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[Top Games Especial Ed. 38, Ano III] - O roteiro do seu RPG

Victor Sena Masculino

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Ed. 38 - Ano III

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Introdução

Não basta aprender só a mexer no programa RPG Maker. Para se fazer um bom RPG é preciso, acima de tudo, um bom roteiro. Ninguém gosta daquele jogo vazio, sem emoção alguma, com personagens sem graça e situações monótonas. Por isso, criamos um guia para ajudá-lo a escrever o roteiro do seu jogo. Nos boxes a seguir, você saberá como estruturar seu enredo e montar uma história interessante, para manter o jogador preso até o final.​

A Estrutura Inicial

A estrutura da história de um filme é assim: existem os personagens. Alguma coisa ruim acontece. Os personagens precisam resolver essa situação ruim, mas muitas dificuldades são colocadas no caminho. O ponto mais emocionante da história, o clímax, é o confronto final dos personagens com o problema que estão enfrentando e o final da história é um resultado desse confronto, seja ele bom ou ruim.

Nos jogos não é diferente, mas em um RPG, existem mais personagens e mais problemas. Ou seja, é uma história maior, mais complexa.​

O Personagem Principal

A primeira coisa a fazer é pensar no seu protagonista, o personagem principal da história. Escolha um sexo, uma idade e pense qual seria o passado desse personagem. O que aconteceu com ele na infância, na adolescência, pense em tudo o que ocorreu em sua vida até o momento em que a sua história se inicia. Assim, dá para pensar nas características dele. Se foi maltratado na infância, por exemplo, pode ser um personagem amargo ou furioso. Se nasceu em um reinado, pode ser mimado ou então revoltado com o excesso de cuidado. É importante conhecer o passado do seu personagem para saber como ele é e qual a situação dele no começo da sua saga.​

O Universo

Depois de ter pensado no seu protagonista, é hora de pensar em como é o mundo em que ele está. É um mundo árido, como um deserto? É uma floresta? Um castelo? Quem são as pessoas que o cercam? São amigos? Ladrões? Colegas de trabalho?

Essas perguntas estão ligadas ao passado que você criou. Por exemplo: se seu herói perdeu os pais quando era pequeno, em sua história, ele pode estar morando com os tios ou estar preso em um lar adotivo. Se nasceu príncipe, pode morar em um castelo elegante. Depois de ter pensado no passado dele, é fácil definir como ele está hoje e, a partir daí, definir como é o mundo que o cerca, seja na era medieval ou no futuro mais distante.​

O Problema

Quando o mundo do personagem estiver pronto, você precisa decidir o que vai acontecer de errado. Qual vai ser o problema que vai atormentar o seu herói? Um artefato muito perigoso, que pode colocar o mundo em risco? Uma pessoa que foi sequestrada? Um tesouro perdido, que precisa ser encontrado?

Não importa o que você escolha para desafiá-lo, desde que o mundo dele esteja mudando de um jeito que o incomoda e o faz correr atrás da solução. Quanto mais complicado o problema, mais emocionante a história.​

Os Amigos e Inimigos

Depois que o problema for definido, você pode pensar em quem vai ajudar seu personagem e quem vai atrapalhá-lo. Quem será amigo dele? Por que eles irão ajudá-lo? Como irão ajudá-lo? E os inimigos? Por que querem o mal dele? Como vão atrapalhá-lo?

Para fazer um RPG bom mesmo, é legal pensar nos aliados e nos inimigos do seu personagem do mesmo jeito que você pensou no próprio protagonista. Ou seja, bolar um passado que explica por que esses personagens são desse jeito hoje em dia. Assim, o relacionamento entre eles fica mais complexo e o RPG, mais interessante.​

A Aventura

Quando a turma toda estiver pronta, você deve pensar no que o seu grupo precisará fazer para resolver o problema que está os atormentando. Uma longa viagem? Uma busca rápida? Uma caçada ao tesouro? Um trabalho de detetive?

Depois que os personagens estiverem prontos e o problema definido, não é difícil saber o que precisará ser feito para o seu grupo poder viver em paz mais uma vez. Ai, é só imaginar quem eles irão enfrentar, quem vai morrer e quem vai viver, enfim, tudo o que vai acontecer enquanto eles tentam resolver o problema, até o confronto final(o clímax).​

O Confronto Final

A última parte da história é quando seus personagens encontram uma forma de resolver o problema. Seja enfrentando um mostro, salvando alguém ou recuperando algum artefato, é a última chance de se livrar da situação que os atormenta. É ou tudo, ou nada. A carga emocional é grande, assim como o risco.

Nos bons RPGs, o clímax da história não é só externo é também o momento em que os personagens resolvem algum problema interno, como uma paixão não resolvida, um ódio muito grande ou uma dúvida misteriosa.

O clímax é o momento em que tudo se resolve. O final não precisa necessariamente ser bom. Não conseguir impedir que a princesa morra, por exemplo, é um final ruim, mas é um jeito de terminar com o problema (já que ela não sofre mais nas mãos do vilão).​

O Final da História

Depois de tudo isso, os seus personagens conseguiram o que queriam. Tudo foi resolvido, seja para o bem ou para o mal. Agora, o mundo deles volta a ser mesmo, mas sempre existe algo que mudou em consequência do confronto final seja no mundo em si (uma explosão que deixou uma cratera, por exemplo) ou no próprio personagem (um príncipe esnobe que aprendeu a ser humilde, por exemplo). Sempre há uma mudança.

Existe a possibilidade de uma continuação. Nesse caso, o problema não foi completamente resolvido e os seus personagens precisarão enfrentá-lo mais uma vez. Ou então a resolução do problema gerou outro por exemplo, vencer uma batalha faz com que quem perdeu deseje vingança.​

Mãos à Obra

Agora, é hora de escrever. Escrever, escrever, escrever, sem parar. Um ótimo exercício é estudar os games que você está jogando pensando no que foi explicado aqui nessa revista. Pense nos personagens, nos problemas, faça anotações e analise tudo. Você vai ver que a maioria dos jogos, senão todos, segue essa linha.

Depois, mão na massa! Fuja dos clichês.​
 
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