🤔 Para Refletir :
"De jogo pequeno em jogo pequeno, consegue-se experiência para o jogo grande."
- Eliyud

"Streamers deveriam pagar para os devs por usarem os jogos", diz desenvolvedor de jogos do Google Stadia

Essa é uma discussão bem longa... Há uns anos atrás eu já me aventurei na área de jogos analógicos onde a questão dos direitos autorais é bem estreita. Em suma você não consegue "proteger" um jogo de tabuleiro de ser copiado. O que se consegue é proteger o a arte, o "livro de regras" e um design específico de peças (que não seam genéricas e de uso comum). E ainda assim sempre há brechas.
Não atoa temos no Brasil o Banco imbiliário que é uma versão "pirateada oficialmente" do Monopoly (assim como o War é na verdade a versão pirateada oficialmente do Risk).

Acho que a questão já foi bem exposta por nós, inclusive onde concordamos e discordamos e eu gostaria de falar um pouco sobre o mérito da questão.

Honestamente não acredito que as empresas estejam preocupadas com o "zé ninguem" do youtuber que está "detonando" um jogo em live. Ela está preocupada com o streammer que está detonando o jogo em live e faturando rios de dinheiro sem que ela não receba um tostão.

A Empresa está errada?

Mesmo que o streammer tenha pago pelo jogo, se a licença (determinada pela empresa) não permitir a reprodução publica parcial ou integral da obra, o streammer não tem o direito de reproduzir o conteúdo em vídeo. O que falta nesse caso é que as empresas cobrem da justiça a aplicação das leis que já existem para isso. Mas elas fariam isso? Fariam. Só que pegaria mal por conta do entendimento que temos hoje de que "é natural" alguém usar um produto digital (produzido por outra pessoa) para ganhar dinheiro apenas para si. Uma empresa que faça isso hoje, seria muito mal vista pela "comunidade" em torno desse tipo de "nincho".

Voltando ao jogo d etabuleiro, talvez não houvesse problemas para a Hasbro que você fizesse um vídeo jogando Risk. Mas talvez ela não gostasse nem um pouco de você fazer um vídeo expondo o jogo Risk Legacy e eu explico por que:

Diferente do Risk tradicional, a versão Legacy contém uma campanha que é única e só pode ser jogada uma vez já que durante o jogo você vai abrindo envelopes com as missões e rasgando cartas bem como riscando o tabuleiro.

Voltando aos jogos digitais é preciso entender que há um mercado de entretenimento onde as pessoas se divertem mais assistindo do que jogando. Para elucidar isso nada melhor do que o exemplo de uma partida de Futebol. Poderia-se dizer que o legal do futebol é apenas jogar (chutar e correr atrás da bola) mas não: é muito divertido assistir. Assistir uma partida seja de qual jogo for é uma das experiências pela qual as pessoas pagam pra ter.

Aí eu pergunto: É justo que os clubes não permitam que as imagens de seu produto (a partida de futebol) seja transmitida sem sua autorização? Penso que com os games a coisa não pode ser diferente, apenas por que a gente acha que isso é chato (ter que pagar aos produtores para que a gente possa ganahar dinheiro em cima do trabalho deles).


Eu tenho alguns projetos na área
 
Realmente é bom termos aberto esse espaço para conversarmos para podermos pegar as nuances das coisas, e pesar quais os possíveis benefícios ou malefícios isso pode ter para os jogadores e a indústria. Se tem gente que prefere assistir a jogar eu não sei, mas se há gente o suficiente assistindo tornando um potencial para isso virar um mercado ao invés de uma comunidade, certamente é por que isso deve estar movendo grana o suficiente para atrair alguns olhares.

Qual beneficio imediato teríamos se os streamers tivessem que pagar essas licenças? Eu só consigo imaginar que seus vídeos teriam que ter mais propagandas e anunciantes para cobrir os custos, sem ganho real nenhuma para o streamer, quem assiste ou a comunidade como um todo. E se o cara quisesse ter liberdade total de falar e experimentar o jogo como quisesse, como ficaria a liberdade de expressão? Ele poderia falar mal do jogo, xingar um bug, ou estar livre para jogar e não recomendar o jogo? Teria que assinar algum contrato para impedir ele de fazer isso? Teria que anunciar toda vez no começo do vídeo que o jogo teve transmissão autorizada (o que equivale a dizer que é o mesmo que aquele é um vídeo patrocinado, ou estou errado)? Ou o cara ficaria eternamente com medo de perder a licença de transmissão ou de ser acusado por quem assiste de vendido?

Mesma coisa tem que ser examinada para plataformas de criação de conteúdo. Vai que eu, por exemplo, tenha uma canal de análises de jogos, que faça uso do fair use (crítica, documentário ou sátira). É justo que eu ganhe monetização em torno desse conteúdo? Eu sei que é uma análise meio rasteira comparar com transmissão, eu sei que fair use nessas categorias é essencialmente mais difícil de produzir e de digerir pelo público (né todo mundo que curte ver reviews ou ler críticas), jogar e assistir é muito mais fácil, por isso é de se esperar que o uso por esse último meio seja muito maior, pois tem potencial muito maior de gente jogando do que produzindo conteúdo de fair use.

E por fim claro tem a questão do incentivo, que incentivo alguém teria para produzir ou transmitir algo sendo que todo e qualquer retorno além de passar já pelo corte das plataformas, ainda tem que ir parte para as empresas que fazem os jogos? A gente vê claramente, querem tirar da parte que já tem menos, que é o indivíduo o mini empresa que faz as transmissões. Se alguém poderia pagar uma taxa pelos jogos transmitidos, podia ser uma fatiazainha do lucro que as plataformas fazem com anúncios e pedaço dos pagamentos, como Twitch e YouTube, não? E aí, se mover para as grandes empresas pagarem essa conta, será que o mesmo carinha do Stadia estaria tão disposto a defender essa ideia de cobrar pela transmissão?

Parem e reflitam nisso por um segundo. Forte abraço a todos e tenham um ótimo domingo!
 
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Um salve! Já estou enchendo o saco demais, né?

A parte dos tabuleiros é bem tensa por que de fato, de maneira geral você não pode patentear ideias, ideias são de livre circulação e não são propriedades de ninguém. Você pode patentear certos produtos ou métodos, e tem várias circunstâncias para tal. Mas sigamos o argumento.

Voltando aos jogos digitais é preciso entender que há um mercado de entretenimento onde as pessoas se divertem mais assistindo do que jogando. Para elucidar isso nada melhor do que o exemplo de uma partida de Futebol. Poderia-se dizer que o legal do futebol é apenas jogar (chutar e correr atrás da bola) mas não: é muito divertido assistir. Assistir uma partida seja de qual jogo for é uma das experiências pela qual as pessoas pagam pra ter.

Aí eu pergunto: É justo que os clubes não permitam que as imagens de seu produto (a partida de futebol) seja transmitida sem sua autorização? Penso que com os games a coisa não pode ser diferente, apenas por que a gente acha que isso é chato (ter que pagar aos produtores para que a gente possa ganahar dinheiro em cima do trabalho deles).
No geral foi interessante você levantar essa parte aqui pois tem uma nuance. O resto tá de boa, eu sei que é só uma analogia, mas preciso abrir esse ponto.

O futebol até pode ser jogado como um jogo, mas no geral é relegado a um esporte coletivo, e competitivo por natureza. Não precisa voltar ao tempo dos gladiadores para poder dizer da importância do espetáculo público, e como os esportes cumprem essa cota de entretenimento.

Futebol é meio uma bola curva de falar pois é um esporte de domínio público, você não precisa pagar nada nem autorização de ninguém pra jogar supondo que já tenha no mínimo uma bola. E eu transmitir uma partida de eu jogando futebol com meus amigos é completamente diferente de eu transmitir uma partida da Euro Liga que é um negócio que move muitos milhões.

Então vamos tentar tornar a analogia mais justa e um meio termo entre os dois: e-sports. Se você joga um jogo de torneio que move muito dinheiro, vários times, vários patrocinadores, tal e qual, não é só justificável como eu também acho justo e correto que os organizadores do dito torneio paguem uma taxa para a empresa que faz o jogo.

Mas claro, depois de paga essa taxa, os caras podem renegociar os direitos de de imagem do torneio se quiserem, sei lá, passar na TV. A produtora do jogo licencia o uso de imagem do jogo para esse amplo evento coletivo, e os organizadores tem direito de imagem do torneio, isso é, das partidas, das instalações, dos times e tudo envolvido.

Só que aí é um caso bem especial, como podemos ver. Eu em menor escala transmitindo minha 'pelada' usual, é uma coisa infinitamente menor que não vejo por que eu teria motivo de pagar por isso. Pelo contrário, grandes streamers recebem para poder jogar das produtores e dos patrocínios, não?

Enfim, como falou é um tema bem extenso e cheio de detalhes.
 
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