos apresentados acima, como vocês entendem a importância da representatividade? Vamos conversar um pouco sobre esse assunto. Exemplos de games feitos pela comunidade também são bem vindos.

Fontes:
15 GAMES COM PROTAGONISTAS NEGROS
A representatividade de minorias em videogames: Passado, presente e futuro
Representatividade: o que isso significa?

 
Como negro autodeclarado eu vejo que esse assunto é bastante complicado de ser abordado no meio de jogadores brasileiros que em sua maioria representam uma fatia da "classe médio pequeno-burguesa" (cuja opinião majoritária é fácil constatar no Twitter e no próprio Youtube).

E eu digo complicado por que com a superficialidade como os temas "racismo", "feminismo" e "homossexualismo" são tratados principalmente na internet a gente sempre cai em dois extremos:

1) Na ideia de que TODA obra TEM QUE TER um ou mais representantes de cada um desses grupos.
2) Não é por que um jogo traz um desses grupos representado que ele é automaticamente isento de criticas.

Vou citar como exemplo o Last of Us parte 2. É um jogo que traz o protagonismo de um casal homoafetivo e só. Trando essa "novidade" e um jogo bem mediano mas que o público em geral "fãs da sony" não aceitam critica aos pontos fracos do jogo ao ponto de rotularem qualquer um que reclame d eum bug do jogo de homofóbico.

No outro lado da moeda tem o pessoal que aceita que um jogo baseado na idade média possua criaturas mitológicas, fadas e dragões, mas não aceita que o protagonista possa ser um paladino com a cor de pele escura sob o pretexto de que "não condiz com a realidade".

Mas trazendo isso pra realidade do RPG MAKER, algo que eu sempre senti falta é de cabelos afro no pack básico do RM. Curiosamente só vi até hoje 1 único jogo onde o protagonista é um personagem gay.

Vou aproveitar o espaço e fazer um Jabá do meu jogo em desenvolvimento onde o protagonista é negro e "sem mete em altas confusões" enquanto tenta salvar o mundo. Sue nome é Nobu Atsu (de origem angolana: Atsu quer dizer "segundo filho").

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Última edição:
Muito interessante as informações que você @Eldritch apresentou...

Já levantei um tópico parecido e foi uma loucura Você se sente representado pelo Blanka do Street Fighter

Eu não procuro ser representado nos games, mas seria legal ver algo parecido...

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Mas trazendo isso pra realidade do RPG MAKER, algo que eu sempre senti falta é de cabelos afro no pack básico do RM. Curiosamente só vi até hoje 1 único jogo onde o protagonista é um personagem gay.

Vou aproveitar o espaço e fazer um Jabá do meu jogo em desenvolvimento onde o protagonista é negro e "sem mete em altas confusões" enquanto tenta salvar o mundo. Sue nome é Nobu Atsu (de origem angolana: Atsu quer dizer "segundo filho").

Muito legal @DadoCWB
 
Honestamente, eu não acredito na ideia do "tem que ter" pra inserir algum papel na sua obra artística. Ninguém tem que ser obrigado a incluir algum tipo de personagem só pra marcar uma caixinha de tudo que tem que ter na sua obra.

Eu acho que o artista deve ter toda a liberdade de fazer o jogo da maneira que quiser, incluir personagens de gênero, sexualidade, cor, que quiser, e da forma que preferir, sem precisar cumprir normas de representatividade.

Se um desenvolvedor quer criar um jogo somente com personagens negros, tudo bem. Só com mulheres, só com homens, só com pássaros, só com transexuais, não importa.

Mas se quiser colocar todo o tipo de variedade de etnias, gêneros e sexualidades, também não importa. As histórias devem ser escritas da maneira que o desenvolvedor se sentir mais confortável escrevendo.

Claro, as histórias vão ser vítimas de críticas se não forem representativas, pois estarão sendo irrealistas, mas isso é com o escritor e suas escolhas. Eu não acredito que alguém não deva ser criticado por escolhas assim, eu acredito que qualquer coisa na narrativa pode e deve ser criticado. Agora tudo depende de quem está criticando e quais são as críticas.



"Mas espera, se só existirem histórias em que o protagonista é um homem hétero branco, as outras pessoas não vão se identificar ou se sentir incluídas!"

Isso tem uma solução muito simples. É só escrever suas próprias histórias onde não há um protagonista homem hétero branco. O protagonista pode ser o que o escritor quiser, então se quer que seja alguma minoria, vá em frente. A liberdade artística está para isso.

Mas é claro, fazer uma história que contém representatividade de minorias dá mais sucesso a seu jogo, então as empresas vão fazer isso. Se estão certas ou erradas, não estou aqui para julgar.
 
Acho que é natural que as pessoas transmitam em suas obras - sejam elas de arte, música, escrita, ou jogos - conceitos e temas que ressoem com suas experiências e preferências pessoais, que façam parte de sua bagagem de vida. Nesse sentido, acho que o grande problema com a representatividade na indústria cultural é justamente o fato de não haver tanta participação desses grupos subrepresentados nela.

Quer mais personagens e filmes com temática negra no cinema? Basta dar mais oportunidades a diretores e roteiristas negros que isso virá naturalmente. Mais jogos que abordam temas LGBT? Basta que mais pessoas nesse espectro possam ingressar na indústria e produzir seus jogos, trazendo sua bagagem de vida. Não há ninguém melhor para representar os interesses um grupo do que as próprias pessoas que fazem parte dele. O incentivo tem que ser para que essas pessoas se envolvam na questão, e não para que terceiros façam isso por elas.

Isso não quer dizer que quem não é minoria não pode ou não deve representar quem quer que seja em seus jogos. Só acho que ninguém deveria ser obrigado a fazer isso, como parece cada vez mais comum hoje em dia. Na minha humilde opinião, melhor não tentar representar algo que você não compreende bem do que fazer por fazer e acabar soando ofensivo ou superficial depois.

TL;DR: Para aumentar a representatividade, precisamos que as pessoas desses próprios grupos tenham mais participação na indústria. Apoiar artistas, escritores, diretores e desenvolvedores os quais você quer que te representem é mais importante do que tentar forçar representatividade em quem não tem propriedade para fazê-lo.
 
Eu acho muito bonito quando existe um movimento que aborda a representatividade de determinados grupos, mas quando é pela causa e não apenas pelo movimento em si e interesses políticos ou midiáticos, como presenciamos desenfreadamente nos dias de hoje, em pleno auge da imbecilização das redes sociais, onde o público mais inocente e leigo (geralmente os mais jovens) é facilmente influenciado pelos seus "ídolos" a seguirem determinado caminho, no que se refere à opiniões políticas, sociais e religiosas.
Não critico de forma alguma a inclusão de diversos grupos no mundo dos games, mas a forma que estão fazendo acho muito forçada.
Mulheres nos jogos sempre foram inseridas como personagens não para atrair mulheres para jogar, mas sim os homens, por isso a sexualização nos games da figura feminina é algo presente até hoje. Mai Shiranui, do universo SNK é um exemplo bastante claro para isso.
Esse caso eu acredito que não tenha mais solução, já que esses games sexualizados (que são tratados como normais atualmente) servem para adestrar os jogadores a serem meros gados desde cedo e eles são o futuro que alimentará essa indústria caça-níqueis interesseira...
Por isso o "mundo indie" em que vivemos é uma alternativa para tentarmos reverter um pouco todos esses padrões implantados nos games.
 
Algo que também merece ser pensado é que geralmente a gente se preocupa demais com meio "mainstream". Tem muita coisa boa sendo criada por desenvolvedores indies mas que "passam desapercebido" do publico de uma maneira geral por que "estão todos" interessados apenas no que Sony, Microsoft e Nintendo estão fazendo.

Cara... Esse lance de representatividade é algo que fora da cena blockbuster tem sido tratado há bastante tempo (de forma boa e ruim, mais boa do que ruim). Mas mesmo entre "as grandes" existem jogos que podem servir de bons exemplos para os desenvolvedores de hoje.

Se fala muito por exemplo que foi "a Lara croft" quem levantou a bandeira das mulheres nos consoles. Balela isso. Em 1987 Já existia uma protagonista feminina enfrentando o lorde demônio no RPG Phantasy Star. Mesa coisa no game de plataforma El Vento (também da Sega).
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Faz pouco tempo foi lançado um game chamado Árida: Jogo baseado no sertão do nordeste. E que jogo lindo!

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Enquanto Resident Evil incentivava "o home branco-médio-hetéro" atirar em zumbis negros e latinos games como Tekken III trazia um capoerista como um de seus personagens mais acessíveis para os novatos.

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Como eu sou 80% analógico vou citar um exemplo de jogo de tabuleiro produzido no Brasil e que retrata a luta de um escravo no Brasil império:

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Então o caso é o seguinte. Muitos jogos já se propuseram a representar grupos minoritários, sua cultura e suas aflições. Claro que precisamos de mais pluralismo. Porém não é por que "o mainstream" não produz jogos com esse que eles não existem.
Eu concordo muito com o que @Jully Anne disse que via de regra a mulher nos jogos na grande imensa maioria das vezes não passa de um fetiche para o público masculino. E eu aqui não estou falando de jogos eróticos ou (uma vez que estes todo mundo sabe pra que serve). Outro dia eu estava comentando com um amigo que "não me entra na cabeça" como que guerreiras com tão pouca roupa podem ter um índice de armadura tão alto nos RPGS (as vezes mais alto do que uma armadura de batalha completa).





 
Última edição:
Saudações Azulinas (adoecidas, porém quase 100%, mas sempre azuis rs)

Esse é um bom tema e me faz refletir sobre muitos projetos que temos aqui, acredito que a representatividade seja importante sim, mas mais do que isso, ela deve ser bem trabalhada, inserir apenas pra fan service ou qualquer outra coisa rasa, creio ser desnecessário.

Pessoalmente para mim quando vejo personagens não só negros, asiáticos, indigenas, ou com aparência ''diferente'', já me cativa mais, vejo que o roteirista não é preguiçoso, gosta de detalhar e aprofundar seus personagens, um ótimo exemplo que posso dar é o projeto do @Hudell o Orange Season!

Acompanho bastante o projeto e o artista, o lendário RyanKamos, e a maneira que eles estão trabalhando o projeto é incrível, representativo e com um ótimo contexto, afinal, num jogo de farm, onde você tem a opção de conquistar alguém, no mínimo pede-se uma variação grande de personagens, afinal, seria no minimo monótono...

Olha pra isso, vai me falar que não dá vontade de mergulhar em cada personagem? Enfim, talvez não seja só representatividade, em alguns casos, é preguiça e preconceito enraizado ... com o tempo mudaremos isso! ♥

Ec-vQV2XYAEUUuT

Fonte da Imagem:
Twitter: Tropical Puppy
 
Isso tem uma solução muito simples. É só escrever suas próprias histórias onde não há um protagonista homem hétero branco. O protagonista pode ser o que o escritor quiser, então se quer que seja alguma minoria, vá em frente. A liberdade artística está para isso.
Para aumentar a representatividade, precisamos que as pessoas desses próprios grupos tenham mais participação na indústria. Apoiar artistas, escritores, diretores e desenvolvedores os quais você quer que te representem é mais importante do que tentar forçar representatividade em quem não tem propriedade para fazê-lo.
Minha opinião sobre isso se resume nesses dois trechos acima.
Quanto mais espaço e incentivo dermos para todas as pessoas, independente de como ela se identifique ou a qual cultura pertença, mais produtos VERDADEIRAMENTE representativos teremos, diluindo aos poucos a "forçação" de barra das empresas tentando lucrar em cima da representatividade.
 
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